∼ 04 ∽

— Ah, isso é bom, certo? — disse Katherine. — E quanto aos Hall’s Babbler? Já decidiram o que vão cantar nas Regionais?

— Hideki e Martini não disseram nada ainda. Acho que eles estão tentando mudar algumas coisas — respondeu Dimitri. — E quanto ao seu grupo? Aquelas garotas vem te contar sobre os treinos?

Katherine era parte do grupo de dança da escola. Ela revirou os olhos com um suspiro exasperado.

— Sabe com pessoas vivem dizendo que os líderes dos grupos de dança às vezes são estereotipados? Alguém realmente devia avisar a Nadia que ela é a causa do estereótipo.

Dimitri soltou um som de zombaria.

— Ela nunca dançaria melhor que você.

— Bom, enquanto estou aqui, não posso fazer nada — resmungou Katherine. — A srta. Caldwell disse que eu deveria descansar o quanto fosse preciso, mas se Nadia continuar a incomodar as outras garotas, então recuperada ou não...

— Katherine, calma... — Dimitri pôs uma mão no seu braço, e sorriu enquanto Katherine começou a resmungar sobre o drama geral do Sofy grupo. A sra. Rivers só riu e balançou a cabeça.

Wen ergueu os olhos quando alguém bateu na porta, e a abriu para encontrar o médico de Katherine. Instantaneamente, a atmosfera no quarto mudou. Ele não teve que se virar para saber que a mão de Dimitri tinha se apertado na de Katherine e que o sorriso da sra. Rivers tinha desaparecido. Mas ele também sabia que Katherine apenas sorria.

O médico de Katherine era um homem alto e levemente grisalho com características clássicas hispânicas e apesar de normalmente sorrir para Katherine, ele estava sério agora. E esse era uma expressão que Dimitri não estava esperando ver.

— Olá, sra. Rivers — murmurou ele. — Katherine. Dimitri.

Dimitri levantou-se do seu assento e apertou a mão do médico, que agora sorria fracamente para ele.

— Veio para novidades...? Não vai ter problemas por perder tantas aulas?

Ele sempre fazia essa pergunta, e Dimitri sempre apenas sorria em resposta. O médico sorriu de volta um pouco para ele e então abraçou a sra. Rivers antes de se afastar. Dimitri ficou ao lado de Wen enquanto a mulher posicionou-se ao lado da filha, e então era apenas uma questão de falar sobre o elefante no quarto.

Dimitri nunca segurara a mão de Wen antes. Nunca houvera um motivo. Mas na verdade, agora, ele nem estava fazendo isso. Era o pulso de Wen que ele segurava enquanto o médico falava, palavras como "arritmia", "transplante de coração" e "cirurgia" e então "rejeição de órgão" e "tratamento imunossupressor".

Enquanto a prognose era relatada, Dimitri segurava o pulso de Wen como se fosse um bote salva-vidas. Havia as notícias de que a arritmia fora o sinal de perigo e que enquanto a segunda cirurgia feita havia ajudado, não seria suficiente — eles teriam que encontrar um doador de coração, do contrária a situação pioraria e...

… e durante todo esse tempo, Dimitri apoiou-se nele, tremente muito levemente.

Mas ele não disse absolutamente nada.

Wen apenas ficou ali, deixando Dimitri cortar a circulação de sangue na sua mão. O que mais ele podia fazer? Dimitri nunca quisera ninguém ajudando desde que todos descobriram que ele tinha uma namorada e que, um ano antes de chegar à Dallacorte, ele tinha cometido um erro.

Um erro que causara o primeiro ferimento de Katherine — sua primeira cirurgia de coração. Um que era culpa de Dimitri, por estar num lugar onde não deveria.

Wen perguntou-se o que melhores amigos deviam fazer em horas como essa? Algo além daquele estranho frio de que você estava apenas parado ali, encarando, a necessidade de fazer alguma coisa, qualquer coisa apenas para não se sentir tão inútil quanto a seu melhor amigo. E perguntando-se se seu amigo precisava de conforto ou não dizendo qualquer coisa que o ajudasse a manter-se inteiro?

Porque nesse instante, Dimitri parecia que estava usando toda e qualquer força para não sucumbir, e isso era o bastante. Ele nunca teria segurado-se à Wen se não precisasse de alguma força extra que o mantivesse de pé.

Wen lembrou-se do auditório, quando sua manga fora a qual Klaus segurara depois de ver aquele brutamontes de Meliano nas Seccionais. Era parecido com isso... porém ele não conseguia contornar essa. E não era Klaus. Klaus era seu amigo — mas Dimitri era seu melhor amigo. E qualquer um poderia te dizer que isso fazia das coisas um pouquinho diferente.

Houve uma longa conversa sobre a cirurgia que havia sido em Katherine, e possivelmente encontrar um doador, e garantir que Katherine recebesse o melhor tratamento possível.

O médico pergunto à sra. Rivers para acompanhá-lo, para que eles pudessem conversar apropriadamente, deixando os dois garotos e Katherine no cômodo.

Depois que o médico foi embora, Dimitri foi até Katherine, que parecia ter estado encarando a parede por todo esse tempo. Ele segurou sua mão, branca e pequena entre a sua, acariciando-a com o polegar. Katherine segurou-se a ele, e o olhou levemente, sorrindo minimamente.

E então, agora, o relógio estava tiquetaqueando.

Dimitri a olhou intensamente e sussurrou:

— … vai... vai dar tudo certo. Eu... Eu vou ajudar.

— Você sempre ajuda... — murmurou Katherine, virando-se. Ela estava encarando a parede de novo. Depois de um momento, ela lambeu os lábios secos e sussurrou: — Vá, Dimitri. Você já perdeu aula o bastante.

— Eu acho que posso...

— Wen? — Katherine sorriu para ele. — Você poderia, tipo, nos dar um segundo?

Wen os encarou e assentiu.

— Claro. — Ele acenou com a cabeça para Dimitri e saiu do quarto com um último olhar na direção do seu amigo. Dimitri o assistiu partir, e sentiu Katherine puxar sua gravata até que seus rostos estavam bem próximos. Ela estava olhando para ele com um sorrisinho.

— Dimitri. A gente falou sobre isso.

— Só estou tentando...

— Dimitri. — Katherine lançou-lhe o olhar que ela previamente concedera à parede. — Não era você que estava dirigindo. Você nem deveria ter estado lá. Você só foi envolvido.

Você estava tentando tirara outra pessoa de lá.

— Eu sei, e se eu não tivesse estado lá, você não teria que ter vindo me buscar, e a gente não teria entrado no carro daquele cara...

— Deveria, teria, poderia. — Katherine revirou os olhos. — Escute à você mesmo. O fato que seu primeiro instinto foi se jogar na minha frente quando Trent freou já diz tudo.

Você tentou, desde aquela primeira vez. Ainda aconteceu. É só... o que deveria acontencer, eu acho.

— Mas não é isso que eu deveria estar fazendo? — murmurou Dimitri, olhando-a intensamente. Mas Katherine sorriu fracamente e balançou a cabeça.

— Você anda completamente obsecado em cuidar de mim. Se eu não te amasse tanto, acharia sufocante e cansativo. Você está se tornando sufocante e cansativo.

— Eu te amo, Katherine.

— Eu sei, Dimitri. — Ela sorriu um pouco. — E por mais que eu fosse amar ficar ouvindo você dizer isso, você precisa... voltar pra aula. Você tem uma vida. Preciso ficar sozinha com a minha mãe por um momento para deixar... a ficha cair. E acho que você deveria também. — Ela o olhou. — Tudo bem?

Dimitri a encarou e sabia que argumentar seria inútil. Foi isso que o atraíra na teimosa dançarina no começo, não fora? O fato de que ela não precisava de um cavaleiro de armadura prateada — E Dimitri não fora muito bom nisso de qualquer jeito. Era intimidante como a voz dela poderia soar tão tranquila mesmo com as notícias, quando Dimitri sentia-se prestes a desabar.

— Terra chamando Dimitri. — Ela sorriu um pouco mais.

— Certo... — Ele voltou. Ele inclinou-se e a beijou gentilmente. Ele permitiu que ela o segurasse por alguns momento, e então ela soltou sua gravata.

— Vou te avisar se algo novo acontecer, ok? — disse ela.

— É, imediatamente — concordou Dimitri. Ele beijou seu cabeço e puxou o lençol um pouco mais para cima.

Wen olhou quando Dimitri saiu do quarto. A sra. Rivers estava voltando par alá, e ela e Dimitri falaram por um momento. Eles se abraçaram — os olhos da sra. Rivers estavam um pouco marejados —, mas as palavras de Dimitri parecia reassegurá-la. Quando ele sumiu para dentro do quarto de Katherine, o sorriso de Dimitri sumiu e ele virou-se para seu amigo.

Ele parecia ter acabado de acordar, tão distância quando falava:

— Desculpa, demorei muito?

— Não. — Wen o olhou incredulamente. — Já reclamei alguma vez sobre tempo por aqui?

Dimitri não respondeu e apenas começou a se direcionar para a saída com Wen caminhando ao seu lado. Ele ficou em silêncio por um momento, e então Wen disse:

— … você vai ficar bem? — Ele lembrou-se do aperto no seu pulso.

Dimitri o olhou.

— Sim, sim... — Ele assentiu, pegando o celular assim que eles estavam fora do hospital para avisar os outros que estava à caminho. — Vou ficar... é só... algo que demora para cair a ficha.

Wen o encarou. Ele queria dizer alguma coisa, talvez reiterar o que os gêmeos ficavam dizendo para Dimitri, mas tinha a sensação que apenas seria rejeitado de novo. Mas ele colocou uma mão nas costas de Dimitri sem olhá-lo.

— Tudo bem — foi tudo que ele disse.

O que era basicamente tudo que Dimitri permitiria agora.

Klaus estava copiando notas na aula de Narciso de Estudos Ecológicos e do Ambiente. Mais uma vez, Duarte estava lá, e mesmo que ele fosse um ano mais novo, ele tinha permissão para ficar naquela aula porque era provavelmente a única matéria em que ele era realmente bom — e os professores estavam desesperados para distraí-lo de suas outras obsessões. Duarte declarava que só era bom porque ele precisava saber quais fenômenos temporais eram naturais e quais eram demoníacos.

Klaus pulou um pouco quando um papel em forma de estrela ninja caiu na sua mesa com precisão perfeita. Ele o pegou, olhou para trás de viu Duarte encarando-o de olhos arregalados. Klaus suspirou e abriu, com certa dificuldade, a estrela ninja.

Como foi? Passou/reprovou?

Klaus divertiu-se com o fato de que o papel fora arrancado de uma folha que tinha um rabisco de algum tipo de mapa com "Floresta do Wendigo" escrito ao lado. Mas ele escreveu a resposta, dobrou o papel e o jogou de volta. O papel bateu na cabeça de Duarte e ele tentou pegá-lo — mas caiu com um baque no chão.

Ele ergueu-se imediatamente.

— Estou bem! Só caí. — E sentou-se de novo. Todos o olharam apenas uma vez antes de voltar para o que estavam fazendo Era Duarte, afinal; nada mais era esquisito.

Duarte abriu o papel e leu. Seus olhos arregalaram-se e ele pegou seu celular.

Outros celularem vibraram em diferentes lugares. De dentro do carro de Wen, ambos os celular tocaram e como Wen estava dirigindo, foi Dimitri quem verificou. Os gêmeos olharam para a mensagem durante a aula de história, e Raul limpou as mãos sujas da sua aula de cerâmica para pegar o celular enquanto, na aula de física, Brayan abriu a mensagem sob a carteira.

Bom: Alice passou. Fica em Bourbon.

Ruim: Depois da escola, aulas de reforço com o Valete.

Muito ruim: DUAS SEMANAS.

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