CAPÍTULO VI

EMILY

James era realmente um homem lindo, mas, pior, era incrivelmente inteligente. Não percebi que as horas passaram tão rápido desde que ele começou a falar sobre as histórias de sucesso do escritório. Eu fiquei completamente fascinada com sua postura. Ele falava com uma voz firme e seus olhos brilhavam ao me contar acerca de todos os grandes julgamentos. Ele sentia muito orgulho do pai e do Dr. Simpson, sócio do escritório, também o melhor advogado em sua área, que era Direito do Trabalho.

Eu não emiti nenhum comentário, simplesmente fiquei ouvindo e guardando mentalmente todos os seus movimentos e gestos. Seus traços eram perfeitos, ele parecia uma pintura. Nossa, Emily, se segura garota, ele é o seu chefe. Eu nunca fiquei fascinada assim antes, eram emoções totalmente estranhas para mim, o que está acontecendo comigo?

Quando James conferiu o relógio e perguntou se eu aceitava almoçar com ele, imediatamente recusei. Não queria ficar um almoço inteiro olhando para aqueles olhos, aqueles lindos olhos azuis, nos quais dava vontade de mergulhar. Eu realmente devia estar delirando por falta de horas de sono da noite anterior. Tentei educadamente recusar seu convite, alegando que queria começar a trabalhar o quanto antes. E isso realmente era verdade, queria aprender rápido e fazer o meu melhor. Mas ele não aceitou minha recusa.

Então, resolvi almoçar com ele, mas com a condição de que eu pagasse pelo almoço, afinal, receberia a partir de agora um ótimo valor com a minha bolsa do estágio, e não queria que ele pagasse por meu almoço, porém ele mais uma vez riu da minha cara, e isso me fez ficar realmente irritada.

Ele nem ligou, simplesmente me desejou as boas-vindas e me encaminhou para a porta de seu escritório. Saímos de sua sala e eu dei passagem para que ele fosse à frente, porque ainda não estava muito familiarizada com o prédio e não queria correr o risco de acabar entrando no banheiro ao invés do elevador. Isso só daria ainda mais motivos para que ele risse da minha cara.

Logo ele caminhou, me guiando pelo andar e chegamos à frente do elevador. Ele apertou o botão e colocou as mãos no bolso da calça. Seu terno se ajustava muito bem ao seu corpo, ele era muito forte. E eu estava novamente sentindo emoções estranhas. E era impressão minha ou aquele dia estava fazendo um calor incomum para aquela época do ano? Era outono, e geralmente era fresco em Nova Iorque nessa época, contudo, eu estava com muito calor, quase suando. Dei uma rápida olhada ao nosso redor e procurei pelo ar-condicionado, talvez estivessem com algum defeito.

Ao perceber minha inquietação, James virou-se e perguntou:

— Está tudo bem, Wattson?

— O ar-condicionado daqui está quebrado?

Ele ergueu a sobrancelha como se minha pergunta fosse de outro mundo.

— Até onde eu sei, o sistema de refrigeração está funcionando

Ele apontou para cima e então me dei conta que as saídas do ar eram no teto. Ele me encarou e abriu um sorriso no canto dos lábios:

— Está com calor, senhorita?

— Não, claro que não, perguntei apenas por curiosidade.

Eu deveria estar vermelha por conta da vergonha que estava sentindo e isso me fez sentir ainda mais calor. O elevador chegou e entrei sem nem olhar para James, ele entrou em seguidas e calmamente apertou o botão do térreo.

— O restaurante que vamos fica no térreo, mas ainda temos mais 5 restaurantes espalhados pelos andares.

Não manifestei nenhum som, apenas fiquei olhando para baixo, ele quebrou nosso silêncio e começou a fazer uma chuva de perguntas, das mais variadas, perguntou se morava com meus pais, onde fiz o colegial, se já saí dos Estados Unidos, e por aí foi. Estranhei minhas reações, eu geralmente não respondia questões pessoais com facilidade, e quando o fazia, era da forma mais sucinta possível. Mas com James parecia ser tão fácil de conversar que fui falando e quando dei por mim, já estávamos entrando pelas portas do restaurante.

Assim como o restante do edifício, o restaurante era muito luxuoso. Fomos recepcionados por outra recepcionista de sorriso congelado, ao vê-la abrindo ainda mais a boca avistando James entrar no recinto, foi impossível não rir. James me encarou curioso, logo me justifiquei:

— Desculpe, apenas recordei algo engraçado.

— Compartilhe comigo, adoro uma boa piada.

— Desculpe, senhor, na verdade, é apenas um fato curioso que me chamou a atenção desde que cheguei aqui, mas, por favor, esqueça. É bobagem.

— Pois agora mesmo é que quero saber o que é. Ande, fale. 

Ele encarou o fundo dos meus olhos, e por um segundo achei que talvez pudesse ler através deles.

— Bom, reparei que todas as recepcionistas têm um sorriso perfeito, só achei engraçado.

Ele me olhou, talvez tentando processar minha informação, meu Deus, que vergonha, o que ele pensará de mim?

— Sabe que eu nunca reparei? Talvez elas simplesmente sejam felizes com o que fazem, por isso estão sempre sorrindo.

Realmente poderia ser isso, talvez ali fosse tão bom que seria tão fácil sorrir. James me guiou até a mesa que a moça nos indicou, puxou a cadeira para mim como um perfeito cavalheiro e após me sentar, sentou-se à minha frente. Então pegou o cardápio à sua frente, chamou o garçom e me perguntou:

— Se importa se eu lhe sugerir o prato?

Normalmente diria que poderia escolher sozinha, contudo, ele com certeza já havia comido ali, e se estava se oferecendo, era porque sabia o que era bom. Dessa forma, deixei.

— Não me importo, pode sim escolher, como de tudo.

Poderia ser impressão minha, mas senti que, quando disse isso, James se mexeu levemente em sua cadeira e deu um sorriso de canto de boca.

— Ótimo, acho que faremos uma bela dupla, Wattson.

Ele sorriu largamente e deu-me uma piscadela, foi impossível não retribuir seu sorriso, pela primeira no dia me senti relaxada e agora estava feliz. Sabia que, a partir daquele dia, minha vida jamais seria a mesma. Ainda mais tendo o Dr. James Alexander Williams ao meu lado.

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