Capítulo 6

Clair Hale

Muitos minutos depois em total silêncio e um choro silencioso, Caleb me solta minimamente e respira fundo para conseguir falar algo, seu rosto adquiriu uma tonalidade avermelhada pelas lágrimas. 

- Eu ja havia pensado em seguir uma carreira musical, e após essa mensagem da mamãe eu sinto que é o certo a se fazer. Eu irei me tornar músico Clair. Ainda não sei como, mas vou me esforçar para realizar o meu sonho e o da mamãe. - Ele diz decidido e eu apenas sorrio feliz pelo meu irmão. 

- Você tem todo o meu apoio irmão. - Passo os dedos pela sua bochecha secando um pouco as lágrimas e ele sorri pra mim.

- Você também tem todo o meu apoio para ser uma escritora de sucesso e uma jornalista, florzinha!

- Estarei sempre com você Cal, mesmo se for de longe. - Digo verdadeiramente depositando um beijo em sua bochecha, olho em seus olhos ternamente.

- Eu também pequena. Seremos a âncora e o porto seguro um do outro sempre!

O peso do amor e da fidelidade entre irmãos nessas palavras nos atingem em cheio. Somos apenas dois jovens nascidos da mesma mãe, filhos do mesmo pai, querendo encontrar a felicidade verdadeira. Órfãos de mãe e carentes pela ausência do pai, só queremos realizar os últimos sonhos da nossa mãe, e no fundo do meu coração sei que vamos conseguir, nem que para isso demoremos alguns anos.

Depois das informações recebidas por mim e Caleb acabamos aproveitando o restante do sábado para ver séries, limpar a bagunça que fizemos com a terra em nossos pijamas e curtir a companhia um do outro. Já de noite, estávamos na sala, eu vestida somente com uma regata preta e um short de moletom curto, Cal com uma bermuda cinza de moletom e o seu amado violão apoiado em sua perna.

- Se prepare minha fã número um! - Uma gargalhada escapa de meus lábios ao ver sua animação e ele ri também antes de começar a tocar. O som das cordas do violão preenche a sala de estar e logo sua voz maravilhosa faz o mesmo. Até que a campainha de casa nos interrompe. Levanto-me frustrada por termos sido interrompidos e vou até a porta ver quem nos incomoda. Abro a porta de entrada da casa com uma cara emburrada e vejo os quatro garotos agora conhecidos por mim com sorrisos enormes na face.

- Vocês. Estragaram. Meu. Show! - Falo pausadamente irritada com eles e os mesmo reprimem os lábios segurando o riso.

- Desculpa Clair. Estávamos atoa em casa e decidimos vir fazer companhia pra vocês. - O cabeludo diz e eu reviro os olhos.

- Entrem, já atrapalharam mesmo. - Cedo a passagem para eles entrarem e eles passam por mim.

- Oi Clair. Oi Caleb. - Louis fala com um sorriso fofo no rosto. Pisco um olho pra ele com um sorriso de canto nos lábios e fecho a porta. Cal cumprimenta eles.

- Desculpa por atrapalhar o momento entre irmãos. - Leon fala por falar, claramente sem nenhum arrependimento, se jogando no sofá.

- Você estava fazendo um show particular pra Clair né Caleb?! - Louis pergunta e meu irmão assente. - Passa esse violão aí loiro.

Olho intrigada pro garoto de olhos azuis, enquanto meu irmão faz o que ele pediu. Ele pega o violão e dedilha um pouco antes de começar a cantar. Minha boca cede minimamente encantada e hipnotizada pelo timbre incrivel da sua voz, eu poderia passar horas escutando-o cantar pra mim. 

You're insecure, don't know what for. You're turning heads when you walk through the door. Don't need make-up to cover up. Being the way that you are is enough... - Seus olhos azuis se encontram com os meus me causando sensações estranhas em meu interior. - Everyone else in the room can see it. Everyone else but you...

(Você é insegura, não sei por quê. As pessoas olham quando você passa pela porta. Não precisa de maquiagem, para se esconder. Sendo da maneira que você é, é suficiente. Todo mundo aqui consegue ver isso. Todo mundo, menos você)

Baby, you light up my world like nobody else. The way that you flip your hair gets me overwhelmed. But when you smile at the ground it ain't hard to tell. You don't know oh oh. You don't know you're beautiful... - Gregory acompanha Louis, e com um pequeno sinal Leon também os acompanha me fazendo ficar totalmente boquiaberta. - If only you saw what I can see.You'll understand why I want you so desperately. Right now I'm looking at you and I can't believe. You don't know oh oh. You don't know you're beautiful oh oh. But that's what makes you beautiful...

(Querida, você ilumina o meu mundo como ninguém mais. A maneira que você joga seu cabelo me deixa dominado. Mas quando você sorri para o chão, não é difícil adivinhar. Você não sabe, Você não sabe que você é linda. Se você visse o que eu posso ver, Você entenderia porque eu te quero tão desesperadamente. Agora eu estou olhando para você e eu não posso acreditar. Você não sabe, Você não sabe que você é linda. Mas é isso que te torna linda.)

- So come on, you got it wrong. To prove I'm right I put it in a song. I don't know why, you're being shy. And turn away when I look into your eyes... - Zac e Caleb acompanham os meninos formando um conjunto de vozes simplesmente incrível e perfeito. - Everyone else in the room can see it. Everyone else but you...

(Então vamos lá, você entendeu errado. Para provar que estou certo, coloquei isso na canção. Eu não sei por que você está tímida. E se virando quando eu olho em seus olhos. Todo mundo aqui consegue ver isso. Todo mundo, menos você.)

Os meninos finalizam a música e vejo que alguns ficaram tão impressionados quanto eu com o resultado incrível que alcançaram juntos. Eles me olham ansiosos por alguma reação minha ao perceber que eu estava parada em choque, acabo acordando pra vida e eu abro o meu maior sorriso.

- Isso foi... INCRÍVEL!!!!!! - Falo gritando e pulando pro meio deles perdendo totalmente minha compostura com tamanha alegria de vê-los cantar juntos. - Vocês têm um talento raro demais para desperdiçar com qualquer outra profissão meninos!

- A Clair tá sorrindo de verdade!!!! - Zac diz animado e me joga em suas costas como um saco de batatas comemorando.

- Ai Zac, me coloca no chão. - Ordeno dando tapas em suas costas, mas o garoto de cabelo preto não me soltava de forma alguma, enquanto os meninos gargalhavam de nós. - ME COLOCA NO CHÃO!!! - Grito no ouvido dele e só assim ele me solta.

- Ai, acho fiquei surdo. - Ele diz fazendo uma careta e colocando as mãos nos ouvidos.

- Bem feito. - Me sento no chão dessa vez próxima a Louis.

- Ela sorriu! - Gregory fala se levantando com um sorriso enorme e os olhos verdes brilhando e vem até mim.

- Não me toque cabeludo. - Escuto a risada escandalosa dos meninos ao ouvir o apelido que lhe dei, e só então me dou conta de que não era pra sair alto. Olho pra ele com os olhos arregalados e começo a rir sem me aquentar ao ver a cara do garoto.

- Ah não Clair, você me chamou de cabeludo. - Ele diz incrédulo antes de começar a fazer cócegas em mim e eu rolo no chão de tanto rir. Descobriu meu ponto fraco, droga.

- A gargalhada da Clair é fofa, meu Deus. - Louis diz rindo também. Enfim Gregory me solta e eu tento respirar normalmente sem rir, ainda deitada no tapete da sala.

- Vocês ainda me pagam. - Falo controlando minha respiração.

- Gente, eu quero muito me tornar cantor e acho que isso seria ainda melhor se fosse ao lado de vocês... - Caleb começa a dizer e observo um sorriso singelo surgir nas faces dos outros garotos. - Vocês topariam montar uma banda comigo? - Ele pergunta sem jeito e envergonhado.

- Uma banda? Assim, do nada? - Leon questiona meu irmão com uma careta pensativa. 

- Não é bem do nada né, mas... - O loiro encolhe os ombros sem saber como argumentar. 

- Eu topo! - Louis é o primeiro a se pronunciar olhando pra mim de relance e atraindo os olhares dos outros. - Qual é gente, o máximo que pode acontecer é nós ficarmos mundialmente conhecidos, o mínimo é a gente ter que ir vender nossa arte na praia. 

Nós rimos do garoto de olhos azuis. 

- Eu estou dentro também. - Zac e Gregory falam juntos. Observei o sorriso de Caleb crescer gradativamente. Olhamos pra Leon aguardando uma resposta, o moreno levantou as mãos se rendendo. 

- Não vou deixar vocês fora dessa. Apesar de ser loucura, eu gosto de um desafio. - Os meninos foram pra cima dele animados e felizes como eu nunca havia visto. O sorriso enorme em meu rosto não tinha nem previsão de sumir de felicidade por presenciar esse momento. 

- Acho que vocês precisam de um nome... - Falo chamando suas atenções pra mim e eles se param de falar olhando em minha direção pensativos. 

- Alguma ideia Clair? - Louis pergunta-me com seus lindos olhos azuis fixos em mim.

- Pode ser algo relacionado a um mesmo sonho... - Digo pensando alto e sou interrompida por um grito estridente de Gregory. 

One Dream! - Olhamos pro cacheado pensativos. - Um sonho, nós seguiremos nossos sonhos juntos daqui pra frente.

- Gostei cabeludo. - Digo repetindo o nome baixinho testando a pronuncia.

- Eu também. - Zac fala com um sorriso enorme no rosto.

Após todos concordarem com o nome passamos bons minutos decidindo como seria a formação da banda, mas eu apenas dei algumas ideias, eles decidiram a maioria dos detalhes. 

- Perfeito meninos, agora antes de deixar vocês fazerem o que quer que seja aqui... cantem mais uma música pra mim, por favorzinho? - Peço fazendo um biquinho com os lábios e piscando rapidamente para os convencer e eles sorriem com isso.

- Pra quem deu várias patadas na gente há uma semana atrás, nós fazemos de tudo por essa Clair pidona extremamente fofa. - Gregory diz sorrindo em minha direção e leva um tapa de Louis. Ele está me defendendo, é isso mesmo?!

- Vamos fazer o show pra ela então gente! - Zac diz me deixando ainda mais feliz e eles não demoram a começar deixando-me encantada. Eles finalizam a música e eu bato palmas animada.

- Perfeitos. Agora tchau pra vocês. Me chamem quando forem comer. - Falo saindo da sala e ouço eles reclamarem em alto e bom som pra eu escutar. - Eu não sou atoa que nem vocês! - Grito ao chegar no meu quarto, mas sou parada por uma mão que segura meu pulso, viro-me assustada e me deparo com Louis ao meu lado.

- Podemos conversar Clair? - Seu questionamento me pega de surpresa e eu abaixo meu olhar pra sua mão em meu pulso engolindo em seco. O seu toque me causa sensações confusas demais. 

- Ah, claro. - Digo limpando a garganta e nós entramos no meu quarto. - Não repara a minha bagunça. Senta aí. - Aponto pra cama e ele senta-se com um sorrisinho de lado extremamente adorável, eu puxo minha cadeira da mesa de estudos para me sentar. 

- Até que pra uma menina você é muito desorganizada. - Ele comenta rindo e olhando ao redor do quarto.

- Ei, eu me encontro nessa bagunça. Consigo achar minhas coisas por incrível que pareça. - Sorrio de lado. - Então, sobre o que gostaria de conversar?

- Quero saber como você está. - Ele fita-me com intensidade e totalmente encantada pelo tom azul de seus olhos eu não consigo desviar.

- Eu estou bem, me sinto aliviada e com a mente mais clara. E você?

- Estou bem também. Mas me fale mais, você está tão sorridente hoje, eu fico feliz de te ver assim... - Sinto minhas bochechas queimarem de vergonha. Confio em Louis mesmo tendo pouco tempo que o conheço, por isso acabo contando a ele tudo que aconteceu hoje, desde o meu sonho até o diário da minha mãe.

- Meu Deus. Clair... isso é maravilhoso! Como você está com isso?

- Muito feliz Louis. Agora eu sei o que quero agora pra minha vida, tudo parece mais claro em minha mente.

- Ah eu fico muito feliz por isso Clair! Sério, que notícia maravilhosa! - Ele se levanta da cama parando em minha frente fazendo-me olhar pra cima e me puxa levemente para um abraço. Seus braços rodeiam meu corpo e parece que tudo se encaixa aqui, entre nós. Me sinto muito confortável em seus braços. - E o que você pretende fazer?

- Terminar a escola, fazer uma faculdade de jornalismo e enquanto isso escrever mais alguns livros e os publicar em algum momento. - Seus olhos se encontram os meus soltando-me levemente do abraço ficando de frente um pro outro.

- Uau, você escreve livros? - Seu tom de voz exala admiração e surpresa ao mesmo tempo.

- Sim... Tenho dois prontos e estou quase terminando o terceiro.

- Não tenho nem palavras pra expressar minha surpresa. Você é incrível Clair, tenho certeza que vai realizar todos esses sonhos com muito sucesso! - A proximidade do corpo de Louis com o meu não me permite formular uma resposta coerente. 

Os olhos azuis de Louis me encaram com intensidade fazendo os pelos do meu corpo se arrepiar. Noto suas pupilas se dilatarem enquanto me observa. O garoto toca a lateral do meu rosto com delicadeza como se eu fosse um objeto de porcelana prestes a quebrar. Engulo em seco ao direcionar meu olhar até seus lábios avermelhados e tão convidativos. 

Louis se aproxima ainda mais de mim colocando sua mão livre em minha cintura diminuindo o espaço entre nossos corpos. Involuntariamente levo minhas mãos até sua nuca e sinto ele se arrepiar. O cheiro do perfume de Louis traz-me uma sensação de embriagues, sei que posso me viciar ainda mais pelo seu cheiro. 

Sinto os lábios do moreno se chocando contra os meus com delicadeza quebrando de vez o espaço entre nós. Os lábios de Louis são quentes e macios. Fecho meus olhos aproveitando a sensação do selinho demorado. O garoto entreabre os lábios e eu faço o mesmo cedendo passagem para sua língua. O toque diferente traz ao meu corpo novas sensações, similares a borboletas no estômago. 

Por total inexperiência no assunto acabo seguindo os movimentos de Louis e deixando-o me conduzir em um beijo lento e viciante. Nossos lábios se encaixam com total sincronia e semelhança. Acabamos nos afastando por falta de ar, mas Louis deixa sua testa apoiada contra a minha, meus olhos ainda estão fechados aproveitando a sensação de ter ele tão perto de mim, não quero que este momento acabe. 

- Desculpe-me Clair, eu fiquei com muita vontade de fazer isso e... - Ele fala confuso e eu abro meus olhos entrando em choque com os seus tão pertos de mim.

- Eu gostei. - Sua expressão se suaviza.

- Mesmo?! Não se arrepende?

- Não.

- Eu também não. - Ele sorri e eu levo a ponta dos meus dedos até sua bochecha acariciando a região ternamente.

- Você sentiu aquelas coisas no corpo também? 

- Senti, isso é estranho. - Sorrio pra ele dando de ombros. - Ah não importa.

- Hum... Acho que eles devem estar sentindo sua falta, não?! - Ele se afasta de mim com dificuldade, como se não quisesse de forma alguma fazer isso, e esse fosse um esforço enorme.

- Nossa, é mesmo. Vou voltar pra sala. - Eu assinto e ele me dá um selinho demorado mordendo levemente meu lábio inferior antes de sair.

Passo minutos a fio deitada em minha cama repassando o acontecimento em minha mente até Caleb me chamar para ir comer. Durante a refeição meu olhar sempre se encontrava com o de Louis e nós tentamos disfarçar ao máximo pros meninos não notarem o que havia acontecido entre nós.

- Porque você tá toda pensativa? - Caleb pergunta me despertando do meu transe interno.

- Ah... A banda. Isso, estou feliz por vocês. - As palavras saem da minha boca emboladas e ele me olha desconfiado.

- Eu também estou muito feliz, sinto que vamos dar certo. Mas sei que você não está assim por isso... - Ele fica me encarando procurando ler minha expressão. - Aliás, o que o Louis foi fazer atrás de você aquela hora? - Arregalo os olhos como um gato pega no flagra roubando comida e ele sorri. - Pode me contar, o que aconteceu?

- Ai você é chato. Mas, ele foi conversar comigo e contei do diário, não falei o que estava escrito, mas falei por cima o que aconteceu... E aí, ele me abraçou e... rolou. - Falo dando de ombros um pouco envergonhada.

- Vocês se beijaram?

- Sim...

- Foi bom? - Ele segura a risada satisfeito por estar me constrangendo.

- Foi ótimo. Meu primeiro beijo foi muito bom Cal!- Digo sem conter a animação e ele ri.

- Pelo menos isso, mas no seu quarto?! Louis é sem noção.

- Não foi na minha cama... Mas não vou ficar conversando sobre isso com você, é constrangedor. - Falo rindo sentindo minhas bochechas quentes e ele ri divertido com a situação.

- Também não quero falar sobre você e meu amigo estarem se beijando. - Ele deposita um beijo no topo da minha cabeça.- Boa noite pequena Clair de Lune.

- Boa noite pequeno Caleb. - Usamos a referência do diário da mamãe, era assim que ela nos chamava. E dessa vez fomos dormir nas nuvens, o coração em paz por todas as emoções vividas nesse dia.

 E o papai não apareceu nesse final de semana.

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