CAPÍTULO 1

Estreia emocionante no mundo — 1980

Era julho de 1980 e ainda faltava um mês para Isabela nascer. Tudo corria bem e o seu corpo miúdo se desenvolvia dia após dia, protegido na segurança quentinha da barriga de Maria, sua mãe.

Então, na tarde de um domingo qualquer, Maria foi ao clube com a filha mais velha, Valentina, que tinha dois anos de idade e fazia de tudo para chamar a sua atenção. Bastou um segundo de distração para a pequena fugir para o meio da rua e correr, perigosamente, em direção aos carros que passavam.

Maria foi atrás da menina, em total desespero, perdendo o equilíbrio no meio da perseguição e espatifando-se no chão molhado. Conseguiu proteger a barriga com as mãos, mas acabou sofrendo um grande impacto com a queda brusca. Um pedestre resgatou Valentina antes que algo grave acontecesse, mas, com o tombo da mãe, Isabela não teve a mesma sorte. Rodopiou no ventre e começou a ser enforcada pelo mesmo tubo que a mantivera viva até aquele momento: o cordão umbilical.

O parto aconteceu de emergência, com muita tensão, trazendo ao mundo um bebê pequenino e um tanto assustado, que gritava com força, aliviado com o ar que lhe preenchia os pulmões.

Maria teve sangramentos e ficou com a vida ameaçada, mas reverteu o seu quadro clínico e pôde ir ao encontro da filha. Sem sobrancelhas nem unhas, o corpo de Isabela traduzia toda a sua fragilidade. Ainda arroxeada pela quase-morte, a menina causava espanto aos olhos mais desavisados: parecia um ratinho acuado, já com medo do mundo que, insolente, a observava.

Foi uma chegada compatível com toda a trajetória que Bela iria traçar: intensa e muito dramática.

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