04

- Eu juro que não vou pensar nessa conversa para o resto de minha vidas!

Ela me confortava com suas palavras, então comecei.

- Eu estudava num colegio um tanto preconceituosa. Não tinha amigos e nem colegas, ram todos uns esnobes mediocres. Um professor chamado Robert começou a se aproximar de mim. . . como amigo claro.  

Um certo dia ele se ofereceu para me ajudar na prova de sua

materia, eu aceitei, então to dia depois da aula ele me dava aulas extras. Nos eramos grandes amigos, ele me ajudava muito com tudo e com todos, eu perguntei a ele se ele gostava de mim. . . do outro jeito mas ele negou até a alma, disse que se lembrava de sua filha que havia morrido num acidente de carro, ele chorou e eu o amparei. No dia seguinte a aula ia como de costuma, eu havia tirado dez em todas as suas provas, mas ai um policiais entraram e começaram a m****r todo mundo sair, eles me barraram na porta e começaram a bater nele, eu comecei a fazer um escândalo logicamente, ele era meu melhor amigo. Ele foi acusado de pedofilia e pegou 25 anos de cadeia, eu fui expulsa da escola.

Marie me olhava atentamente, como se eu estivesse dizendo coisas muito importantes para a sociedade, seus olhos brilhavam.

Por um momento senti um peso cair dos meus ombros, pude até ouvir cairem ao chão.

- Eu. . . estou. . . meus pêsames!  - ela abriu os braços e me agarrou.

James e seus verme passaram e não puderam conter os “elogios”.

- Olha só quem resolveu arrumar uma namorada?  - Ele era um nojo.  - E ainda por cima conseguiu alguem tão estranha quanto ela.

- A vá se foder James!  - Marie gritou como se já o conhecesse.

Ele e seus verme foram embora.

- Você o conhece?  - Perguntei.

- É uma longa historia.  - ela me deu um sorriso e acariciou meu rosto.  - Agora suba para sua classe e quando as aulas acabarem vou lhe contar o meu SEGREDO!

Ela saiu andando, aquela garota virou algo especial para mim.

Melissa comentava e olhavam para traz, para mim, colo quei os fones de ouvido e começei a ouvir Emarosa - We Are Life.

- Ei mocinha, preste atenção na aula.  - O professor de Artes bateu em minha mesa.

Tirei os fones e percebi Melissa me olhando novamente. Decidi a encarar também, aquela troca de olhares estava me fazendo sorrir, tudo que eu menos queria, Melissa abriu um sorriso e logo uma risada, isso me fez rir também.

- Eu quero que façam um projeto. O bullyng está cada vez mais forte no mundo, então eu quero que façam um projeto baseado na socialização. Vocês terão de fazer cartas para alguem de sua classe, sem nome, vocês serão o “Amigo Secreto” um do outro, no final do ano vocês terão de revelar quem são.  

Eu já sabia quem iria ser minha “vitima”.

O professor se despediu e a aula acabou.

Marie estava me esperando do lado de fora fumando.

- Hey Feh, vamos tomar um sorvete.

Ela me levou até uma sorveteria e começou a conversar de coisas monótonas.

- Marie, quero saber sobre seu segredo!  - Fui direta.

Marie fumava agora com um ar triste.

- Meu pai. . . meu pai traiu minha mãe, ela ia bater nela e eu impedi então ele me. . . bateu. Eu e minha mãe começamos a manter um relacionamento “intimo”, intimo até alguém descobrir de nosso segredo, na noite seguinte fiquei sabendo que ela morreu atropelada, meu pai foi pedir desculpas dois dias depois, então depois de meses fiquei sabendo que ele teve overdose e. . . morreu também.

Eu a olhava nos olhas mas as lagrimas me impediam, eu estava chorando por vê-la chorar. Eu lhe abrasei e a consolei, embora eu também estava deprimida.

Chegando em casa meus pais AINDA estava brigando. Subi as escadas e me tranquei no quarto.

Comecei a escrever uma música.

No dia seguinte, acordei toda enrolada no cobertor, meu violão estava jogado no chão. Peguei meu celular para checar as horas, marcavam 05:25h. Levantei num pulo e fui me arrumar.

Desci as escadas e meus pais não estava lá. Sai de casa tranquilamente.

Cheguei a escola e não vi Marie em nenhum lugar. Entrei na minha classe e sentei no meu canto. James e os vermes vieram me afrontar.

- Oi Fátimazinhas, como vai?

Eu o ignorei totalmente.

Ele ia me dizer alguma coisa mas foi impedido por Melissa que lhe abraçou por trás.

- Oi amor.

Ele se virou e começou a beija-la na tentativa de mexer comigo. Eu fingi não ter me importado, o que foi uma mentira muito grande.

Melissa o empurrou e me deu um sorriso, agora um sorriso para me cumprimentar.

- Oi, tudo bem?

- B-bem. . .

Fiquei parecendo uma idiota com um sorriso muito bobo no rosto. Pude ver James me matando com os olhos.

Melissa sentou-se na cadeira e começou a tagarelar com suas amigas.

No intervalo fui mexer no meu armario e fui empurrada contra ele por James e seus vermes. Eles começaram a rir e eu fiquei furiosa.

- Ei, seus bobalhões!  - Gritei.

James veio andando e me prensou contra o armario.

- O que foi lesbiquinha?

Eu não podia acreditar que ele ia me bater.

Pude ouvir Marie gritando com ele.

- O que diabos esta fazendo com ela?

- Fica fora Marie!  - Ele continuava me apertando.

- Saia daqui seu covarde, vá brincar com seus amigos imbecis!  - Ela o empurrou e o mesmo saiu furioso.

- Vai ter volta. . .

- Bla, bla, bla, bla e bla!  - Marie sorria.

- Obrigada Marie, se não fosse por você. . .

- Não agradeça Feh.

Ela me pegou pelo braço e fomos para o patio juntas.

- E então. . . como vão seus pais?  - Ela começou.

- Sei que não quer falar exatamente isso.  

Nós rimos e ela me deu um cigarro.

- Bem. . . vou sair está noite com meus amigos e. . . quer ir?

- Claro, eu adoraria sair com seus amigos malo queiros!  

Ela riu bastante.

- Ei, eles não são malo queiros!  - Ela ficou séria.  - Eles são maconheiros, é diferente!

Nós rimos ainda mais.

Percebi que Melissa me olhava do outro lado do patio. Ela parecia estar rindo de nós.

- Oh não!  - Me assustei com o espanto de Marie.  - Você gosta da Melissa? A maior filinha de papai que existe nessa escola!

Eu abaixei a cabeça e senti minhas bochechas corarem.

Marie ria muito.

- Que fofo, suas bochechas estão vermelhas!

Ela ria ainda mais.

- Pare de me envergonhar!

- Ok, parei, mas Fátima. . . ela meio que. . .  - Ela parou de falar e suspirou.

- Eu sei Marie, eu não tenho nenhuma chance com ela!

- Não foi isso que eu quis dizer Feh. . .

Nós nos olhamos e ela sorriu.

- Vem Feh, vamos procurar os maconheiros!

Ela segurou minha mão e me puxou para a quadra. Os meninos estavam lá, todos ele fumando.

- Ei meninos, eu e a Fellon vamos com vocês!  - Marie gritou.

- “NÓS VAMOS”?  

Os garotos pularam o muro e Marie também.

- Vem Feh.  - Ela gritou do outro lado.

Não hesitei e pulei também, não com muita facilidade, mas consegui.

Os meninos corriam e gritavam pela rua chamando a atenção de todos.

Marie sorriu para mim e entrelaçou nossos dedos. Chegamos no fim da cidade que era uma beira de praia. Sentei-me no chão e pensei.

- Feh, você esta chateada por causa daquilo?

- Eu estou bem!

Marie me abraçou e ficou fumando até escurecer.

- Ei, vamos sair daqui!  - Um dos amigos de Marie se levantou e deu um sorriso malicioso.  - Vou pegar alguma coisa numa loja.

Marie se levantou e sorriu também, inocentemente eu fui junto sem entender nada.

Os meninos a distribuir tocas ninja e mascaras para todos.

- Para que isso?  - Perguntei.

- Quer esperar ai fora Feh?  - Marie passou a mão em meu braço.  - Nós voltamos logo.

Impacientemente eu os esperava até que todos saíram correndo com bebidas nas mãos.

- Vem!  - Marie pegou minha mão e me puxou correndo.

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