Capítulo 3

Pego o travesseiro colocando em cima da minha cabeça e pressionei para baixo. Mais um dia. Meu pai gritava horrores com minha mãe. Sai da minha cama e comecei a me arrumar o mais rápido que posso e saio do meu quarto. Com sorte eu não chegaria atrasada no restaurante.

— Já vai vagabundeia, Aria. Nem mulher de família você consegue ser.

— Roberto, não fala assim. - Isso é o máximo que ela faz por mim.

Vou em direção a porta, sem dizer nada.

— Estou falando com você!

Antes que pudesse chegar na porta ele agarrou no meu cabelo e me puxou para trás, cair no chão. O primeiro soco que levei eu senti meu nariz sangrar. Minha mãe veio até mim e me entregou um lenço. Eu pego e me afasto dela, saindo dali a pressas. Sim, ele me bateu sem necessidade alguma.

Não sei como cheguei no restaurante, mas não entro. Vou para trás do prédio e sento no chão, chorando. Como ele pode me odiar tanto? Sou sua filha e ao contrário do Corey, eu não o abandonei. Fiquei aqui! Aguentei as piadas de ter um pai como ele. Aguento cada insulto. Aguento seus socos e tapas.

— Aria?

Olho para Matthew, ele está com seu boné, mas sem os óculos. Viro meu rosto usando o lenço para limpar meu nariz.

— Você está me perseguindo agora? Claro como se não tivesse antes. - Falo irritada. - Você me deu um tempo para pensar, lembra?

— Mas não significa que darei espaço para uma recusa.

Matthew se aproximou.

— Só por que tem um rosto bonito, não pode ouvir um não?

— Bom saber que me acha bonito e não eu não gosto de receber um não. - Dou um pulo quando sinto sua mão na minha cintura e Matthew aproveita para tirar o lenço da minha. - Quem fez isso com você? - Sua voz mudou completamente. - Aria…

— Sai. - Eu pego o lenço de volta. - Me deixa em paz! - Eu me levanto e vou em direção à porta dos fundos do restaurante.

Matthew segura meu braço com cuidado e puxa, fazendo eu voltar.

— Quem fez isso com você? - Ele repete a pergunta.

Sinto as lágrimas de novo.

— Por que se importa? - Eu praticamente gritei. - Tenho certeza que você tem dinheiro suficiente para arrumar meu nariz.

— E deixará a pessoa que fez isso impune?

Eu não consigo responder. Começo a chorar. Matthew me abraça e eu o abraço de volta. Por quê? Porque essas coisas estão acontecendo comigo? Por que eu? Eu deveria ser sua garotinha e não seu saco de pancadas. Matthew alisa meu cabelo com sua mão enquanto a outra me abraça pela cintura.

— Vem comigo? - Ele pergunta com a voz rouca.

Olho para o restaurante e depois para ele. Concordo. Sem desfazer o abraço, Matthew me levou até um carro. Entro com ele sem questionar.

— Para o hospital…

— Não. - Interrompo ele. - Estou bem.

Meu nariz não estava quebrado e ele parou de sangrar. Preciso ir em um banheiro para limpar meu rosto. Matthew fala para seu motorista voltar para o hotel. Não falamos nada durante o percurso e ele não deixou de me abraçar. A tempos eu não me sinto segura. Quando chegamos no hotel fomos para seu quarto e lá ele me mostrou o banheiro.

- Fica a vontade. - Matthew fala e aponta para o guarda-roupa. - Deixarei algumas roupas minhas em cima da cama caso queira tomar banho. Leve o tempo que precisar.

- Obrigada.

Vou para o banheiro e eu tranco a porta. Quando me olho no espelho… Não tem como não chorar. Começo a tirar a minha roupa e vou para o chuveiro. Cada gota d'água era como um soco no meu rosto. Eu não demoro muito no banho. Antes de sair do banheiro, eu olho no espelho. Estou bem melhor agora, mas por dentro… No quarto Matthew deixou em cima da cama uma cueca, bermuda e uma camisa. Quando eu me visto não pude deixar de rir.

As roupas ficaram enormes em mim e eu estou parecendo um homem. Saio do quarto e encontro com Matthew na sala. Está sentado perto da janela lendo jornal e quando me olha, ele dá um pequeno sorriso.

- Suponho que estão meio grandes. - Ele comenta.

— Você acha? - Olho para roupa em meu corpo. - Talvez um pouquinho.

Aproximo dele sentando na cadeira do seu lado. Pego um pão que estava em cima da mesa e como. Esse é o melhor hotel da cidade. Eu nunca imaginei colocar os pés aqui.

— Eu aceito. - Dou outra mordida no pão.

Matthew me olha com atenção e dá um sorriso, um sorriso vitorioso e um olhar intenso, mostrando que ele conseguiu o que queria. Sinto um calafrio.

— Tem certeza?

Dou um sorriso sem humor.

— O que tenho a perder? Já estou na merda mesmo.

Matthew ficou sério.

— Não fale assim…

— É a verdade. - Olho para ele.

Seja o que for que Matthew fosse falar, ele desistiu.

— Meu advogado irá trazer os documentos para você assinar. - Ele disse por fim. - Amanhã.

— Ok. hum! Eu farei o que durante esse um ano? Ter um filho e ser a namorada de Matthew Dawson?

— Não. Você pode ter a profissão que quiser, pode ter seu próprio negócio. - Matthew dá um gole do seu café. - Você terá meu apoio.

[…]

Leio o contrato umas três vezes. No contrato diz que ficaríamos juntos por um ano, nada me faltará. Ganharei 100 mil por mês enquanto estiver com ele. E em dois meses eu teria que ter um filho com ele. Cheguei a me perguntar se seria do jeito tradicional ou iríamos em uma clínica.

— Podemos realizar do jeito tradicional. - Matthew responde. Como se tivesse lido a minha mente.

Eu acredito que a minha expressão em meu rosto ficou bem clara sempre que eu chegava nessa parte. Olho para ele e não evitamos um sorriso malicioso de ambos. O quê? É do Matthew Dawson que estamos falando. Ficar com ele não será um sacrifício e no contrato diz que não posso me envolver com outra pessoa. Resumindo, Matthew não quer ser corno e arrisca ter um filho que não é dele.

Então sabemos que ficaremos juntos nesse sentido.

Martin Barker é o advogado do Matthew. Martin dá uma tosse fingida chamando nossa atenção. Agora percebi que ainda olhava para Matthew como se fosse um filé-mignon. Matthew não ficava muito atrás devolvendo o olhar.

— Espero que esteja ciente em cada detalhe do contrato. - Martin diz mais uma vez.

Ele não gosta de mim.

— Sei ler, não se preocupa.

Matthew passa a mão no queixo disfarçando um sorriso. Martin não perde a classe, mas aposto que me xingou horrores na mente. Eu pego a caneta em cima da mesa e assino o contrato.

— Pronto. - Entrego o contrato para Martin e ele confere. - Podemos ir logo? - Peço ou meio que imploro para Matthew.

— Quer se despedir?

— Não.

De ninguém. Não ouso sair por essa cidade. Não quero ver meus pais, e não me despeço da Valéria. Assim que essas pessoas notarem que não estou mais aqui… Muitos não vão sentir falta, mas sei que Valéria entenderá.

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