CAPÍTULO III

JAMES

— Sério, pai, além de ter que vir trabalhar obrigado, ainda vai me empurrar uma estagiária? Meu pai havia passado de todos os Desde a morte do Patrick, meu irmão mais velho, que ocorreu há 4 anos, dia após dia, meu pai fala que estava na hora de assumir meu lugar no escritório.

Formei-me com honras no curso de Direito de Harvard, mas não queria advogar. Bem, na verdade, até queria, mas não ainda. Sabia que, a partir do momento que colocasse os pés no escritório, meu pai iria me deixar ali sozinho e com meus 27 anos, ainda me considero novo para ficar trancado dentro de um escritório e viajando por todo o país em audiências intermináveis. Claro que a parte de viajar não era ruim. Adorava jogar-me na estrada. Conhecer lugares e pessoas, principalmente mulheres. Meu pai, que estava sentando em sua mesa, respondeu-me, me fazendo voltar a conversa:

— James, está mais do que na hora de você assumir seu lugar aqui no escritório. Tanto eu quanto John já estamos cansados. E como Ashley não quis seguir os caminhos do pai, é seu dever assumir e manter o nosso E vai sim ter uma estagiária. Aliás, ela foi pessoalmente muito bem recomendada, então a trate bem e, principalmente, com o devido respeito.

— E quem a indicou?

— Sua madrinha Scarlett era a melhor amiga dos meus pais e do John Simpson, sócio do meu pai, o qual sempre chamei de tio. E se minha madrinha tivesse realmente indicado essa estagiária, a mulher realmente deveria ser a melhor, tendo em vista que desde que me lembre, ela nunca indicou ninguém para trabalhar aqui. E olha que já dá aula há uns bons anos.

Mas isso não me deixou menos irritado. Meu lugar ainda não era aqui. Era para meu irmão estar aqui. E meu pai sabia disso, todos sabiam disto. Patrick era simplesmente brilhante. E seria o melhor, sem dúvidas, advogado do país quando assumisse o escritório. Eu iria trabalhar com ele, mas não com o peso de tudo sobre meus ombros.

Agora, além de tudo, teria que conviver com alguém me vigiando, sim, vigiando, pois desconfio que fosse essa a intenção da minha madrinha ao indicar alguém para trabalhar justamente comigo. Ela e minha mãe viviam tentando me juntar de vez com Ashley, filha única do sócio do meu pai. Eu até tentei namorá-la durante o colegial e uns anos depois, na época da faculdade. Eu cheguei a gostar dela, afinal, foi a minha primeira garota, e isso era difícil de esquecer.

Eu sabia também que ela me amava, mas eu não, Ashley era uma boa pessoa, mas era também muito mimada. Sofria pela perda da mãe quando tinha 15 anos, sendo bem nessa época nosso primeiro envolvimento. Acho que fiquei tão triste por ela que acabei tentando consolar-me e deixei-me levar pelos hormônios da adolescência. Nosso namorico, na época, não durou muito, pois, aos 16 anos, ela se mudou para a Austrália, para fazer um intercâmbio. Voltando apenas quando eu já estava no segundo ano da faculdade. E claro que eu não resisti ao ver que havia ganhado tantas curvas. Mas não durou muito, mesmo sob os protestos dos nossos pais, terminei nosso relacionamento e deixei bem explicado que não voltaríamos.

Ela era extremamente ciumenta, não que eu fosse um santo, não era, mas enquanto estávamos juntos, sempre a respeitei e nunca dei motivos para se preocupar. Óbvio que eu tinha muitas “amigas” nos meus contatos, mas nada fora do normal. Enfim, não deu certo, e apesar de já ter passado uns 4 anos, minha mãe e minha madrinha nutriam a esperança de que acabaríamos nos casando e unindo de vez as famílias Williams e Simpson. Ah, é bom deixar registrado que minha madrinha Scarlett, além de melhor amiga da família, é prima de John por parte de pai, sendo assim também é uma Simpson.

— Ok, pai, vou trabalhar como o senhor tanto quer e aturar essa estagiária. Quando ela começa?

Meu pai revirou os olhos diante do meu comentário desaforado, mas não disse nada. Tirou o telefone da sua mesa do gancho e discou um ramal:

— Bom dia, Liandra, tudo bem? A estagiária que irá trabalhar com James já chegou? Ah, ótimo, aguardamos vocês aqui na minha sala, então. — Ele desligou, deu um sorriso sarcástico que só ele sabia dar e disse: — Ela já chegou, Liandra está apresentando o escritório e logo estarão Por favor, comporte-se.

— Relaxa, não farei nada, sei que posso ser processado, e morro de medo de advogados — Ambos caímos na gargalhada, afinal, o tio John era advogado trabalhista, o melhor dos melhores.

Por fim, isso me fez relaxar um pouco, amava muito meu pai e sempre quis que ele tivesse orgulho de mim, só me achava muito novo ainda. Mas agora não tinha mais volta. Hoje seria o primeiro dia de uma longa jornada, então era melhor aceitar logo esse fato e fazer o meu melhor.

Minutos depois, ouvimos uma batida na porta, ambos nos levantamos de nossas cadeiras, mas quando a porta abriu e vi aquela beleza entrando junto à Liandra, chefe do RH, quase me desequilibrei e sentei novamente.

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