Capítulo 4

Afogo o meu rosto na água fria e gelada da banheira e permaneço neste transe até o momento que perco o controle da minha respiração. Quando não consigo tomar o ar dos meus pulmões sinto a paz interior.

Durante o tempo que permaneço sem respirar. Uma voz baixa chama pelo meu nome me fazendo se retirar as pressas. Só neste instante o ar sai dos meus pulmões e a minha respiração soa ofegante e mais rápida que o normal.

"Dayane?." miguel me chama assustado.

"Está tudo bem." digo ofegante e só neste instante vejo as lágrimas transbordarem em seus olhos.

O que eu menos queria era deixá-lo assustado.

"Estava tentando se matar? Você vai nos deixar assim como a mamãe e o papai?." entre soluços com a voz falha meu pequeno irmão questiona.

Estou ciente de que a história que inventei sobre a morte dos meus pais não é correta. Mas não podia simplesmente contar a eles sobre o que presenciei naquela noite. Não há se quer um dia que eu não tenha pesadelos.

"Não." o respondo de imediato e me retiro da banheira. Me enrolo na toalha antes de caminhar até ele e me agachar a sua altura." Eu não queria assusta-lò, me desculpe." digo tocando em seu rosto.

"Me prometa que nunca mais fará isto?." ele pede entre soluços.

"Eu prometo, o que aconteceu com o seu rosto?." questiono quando os meus olhos encontram hematomas no canto do seu rosto.

"Não é nada!." ele diz e desvia o olhar.

"Foram os garotos outra vez? Aonde estava o seu irmão quando lhe fizeram isto?." o faço me encarar quando seguro no seu queixo.

"O Pedro não tem culpa." ele o defende como sempre.

"É a responsabilidade dele o defender quando não estou por perto." digo intrigada e me indireto." Pedro." grito caminhando.

"Dayane o Pedro não fez nada, ele estava na aula quando isto aconteceu."

"Não acredito no que diz." o ignoro e empurro abruptamente a porta a minha frente." Como pode ter permitido que batessem no seu irmão?." grito assim que entro em seu quarto.

"Eu não sou a babá dele." Pedro diz com tranquilidade e ergue o lençol, cobrindo o seu rosto.

"Ele é o seu irmão." caminho até sua cama e retiro o lençol do seu rosto.

"O que queria? Que eu também apanhasse?." ele grita e me encara sério.

"Mais valia ter apanhado que agido como um covarde. Mas não! Preferiu assistir o seu irmão levando porrada." estou chateada, e a sua rebeldia me deixa irritada, eles tem de se proteger quando não estou por perto." Está de castigo, não irá jogar futebol por um mês." decido e lhe dou as costas prestes a me retirar.

"Espero que esteja satisfeito agora nérde." Pedro diz para o miguel.

"Não quero que briguem." adiciono e me retiro.

Não sei o que mais me intriga neste momento, o colégio, ou o Pedro que não é capaz de mover um dedo para defender o seu irmão.

Abro o guarda roupas assim que entro no meu quarto e me visto com rapidez. Havia preparado o jantar antes de me dirigir ao banheiro, e embora seja tarde tenho de trabalhar para garantir o sustento de amanhã e a segurança de ambos.

"A comida está no microondas." aviso para ambos enquanto visto o meu sobretudo.

"Macarrão." Pedro questiona e faz careta.

"Não, desta vez fiz lasanha." olho para ele e sorrio.

"Por favor, não chegue muito tarde Dayane." miguel diz e organiza os seus óculos de vista.

"Pare de agir como uma mulher." pedro o repreende.

"Não se preocupem eu estarei em casa em breve." lhe dou um beijo na bochecha e faço o mesmo com o pedro." Quero que cuidem um do outro e não abram a porta para ninguém." adiciono.

"A gente já sabe disso." Pedro diz e rola os olhos.

"É para a vossa segurança, eu não irei demorar."

"Você sempre diz isto." disse miguel.

"Será diferente desta vez." sorrio para ambos antes de me retirar.

Tranco a porta com a chave e caminho para fora do prédio.

"Boa noite Dayane!." a vizinha diz assim que me vê.

"Boa noite dona Laura!." digo e lhe lanço o sorriso mais falso.

Dona Laura é como uma intrusa no prédio. Uma vez quase perdi os meus irmão por causa das suas denúncias. Segundo a mesma eu não sou uma boa influência para os meus irmãos. Ela saí dizendo por aí que levo homens para o meu apartamento e que me deito com eles na presença dos meus irmãos. Graças a mulher a minha frente todos no prédio me conhecem por Dayane, a prostituta, embora eu seja, mas não me agrada a ideia dos meus irmãos saberem disto.

A última vez que um inspetor esteve no meu apartamento notificou que levaria os meus irmãos para um orfanato caso voltassem a me denunciar.

"Irá sair numa hora dessas?." ela questiona e cruza os braços.

"Sim, algum problema com isto?."

"E quanto aos seus irmãos? Irá deixá-los sozinhos?." disse com a expressão de preocupação. Se eu não a conhecesse acreditaria nela neste momento.

"O que eu faço ou deixo de fazer com os meus irmãos é problema meu. A senhora devia cuidar mais da sua vida." digo séria, antes de lhe dar as costas e prosseguir com os passos.

"Se ao menos saísse para trabalhar como uma pessoa digna talvez eu cuidasse mais da minha vida. Ao invés disto a senhorita sai para se deitar com homens e abandona os seus irmãos." a dona Laura diz e ignoro as suas palavras.

Embora eu queira lhe responder contenho as emoções e não olho para trás em momento algum.

Pego o metro, e me sento do lado da janela. Enquanto observo a vista da cidade não consigo ignorar a minha mente. Se novamente a dona Laura me denunciar irei perder os meus irmãos.

Como se não bastasse as ameaças da Úrsula também tenho de lidar com ela.

Suspiro fustrada e neste instante um homem passa pela porta do metro. Seu rosto me é familiar, a primeira vez que o vi ele estava fugindo da mulher que pedia por ajuda, e quando tentei ajudá-la ele me tirou a bolsa sem que eu me apercebesse.

É este homem, o assaltante de bolsas.

Minha feição muda e olho para ele com curiosidade chamando assim a sua atenção. O homem está em pé apenas segurando no corrimão do metro que o mantêm de pé, e olha para mim com a mesma intensidade.

Ele sorri para mim com descaramento, e neste instante o metro para. Provavelmente este é o seu ponto de chegada isto explica por quê ele caminha em direção a porta de saída para se retirar. Eu de imediato me levanto e o sigo, ele tem algo que me pertence e terá que me devolver.

Assim que me retiro do metro perco o homem de vista e enquanto olho para os lados a porta se fecha, e o metro da a partida no instante que penso em regressar.

Uma mão forte segura no meu pulso e com agilidade sou imobilizada. Sinto o antebraço do indivíduo em meu pescoço, enquanto o canivete sobre sua mão, mira na minha garganta.

"Está me seguindo Princesa?." sua voz grave e rouca adentra em meus ouvidos e tudo que sinto é a tremessidade nos joelhos e arrepios por todo o meu corpo, uma onda de sensações que não sou capaz de explicar.

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