A vida de Jussara, mãe de Rebecca estava nos seus piores dias da sua vida. Na verdade, se tornou um verdadeiro inferno desde que descobriu que sua filha estava grávida, comendo o pão que o diabo amassou, como dizem na gíria popular. E seu casamento com seu marido estava em perigo. Ela nem dormia mais com ele, sentia nojo toda vez que ele se referia a sua filha como uma mulher qualquer.

           Até de vagabunda chamava, e isso deixava mais angustiada sem saber notícias de sua filha. Como estava longe numa cidade grande, mesmo sabendo que podia contar com sua irmã Tereza que recebeu de braços abertos. A sua patroa o tratava com desprezo sempre fazendo insinuações de sua filha. De que na cidade grande não ia ter a mesma chance que tinha quando trabalhava na lavoura, e fazia questão de jogar na cara coisas absurdas como?

         — Sua filha nunca prestou, quis dar o golpe da barriga, mas não deu certo. Ainda bem que ele não sabe disso. imagina a decepção do meu filho se soubesse!

         — Não fala assim da minha filha!

        — É, e vai fazer o que? Esqueceu que aqui quem manda sou eu? Posso mandar meu marido expulsar da fazendo com uma mão na frente e outra atrás. E vão viver do que? — Jussara sabendo do que ela era capaz teve que engolir e aceitar de cabeça baixa e ter que pedir desculpas. Era muita humilhação ter que submeter em nome da honra da sua família em nome do amor.

       O tratamento mudou radicalmente que em outrora as duas trocavam confidências e assuntos domésticos, e novidades do dia a dia. E até receitas caseiras Jussara dava para sua patroa assim como pão caseiro. E tudo que Jussara fazia era motivo de satisfação para toda a família. Até dos outros empregados que almoçavam na fazenda. E tudo mudou da noite pro dia desde a descoberta da gravidez de Rebecca. Cecília mãe de David além de arrogante e pretensiosa era preconceituosa com a pobreza, jamais aceitaria seu filho casado com uma filha de empregados. Isso deixou bem claro que não se conformava ser avó nessas circunstâncias.

          E toda vez que vinha na sua mente a ideia de ver seu neto chamando de vó. Sentia repúdio ao neto. E tinha até pesadelo vendo ele todo sujo de barro se atirando na cama dela. E nos pesadelos ela batia nele com uma cinta de couro, e nisso aparece seu filho gritando com ela. “Não ouse tocar mais no meu filho, sua velha frustrada!” Ela fazia drama sendo chamada de velha pelo próprio filho. E ouvia as gargalhadas de Rebecca debochando. "Viu que nem seu filho te respeita mais, seu lugar é num asilo.

         Deixando em pânico quando lembrava desse fato. E faria tudo para que seu filho nunca mais a encontrasse Rebecca. E temia que ele voltasse. Ela não queria odiar Jussara, afinal precisava dela para os afazeres da casa. E bem ou mal só nela que confiava. E não conseguiria convencer seu marido e seus dois filhos que moravam juntos.

         E como ia explicar para David que ela expulsou a família que ele gostava, e adorava a comida que Jussara fazia. Cecília tinha ciúmes do carinho que David tinha por Jussara, e toda vez que ele chegava da capital trazia presentes para Jussara. E isso deixava muito incomodada quando ele a abraçava como se fosse uma tia ou uma mãe!

        Era um pesadelo ter que ver seus filhos sempre elogiarem o trabalho de Jussara, e nunca terem feito elogios a ela. Sem contar a amizade do seu marido com João, esposo de Jussara. Embora a diferença social das duas famílias. Mas que havia muita intimidade entre eles. Saiam para pescar e caçar pelas redondezas e jogar bocha numa igreja que havia na fazenda.

         Havia lealdade de ambos um com o outro. O Marido de Cecília se chamava Domingos alto magro olhos azuis descendente polonês. E Cecília alemã. A amizade entre os dois era de longa. Se casaram na mesma época, criaram suas famílias. E seu Domingos teve mais sorte na vida herdando mais terras que seu João que não herdou nada dos seus pais. E assim foi trabalhar nas terras de seu Domingos.

        E assim os dois começaram a trabalhar. Embora João estivesse sendo empregado por ser homem de confiança que chefiava a plantação e a colheita. E seu Domingos se sentia grato embora sempre desse do bom e do melhor para que nunca faltasse nada para a família de João, mas que não aceitava hipótese alguma que João saísse da fazenda até que juntasse dinheiro suficiente e comprasse terras na mesma região, mas toda vez que aparecia a chance de comprar um pedaço de terra acontecia alguma coisa.

           Ou Jussara ficava grávida, ou tinha problemas financeiros, e assim o tempo foi passando. E João continuava trabalhando como empregado da fazenda e das lavouras. Até que se acostumou, mas se sentia frustrado por não conseguir ter seu pedaço de terra e ter sua casa própria.      E cada dia se sentia grato ao seu amigo Domingos, mas que não tinha bons olhos a esposa Cecília que não gostava muito da aproximação dos dois, e João sabia disso.

         Mas não tinha coragem de queixar esse fato ao seu Domingos. E assim a vida foi passando e as famílias eram unidas. Até que um dia o mundo desmoronou na cabeça quando foi descoberta a gravidez de Rebecca. João ficou revoltado sem saber com quem. Não podia tirar satisfação com David, da qual ele tinha um carinho especial, mas nunca se passava pela sua cabeça que ele estivesse namorando sua filha única escondido.

      E como ele ia encarar essa nova situação sabendo que ele estava longe nos Estados Unidos. Então a única maneira de descarregar sua fúria e frustração em cima da sua filha, se preocupava muito com a reputação dela. Era uma vergonha pra ele que não se conformava com que aconteceu, e pra se livrar da dor da decepção expulsou a filha de casa sem remorso e sem arrependimento, e com isso ganhou desprezo de sua esposa Jussara e admiração de Cecília que também estava inconformada com que aconteceu. E a luta dela agora era manter seu filho longe de Rebecca custe o que custasse.