Theo James

— Ele meio que ficou surpreso, pois não sabia do ocorrido. E me disse que não estava na escola. — Confessa pois ele sabe muito bem que odeio quando ele mente pelas crianças.

— Ah eu vou matar ele, literalmente falando. – Digo andando de um lado para o outro. — Você não se perguntou que eu deveria ficar sabendo disso Paul – falo o encarando com raiva.

— Eu sei senhor, mas como eu tinha ligado, achei que ele iria retornar pro colégio. Mas eu creio que ele não retornou.

— Ah você crer, pode apostar que ele não retornou. — Falo jogando um abajur longe. Assustando meu mordomo — Já ligou pros amigos dele? – Questiono com raiva dele e da maldita diretora desinformada. Que não teve a cara de pau de me ligar.

— Liguei para todos que eu conhecia e todos negaram saber do James.

— Bando de mentirosos. Pode ir se deitar Paul, eu vou ficar aqui e esperar esse moleque irresponsável. – Falo me sentando na minha poltrona de frente pra porta da sala.

— O senhor não quer um chazinho de camomila pra se acalmar? – pergunta me deixando mais irado.

— Pega esse chazinho e enfia – Pauso vendo a cara horrorizada dele e respiro fundo – Some daqui Paul – ordeno em voz alta.

— Sim senhor. – Fala e se retira rapidamente.

Eu não sei mais o que faço, é um problema atrás do outro. Primeiro Josh, segundo Mattew, depois Alessandra com essa ideia idiota. E pra finalizar meu primogênito me desafiando outra vez. Já não é de hoje que James anda fora da linha.

Será que ele não pensa que como meu herdeiro e futuro presidente da DeltaOmega, ele tem que ser mais responsável e saber que como meu filho, pode correr perigo estando na rua até agora.

Tenho alguns inimigos de negócios, nem sempre a boa disputa é bem vinda para certos empresários. E ele age como se não importasse com nada. Mas deixa só ele chegar pra ver o que acontece.

Depois de mais meia hora afundado naquela maldita poltrona, como se nada tivesse acontecendo ele abre a porta da sala e entra indo diretamente para as escadas. Mas como eu estou no escuro e ele não está me vendo, decido dá um susto nele.

— Posso saber onde o senhor estava até essa hora? – pergunto acendendo o abajur da mesinha. Vendo-o tomar um susto.

— Pai! – Exclama surpreso. – O senhor está em casa a essa hora. – diz não acreditando na minha presença.

— E aonde mais eu estaria garoto?

— Na empresa por exemplo. – Me responde como se eu estar na sua digníssima presença fosse um momento raro.

— Pois é, pra você vê como eu sou um homem bem ocupado, sabe o que eu fiz hoje James?

— Não sei, ficou no escritório trabalhando como sempre. – Responde, não entendendo aonde eu quero chegar.

— Correto, trabalhei um pouco pela manhã e depois fui a uma reunião na sua escola – Lhe aponto o dedo. – Para resolver a merda do problema que seu irmão se envolveu. – Digo sem pausa não deixando ele me responder. — Agora, o que eu quero saber James. – Digo me levantando e o encarando cara a cara. Temos quase a mesma altura apesar de ele possuir 16 anos com 1,79 m, e eu tendo 1,83 m ainda não se iguala a mim.

— ONDE É QUE VOCÊ ESTAVA QUANDO O SEU IRMÃO ESTAVA APANHANDO DE UNS GAROTOS IDIOTAS? — Grito não me segurando mais. E o mesmo não abaixou o olhar, me olhou de igual para igual.

— Se é pra lavar roupa suja, então vamos lavar. – Me responde.

— Lavar roupa suja – reviro os olhos – Não estou lavando roupa suja com você garoto, eu quero saber, o por que do seu irmão está com a cara toda arrebentada e você não ter feito nada para evitar isto?

— E o que você queria que eu fizesse – retruca aumentando o tom da voz — Josh é muito calado, todos sabem que é muito difícil ele se abrir com a gente. Principalmente com você, aliás. – Me aponta o dedo.

— Você é o irmão mais velho dele, deveria estar tomando conta dele.

— Ahh agora você falou algo correto – diz jogando a mochila no chão. – EU SOU O IRMÃO DELE. E NÃO O PAI.

— Fala baixo comigo James. Pois eu não sou seu irmão. – Falo irritado.

— Pois nem isso você pode ser comparado. Lógico que, agir como um pai, está longe da sua capacidade. – Joga na minha cara. Decido não entrar nesse assunto, por uma parte ele está correto.

— Eu só te pedi uma coisa. Que era cuidar dos seus irmãos enquanto eu estou no trabalho. — Digo e ele bufa.

— Ou seja, o tempo todo não é. Pois você vive no trabalho, a única hora do dia em que você dá as caras é no café da manhã e às vezes só fala bom dia.

— Você sabe que eu tenho que ir trabalhar. Não venha querer colocar a culpa em mim, dos seus atos garoto.

— Ah agora a culpa é minha, você ter perdido o seu precioso dia de trabalho indo na escola dos seus filhos resolver um problema que é da sua jurisdição e não minha, ou você acha que até nisso eu vou ter que ir junto com a babá. Ah é verdade, estamos sem uma babá de novo. — Joga na minha cara.

— O problema da babá vai ser resolvido em breve garoto. O que quero que saiba é que não vou tolerar mais nenhuma falta sua com seus irmãos, Josh até dá pra relevar, mas e se fosse com seus irmãos menores, Isabella e Luiz Miguel.

Aponto o óbvio e ele balança a cabeça incrédulo com a minha fala, o que foi que falei de errado. A única coisa que ele tem que fazer é estudar e olhar seus irmãos por algumas horas, será que é tão difícil assim.

— Certo, senhor James. – Fala estralando a língua, um ato que eu odeio que ele faça. — Se era só isso, posso me retirar para meu quarto? – Pergunta se abaixando para pegar sua mochila de volta.

— É claro que não.

Sei que ele está louco para se livrar da minha falação, mas ele vai ter que me ouvir.

— Agora eu quero que você me responda a segunda principal pergunta que te fiz depois de ter chegado.

— Ah é qual foi mesmo? – ele só pode estar querendo me tirar do sério, pois ele sabe que odeio ficar repetindo as coisas.

— Onde você estava que além de não ter ajudado seu irmão, não foi pra escola? E o pior – falo enumerando – Mesmo sabendo do que houve pelo Paul com Josh, você não teve a decência de voltar para a escola e saber como seu irmão ESTAVA. — Falo mais alto a última palavra para enfatizar.

— Sobre Josh, eu já tinha me inteirado com ele, e o mesmo me garantiu que estava tudo bem, e que você tinha até dado as caras na escola, que foi um milagre considerando sua falta de interesse nos filhos. Então eu pensei já que você resolveu dá as caras, que resolvesse como um pai de verdade faria. – Fala dando de ombros.

— Ah como ele é benevolente – Zombo — Cansado de aturar sua conversa fiado questiono mais uma vez. — James Boyer Johnson, onde é que você se meteu o dia todo que nem deu as caras na escola?

Ele me encara em silêncio, coloca sua mochila nas costas e começa a se retirar da sala, como se a conversa tivesse acabado.

— JAMES!

— Prefiro não responder a essa questão, e além disso – para de andar e se vira para me olhar. — Não faria a maior diferença eu te contar. Porque tudo tem que ser do seu jeito. Então dessa vez eu vou fazer da minha maneira enquanto eu posso.

— Pois você está redondamente enganado garoto. E volta aqui, que estou falando com você. – Grito atrás dele.

— Me deixa em paz pai. — Grita de volta.

— Escuta aqui garoto, a partir de amanhã você só sai de casa pra escola e da escola pra casa. E se eu pegar você chegando tarde e mentindo pra mim de novo, comece a dar adeus a sua vidinha pacata, porque eu juro que te coloco pra trabalhar na empresa comigo antes mesmo de você entrar na faculdade. Assim quem sabe você não aprenda a ter mais responsabilidades.

Quando termino de falar ele se volta pra mim com uma raiva sem tamanho.

— Isso não é justo. Já não basta você ter decidido como será meu futuro. Agora quer acabar com o resto de tempo que eu ainda tenho para viver da minha forma.

Da maneira que ele fala parece que herdar a empresa fosse um grande sacrifício.

— Pois está sendo muito bem avisado, depois não diga que eu não avisei. — Falei exaltado.

— Será que dá pra vocês calarem a boca. – Olhamos pro topo da escada vendo Yasmin descendo que nem um furacão, pronta pra guerra pelo visto.

— Yasmin, o que você está fazendo acordada uma hora dessa.

— Eu é que pergunto, por que você está brigando com James por causa do idiota do Josh, se ele apanhou, foi bem feito pra ele, quem manda ser trouxa.

— Yasmin! — James e eu chamamos sua atenção ao mesmo tempo.

— Mas é a verdade, e só por causa disso você fica acusando o James de não cuidar da gente. Ele cuida melhor do que essas babás intrometidas.

— Isso não te interessa Yasmin, é um assunto meu e de seu irmão.

— Pois isso me interessa sim, onde se viu. – Diz toda indignada — Tudo culpa do Josh, quando é que esse garoto vai aprender a virar homem, meu deus.

— Yasmin tenha respeito, ele é seu irmão. – Falo.

— ELE NÃO É MEU IRMÃO, ELE É ADOTADO. – Grita pra casa toda ouvir.

— CALA ESSA BOCA YASMIN.

— JÁ CHEGA Yasmin, volta pro seu quarto agora – James diz puxando seu braço mais bravo que eu.

— Me solta, isso é a mais pura verdade, vocês têm que parar de tratar ele como um coitadinho, coisa que ele não é. – diz gritando

— Se você não calar essa boca, eu juro que te coloco num colégio interno garota. Você já está passando de todos os limites.

— Tenta me colocar nesse lugar, meu tio Mattew me tira de lá em um segundo – grita mais irada.

— Deixa Mattew fora disso, ele não tem que cuidar da sua vida – grito irado.

Justo depois do que fiquei sabendo hoje, ela me vem com essa.

— Ele tem sim, porque ele se importa melhor do que você. – Revida.

— Cala essa boca Yasmin. Vamos pro quarto. – Diz James puxando-a degrau acima.

E depois dizem que ter filhos é uma de rosas, só se for para os outros.

James

— Isso é tudo culpa do Josh. – Escuto Yasmim resmungar.

— Eu já falei pra calar a boca Yasmin. Já deu. – Falo exausto de tanta discussão.

— Como é que você o deixa falar assim com você. – Diz revoltada — Ele está completamente errado.

— Com nosso pai eu meu entendo.

— Ah eu vi muito bem, como vocês se entenderam. – Fala debochando.

— Yasmim eu já falei pra parar, será que tá difícil.

— Aí, para você tá machucando meu braço. – Diz me empurrando.

— Desculpa. – Falo. Nem percebi que apertei o braço dela de tão nervoso que estou. Entramos no quarto dela e a coloco na cama em silêncio. Puxo o cobertor a cobrindo e lhe dou um beijo na testa.

— Boa noite.

— Boa noite. – Ela responde. – Em silêncio ando até a porta, mas paro com seu chamado. – James.

— Hum. – Resmungo de costas tentando segurar as lágrimas.

— Está chateado comigo? – Pergunta vendo que não quis ficar com ela até adormecer.

— Por que estaria? – Pergunto

— Hum, pelo que eu falei do Josh, sei que você o mima muito e é o seu irmão preferido. – Fala demostrando seu ciúme, uma coisa que ela puxou certamente do nosso pai.

— Ele não é meu irmão preferido. – Digo me virando para a olhar nos seus olhos. – Eu o amo, assim como amo você, Bella e Luiz Miguel.

— Mas você ficou chateado lá embaixo pela forma que falei de o Josh ser adotado. – Respiro fundo e decido ser sincero.

— A verdade, sim Yasmim, eu fiquei completamente magoado pela forma que você falou do nosso irmão. – Falo e vejo ela abaixar a cabeça triste pela forma dura que acabei de falar. – Não importa de onde ele veio, se tem o nosso sangue ou não, da mesma forma que se você fosse no lugar dele. Ele é nosso irmão. Olha pra mim Yasmin. – Chamo e ela levanta a cabeça. – Ele é nosso irmão e você nunca mais vai dizer uma coisa como aquela, ouviu bem, mesmo o Josh não ouvindo, mas eu ouvi, nosso pai ouviu. E da mesma forma que eu fiquei magoado, nosso pai também ficou. Você era muito pequena para lembrar, mas você não sabe a dor que nosso pai sentiu pela morte dos pais de Josh. – Ela funga pela franqueza das minhas palavras, às vezes só sendo duro para ela entender as coisas. – Então eu quero que você jure que nunca mais repetirá aquelas palavras. – Lhe peço.

— Eu juro, mas não fica bravo comigo James. – Pede sentida.

— Não fico, se você parar de tratar mal Josh, já não é de hoje que estou vendo suas atitudes amargas com ele. Cada um é de uma maneira, nunca seremos iguais.

— Tá certo. – Resmunga.

— Agora volte a dormir, amanhã temos que acordar cedo.

— Boa noite Ruggero Pasquarelli. – brinca com o nome do ator e cantor parecido comigo e revido.

— Boa noite  Hannah Montana. – Ela gargalha adorando ser parecida com ela. Fecho a porta e vou para meu quarto.

Depois de tomar um banho e comer alguma besteira que tenho no meu Frigobar. Vejo uma mensagem de Luna, minha amiga perguntando se eu cheguei bem em casa. Respondo que sim e o mesmo de sempre. Não quero perturbá-la com meus problemas. Amanhã será um novo dia e espero que as coisas não piorem do que já estão.