Capítulo 6

   Theo James

Depois daquela maldita discussão não tive outro jeito do que encher a cara. Bebi um copo atrás do outro. Sentado na poltrona me sentindo um lixo. Tem hora que eu gostaria de estar morto em vez da Alessandra, ela sim saberia lidar com isto.

É a empresa, as crianças e agora Mattew se achando o anjo da guarda delas. Bufo irritado, o que foi que fiz para merecer isto. Enquanto me martirizo pela minha situação. Escuto passos na escada e barulho de carrinho sendo puxado. Olho pra cima e não acredito no que estou vendo.

Yasmim toda vestida de preto, puxando uma mala rosa pink de rodinhas escada a baixo, onde ela pensa que vai uma hora dessa.

Será que esse dia nunca vai acabar, na verdade já outro dia. E lá vamos nós de novo começar uma briga.

— Posso saber onde a senhorita pensa que vai uma hora dessa? – Pergunto e a mesma nem se assusta me encontrando na sala.

— Ah você ainda está aqui. – Constata o óbvio.

— Estou, e a senhorita, onde pensa que vai e ainda levando uma mala, que eu saiba não estamos indo viajar, pelo que eu me lembre.

— É claro que não vou viajar. Apenas estou me mudando para a casa do meu padrinho. – diz me fazendo soltar uma gargalhada nada sutil.

— Yasmim, eu vou te dar 5 minutos para subir essa escada e voltar para seu quarto. Quer ficar mais uma semana de castigo?

— Não vou voltar coisa nenhuma – Me desafia – Todo santo dia é um castigo novo, estou saindo fora dessa casa.

Respiro fundo, porque se eu gritar novamente com alguém dessa casa é capaz de eu ficar sem voz.

— Seu irmão tá sabendo dessa palhaçada? – questiono

— Claro que não, se ele souber, é capaz de querer vir junto. Mas sabe como é né, estou precisando de um tempo só pra mim. – Ainda debocha da minha cara.

— Tudo bem, pode ir. – Digo vendo-a me lançar um olhar incrédulo.

— Tá legal, fui. – diz me dando as costas.

— Mas já vou logo avisando que você vai perder a viagem. – Resolvo jogar o jogo dela.

— Como assim? – Pergunta voltando.

— Seu querido padrinho está em Washington. – Respondo – Vai dar com a cara na porta e ainda dormirá ao relento.

— Meu padrinho não me disse nada que iria viajar — Fala brava. Olhando pra porta e na minha direção.

— Ah coitadinha o tão adorável tio, que vive se importando com seus afilhadinhos não enviou nenhuma mensagenzinha – debocho com o álcool alterando minha fala.

Ela bufa pega sua mala e volta para o mesmo caminho que saiu. Mas antes parou e me deixou um belo recado.

— Só para constar, apenas não fui hoje, mas deixa meu padrinho voltar que vou morar com ele. – diz me deixando sozinho na penumbra da noite.

Pelo visto Nathan tem razão, essas crianças estão muito apegadas ao Mattew, tenho que dá um jeito de proibir ele de ver as crianças. Cortar qualquer contato, antes que seja tarde demais.

Vou direto para cama, amanhã tenho que encontrar essa carta, tenho que descobrir porque a Alessandra fez isso. Logo acabo adormecendo com meus pensamentos.

Acordo e vou para o banheiro fazer minha higiene. Entro no closet e escolho um terno e me visto, ajeito minha gravata, e termino arrumando meu cabelo. Desço as escadas e vou para a cozinha onde encontro as crianças.

— Bom dia! – digo me sentando na mesa.

— Bom dia papai. – Bella me responde, ela está cada dia mais linda, puxou a beleza da Alessandra. Cabelos castanhos claros e os meus olhos verdes claros.

— Bom dia! – os outros responde sem muito ânimo.

— Como vocês estão? – pergunto, todos param o que estão fazendo e me encaram – Que foi, alguma coisa errada? – digo

— É que faz tanto tempo que o senhor não nos faz essa pergunta, que é de se estranhar – James diz enquanto tomo meu café.

— Não tem nada de estranho eu querer saber como vocês estão. – Digo para mais olhos surpresos me encarando.

— Pai é verdade que o Josh não vai mais estudar na nossa escola? – Yasmim me pergunta

— É verdade – digo

— Mas se o Josh não vai pra escola eu também não quero ir – Miguel me fala cruzando os braços.

— Você vai sim e pronto. O Josh só vai ficar em casa por pouco tempo, até a transferência dele ficar pronta. – Informo.

— ahh papai isso não é justo – Miguel responde, não sei pra quem ele puxou tanta teimosia.

— É justo sim, você tem a sua escola e não pode ficar faltando. – Digo enquanto ele balança a cabeça e faz cara feia, mas continua a comer.

— Vamos crianças, temos que ir se não vamos nos atrasar. – James os chama se levantando da mesa.

— Deixa eles terminarem de comer James – digo vendo que mal terminaram de tomar o café.

— Já é tarde pai, temos que ir, antes que você seja convocado a ir para escola de novo resolver nossos problemas – ele diz jogando essa indireta na minha cara.

— Ok, antes que me esqueça James. – Exclamo, antes que ele saia da cozinha. – Eric já foi informado que você será monitorado 24 horas por dia a partir de hoje.

— Como é que é? Que loucura é essa agora? – Fala exasperado.

— Achou mesmo que eu ia deixar passar em branco aquela sua afronta de não me dizer onde estava. – Digo sorrindo – Não se esqueça que você vai herdar a empresa e ser o futuro presidente da DeltaOmega, não vou deixar que nada aconteça a você enquanto eu estiver vivo.

— Mas o Eric é seu segurança – Aponta e dou de ombros.

— Tenho vários seguranças, mas Eric é meu homem de confiança saberá vigiar você muito bem. – Finalizo lhe encarando vendo-o bufar de raiva.

— Espera um pouquinho aí – Yasmim chama a nossa atenção – Se o James vai herdar a empresa, qual vai ser nossa parte da herança? – Questiona completamente injuriada.

— Com o dinheiro que eu possuo na minha conta do banco, é mais do que suficiente garota. Além do mais, com James sendo presidente sua conta bancária ainda vai continuar sendo gorda.

É cada coisa que tenho que aturar nem morri ainda, e ela já quer saber o que vai herdar.

— Mas por que James tem que ser o presidente, qualquer um de nós poderia ser. – Fala me fazendo dá risada.

— Luiz Miguel e Bella não vão ter idade suficiente de comandar a empresa quando eu me aposentar. Josh já tem a herança dele para fazer o que quiser. – Digo apontando os fatos e finalizo com ela – Você acha que eu seria maluco de entregar a minha empresa nas suas mãos. Em um ano você leva aquela empresa a falência.

— Até parece que é tão difícil assim ser presidente. É só fazer como você.

— Ah é, como? Posso saber?

— É só tratar todo mundo a patada igual a você.

— E depois vem me questionar porque eu nunca te colocaria naquela cadeira. É o James e ponto final. Agora vão pra escola. – Dispenso todo mundo, não querendo brigar logo cedo com eles.

— Tchau papai – Bella diz me dando um beijo na bochecha.

— Tchau querida. – Digo vendo James sair sem olhar na minha cara.

— Tchau pai – Luiz Miguel diz e sai correndo.

Yasmim é outra que sai da cozinha com a cara emburrada. Ela que me questionou, só fui sincero. Logo, só sobrou eu e o Josh.

— Você vai ficar bem sozinho aqui? – pergunto

— Sim, vou ficar no quarto. – Ele diz

— Não se preocupe senhor eu faço companhia a ele. – Nanda me avisa, pelo menos ela vai ficar de olho nele.

— Ok, obrigado – digo e me levanto. – Tenho que ir agora, se comporta Josh qualquer coisa me liga Nanda.

— Sim senhor.

Saio da cozinha, pego minha maleta e vou pegar meu carro na garagem.

Chego na empresa 15 minutos depois, e vou direto pra mesa de Betty.

— Bom dia senhor. – Me cumprimenta pronta para passar minha agenda.

— Bom dia! Na minha sala agora. – Mando seco vendo-a me olhar confuso.

Dois minutos depois ela aparece na porta receosa de entrar. Indico com a mão para que ela entre e aponto a cadeira na sua frente, logo vejo ela se sentar arrumando sua saia. Respiro fundo e começo:

— Betty eu não sei o que aconteceu para você não ter me dado um documento importante, mas agora que descobrir preciso que você me entregue.

— Documento? Mas que documento senhor? – ela diz confusa, não posso brigar com Betty ela sempre esteve do meu lado sendo bom ou ruim. Então decido ser sincero.

— Escuta, o Nathan me disse que quando a Alessandra morreu ele me trouxe um documento numa pasta amarela, você se recorda? – digo com calma

— Pasta amarela, depois do falecimento da senhora Johnson – ela diz pensando – Acho que isso foi entregue quando a empresa estava caótica, me lembro que todos estavam numa correria, vários projetos tinham atrasados e minha mesa estava cheia de documentos.

— Isso, tenta buscar na sua memória, é importante Betty.

— Foi o próprio senhor Nathan que veio entregar isto senhor? – me pergunta.

— Sim, ele disse que sim

— Tudo bem – ela diz dando uma pausa pensando e depois continua – Deve ter sido no mesmo horário que a senhorita Thereza veio me pedir um contrato com urgência.

— A Thereza viu essa pasta? – pergunto

— Creio que sim, pois quando o Nathan me entregou eu ia imediatamente lhe entregar, mas a Thereza me barrou e brigou comigo dizendo que precisava do contrato o quanto antes. – Ela pensou mais um pouco e diz em sequência – Foi então que aconteceu a briga entre o senhor e o senhor Mattew, e eu sai correndo deixando a senhorita Thereza sozinha na minha mesa.

— A briga, me lembro muito bem disso, inferno. E o que mais? – digo aflito.

— Quando voltei, consegui encontrar o contrato para a senhorita Torres e lhe entreguei, e quando estava pronta para continuar de onde parei, os sócios da empresa tinham acabado de chegar, então fui recebe-los. – Ela para de falar e me olha envergonhada — E depois quando tudo estava em ordem, eu não consegui encontrar mais a pasta amarela, achei que o senhor tinha pegado, porque sempre quando não estou o senhor os pega assim mesmo.

— Sim, mas eu nunca peguei essa pasta. – Digo, isso não pode ter desaparecido do nada.

— Perdão senhor, como o senhor não me perguntou sobre esse documento até hoje, achei que estava tudo certo. – Ela diz aflita

— Não se preocupe, mas agora que estou aqui, vamos tentar procurar, eu vou te ajudar, isso é caso de vida ou morte Betty. – Digo com pressa, preciso ver isso logo.

— Oh céus, é claro. – Ela se levanta e vai até o armário onde ficam as pastas e documentos arquivados e tira um monte de pastas amarelas, e coloca sobre a mesa. – Podemos começar por estes aqui.

- É claro Betty. – Digo já pegando as pastas e começando a ler uma por uma, e Betty não fica para trás.

Uma hora e meia depois e não encontramos nada. Betty já está quase passando mal de tão nervosa que está, e eu não fico pra trás, já começando a perder a paciência.

— Já chega Betty – digo jogando a última pasta na mesa – Não está aqui. Se a pasta foi entregue ela chegou até a sua mesa, mas foi retirada por alguém. – Digo convicto.

— Mas quem senhor – diz preocupada

— Você se lembra quantas pessoas vieram aqui te entregar ou pedir algum documento? – pergunto tentando encontrar mais pistas.

— Eu não me recordo de todos. Teve o senhor Mattew quando ele foi embora depois da briga que vocês tiveram, o setor do RH e TI, e a que eu mais me lembro a senhorita Torres. – Ela diz puxando da memória.

— Thereza! Só pode ter sido ela. – Afirmo, Betty só me encara com medo de que eu tenha razão nisso. — O que não entendo, é o por que dela ter pegado essa pasta?

— Também não vejo razão dela ter feito isso.

— Vou confirmar isso agora mesmo.

Saio indo direto para sala de Thereza, entro na sala com tudo e acabo a assustando, é bom que ela se assuste, pois a coisa vai ficar feia pro lado dela.

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