Capítulo 02.

Kiara Rocha

Devo confessar ao olhar aquele bolo feito para mim querendo compensar a sua ausência no dia do meu aniversário, me fazia sentir um amargor na boca.

Aquela singela atitude  sua de compensar algo, me trazia um certo desânimo e chateação. Ela poderia ser médica plantonista, mas está data e este dia deveria ser meu ao seu lado, por ser minha mãe. Isso seria egoismo de minha parte? Talvez. No entanto, acredito eu que querer presença de sua mãe nesta data, seria apenas uma forma de querer viver momentos familiar para se lembrar futuramente.

- Kiara você já preparou seu uniforme para escola?- reviro os olhos sem tirar eles do prato, murmurei um sim enquanto mastigava aposto que minha cara está amarrada e estou resmungando - vai querer repitir?- murmurei um não enquanto enchia a boca outra fez, ela por fim suspirou

- vaz engasgar se continuares a mastigar feito porca - meu irmão disse com cara de tédio, para ele eu estou fazendo birra a tua por que não foi o aniversário dele que foi esquecido num fim da agenda

- e isso ti dói a onde?- levei o pedaço de carne de vaca até a boca e mastigue na cara dele, ele recuou enojado

- me dói, porque se você engasgar mamã vai dormir no hospital cuidado da bebê porquinha!

- quem você chamou de porca seu bastardo?

- olha lá o tom sou mais velho aqui seu desastre ambulante - disse com tom autoritário, tenho vontade de meter meu irmão na panela de caril mais como ele disse é mais velho, voltei a sentar direto na cadeira

- ao menos não sou um putanheiro de merda - murmurei  só para ele ouvir

- diz lá isso em voz alta - provocou olhando para nosso pai, meus pai tem o aspecto tão jovenil que nem parece que tem filhos

- o que estão falando?- meu pai perguntou realmente interessado

- diz lá irmãzinha.

- nada não, imagina falar eu? Eu disse alguma coisa? Claro que não, mãe você me ouviu? Eu não...

- depois desgraça preciso que me leves para o hospital - disse minha mãe olhando o celular

Confesso que até agora não entendo a forma de como minha mãe demostra afeto por meu pai, eu ouço os pais de minhas amigas se chamando com nomes carinhos e melosos, já minha mãe! Enfim, ela disse o que?

- hospital?- repeti incrédula

- Sim, - disse com pesar

- mas hoje é domingo, o que você vai fazer no hospital no domingo?

- recebi uma mensagem de última hora, um paciente acaba de entrar na sala da UTI e como eu estou mais perto estão me chamando para lá- disse se levantando meu pai fazia o mesmo provavelmente vai para o quarto pegar as chaves do carro

- ontem você não veio ao meu aniversário e hoje você nem fica para jantar? Mais... você é a única médico que existe em Malvo? - minha voz sai falha e meus olhos ameaçam lacrimejar

- Kiara eu...- me levantei da cadeira correndo para meu quarto, tirei os chinelos e me atirei na cama para chorar. Naftal vai ter de arrumar a mesa sozinha, eu não estou em condições.

- você sabe que não tem razão né?- nem notei quando ele entrou no meu quarto, muito menos quando se deito ao meu lado

- queria ver se ela não tivesse vindo ao seu aniversário de 15 anos queria ver se dirias isso.

- olha, eu não ficaria feliz - o encarei - mas também não ia fazer todo esse drama - disse gesticulando fazia sempre aquilo quando ia explicar algo aparentemente complicado- você em parte tem razão de ficar chateada por ela não estar mais tente entender o lado dela, aquele trabalho de médica não é como de papa que faz até a distância, mamã precisa estar lá para salvar vidas, você se sentiria bem se uma pessoa morresse só porque ela tinha de vir ao seu aniversário de 12 anos? Doze Kiara, não é quinze, dezoito, nem vinte é doze, desconta lá a gaja

- hã, porque ela é a única neurocirurgiã de Malvo? Só para não falar do país, aqui mesmo em Ergans será que ela é a única neurocirurgiã?

- você sabia que médicos, enfermeiros toda aquele equipe do hospital quando termina seu curso no dia da graduação tem de fazer um juramento?- disse olhando para o teto preto do quarto com desenhos de estrelas e constelações, quando apagou a luz meu quarto vira o espaço sideral

- juramento? - limpei as lágrimas me virando

- Sim, o juramento de Hipócrates não né pergunta o que diz esse juramento porque já não lembro, os que fazem direto também tem de passe um um juramento assim - virou seu rosto para me encarar - quando você se compromete com algo você tem de cumprir, entendi?

                    ೋ❀❀ೋ═══ • ═══ೋ❀❀ೋ

- viste que na sala tem novo aluno?- diz Neuza minha melhor amiga e colega de carteira

- Novo?- estou rabiscando personagens de pokémon no meu caderno de música, se minha professora ver isso estou tramada e quem dera se eu fosse boa a desenho eu sou um desastre, que horrível, nunca vi o Pikachu tão feio como no meu caderno

- você não reparou quando estavam a fazer apresentação?- ela da uma olha no meu caderno - é sério Kiara para de desenhar demônios no caderno!- revirei os olhos

- não reparei porque pensei que seriam os mesmo do ano passado, e olha - apontei o dedo - demônio e tua avó - rimos - quem é esse anfíbio que entrou para turma?

- na última carteira da filha a direita, dizem que não estudava aqui, chama-se Derek... não olha muito sua maluca

- aí - coço onde ela bateu, no meu delicado braço - é o único aluno novo?

- pelo que vi e ouvi sim, ao menos na nossa turma é - depois das aulas caminhamos de volta para casa, não pegamos o ônibus só para queimar tempo. Neuza algumas quadras mais distante da minha casa, eu até a segunda depois volto para casa. Só não esperava que ao voltar da escola iria encontrar minha mãe na cozinha fazendo bolo de chocolate, dei um riso malévolo ao ver que Naftal só vai chegar daqui a meia hora, tempo suficiente para eu lamber toda a bacia de chocolate.

- melhor deixar para ele - minha mãe diz enquanto mete o bolo no  fogão

- nem adianta, quando sai da escola vi que ele estava com os amigos na banca daquele senhora que vende todo tipo de doces - minto com a boca suja de chocolate

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo