04

Me levantei, bocejei.

— Tá legal, mas por que eu iria com você mesmo, lindinha? — indaguei sorrindo.

Ela curvou a cabeça e abriu um sorrisinho.

— Porque… estou mandando.

— Fala sério, eu nem conheço você! Você bem podia ser… hm… uma maluca que coleciona pintos! E você invadiu minha casa… Como descobriu meu endereço?

Ela deu de ombros, fez um muxoxo, e se sentou no parapeito da janela.

— Moro na rua de trás, você sempre passa em frente a ela quando vai pra escola ou volta. Cigarros causam câncer, sabia? Que feio. — Ela trocou de lado. — Sua mãe sabe?

Ah, que maravilha. Mais uma pessoa para cuidar da minha vida, super maneiro.

— Mmmm, não importa. Para onde você queria me levar mesmo? — procurei um jeans no meu closet e o vesti, depois uma jaqueta aviador e por fim meus tênis.

— Esse é o menor dos nossos problemas. Primeiro precisamos de um carro.

— Minha mãe esconde a chave do carro dela.

— Seu pai?

— Também — me sentei ao lado dela no parapeito da janela, me perguntando sobre como eu ia descer dali sem quebrar um ou dois ossos. Talvez três.

Ela me olhou provocativamente.

— Então precisamos roubar um.

Eu não estava lá muito acostumado a encarar garotas furiosas, já havia enfrentado algumas, mas isso não significava que eu me achava sortudo por isso e por naquele instante estar cara a cara com uma. Particularmente, eu preferia elas bem longe de mim, talvez enterradas em uma caixa de chumbo, seria excelente.

— O quê? — perguntei surpreso.

— Sei lá! Você anda por aí sendo estúpido com todo mundo, por causa da Christina? Isso é ridículo! Não é só você que tem problemas no mundo, tá ligado?

Encarei Greg, confuso. Além de tudo ela era dramática. Só por que não dei bola pra ela, é isso mesmo?

Antes que eu continuasse, ela se aproximou mais.

— Anna está chorando no banheiro! Orgulhoso?!

Ah.

Agora muita coisa faz sentido. Mas não o suficiente.

— Espera? Anna? Não! Quê? — balancei a cabeça. — Do que você tá falando?! — me levantei.

Ela mexeu os cabelos volumosos, e eu não pude deixar de notar no quanto ela era bela, até mesmo p**a da vida.

— Sua amiga. Eu vi quando você chegou hoje mais cedo com ela! Agora ela está chorando! — Jenn colocou uma mão na cintura.

Fitei Greg. Ele olhava os pés, culpado.

Puxei ele pelo braço e saí correndo dali.

~~~ // ~~~

— Anna! Anna! — bati na porta do banheiro.

Duas garotas saíram dali olhando feio para mim e para Greg.

— O que foi? Nunca viu dois garotos batendo na porta de um banheiro? — resmungou Greg.

Aquilo tudo era culpa do ordinário do Greggory.

Estúpido, estúpido, estúpido!

— Isso é culpa sua, babaca! Por que você sempre tem que tratar ela tão mal?! — chamei Anna mais duas vezes.

— Não sei. Cara, eu não faço por mal, juro… — ele suspirou.

Bufei.

— É, tô vendo que não faz.

Anna tinha vários problemas. A mãe dela era literalmente uma mulher de programas e fazia essas merdas em casa. Ela nem sequer havia chegado a conhecer o pai. Greg não ajudava em nada tirando com a cara dela, e eu tinha certeza que era por culpa dele.

— Anna! Anna! Saí daí se não vou invadir! Se eu ver menininhas nuas não me culpe! Vou entrar! 1… 2… 3…!

Anna abriu a porta. Tinha os olhos inchados e vermelhos. Ela encarou Greg e seus olhos ficaram raivosos.

— Não, não, não! Vocês tem que conversar! Não volte pra lá, Anninha, por favor! — fiz beicinho e a segurei pelos pulsos. A abracei.

Ela soluçou.

— Greg sente muito — sussurrei. Nos separamos.

— Anna, me desculpe — falou Greg, culposamente .

Abri um sorrisão.

— Viu? Qual é, cambada! Somos todos amigos e ninguém vai ficar chorando por causa do cocozão do Greg, entendidos?!

— Ei! — exclamou Greg.

Cocei a testa.

A situação estava muito ruim, mas ao mesmo tempo, eu simplesmente necessitava, necessitava mesmo falar com a Jenn. Não sei por que, mas o simples fato de tê-la visto com raiva… bem, não sei, mas eu devia uma explicação.

— Vocês dois… se entendam aí!

— Aonde você vai, mano? — Greg segurou meu braço.

Revirei os olhos.

— Vai resolver seus problemas… vou resolver os meus.

~~~ // ~~~

Só fui encontrar Jenn no último horário, porque tínhamos aula juntos.

Me perguntei se eu estava ficando retardado. Quero dizer, eu estava correndo atrás de uma garota. Eu havia jurado que eu não ia mais correr atrás de garotas.

Ela estava sentada na primeira carteira. Lia um livro.

— Ei — chamei.

Jenn ergueu os olhos, trocou a página e voltou a baixar os olhos.

— Já li esse livro — disse eu. — É legal. Ah, hã…. eles ficam juntos no final.

Ela me fitou, baixou o livro.

— É mesmo? — sua cabeleira ruiva ficava incrivelmente sexy na luz fluorescente, acho que não disse isso antes.

— Imaginei. E a Getini descobre quem roubou o pato dela?

— Sim, descobre, foi o… hã…

— Adolfo.

— Isso! Isso!

— E quando vai rolar beijo? Sei lá, gostaria de saber.

— Capítulo 20 em diante — sorri.

— E o que a Getini faz quando descobre que o Adolfo está mentindo para ela descaradamente sobre seu livro favorito?

Não me toquei a indireta até quase já ter respondido.

— Bem, ele… hm… — ri baixinho. — Tá, você me pegou.

— O livro só vai até o capítulo 17. E o casal se chama Elizabeth e Miles.

Troquei o peso do corpo de um pé para o outro.

— Não fui eu que fiz Anna chorar. Ela é minha melhor amiga. Foi Greg — falei.

Beleza, não sei mesmo por que eu estava fazendo aquilo. Qual é?! Eu nem conhecia aquela garota, simplesmente não tinha que estar ali, me explicando, mas alguma coisa me dizia que se eu não quisesse tê-la como amiga, não iria querê-la como inimiga.

Ela gargalhou.

— Tudo bem, entendi errado. — Abriu um sorriso. — Getini. Da onde eu tirei esse nome?

— Não faço ideia. Mas revelou muita originalidade.

Jenn piscou. Aos poucos os alunos foram chegando, logo o professor, então me sentei em uma carteira ao lado dela, sabe-se lá por quê.

Nos dois dias seguintes, Jenn não deu as caras na escola, e para ser bem franco comigo mesmo, eu até estava esquecendo a existência dela. Estava mesmo, e daí foi um choque quando na madrugada de quinta-feira eu acordei com alguém arrombando minha casa pela janela do meu quarto.

Eu estava sonhando, com certeza estava, acho que tinha algo a ver com batata fritas e espaguetes gigantes.

Agora imagina que louco você lá de boa sonhando e do nada você acorda com a janela escancarada e uma coisa entrando por ela. Imagina, que legal.

Só que com certeza não!

Pulei da cama, berrei, puxei o abajur da tomada e o segurei frente ao corpo.

Eu era magro, nada saradão e com certeza eu não tinha experiência em bater em ladrões com abajur, mas se fosse pra eu morrer, pelo menos eu iria acertar ele algumas vezes, seria pelo menos um modo digno de partir. Mas quem saltou ali na minha frente não era um cara com um calibi 38 na mão. Foi uma garota com duas latas de coca-cola na mão.

— Ei, abaixa isso, Cowboy — Jenn baixou a touca do moletom. — Estava dormindo, dorminhoco?

Me joguei na cama, suspirei.

É, ela era totalmente louca.

Espera, como ela sabia meu endereço? Que tipo de pessoa era Jessica? Agente da CIA?

— Que porra é essa?! — exclamei, chateado.

Ela se jogou ao meu lado.

— Uma garota, entrando na sua janela, hã… às 1 da manha. E aí?

Fitei-a, incrédulo.

— Você acha isso normal?

— Não era para ser?

— Não! Que… como você conseguiu?

— A árvore, foi fácil. Eu era ginasta quando tinha cinco anos, sabia?

— E…?

— Bem, estava precisando de alguém.

— Para?

Ela estendeu o dedo indicador, mexendo em sinal para que eu me aproximasse. Aproximou sua boca no meu ouvindo, e eu senti seus lábios ali e seu hálito de hortelã.

— Sexo até o amanhecer — sussurrou. Arrepiei. Inteiro.

Depois ela riu, se levantou e riu.

— Qual é, cara! Não seja ridículo! Acreditou mesmo nisso?! Se manca! Vim aqui porque preciso de alguém para ver Titanic comigo — cruzou os braços.

Certo. Aquilo não era muito normal, ela não era muito normal, combinava.

— Hã… às 1 da manha? Sério? — falei balançando a cabeça, tentando acreditar naquela idiotice.

— Não! Você é meio mongo, ou é só impressão minha mesmo? Coloque uma roupa, pegue o carro e vamos dar um rolê por aí.

Olhei para baixo. Corei. M*****a mania de dormir só de cueca quando não se espera que nenhuma mulher a não ser a própria mãe entre no quarto. Se Jenn havia notado, não parecia se importar. Pensando bem, ela não parecia ser do tipo que se importava com muita coisa.

Me levantei, bocejei.

— Tá legal, mas por que eu iria com você mesmo, lindinha? — indaguei sorrindo.

Ela curvou a cabeça e abriu um sorrisinho.

— Porque… estou mandando.

— Fala sério, eu nem conheço você! Você bem podia ser… hm… uma maluca que coleciona pintos! E você invadiu minha casa… Como descobriu meu endereço?

Ela deu de ombros, fez um muxoxo, e se sentou no parapeito da janela.

— Moro na rua de trás, você sempre passa em frente a ela quando vai pra escola ou volta. Cigarros causam câncer, sabia? Que feio. — Ela trocou de lado. — Sua mãe sabe?

Ah, que maravilha. Mais uma pessoa para cuidar da minha vida, super maneiro.

— Mmmm, não importa. Para onde você queria me levar mesmo? — procurei um jeans no meu closet e o vesti, depois uma jaqueta aviador e por fim meus tênis.

— Esse é o menor dos nossos problemas. Primeiro precisamos de um carro.

— Minha mãe esconde a chave do carro dela.

— Seu pai?

— Também — me sentei ao lado dela no parapeito da janela, me perguntando sobre como eu ia descer dali sem quebrar um ou dois ossos. Talvez três.

Ela me olhou provocativamente.

— Então precisamos roubar um.

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