ROTINA

*JULIANA*

Hoje eu estou de folga e acordo assustada com uma ligação. Ainda deitada estico o braço e fico tateando a mesa de cabeceira procurando pelo telefone, quando consigo pegar vejo que é uma ligação do hospital e atendo.

— Alô?

— Doutora Juliana?

— Pois não?

— Aqui é Cris da recepção, o Dr. James me pediu para te ligar e pedir que venha ao hospital o mais breve possível.

— Está certo Cris, estou indo! Obrigada por ligar.

— Por nada, doutora!

Desligo o telefone e levanto num pulo da cama, tomo um banho e coloco uma roupa confortável enquanto não saio. Desço até a cozinha para comer algo e tomar um café, preciso urgente de cafeína. Checo meu celular e percebo que já havia algumas ligações do meu chefe antes da Cris ligar. Termino o café depressa para ir me organizar e saber o que está acontecendo. Deixo tudo na cozinha organizado e subo até o closet, coloco um jeans com uma camisa branca e um salto, como hoje é minha folga, vou mais à vontade. Chego ao hospital indo direto para a sala do meu chefe. James é um dos melhores neurocirurgiões do país, bato na porta e espero ele me dar permissão para entrar.

— Bom dia, Juliana, que bom que chegou! E eu já peço desculpas por te chamar na sua folga.

— Bom dia, James, sem problema... Você sabe que pode me chamar a qualquer hora. Mas o que houve?

— Infelizmente teremos que realizar outra cirurgia no senhor William. Após a RM, visualizamos um coágulo no lugar que retiramos o tumor, então a cirurgia tem que ser feita hoje ainda. Como você foi a responsável pelo paciente, eu não quis colocar outro profissional no lugar.

— Perfeitamente, irei me trocar para começar a cirurgia quanto antes. Você está com a RM?

— Sim, aqui... — Ele me entrega o resultado do exame e dou uma pequena olhada identificando o que ele acabou de falar.

— Ok! Seu William já está ciente da situação?

— Sim, ele mesmo pediu para que fosse você quem realizasse a cirurgia. Ele não sabia que isso já estava decidido.

— Perfeito. Obrigada, James, até mais.

— Até doutora, que dê tudo certo durante a cirurgia.

— Obrigada! — Me viro e quando estou me aproximando da porta ele continua...

— Ah! Eu também gostaria que quando você terminasse o procedimento viesse até aqui novamente, precisamos conversar sobre outro assunto importante.

— Sem problema, assim que estiver livre venho.

— Obrigado.

Saio em direção ao vestiário e em poucos minutos estou pronta e a caminho da sala de cirurgia. Ao entrar na sala tudo já está preparado, analiso mais uma vez a RM identificando a localização do coágulo e vou falar com seu William que está na mesa pronto para a cirurgia.

— Oi, seu William, como o senhor está se sentindo?

— Nervoso e preocupado, doutora, mas na conversa que tive com o doutor James, ele me disse que às vezes isso acontece.

— Exato, e dessa vez, nós iremos sedá-lo totalmente, tudo bem?

— Sem problema.

— Ótimo, o anestesista irá começar a sedação e o senhor irá contar de um a dez comigo, tudo bem?

— Sim!

— Vamos lá... Um, dois, três, quatro...

— Cinco, seis... — ele continua...

Assim que ele começa a adormecer, também vai parando a contagem e nos preparamos para começar. Após algumas horas, tudo ocorre bem na cirurgia, o coágulo foi removido e seu William foi encaminhado para UTI. Eu saio da sala, retiro as roupas cirúrgicas e vou imediatamente falar com os familiares na sala de espera.

— Boa tarde, pessoal. Estou vindo informar que ocorreu tudo bem na cirurgia e em breve ele estará na UTI. Lá poderá receber visita de apenas um familiar por enquanto. Ele está sedado e vamos retirar a sedação gradualmente. Provavelmente em dois dias ele irá para o quarto e no terceiro ou quarto dia talvez ele estará liberado para terminar o repouso em casa.

— Graças a Deus! Muito obrigada, doutora, você é um anjo que Deus enviou nas nossas vidas. — Sarah que parecia tensa quando entrei na sala me responde aliviada.

A família se abraça feliz e tranquilizada pela notícia, aquilo enche meu coração de alegria, mais um dever cumprido. Saio dali e vou até à sala do James, bato na porta...

— Pode entrar!

— Oi! Sou eu!

— Olá Juliana, como foi a cirurgia?

— Deu tudo certo, já avisei a família e dei possíveis previsões do caso.

— Que bom, fico feliz! O assunto que quero falar com você é que em breve precisarei viajar e vou mais uma vez precisar da sua ajuda para estar à frente do setor em meu lugar, você estaria disposta?

— Claro que sim, pode contar comigo! — afirmo com todo ímpeto.

— Maravilha! Agradeço demais sua disponibilidade, doutora, fico te devendo mais uma.

— Que é isso! Será mais um momento de aprendizado para mim.

— Penso que preciso ter cuidado para não perder meu posto!

— Não se preocupe com isso, doutor, caso um dia aconteça, sei que estará num posto maior que esse.

— Obrigado mais uma vez.

— Por nada!

— Era só isso, fico feliz que tenha dado tudo certo com seu William.

— Eu também!

Levanto-me apertando a mão do James e saio da sala dele, feliz por mais um voto de confiança vindo do meu chefe. Isso para mim, é um ótimo sinal! Vou em direção à sala da Jho para contar tudo o que aconteceu de sábado até hoje.

*JHOANA*

Estou na recepção assinando alguns papéis quando a Ju chega falando comigo.

— Oi amiga, boa tarde.

— Oi Ju, boa tarde, o que você está fazendo aqui na sua folga?

— O James me chamou para realizar uma cirurgia de urgência em um dos meus pacientes, mas o que vim falar contigo é outra coisa.

— Entendi... Vem, vamos para minha sala então.

— Ok! — Nós caminhamos juntas até a sala e quando entramos, vou logo perguntando...

— E então, o que houve?

— Estou tão feliz amiga, o James me convidou para ficar no lugar dele novamente enquanto faz uma viagem. Tem ideia da confiança que ele tem demonstrado?!

— Que maravilha, Ju! Confiança e também você é uma excelente profissional, amiga. Ele deve ter gostado do seu manejo com o setor da outra vez que precisou te deixar no lugar dele.

— É, da outra vez só foram dois dias, dessa vez será uma semana, ele comentou até que eu poderia ocupar o posto dele. Imagina, eu... Chefe do setor de neurocirurgias, seria um sonho!

— Tenho certeza que esse é um sonho você pode tornar realidade, já tem capacidade e competência para isso.

— Ah amiga, obrigada, você sempre tem uma boa palavra para mim!

— Não precisa agradecer, só falo a verdade.

Elas sorriem e a Jhoana continua a conversa, mas agora ela puxa outro assunto:

— E então? Não tivemos como conversar muito no jantar, até porque notei que você estava bem acompanhada.

— Você viu, menina?

— Conta como foi... Trocaram telefone? Marcaram um encontro?

— Não, que é isso! Ele não demonstrou interesse nesse aspecto, apesar de a nossa conversa ter fluido, eu não sei! E você não foi nem um pouco discreta quando nos apresentou, hein?! Quase morri de vergonha, e não me diga que o Lukas participou?

— Na verdade, foi ele quem me deu a ideia de apresentar vocês!

— Não acredito!

— Meu marido é um barato, e ele colocou vocês na mesma mesa também.

— Meu Deus! Ele estava disposto mesmo!

— E como!

— É, mas não acredito que rola algo entre nós dois! — Um tom de decepção envolve a fala de Juliana quando diz isso, apesar dos receios com relacionamentos, o Mathews chamou a atenção nesse aspecto.

— Por que diz isso?

— Não sei, como você mesma perguntou nem número de telefone trocamos, nossa conversa fluiu para todos os cantos, menos para algo desse tipo.

— Ah, Ju! Você nem imagina o quanto ele já sofreu na área sentimental.

— O que aconteceu?

— Ele foi casado durante três anos com uma pessoa, a Isabella. Após esses três anos ele descobriu que ela o traía desde o namoro. Ele só descobriu porque ela engravidou e o outro cara abriu o jogo para o Math. Disse que o bebê era dele e não do Mathews. Foi um grande baque na vida dele.

— Nossa!

— Ele entrou numa depressão profunda, precisou se afastar da Enterprise, deixou o Lukas à frente enquanto se tratava. Foram vários remédios, médicos etc... até ele chegar naquele nível que você conheceu.

— Coitado, deve ter sido uma grande decepção.

— Com certeza! Nessa época até lá para casa tivemos que levá-lo por ter tentado suicídio com os remédios.

— Minha nossa! — Juliana fica muito triste ao ouvir aquilo.

— Para nós é muito bom vê-lo na ativa de novo, tanto na Enterprise como lá no jantar, e posso dizer que você arrancou sorrisos dele, isso me deixou muito feliz. Ele é como um irmão mais velho para nós, eu e o Lukas, mas realmente se fechou para o amor depois disso tudo. Apesar de toda essa história agora ser águas passadas, é difícil para ele tocar no assunto, e também julgo que nem deve, ele está muito bem agora.

— Entendi! Eu gostei muito da nossa conversa e espero que não tenha sido a última.

Rimos e Juliana levanta, já se despedindo.

— Preciso ir amiga, vou terminar de curtir o restinho da minha "folga".

— Vai lá amiga, estou na torcida por você sempre!

— Obrigada!

*JULIANA*

Nós nos abraçamos e vou para casa.

Quando chego, subo até o quarto e vou direto para o banheiro tomar um banho para relaxar. Ao sair coloco uma roupa leve e pego o celular para pedir comida japonesa pelo delivery. Assim que a comida chega, vou para a sala procurar algo para assistir enquanto janto e encontro um filme de romance, quando o filme termina já está bem tarde e vou quase dormindo para o quarto.

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