Capítulo 2.3

Sentiu algo ao tocar sua pele. Observou como era bonita.

O cabelo foi o que logo chamou sua atenção. Era de um castanho forte, escuro e deixava alguns fios escaparem da longa trança que o prendia. Era bem longo.

Os olhos castanhos estavam arregalados e expressavam surpresa e raiva. A boca bem feita e bicuda era de um vermelho natural, ela não estava usando batom.

Era magra, parecia frágil também. Tinha a cintura fina e pernas compridas, mas não era muito alta. A cabeça dela só chegava até seu ombro. Tinha que erguer o rosto para olhar para ele.

Ele gostou de suas curvas, pelo menos o que dava para ver naquela roupa sem graça. E era bem feminina, mesmo com aquela cara de raiva que o mirava como se quisesse lhe bater.

Ele não entendeu essa reação rápida de seu corpo á mulher que ele segurava pelo pulso para não fugir. Sentiu uma vontade rápida de beijá-la, mas isso não era adequado na atual situação.

Ele a pegara em flagrante, era uma ladra e fingida, que se fazendo de inocente. Sabia bem que uma mulher era capaz de mentir com facilidade e quase a maioria não prestava.

Muitas delas eram dissimuladas, falsas e capazes de tudo para conseguir o que queriam. Não importava o objeto de interesse.

— Se uma pessoa tenta roubar o que é da outra é ladra, não é? Eu aprendi isso há muitos anos. Você não?

— Olhe aqui... Seu... - puxou o ar e segurou a língua — Eu nunca roubei nada na vida.

— Ah, então você é iniciante? - ele ergueu as sobrancelhas — E eu fui seu escolhido para começar. Por isso deu vacilo.

Ela troceu a boca fazendo um bico de irritação.

— Se você me der só um minuto, eu posso explicar o que aconteceu aqui - ele soltou seu pulso — Houve um engano aqui... – gesticulou — Da sua parte, é óbvio - frisou — E não tem porque incomodar o seu Humberto.

— E nem chamar a polícia, também? - cruzou os braços.

Ele a observou levar as mãos á bunda pequena, arredondada e arrebitada e limpar a calça que nem estava suja. Estava nervosa, isso era só um truque. Sabia bem o que ela queria.

É claro que estava se oferecerendo e o incitava a tomar a iniciativa para não ficar muito óbvio. Ela alisou a camiseta e isso destacou seus seios. Ela até que era esperta, mas ele já sabia como isso funcionava.

— E o que você vai me dar em troca?

Beatriz franziu os olhos e ficou confusa. O que ele queria dizer agora? ela já tinha feito o serviço completo.

— Não entendi... Olha, eu já terminei de fazer meu serviço, a limpeza foi completa - disse sem entender sua insinuação — O que houve foi que eu deixei as pastas em cima da mesa muito perto da beirada e sem querer as derrubei ao passar- gesticulou — Estava com as mãos cheias de produtos, mas já estava recolhendo os papéis antes de ir. Aí você chegou e confundiu a situação.

Até que ela tinha a cara de anjo e até parecia inocente, mas ele sabia bem que as mulheres adoravam se fazer de bobinhas e confusas quando queriam enganar um homem fosse por qualquer motivo que quisessem. E ela estava só repetindo o comportamento.

— Veja bem, se você quiser sair daqui sem a polícia, vai ter que ser boazinha comigo e me agradar - ele pegou as pastas do chão e as colocou em cima da mesa de novo — Está entendendo o que eu quero não é? - juntou o resto dos papéis enquanto ela o olhava espantada — Quer que eu desenhe pra ficar mais fácil? - ironizou.

Beatriz nem teve tempo para perguntar o que ele queria dizer com essa ironia, porque ele a puxou de uma vez para cima dele e acabou desequilibrando, dando um encontrão em seu peito.

Foi uma grande surpresa para ela, constatar que gostou de sentir seu corpo junto ao dele e de sentir seu cheiro. Porém, quando a boca grande cobriu a dela se assustou e começou a lutar para se livrar de suas mãos. Ela nunca tinha passado por uma situação dessa.

— Calma, calma - ele riu e a segurou apertado pela cintura, passando os dedos por seu rosto como uma carícia — Você até que é atraente, sabia, ladrazinha?

Ela se espantou com o que disse e abriu a boca para reclamar, mas ele se aproveitou dessa chance e foi ousado, enfiando a língua entre seus lábios entreabertos, buscando a dela que sugou e se perdeu um momento no beijo repentino.

Gustavo desceu a mão pela lateral de seu corpo até sua bunda e segurou, apertando de leve.

Nesse instante os sentidos dela acordaram e em um impulso ela o mordeu com força no lábio inferior, o que o fez gritar de dor e surpresa. A ação deu certo e ele a soltou apertando a boca dolorida.

— Sua maluca... - ele disse com raiva, sentindo a boca doer, olhando o dedo sujo de sangue. Não prestou atenção no que ela fazia e não viu quando a mão dela se aproximou de seu rosto e o acertou em cheio na bochecha — Ai! ... O que é isso?- recuou dois passos.

— Você que é maluco e pergunta se eu sou? – disse se sentindo revoltada com seu comportamento — E quem lhe deu essa liberdade? Eu disse que pode me atacar dessa forma?

Ela tinha a postura de defesa e enfurecida. Avançou de novo sobre ele, tentando intimidá-lo, cheia de revolta pela ousadia.

— Você que se ofereceu - ele disse.

“Talvez”? Ou será que tinha perdido a mão?

— Seu ridículo... Você é doente, pervertido - avançou de novo com ganas de acertar outro tapa e ele deu outro passo para trás — Idiota, arrogante de merda - gritou.

Ela não gostava de ser grosseira e sabia que não poderia gritar com um inquilino de seu melhor cliente, mas o homem passara dos limites. Seu comportamento tinha sido abusivo. Aí já era demais.

— Eu tenho um contrato e trabalho com limpeza para a fazenda Boa Luz. Faz parte do meu serviço deixar as cabanas em ordem antes que os hóspedes cheguem... O que eu sempre fiz sem problema nenhum - colocou as mãos nos quadris — Até você aparecer como um insano e...

— Pegar você em flagrante - apontou o dedo.

— Como ousa me acusar de roubar? – respirou fundo — Eu por acaso pareço uma ladra? E o que eu iria roubar de você?

Ele a encarou e franziu a testa. Talvez ele tivesse se adiantado demais. E sendo tão bonita, com o rosto afogueado, se ela fosse ladra seria a mais bonita que ele já vira.

— Eu só quis adiantar meu serviço e aproveitei a cabana vazia – gesticulou nervosa — Aí você aparece do nada e me ofende e agride.

É, de novo ele cometia um erro de julgamento. E bem perto de outro anterior. Ele precisava mesmo começar a ter calma antes de julgar os outros. Nem todos estavam com más ideias.

— E quer saber o que mais? – bateu as mãos — Eu quero mesmo que você chame a polícia. E agora - se abraçou tentando parar o tremor do corpo.

— Não me venha com essa. Você não é tão bobinha, também me beijou. E estava sim mexendo em minhas pastas.

— Claro que não estava - ela falou alto — Não do modo como insinua. Estava corrigindo um deslize, quando bati e derrubei tudo. Eu fui pega de surpresa e com o susto demorei pra reagir.

Gustavo ficou chateado com suas atitudes e erro de julgamento. Não era um comportamento adequado. Ele nunca tinha agredido uma mulher na vida, era avesso a violência e menos ainda beijado uma á força. Tinha mesmo sido ridículo e paranóico.

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