EMILY
James era realmente um homem lindo, mas, pior, era incrivelmente inteligente. Não percebi que as horas passaram tão rápido desde que ele começou a falar sobre as histórias de sucesso do escritório. Eu fiquei completamente fascinada com sua postura. Ele falava com uma voz firme e seus olhos brilhavam ao me contar acerca de todos os grandes julgamentos. Ele sentia muito orgulho do pai e do Dr. Simpson, sócio do escritório, também o melhor advogado em sua área, que era Direito do Trabalho.
Eu não emiti nenhum comentário, simplesmente fiquei ouvindo e guardando mentalmente todos os seus movimentos e gestos. Seus traços eram perfeitos, ele parecia uma pintura. Nossa, Emily, se segura garota, ele é o seu chefe. Eu nunca fiquei fascinada assim antes, eram emoções totalmente estranhas para mim, o que está acontecendo comigo?
Quando James conferiu o relógio e perguntou se eu aceitava almoçar com ele, imediatamente recusei. Não queria ficar um almoço inteiro olhando para aqueles olhos, aqueles lindos olhos azuis, nos quais dava vontade de mergulhar. Eu realmente devia estar delirando por falta de horas de sono da noite anterior. Tentei educadamente recusar seu convite, alegando que queria começar a trabalhar o quanto antes. E isso realmente era verdade, queria aprender rápido e fazer o meu melhor. Mas ele não aceitou minha recusa.
Então, resolvi almoçar com ele, mas com a condição de que eu pagasse pelo almoço, afinal, receberia a partir de agora um ótimo valor com a minha bolsa do estágio, e não queria que ele pagasse por meu almoço, porém ele mais uma vez riu da minha cara, e isso me fez ficar realmente irritada.
Ele nem ligou, simplesmente me desejou as boas-vindas e me encaminhou para a porta de seu escritório. Saímos de sua sala e eu dei passagem para que ele fosse à frente, porque ainda não estava muito familiarizada com o prédio e não queria correr o risco de acabar entrando no banheiro ao invés do elevador. Isso só daria ainda mais motivos para que ele risse da minha cara.
Logo ele caminhou, me guiando pelo andar e chegamos à frente do elevador. Ele apertou o botão e colocou as mãos no bolso da calça. Seu terno se ajustava muito bem ao seu corpo, ele era muito forte. E eu estava novamente sentindo emoções estranhas. E era impressão minha ou aquele dia estava fazendo um calor incomum para aquela época do ano? Era outono, e geralmente era fresco em Nova Iorque nessa época, contudo, eu estava com muito calor, quase suando. Dei uma rápida olhada ao nosso redor e procurei pelo ar-condicionado, talvez estivessem com algum defeito.
Ao perceber minha inquietação, James virou-se e perguntou:
— Está tudo bem, Wattson?
— O ar-condicionado daqui está quebrado?
Ele ergueu a sobrancelha como se minha pergunta fosse de outro mundo.
— Até onde eu sei, o sistema de refrigeração está funcionando
Ele apontou para cima e então me dei conta que as saídas do ar eram no teto. Ele me encarou e abriu um sorriso no canto dos lábios:
— Está com calor, senhorita?
— Não, claro que não, perguntei apenas por curiosidade.
Eu deveria estar vermelha por conta da vergonha que estava sentindo e isso me fez sentir ainda mais calor. O elevador chegou e entrei sem nem olhar para James, ele entrou em seguidas e calmamente apertou o botão do térreo.
— O restaurante que vamos fica no térreo, mas ainda temos mais 5 restaurantes espalhados pelos andares.
Não manifestei nenhum som, apenas fiquei olhando para baixo, ele quebrou nosso silêncio e começou a fazer uma chuva de perguntas, das mais variadas, perguntou se morava com meus pais, onde fiz o colegial, se já saí dos Estados Unidos, e por aí foi. Estranhei minhas reações, eu geralmente não respondia questões pessoais com facilidade, e quando o fazia, era da forma mais sucinta possível. Mas com James parecia ser tão fácil de conversar que fui falando e quando dei por mim, já estávamos entrando pelas portas do restaurante.
Assim como o restante do edifício, o restaurante era muito luxuoso. Fomos recepcionados por outra recepcionista de sorriso congelado, ao vê-la abrindo ainda mais a boca avistando James entrar no recinto, foi impossível não rir. James me encarou curioso, logo me justifiquei:
— Desculpe, apenas recordei algo engraçado.
— Compartilhe comigo, adoro uma boa piada.
— Desculpe, senhor, na verdade, é apenas um fato curioso que me chamou a atenção desde que cheguei aqui, mas, por favor, esqueça. É bobagem.
— Pois agora mesmo é que quero saber o que é. Ande, fale.
Ele encarou o fundo dos meus olhos, e por um segundo achei que talvez pudesse ler através deles.
— Bom, reparei que todas as recepcionistas têm um sorriso perfeito, só achei engraçado.
Ele me olhou, talvez tentando processar minha informação, meu Deus, que vergonha, o que ele pensará de mim?
— Sabe que eu nunca reparei? Talvez elas simplesmente sejam felizes com o que fazem, por isso estão sempre sorrindo.
Realmente poderia ser isso, talvez ali fosse tão bom que seria tão fácil sorrir. James me guiou até a mesa que a moça nos indicou, puxou a cadeira para mim como um perfeito cavalheiro e após me sentar, sentou-se à minha frente. Então pegou o cardápio à sua frente, chamou o garçom e me perguntou:
— Se importa se eu lhe sugerir o prato?
Normalmente diria que poderia escolher sozinha, contudo, ele com certeza já havia comido ali, e se estava se oferecendo, era porque sabia o que era bom. Dessa forma, deixei.
— Não me importo, pode sim escolher, como de tudo.
Poderia ser impressão minha, mas senti que, quando disse isso, James se mexeu levemente em sua cadeira e deu um sorriso de canto de boca.
— Ótimo, acho que faremos uma bela dupla, Wattson.
Ele sorriu largamente e deu-me uma piscadela, foi impossível não retribuir seu sorriso, pela primeira no dia me senti relaxada e agora estava feliz. Sabia que, a partir daquele dia, minha vida jamais seria a mesma. Ainda mais tendo o Dr. James Alexander Williams ao meu lado.
JAMESO primeiro dia passou muito rápido, após o almoço e a excelente companhia da Srta. Wattson, retornamos para o escritório e ambos mergulhamos nos documentos, processos e agenda para as próximas semanas. Apesar de muito nova e de ser apenas seu primeiro dia, Emily demonstrou um excelente profissionalismo. Acabamos ficando no escritório até às 19h, e como já era tarde e não sabia se Emily tinha carona, resolvi me oferecer para levá-la em casa, mas ela disse que não precisava, pois seu pai já havia chegado para lhe buscar.Dessa forma, nos despedimos no lado de fora do prédio, a avistei entrando em um Dodge Durango antigo e vi de relance um senhor no banco do motorista, após entrar e fechar a porta, ela se inclinou, beijou a bochecha do senhor, que abriu um largo sorriso. Ali vi que existia um grande amor entre pai e filha. Ela deveria mesmo ser uma
EMILYOs dias estavam passando rápido, e eu estava cada vez mais encantada com meu estágio, mas principalmente com o meu chefe.James era simplesmente brilhante e não conseguia entender por que demorou tanto para começar a trabalhar no escritório. Diferentemente do que pensei a seu respeito no primeiro dia, ele não era festeiro, pelo contrário, era super comprometido e dedicado. Era o primeiro a chegar e o último a sair. Às vezes, ficava até com vergonha, pois duas vezes nessa semana eu havia atrasado por conta de provas na faculdade e, como ia trabalhar de ônibus, era pior ainda.Amanhã iria com meu pai comprar o meu primeiro carro, afinal, com o meu novo salário, poderia me dar esse “luxo”, e isso iria facilitar e muito meus dias. Eu fiz algumas pesquisas e decidi comprar um Fiat, pois o custo de manutenção era baixo. E, por sorte,
JAMESAquela sexta-feira estava agitada, depois de passar horas ao telefone para conseguir confirmar se o julgamento do caso “Connor” seria ou não na segunda-feira seguinte, ainda tive que organizar as últimas questões para a viagem de última hora.Não tinha ainda certeza se fiz bem em chamar a Srta. Wattson para me acompanhar, ela era ainda muito nova e totalmente inexperiente no mundo dos tribunais, contudo, queria que ela fosse. Queria lhe mostrar a “magia” que envolve um julgamento dessa magnitude e, claro, queria que ela me visse em ação. Afinal, não havia me esquecido de sua cara de decepção ao saber que iria trabalhar comigo e não com meu pai.Mas não poderia me dar ao luxo de levar apenas ela como minha assistente, precisava de alguém com experiência, por isso chamei o Dr. Taylor, ele era o advogado criminalista mais anti
EMILYChegamos à garagem do edifício onde James morava, só pela fachada do prédio sabia que era simplesmente magnífico. Deveria ter uns 50 andares. E não seria de se admirar se ele fosse o dono da cobertura.Rick estacionou o carro e desceu para abrir minha porta. Nesse momento pensei que poderia me acostumar muito bem com essa mordomia. Mas talvez não fosse sempre assim, talvez ele estivesse só sendo muito educado por eu ser nova no escritório. Ele me pediu para segui-lo. Paramos em frente ao elevador, acredito que aquele fosse um privativo, pois digitou uma senha para que as portas abrissem. Assim que abriram, ele indicou para que eu entrasse. Entrou logo em seguida, digitou mais uma senha, agora no teclado do painel interno. As portas fecharam-se e, em questão de poucos segundos, abriram-se novamente. Ele saiu em minha frente, fez um gesto de “boas-vindas” e disse:
JAMESComo Rick foi acompanhar Emily para buscar as coisas dela para a viagem, decidi que iria para casa com o carro do escritório. No caminho, lembrei-me que não havia tido tempo de pedir para que Rose, minha governanta, preparasse algo para o jantar, então decidi parar na Cantina Mancini, que era no caminho de casa, para comprar o jantar para mim e Emily, afinal, a coitadinha também não devia ter comido nada. Escolhi dois pratos de macarronada, torcendo para que ela gostasse de massa.Cheguei em casa e notei que, apesar de não ter preparado o jantar, Rose havia deixado a mesa da cozinha posta, conforme eu havia lhe pedido para o meu encontro com Mari. Nossa, meio trabalho poupado! Como já estava tudo arrumado, guardei as embalagens de comida no forno e decidi tomar um banho, logo Rick e Emily deveriam chegar.Após tomar banho e me vestir, peguei meu celular e vi uma mensagem de Rick
JAMESQuando fechei a porta do meu escritório, encostei meu corpo contra ela e fechei meus olhos. Precisava me recompor, me deixei levar pelo impulso, ela era linda, minha vontade era me perder nela. Mas eu estragaria tudo se fizesse isso, e não seria justo, nem com ela nem comigo.Peguei um copo de uísque e o tomei em um só gole, aquela seria uma longa viagem, e precisaria manter o foco no que era importante: o caso “Connor”. Era o meu primeiro caso oficial do escritório, e eu não o perderia por nada. Emily era, sim, linda, mas eu não queria nenhum envolvimento com ela, além de chefe e estagiária. Então, eu teria que me comportar e principalmente me controlar.Peguei minha pasta em cima da mesa, verifiquei novamente meu celular para ver se não estava esquecendo nada, e voltei para a cozinha para chamar Emily para embarcarmos.— Está pronta?
JAMESMal havíamos nos acomodado no helicóptero e Emily adormeceu, acredito que, no começo, estava apenas fingindo para não ter que ficar me olhando, mas, depois de alguns minutos, sua respiração ficou um pouco mais pesada, sinal de que havia realmente dormido. Fiquei encarando ela, como podia uma pessoa ser tão linda quanto ela era? Seu rosto era delicado, quase com um ar celestial, sua pele negra era da cor de chocolate, me dava uma grande vontade de beijá- la, como eu iria conseguir manter a sanidade perto daquela garota? Pelo menos, depois do fora que dei nela e pelo o pouco que a conhecia, acredito que ela não iria querer mais nada comigo, o que, confesso, me deixava com um misto de sentimentos. Ao mesmo tempo em que ficava aliviado com isso, também me sentia desapontado, pois nunca fui rejeitado por ninguém.Mas minha decisão já estava tomada e não iria
EMILYAssim que a Sra. Beth me deixou sozinha no quarto, sentei na cama de casal no meio de uma suíte que era quase maior que minha casa e tirei meus sapatos. Realmente não havia nascido para usar saltos, meus pés estavam doendo muito. Pensei em tomar um banho quente antes de dormir, mas a preguiça me venceu, acabei adormecendo com a roupa que estava mesmo.Acordei ouvindo uma batida na porta do quarto, abri os olhos e vi que o relógio ao lado da cama informava que era 4h da manhã. Achei estranho alguém bater na porta do meu quarto naquele horário, mas achei que talvez James quisesse falar algo importante sobre o julgamento, então levantei rapidamente da cama e fui abrir a porta.Ao abri-la, me deparei com a visão mais irresistível que já havia visto, James estava parado em frente à porta, vestindo apenas uma cueca box preta.&mda