CAPÍTULO 9



Cristiano.

Encaro a tela do computador sem ao menos poder pensar.

Como aquela "garotinha" teve a audácia de me deixar daquele jeito?

A impertinente simplesmente saiu do carro e me deixou lá, todo duro.

Tive que me segurar pra não pirar.

A garota me provocou e depois me deixou igual a adolescênte idiota.

Tive que resolver meus problemas na mão, literalmente.

Na hora que eu a vi saindo do carro fiquei tão puto.

Óbvio que eu nunca a obrigaria a ir pra cama comigo, mas eu já estava empolgado e ela me deixa lá, do nada.

A mulher me provoca e depois sai sem mais nem menos.

- filha da p**a!- digo irritado.

Minha vontade foi de coloca-la na rua no primeiro momento, mas ela é uma ótima profissional e sei que ela precisa do emprego.

O dia passou se arrastando e eu mal consegui prestar atenção no meu trabalho.

Minha cabeça estava lá naquele carro com aquela "estúpida" em meu colo.

Eu jurei que iria me dar bem, mas não​foi bem assim.

Fui embora antes do espediente acabar.

Já não aguentava mais ficar dentro daquela sala.

Cheguei em casa e não a encontrei.

Subi para o segundo andar e tomei um banho frio.

Vesti minha calça moleton e fui para minha academia.

Fiz exercícios por uma hora e meia.

Toda minha frustração foi descontada naquela academia.

Vou até a cozinha na intenção de beber um pouco de água.

Quando entro, paro ao ver aquela filha da mãe ali.

Ela canta alguma música desconhecida por mim bem baixinho.

Ela deveria estar na lavanderia quando eu cheguei.

- esse é o malha funk...!- ela canta enquanto dança.

Não seguro minha risada.

Ela para na hora.

Ela se vira para mim e da um sorriso fraco.

- ah, não sabia que o senhor já estava em casa!- ela diz.

A encaro segurando o riso.

- acabei de chegar!- digo.

Ela suspira parecendo sem saber oque fazer.

- o senhor está com fome? Acabei de preparar um empadão!- ela diz.

Sinto minha boca salivar.

Eu estava mesmo sentindo um cheiro muito gostoso.

- pode ser!- digo sem dar muita corda.

Ela se vira para o forno e tira uma travessa enorme.

Sinto meu estômago roncar na hora.

Um cheiro maravilhoso invade a cozinha.

Ela serve pra mim em um pratinho e quando eu dou a primeira guarfada até fecho os olhos.

Aquilo é uma das maravilhas do mundo.

Comi quase tudo, estava sem almoçar então dei uma desculpa esfarrapada.

Quando me levantei senti minha barriga pesada.

Ela me encara com um sorriso contido nos lábios.

- gostou?- ela pergunta.

A encaro por alguns segundos.

Concordo com a cabeça.

- estava gostoso!- digo passando meus olhos por todo o seu corpo.

Ela da um sorriso tímido.

- modéstia parte, minhas comidas são muito gostosas!- ela diz.

Dou um sorrisinho.

- não é só a comida não!- digo e passo por ela.

Respiro fundo.

Eu preciso manter a calma.

- senhor?- ouço ela me chamar.

Me viro pra ela.

- sim?- digo.

Ela me encara e junta as mãos.

- me desculpe pelo episódio de sexta feira, eu estava fora de mim!- ela diz.

A encaro e não consigo dizer nada.

Ela está me dizendo que só me beijou por causa de um surto?

- eu estava nervosa e acabei me deixando levar... Não irá acontecer novamente!- ela diz.

A encaro frustrado.

Eu queria que acontecesse novamente, muito mais coisas inclusive.

Balanço a cabeça.

- da próxima vez que tiver uma crise, vá ter longe de mim!- digo e dou as costas.

Saio dali sentindo tanta raiva.

Ela acha mesmo que pode simplesmente ter momentos e se aproveitar da minha boa alma?

Eu estava pronto pra satisfaze-la, mas ela simplesmente me deu as costas.

Agora quem não que nada sou eu.

Não sou homem de ficar aos pés de mulherzinha não.

Entro em meu escritório e trabalho por ali mesmo.

Passei umas duas horas fazendo alguns trabalhos que estavam atrasados.

Quando vi já daria sete da noite.

Fui para o meu quarto e visto uma jaqueta.

O dia estava frio e apenas aquela calça fazia tudo ficar pior.

Desço as escadas e o cheiro de casa limpa me faz respirar fundo.

Eu gostava muito da rose.

Ela trabalhou pra mim por anos e deixava a casa um brinco, era uma boa cozinheira.

Mas tenho que confessar que bruna é ótima.

A casa não fica um minuto suja, ela organiza minhas coisas do jeito que eu gosto e ainda cozinha bem pra caralho.

O único problema dela é ser gostosa.

Bem que ela poderia ser uma daquelas velhas que andam por ai com aquelas saias enormes.

Iríamos ficar numa boa.

- o senhor precisa de mais alguma coisa?- ouço sua voz.

Me viro e a encontro entrando na sala.

Balanço a cabeça.

- não!- digo.

Ela me encara e da um sorriso fraco.

- então eu já vou indo!- ela diz.

A encaro por alguns momentos.

A noite está tão fria que mesmo com meu casado eu ainda sinto meu corpo gelado.

- eu te levo em casa!- digo.

Ela balança a cabeça.

- não precisa senhor, eu chego em casa rapidinho nesse horário!- ela diz.

Reviro os olhos.

- por que você tem que ser tão teimosa?!- digo.

Ela da um sorriso fraco.

- não precisa se incomodar, eu chego lá em um segundo!- ela diz.

Suspiro.

- você quer que eu te pegue no colo e te leve, ou quer ir com seus próprios pés?!- digo.

Ela me encara séria.

- senhor...- ela começa dizer.

Caminho até ela e faço de conta que vou pega-la no colo.

- não, tudo bem, eu vou!- ela grita rapidamente.

A encaro e dou um sorriso vitorioso.

- ótimo!- digo.

Peguei as chaves do carro e fomos rapidamente.

Não estava tão tarde, mas eu não acho seguro uma mulher andar a noite sozinha.

Ainda mais nessa época fria que quase ninguém fica na rua.

- o seu namorado não vai se importar, não é?- pergunto.

Ela suspira.

- não estamos mais juntos!- ela diz.

Ela deve ter descobrido dos chifres.

Desvio o olhar da pista e a encaro.

- é mesmo?!- digo.

Ela afirma com a cabeça.

- mas você está bem?- pergunto.

Ela da um longo suspiro.

- sim, pensei que não ficaria, mas estou bem!- ela diz.

Depois daquilo ficamos em silêncio.

O caminho até sua casa foi tranquilo.

Ela não parecia estar nervosa.

Quando cheguei em seu bairro ela me passou um novo endereço.

Não entendi muito bem, até outro dia ela morava em outro lugar.

Estacionei o carro em frente a sua casa.

Ela pega sua bolsa e se vira pra mim.

- muito obrigada!- ela diz.

Aceno com a cabeça.

- não precisa agradecer!- digo.

Ela sorri.

- de qualquer forma, obrigada por me trazer!- ela diz novamente.

Ela abre a porta do carro e desce.

Ela fecha a porta do carro e caminha até a casa.

Quando ela chega próximo a casa ela acena com as mãos.

Dou um sorriso e ligo o carro.

Quando vejo que ela finalmente entrou em casa eu saio dali.

Dou um suspiro e balanço a cabeça.

- oque eu estou fazendo?- pergunto a mim mesmo...

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