Capítulo 9

Flashback Leona

Vagando de loja em loja, eu só tentava matar o tempo. Perdi muito peso era obrigada a comprar roupas novas. Seria um prazer em outra época, mas agora era apenas algo a se fazer pois precisava.

Passei o dia com a impressão ainda mais intensa que estava sendo observada. Comecei a pensar como será o meu fim. Ele me espancaria como era habituado? Ou dispararia um tiro certeiro na minha cabeça? Mandaria alguém fazer isto?

Meu telefone toca. Eu tremo olhando número desconhecido no visor. Meu sexto sentido já sabia que era ele. Atendo sem falar nada e escuto meu algoz respirar pesadamente ao falar:

_ Você bem que tentou ser difícil, mas não é esperta o suficiente! E te encontrar na sua cidade preferida chega a ser uma ironia.

Meus olhos se enchem de lágrimas. Não tenho nada a dizer e continuo escutando.

_ Devo admitir que você está em ótima forma! Perdeu muito peso, anda se exercitando o tempo todo. Você tem lutado também! Vai resistir quando eu estiver na sua frente? Vai tentar me acertar quando eu for te possuir?

Ele ri e continua:

_ Vou te foder a noite toda! Mas antes vou te mostrar quem é que manda! Você não pode achar que isto passará impune! E te aconselho a ser bem puta e me dar prazer sem tentar resistir. Ou isto será pior para você, pois talvez eu perca minha paciência e alguma consideração que tive até agora e te elimine de uma vez por todas!

Eu sinto náuseas. O sabor do café que pedi a pouco é substituído por um gosto amargo. Então é isto. Este seria meu fim. Eu poderia ficar sentada ali esperando ele chegar com seus capangas e me jogar dentro do carro me arrastando para o meu fim. Mas eu decido desligar o celular depois de mandá-lo para o inferno.

Pago meu café deixando o dinheiro na mesa. Pego minhas sacolas e saio caminhado sem destino. Começa a nevar e eu só penso que ele não teria piedade, mas eu lutaria desta vez, como nunca fizera antes.

No final da rua tinha uma grande escadaria, quando estou para descer os degraus, vejo Dimitry. Ele está sozinho. Mesmo longe vejo a fúria em seus olhos. Eu apenas espero, ele sobe os degraus sem pressa, eu continuo esperando não tento me mover.

Ele chega diante de mim, me olha calmamente, mas não diz nada. Me analisa, cheira meu cabelo e sorri dizendo:

_Vamos lá, tenho uma surpresinha para você. Dizendo isto ele pega no meu braço com força, tento escapar dou um chute nele que se curva sorrindo.

Ele me dá um soco consigo desviar. Mas o golpe seguinte eu escorrego e ao desiquilibrar sinto o golpe no meu olho direito com toda a força, depois disto no chão frio e a escuridão me consome.

Quando acordo estou no hospital e me dão a notícia que Dimitry está morto! Eu respiro fundo, choro copiosamente, meu choro era de libertação, mas ainda carregado pelo medo que carregava comigo durante todos os anos precedentes.

Quem matou ele? O assassino que contratei? Penso comigo. Enquanto me examinam, eu pergunto ao médico, quem me levou para o hospital. Ele me pergunta se lembro de algo, eu digo que não. Que a última lembrança é meu escorregão na rua e a queda eminente.

Ele me olha desconfiado e diz:

_Senhora Leona, sabemos que sofreu uma agressão. Entendo que não queira falar, seu rosto está machucado e combate com escoriações devido golpe de punho, suponhamos que deferido de seu falecido marido. As mãos dele estão machucadas por ter esmurrado alguém.

Eu fico calada por um pouco e depois falo:

_ Ele pode ter lutado com o assassino dele...

O médico me interrompe:

_ Pode até ser, mas ele apanhou muito antes de o matarem.

O fato é que sabemos que a Senhora sofria agressões devido seu longo histórico de "acidentes" em diversos hospitais nos períodos que esteve em nosso país e em toda a Europa, temos um, data base conectado.

A polícia já esteve aqui para interrogá-la, provavelmente retornarão mais tarde.

Engulo em seco e penso que provavelmente vão descobrir que assumi um assassino para matá-lo e terminarei meus dias na prisão. Isto parecia tão injusto, todo este tempo sofrendo e quando finalmente consigo me liberar dele, não da maneira mais certa, mesmo assim a maneira que pude. Terei que sofrer as consequências?

Tudo o que aconteceu nos dias seguintes foi muito estranho. A polícia me disse que sabiam quem era o Dimitry e estavam atrás dele há muito tempo. Que ele teria sido assassinado por outro mafioso, mas que para minha segurança, nada seria dito além disto.

Que eu poderia voltar para a casa em paz, pois ao menos para eles, eu não devia nada à justiça.

Claro, para eles eu não devia nada por algum motivo, mas e a máfia Russa?

Retornei para a Itália assim que pude. Um mês depois eu encontrei propositalmente Boris, braço direito de Dimitry, eu estava saindo da casa da Lais e ele me cercou.

No momento pensei que seria minha morte. Mas ele fez um sinal para que eu não me assustasse. Ele me puxou para dentro do carro e me contou que Igor Klaviy era o novo chefe da Bratva. Que eles sabiam que o assassinato de Dimitry tinha sido coisa da Máfia Italiana, provavelmente junto com a máfia espanhola. Perguntei se ele tinha ido atrás de mim para me machucar, ele disse que só queria me alertar que talvez a Máfia Italiana ou espanhola quisesse me pegar para saber algum segredo da Bratva.

Assustada respondi:

_ Vocês estão me ameaçando para não falar nada? E por isto me procurou?

Boris se apressa e responde:

_ Não senhora Leona, o chefe Igor a conheceu e sabe que nunca participou das coisas. Ele disse que isto é só para ser um alerta para sua segurança. Ele sabe que a Senhora não se arriscaria a trair a Bratva. Ele só pediu para avisar porque a segurança dele só funciona 100% dentro do nosso território. Se voltar para a Itália ou qualquer outro país ele não sabe se conseguirá ajudá-la.

Naquele momento eu sentia um certo alívio por não ter a máfia Russa no meu caminho. Mas não estava segura de nada. E daí adiante jamais estaria. Tentava todo santo dia não me assustar até mesmo com fogos de artificio, ou alguém que passe por mim correndo.

Não é fácil, eu nunca quis saber de tudo isto, nunca quis conviver com esta gente. Mas não tive escolha até então. Ao menos agora tinha uma chance de viver longe disto tudo, ao menos eu pensava assim.

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