06

Johnny carregava uma xicara nas mãos. Ele me deu a xicara e ficou me analisando.

- O que foi?  - Perguntei com medo.

- Isso esta horrivel!  - Ele virou e foi até um comodo da casa.

Fiquei pegando minhas coisas que estavam em cima da mesa.

Johnny voltou com um espelho e me mostrou. Meu olho direito estava roxo.

- Que droga!  - Abaixei a cabeça.

- Diga-me, por que fizeram isto contigo?  - Ele tocou meu braço e eu me afastei.

- Porque eu gosto de alguem, e acho que nessa cidade é crime!  - Fui até a porta.  - Pode abrir a porta? Quero ir para casa.

- Claro. . .  - John abriu a porta e sorriu.  - Acho que esta muito escuro para uma menina de 15 anos andar por ai, se você quiser eu te levo de carro.

- Acho que é muito perigoso uma menina de 15 anos andar de carro com um adulto desconhecido.  - Virei-me e fui embora.

Cheguei em casa e meus pais me esperavam sentados no sofa.

- Mesmo assim você sai para ir para a escola e chega as SEIS HORAS DA TARDE!  - minha mãe gritou me olhando.

Estava com as luzes apagadas e não dava para ver meu olho roxo.

Fui subir as escadas mas meu pai entrou em minha frente.

- Você não vai fugir, não dessa vez!  - Meu pai me segurou.

Minha mão foi acender as luzes mas eu a empedi.

- O que é isso?  - Minha mão percebeu e acendeu de uma vez a luz.

- O QUE ACONTECEU COM SEU OLHO? ? ?  - meu pai deu um berro.

- Nada. . . e que. . . eu. . . entrei numa briga de bar!  - Que mentira.

- Numa briga de bar?  - Meu pai arregalou os olhos e minha mãe ficou pasma.

Eu não poderia contar a ele que eu gosto de uma garota.

- É a gota d'água Fátima, eu não vou mais permitir que faça tamanha besteira com sua vida!  - Meu pai continuava gritando.  - Você está de castigo para o resto da VIDA! ! !  

Meu pai mandou eu ir para o quarto e trancar a porta. Pude ouvir os dois berrando e gritando.

Eu poderia ser um motivo para eles se separarem.

Depois de alguns minutos meu pai bateu em minha porta.

- O que foi? Se separaram?  

- Aposto que é isso que você mais quer, não é?

- Claro que não!  - Gritei.

- Você precisa de uma bolsa de gelo?  - Ele estendeu a mão segurando uma.

Peguei-a da mão dele e apertei em minha face.

- Você vai ir e vir para a escola de carro se continuar fazendo essas coisas.  - Ele se virou e foi embora.

Deitei-me na cama e suspirei, estava me sentindo horrivel.

Fechei os olhos e esperei. Ouvi uns barulhos vindos debaixo de minha cama. Abri os olhos e o barulho parou, fechei-os novamente e o barulho começou denovo. Decidi olhar em baixo dela mas não tinha nada. Deitei na cama e fechei os olhos e o barulho voltou a fazer, quando abri os olhos havia uma mulher flutuando em cima de mim, dei um grito e cai no chão. Fechei os olhos e aquela mulher já havia sumido.

Que vida eu tinha, aquelas visões já estavam me enlouquecendo, eu já estava louca.

Desci as escadas e olhei pelo buraco da fechadura do quarto de meus pais, só minha mãe está dormindo, meu pai havia desaparecido.

Coloquei meu casaco e fui dar uma volta na cidade.

Cheguei na ponte no meio da cidade e vi um casal aos beijos e abraços, esfreguei meus olhos e foquei neles, ERA

MEU PAI E UMA VAGABUNDA QUALQUER! !

Corri até os dois desnorteada.

- PAI, PAI, PAI? ? ?  - eu berrava como uma louca.  - TRAIDOR, TRAIDOR, TRAIDOR. . .

Meu pai tentou me segura, mas eu corri para longe. Eu queria morrer ou matar.

Cheguei na beira da praia e sentei me na areia. Eu não cheguei a chorar mas estava quase.

Eu fiquei lá até amanhecer.

Voltei para casa e meus pais tomavam café da manhã juntos.

- Você lembra que eu disse que estava de castigo?  - Minha mão me disse encarando.  - Você quebrou as regras novamente! O que você estava fazendo?

- Pergunte para o papai!  - Eu subi as escadas para tomar um banho.

Quando desci as escada meu pai me esperava para irmos a escola.

- Fátima, entre no carro!  - Meu pai abriu a porta do carro.

- Me obrigue, seu. . . merda!  - Fui para a escola á pé.

James e os vermes vieram correndo atrás de mim e a unica coisa que fiz foi correr também.

Avistei Marie e seus amigos conversando, então corri para perto deles, os garotos fizeram uma barreira na minha frente fazendo com que James e os vermes parassem.

- Saiam da frente seus maconheiros!  - James empurrou Markus.

- O que vocês querem com a Fátima!  - Um dos garotos empurrou James.

Meus amigos começaram a gritar com James e os vermes que faziam o mesmo.

Marie olhou para mim e sorriu tentando me confortar.

De repente James deu um soco em Markus que devolveu, e todos começaram a se bater. Rapidamente Marie começou a ajudar a bater neles e eu também. Num piscar de olhos já haviam um monte de alunos assistindo e gritando a pancadaria, Melissa me olhava estática, como se estivesse torcendo para que eu ganhasse a briga.

Meus pais e os pais de todos foram chamados no colégio, Minha mãe olhava assustada com o tento de sangue que escorria de nossos rostos. Melissa entrou pela porta desesperada a procura do namorado. James me olhava com odio, e Marie e seus amigos riam. Pude ver que eles eram os melhores amigos que eu já pude ter.

Minha mãe levantou-se e foi para fora do colégio e meu pai me olhou com reprovação.

- Você não é a Fátima, você só dominou o corpo dela que agora é um monstro!  - Meu pai me disse com lagrimas nos olhos.

Antes de eu responder a diretora chegou andando e entregou uma bolsa de gelo para todos.

- Senhorita Marie, não esperava que você voltaria a fazer esse tipo de coisa!

Marie abaixou a cabeça e ouviu quieta.

- Achei que depois daquela conversa você cumpriria com seus deveres.  - Ela pegou uma caneta e começou a anotar.  - Vocês todos estarão fora de meu colegio durante 2 semanas e meia.

Melissa olhou para mim e me reprovou dos pés a cabeça.

- Diretora, você viu que foi o James que começou, ele bateu em duas meninas, fala serio!  - Marie chutou o lixo com raiva.

- Você ajudou sua amiga a bater neles, isso eu também não posso aturar!  - A diretora cruzou os braços.

- Você esta brava comigo porque é uma fraca!  - Marie bateu as mãos encima da mesa da diretora fazendo um copo d'água cair no chão.

Rapidamente a diretora pegou o copo e reprovou Marie.

- Se você continuar com essas atitudes não vai entrar em minha escola nunca mais!

Levantei-me.

- Diretora, a culpa é minha, deixa Marie e os outro fora dessa, a briga começou por minha causa!

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