Capítulo 2

Os russos seguem em direção à área industrial e param na frente de uma fábrica abandonada. Mantemos a distância até que eles entrem. Vejo um dos homens de Dimitry carregando Leona em seus braços. Ela ainda está desacordada e isto infla minha fúria. Aperto minha arma com força.

Pietro adverte aos outros homens da equipe onde nos encontrar, mandando nossa localização. Pietro sorrindo me diz:

- Finalmente vamos pegar o Russo! E quem diria que no mesmo momento vamos liberar a sua paixão de adolescente, aquela é a Leona...

Eu lanço para ele um olhar mortal, mas antes que eu possa responder, ele fala:

- Desculpe Chefe! Eu não devia ter brincado com isto, sei o quanto está tenso pelo que andamos de encontro. Anos seguindo pistas para chegar neste dia. E o fato de a Leona estar aqui, justo hoje, não alivia a situação, e torna tudo mais pesado para você ...

Pietro além de ser um grande chefe de meus seguranças sempre foi um grande amigo. Sempre leal, sempre presente na minha vida. Desde nossa infância ele sempre mostrou o quanto seria indispensável na minha vida. Era como um irmão mais velho, para mim e para Francesco.

Eu tento relaxar e respondo:

- Tudo bem Pietro, sei que queria apenas despertar meu lado sarcástico, com um pouco de diversão. Mas o que me aliviará neste momento, será atacar aquela fábrica. Espancar o Russo e tirar dele tudo o que preciso saber.

Eu desejava ver aquele bastardo sangrar até a morte. Mas eu precisava primeiro fazer ele pagar pelo que fizera a Leona.

Enquanto saíamos do carro, encontramos os homens, sigo em meio a eles pensando que sair de lá com a Leona em segurança é tão importante quanto quebrar o Russo. Preciso sair de lá a salvando, mesmo que ela não saiba o quanto é fodidamente importante para mim, de uma maneira que nem eu sei explicar. Ela é um raio de sol no meio de toda minha escuridão. Ela sempre foi.

Com meus homens posicionados em volta da fábrica, adentramos o local. Pietro inicia os disparos assim que eu dou o comando.

Eu avanço para cima do Russo e antes que os homens que o cercam caiam em terra com os disparos dos meus, eu disparo estourando seu joelho. Ele cai perto do corpo de Leona. Ele tenta pegar sua arma no coldre, mas eu disparo na sua mão e um dos meus homens o desarma. Tremo por dentro ao ver Leona pálida e coberta de sangue. Ela está muito inchada, muito machucada e ainda desacordada.

Volto meu olhar para o Russo e controlando minha fúria, eu falo sarcasticamente:

- Que bom que me recebe de joelhos Dimitry! Reconhecendo de cara quem manda na porra deste submundo!

Ele sorri cinicamente dizendo:

- Eu realmente posso estar de joelhos agora seu bastardo! Mas já te fodi a vida muito tempo atrás. Diga-me como está seu papai? Eu...

Eu o interrompo com um soco tão forte que ele cai lateralmente e da sua boca jorra esguichos de sangue. Ele tosse e se virando para mim cuspindo alguns dentes, ele tenta falar mais se engasga. Uma perversidade prazerosa cresce dentro de mim. Me aproximo e olhando seus olhos, disparo contra seu outro joelho e sem pensar duas vezes tiro minha faca e corto lentamente a carne de seu rosto.

Ele grita de dor, coisas incompreensíveis. Então eu pergunto:

- O que sabe sobre a morte do meu irmão? Por que os espanhóis o queriam?

Ele ainda cuspindo sangue e dentes fala:

- Sei que vai me matar Lucca. Conheço sua fama sádica, filho da puta! Mas quero ter o prazer de ver sua cara quando eu te falar o que tenho para falar...

Eu chuto seu estomago. Ele tossindo continua:

- Controle-se, vai precisar de força para ouvir. Quando eu assumi a máfia Russa no lugar do meu pai, tentei negociar com seu papaizinho. Ele se recusou a fazer negócios comigo! Eu poderia matá-lo disparando uma bala e cuspir em seu corpo a seguir. Mas resolvi sabotar cada carga dele. Tirar alguns dos seus clientes, oferecendo além das drogas, os meus produtos mais caros, vidas humanas, prostitutas! E...

Eu fervo por dentro e sem pensar dou outro soco e agora ele ri como um psicopata. Eu falo:

- Eram mulheres e meninas, que você atraía para sua rede, com promessas de uma vida melhor no exterior. E com certeza muitas foram sequestradas! Mesmo dentro do submundo existem regras a serem respeitadas, e vocês são uma vergonha para Casa Nostra e todas as outras famílias. O negócio é sujo, mas não aceitamos certas coisas e você sabe muito bem disto! Os DiSantis, minha família, jamais fariam negócio com imundos como vocês!

Ele ri ainda mais forte e continua:

- Vocês não são melhores que o resto de nós Lucca. Vocês dominam o tráfico de entorpecentes, destruíram muitas vidas!

- Sim! A diferença que nossa clientela viciada ou não, não tem a porra de uma arma na sua testa as impedindo de viver a suas vidas. Elas não são sequestradas, torturadas e mortas porque não quiseram ceder seus corpos. A diferença é esta!

Ele joga a cabeça para trás e volta e me encarar dizendo:

- Tão santos os DiSantis! Que ironia! Vocês são fracos! Seu papai mandei matar envenenado durante um jantar em um dos seus restaurantes preferidos. E o imbecil do seu irmão, de alguma forma descobriu, veio atrás de mim, e com seus homens atacou um dos meus prostíbulos, liberou algumas das minhas cadelas. Sem saber que os espanhóis eram meus aliados nesta e buscariam vingança tanto quanto eu. Então invadimos a casa do seu querido irmão, em uma megaoperação, estrupamos e matamos sua cunhada na frente dele. E quando chegou a hora dele morrer, trouxemos suas sobrinhas para ver o espetáculo. Ele chorava e implorava feito um maricas! Eu confesso que fiquei tentado em deixar ele vivo e matar as criancinhas. Mas eu também tenho um código apesar de tudo, então me limitei a fazê-las assistir enquanto eu estourava os miolos dele que se espalharam no tapete da sala. Você tem que reconhecer que fomos bondosos, poderíamos ter sequestrado suas sobrinhas e...

Eu não sei como consegui manter meu controle enquanto o ouvia. Mas agora, era a gota que eu precisava para transbordar.

Enfiando minha arma na sua boca até sentir que ele se engasgava com o cano em sua garganta, eu sentencio:

- Chegou sua hora desgraçado! Mande saudações aos seus comparsas espanhóis que já ardem no inferno. Mas permita-me dizer que o Diabo você já encontrou aqui, e te digo que foi um imenso desprazer te conhecer.

Dizendo isto, eu pego novamente minha faca e rasgo todo o seu tórax, sentindo a faca ranger em seus ossos. Eu podia ver em seus olhos o desespero, pois ele pensava que eu daria um tiro em sua boca e seu sofrimento terminaria, mas eu não teria compaixão de um ser tão cruel, que torturou e matou tantas vidas, que foi capaz de maltratar sua esposa.

Abrindo ainda mais seu abdômen, enfio minhas mãos e aperto suas vísceras ainda quentes entre meus dedos. Ele contorcia de dor e revirava os olhos. De relance, vi que Leona já não estava no chão, algum dos meus homens com certeza a colocou em segurança.

O desgraçado à minha frente respira com dificuldade, treme e sangue escorre da sua boca. Meus músculos tremem, a raiva ainda está em mim. Eu grito e com minha faca coberta de sangue perfuro seu olho esquerdo. Seu corpo cai pesadamente por terra. Eu me levanto olhando o bastardo que arrancou o pior de mim. Escuto tiros e quando me viro, vejo Pietro entrando com as mãos na cabeça, seguido por um agente da polícia. Estávamos cercados por eles e agentes da Interpol.

Em segundos eu estava cercado por armas apontadas para mim e um deles me diz.

- Lucca DiSantis, você está preso por tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e assassinato! Você tem direito de permanecer calado. Tudo o que disser será usado contra você no tribunal. Mantenha as mãos na cabeça, pernas afastadas...

Eu nunca tinha sido pego. Mas obviamente sabia da possiblidade. O importante é que, apesar de tudo eu me sentia bem e não me arrependia de nada da minha vingança. Mantive o silêncio, eles me conduziram para o carro.

No caminho vi alguns dos meus homens mortos, outros algemados, estávamos cercados por carros da polícia. Eu procurava Pietro e o vi sendo colocado em um carro a minha frente. E nenhum momento eu vi Leona, mas mantinha a esperança que Pietro tenha ordenado que meus homens a levassem em segurança para algum hotel.

Durante todo o trajeto não falei nada com os agentes que me acompanhavam e eles mantiveram silêncio. Eu imaginava que me levariam a uma delegacia para um interrogatório. Mas meia hora depois, vi que não era este o destino, afinal eu conhecia bem as ruas de Paris. E minha desconfiança teve confirmação no momento que o carro estacionou nos fundos do hotel George V, ali percebi que algo estava errado.

- Não responderei a nada se não for em uma delegacia. _encaro o detetive a minha frente.

Um dos detetives que me ajudava a sair tirou minhas algemas dizendo:

- Você terá uma reunião com nosso chefe em um dos quartos daqui.

Eles se colocaram cada um do meu lado e me conduziram através da cozinha para o elevador dos funcionários. A música de fundo parecia uma ironia para o meu momento.

"Lacrimosa de Mozart"

Lacrimosa dies illa

Qua resurget ex favilla

Judicandus homo réus

Aquele dia de lágrimas

Em que ressurgirão das cinzas

Os culpados para serem julgados

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