6 - Magoada

Na manhã seguinte, acordamos bem cedo, e após o café da manhã que tomei em meu quarto, saimos para voltar finalmente para a matilha lua negra, no saguão, vejo Helen e me aproximo meio sem jeito "_Me desculpa por ontem" eu digo sem graça e ela me responde "_Tudo bem, nós vamos precisar conversar sobre o que te deixa confortável e o que não, para que isso não aconteça de novo" o que concordo, entramos no carro e ela se senta ao meu lado, passamos a maior parte da viagem em silêncio, olho para ela, que segue olhando a paisagem lá fora.

Chegando em casa peço a empregada que organize o quarto ao lado para que Helen se instale lá, ela me olha confusa, mas não questiona, assim que a empregada nos deixa, ela me pergunta o por que da minha decisão e a digo que assim será melhor, cada um em seu quarto, não quero que ela precise ver ou fazer, minha higiene pessoal, já disse a ela que ela é minha companheira, não minha cuidadora, mas parece que ela não entende como isso me frustra ainda, vejo tristeza em seu olhar, e falo com sinceridade "_Você sabe que ainda pode desistir, mas se você escolher ficar, será assim, você no seu quarto e eu no meu" "_Mas nós somos companheiros Mason, e depois da cerimônia como será?" ela me pergunta e eu digo "_Vai continuar assim, você no seu quarto e eu no meu" ela parece não acreditar em minhas palavras "_Você vai mesmo ficar longe de mim? eu já te disse várias vezes EU NÃO LIGO" Ela aumenta o tom de voz tentando me fazer entender, mas já estou decidido, não quero que ela me veja assim e ponto final.

Ela apenas acena com a cabeça e a Sra Gomes aparece na porta dizendo que o quarto já está pronto, Helen se levanta pegando suas coisas e segue para o seu quarto, sinto meu coração apertar por fazer isso, mas não posso, e nem quero que ela fique me limpando, é ultrajante demais, além do mais, nada funciona da cintura pra baixo, então, não é como se eu fosse algum dia conseguir tocá-la, se mesmo assim, ela ainda quiser ficar, será dessa maneira.

2 DIAS DEPOIS

Já faz dois dias que não vejo Helen, ela realmente se magoou com as minhas palavras, e eu sou um completo idiota que ainda não fui até lá consertar isso, pedi ao meu cuidador que comprasse flores para eu entregar a ela, pergunto a Sra Gomes se ela está sendo bem servida e ela me responde que a comida tem voltado intacta, o que me deixa bem preocupado, decido criar coragem e bater em sua porta, assim que ela abre, vejo seus olhos fundos e sei que ela chorou muito, meu coração se aperta dentro do meu peito por fazer isso com ela, mas é melhor assim, que ela fique afastada dessa maluquice, levanto as flores para ela pegar mas ela vira as costas e deixa a porta aberta, é como se eu faca tivesse atravessado meu peito com o seu movimento, ela se senta no sofá abraçando suas pernas, próximo a janela e fica com a cabeça baixa.

Entro, e ponho as flores em cima da mesa de centro enquanto fico perto dela, "_Por que não tem se alimentado?" eu pergunto, ela me encara e diz "_Não sinto fome" ela diz rispida e sei que está brava, "_Olha, eu sei que está chateada comigo, mas é como eu falei, não posso admitir que você faça esse tipo de coisa ou passe por esse tipo de situação Helen, você merece coisa melhor" ela levanta a mão me pedindo para parar de falar, "_Se você não vai mudar de ideia então, não há o que conversar, porque sempre vamos parar no mesmo lugar, onde um machuca o outro com palavras, e eu realmente não quero isso, mas entenda de uma vez, eu não vim até aqui, só para passar a mão no seu ego ferido de que você não pode viver comigo porque tem pena de si mesmo" me espanto com suas palavras, mas são a mais pura verdade, "_ Se você não abrir a sua mente e pensar em você como homem além dessa cadeira de rodas, então você simplesmente vai viver amargurado pro resto da vida, eu já te disse, olho para você como homem, não como um coitado que precisa ser cuidado, eu vejo o meu companheiro, e queria que você visse o mesmo, então por favor, para com essa besteira de me manter afastada achando que assim eu vou embora, e você fica ai isolado no seu mundo, porque isso não vai acontecer" ela finaliza "_Eu não vou a lugar algum".

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