Capítulo 3

O dia na empresa foi normal, fiz minhas tarefas sem reclamar, nada diferente aconteceu, nem me abri com ninguém.

Quando chegou no finzinho da tarde, veio o bolo. Por incrível que pareça, fizeram uma festinha surpresa. Eu achei estranho, não tinha o que comemorar. Eu estava saindo da Construtora e me separando de Muriel, então não consegui me alegrar. Fiquei com o rosto fechado, e não consegui nem dizer: obrigada.

Aniversário

Sorria, sorria

Hoje é seu dia

Derrapou numa casca de banana

Mas com estilo se levantou

Numa faceirice bacana

Toda aquela sacana

Que parecia arrebentar

Não importava o lugar

Das zombarias que vinha dos rebanhos

Sua facúndia atravessava a gentalha

Não tinha fobias de estranhos

Nenhuma fofoca a incomodava

Sua língua era pior que navalha

Nem reclamava

Uma energia invisível a protegia

Como um escudo de luz alva

Sua língua não embolava

Pois falava muito bem

Que nem a inveja a tocava

Com seu veneno de costume

Assim era todo dia

Deixava-lhe refém

Uma revolução de ideias

Sempre explodia em sua cabeça

Algo acontecia

 Para lhe dá tanta alegria

Nem medo a paralisava

Do seu riso magnético

Que bulia até uma estatua

Nada demais para contar

O covil de interesseiras

Queria ela desintegrar

 Na festa para derrubar

A moça mais querida

Para atentar uma briga

Transtorna em seu “niver”

Será que vão aprontar?

Para muita confusão chover

Mas hoje é seu dia

E nada vai lhe tirar

O aniversario mais famoso

Num clima que muitos gatos vão suspirar

Quem dirá o seu par gracioso

O sorriso mais bonito

Notar

Que todos amam amar

Seu jeito espontâneo

De simpatizar.

Já passava das seis da noite, bati o ponto, sai da empresa e retornei para casa. Cheguei de noite em casa, fui direto para meu quarto, quando entrei, estava uma bagunça, minha sobrinha mexeu em tudo, fazendo uma bagunça.

Não sei o que Anne procurava, mas deixou tudo fora do lugar. Fui reclamar com ela, e a danada não quis explicar, me deu de ombro e foi para a sala mexer no celular dela.

Eu fique furiosa, queria bater nela. Eu detestava quando alguém mexia nas minhas coisas, mas ela estava se tornando uma mocinha, era uma adolescente de 13 anos muito madura quando queria, mas também muito sapeca quando podia.

Sobrinha

Idiota, tolinha?

Não!

Inteligente de montão

Boba e chata

Que adora uma gata

Mas é simpática quando quer

Ela não sabe se descrever

Mas com certeza é

Gastadeira, barulhenta, encrenqueira

A maioria das vezes

Ignorante

Tão irritante

Foge de fazer as pazes

Muito fofinha que todos querem abraçar

Devido ao pessoal de casa mimar

 Adorar beliscar

Especial sua tia e seu irmão

Para nós iludir

Se torna auspiciosa

E um tal de Felipe que é um gatão

Que não para de elogia com graciosa

Que mal tem essa prodigiosa

Sabe lá onde vai dá

Será que gosta também de tocar?

Ou quer mesmo é namorar?

Não tem tempo para estudar

Só quer Twitar

Deixa este vicio de lado

Até rede social aparecer

Pois adolescente se cansa logo

E que novidade encontrar

Piscar um inusitado

Suas conversas são cheias de profundidade

Com muitas de kkkkkkkk

Mas por incrível que pareça

Conversar de verdade com ela é uma raridade

O dedo não para

De esfregar o celular

A gente gostava de papear

Quando surge um assunto

Com se não tivesse nada para fazer

Apenas curtir o tempo junto

Como ela não liga mais para tia

Criou-se antipatia

E não quer mais nada contar

Não tenta queimar os neurônios

 Para tomar decisões importantes

Assim é sua vida jovial

Desprendida dos problemas

Num ambiente trivial

Vive aérea num canto

Basta ter “wifi”

Clicar com os amigos ela tem tempo

É cheia de encanto e diz “Hi”

Sempre alegre sem saber mais da gente

Só se for caso urgente.

Eu fui arrumar meu quarto sozinha, pois nem isso a preguiçosa da minha sobrinha quis ajudar, felizmente tenho outro sobrinho, o Igor, irmão da Anne. Ele é mais legal e prestativo, e gosta mais de estar perto de mim. Às vezes só em ficar perto dele, eu já ficava mais animada e feliz.

Juntos terminamos logo de pôr as coisas no lugar, ele todo gentil trouxe até um copo com água para eu descansar.

Em seguida fui tomar banho, foi quando notei que algo faltava. Era meu perfume favorito que Anne adorava usar quando eu estava ausente.

Eu havia escondido no meio das roupas dentro de uma gaveta porque estava acabando sem eu usar, imaginei que alguém usava escondido.

Hoje descobri quem era. Por isso eu gostava mais de meu sobrinho, ele poderia ser mais sapeca, mas era mais leal e me pedia as coisas sem querer me enganar.

Sobrinho

É danado, é encrenqueiro!

Quer ser jogador de futebol

Preguiçoso, às vezes, no estudo

Quando não sabe nada

Fica todo beiçudo

Mas muito carinhoso

Cai tanto no campo

 Que fica encardido e perebento

Mas que ser cheiroso

Quando chega de fora com a bola

Todo cheio de lama

Fingi que tem uma aréola

Engraçado a ironia

Ele não gosta de tomar banho

E tem a mesma mania

Da mãe que foge de se banhar

Mas dela não quer parecer

Fica até engraçado ver

Os dois brigando para não se arrumar

Ele se acha gostoso

Sua irmã o acha feio, irritante,

Ainda mais chato do que ela

Que odeia quando mando ele ser estudioso

Também descreve outras coisas piores

Como idiota, besta e metido

Pirangueiro, isso já acha exagero.

Chega de comentários sem valores

Poucas vezes limpo

Pois sempre foge por campo

Será que ela não ver

Nenhuma qualidade no irmãozinho casula

Tudo bem ele é apenas um menino

Só que ela não tem razão quando o chama de mula

Meu sobrinho quer crescer logo

Para pegar as meninas

Não quer ser mais criança

Já tem vontade de ser adolesceste

Para dar início a dança

E ser um corpo celeste

E encantar as garotas

Que coisa perigosa

Quando ele for gente atrás das gaivotas.

Sem limites sem água

Limpe-se destas ideias perigosas

E seu corpo será uma arma

Para atrair as garotas

Que tanto conversa parece um rapaz

Mais ainda é uma criança

E ainda tenho esperança de ser muito capaz.

Fui dormir cedo, não fui mexer no meu computador, não estava a fim de escrever mais naquele dia.

Quando deu meia-noite eu tive um sonho delicioso, estava no meu apartamento e meu marido vinha me acordar com um beijo na boca que parecia querer engolir minha língua.

Tudo parecia normal. Ele me queria, ele me beijava e fazíamos amor como antes, na nossa cumplicidade de caricias e gemidos, havia desejo ardentes em nossos lábios. Eu não queria parar de beija-lo em quanto ele entrava em mim.

Foi quando ouvi um latido de cachorro e acordei.

Sonho sorrateiro!

Tenho que acordar depressa

Não passou de imaginação

Cheguei a pensar que ele me queria

Doce ilusão

Sonhei demais com ele

Realmente era apenas ilusão

Sonhei que havia desejo por parte dele

Quanta burrice

É como um pus que expele

Quanta alucinação

E voltou para mesmice

Já me via até casada

Oh enganação!

Com filho e um carrão

Eu na minha cabeça louca

Queria algo impossível

Um rapaz mais novo,

Para mim inacessível

 Mais importante

Mais rico

Mais bonito e atraente

Não posso não

Tenho jeito gótico

Que não chama atenção

Como uma doença que cresce

Este desejo latente

Permaneço a delirá por ele

Quando o vejo minha face queima

E minha barriga se espreme

Quanta vontade de tocá-lo

Sinto calor no clima

De abraçá-lo

De beijá-lo

Peço tanto a Deus um sinal

Que se torne realidade

E abandonar o surreal

Pois já sei

Que sem ajuda divina

Nunca o terei um gato assim

Nem que vá para china

Desta vez eu vacilei

Nem um olhar

Nem um falar

Ele não quer nem chegar perto de mim

Sinto apenas seu desprezo

Ao invés de amor

É horrível esta sensação

Que parece pavor

Ser uma pessoa sem noção

Amar e ser desprezada

Querer tanto e ser ignorada

Devo despertar agora

Em cima da hora

Para não ficar preso num sonho sorrateiro

Por causa desse desejo passageiro.

No outro dia, já no trabalho, não conseguia tirar o sonho da minha cabeça. A cena foi tão gostosa, tão real, que desejava que se repetisse na vida real.

Eu queria que meu marido me ligasse, marcasse um encontro para comunicar sua volta ou viesse me buscar no trabalho de surpresa para dizer que queria voltar.

Eu olhava no celular e nada via, não tinha mensagem, não tinha ligação. Eu estava ansiosa por seu retorno. Não conseguia trabalhar pensando nele.

Ele tinha que me dar notícia, precisa falar com ele urgentemente nem se fosse para xingá-lo. Mas o safado não dizia um “oi”. Ele me massacrava com seu silêncio, sua inesperada saída de casa, seu adeus repentino, sua verdade brutal que não me amava e já tinha outra.

Era duro demais aceitar que meu amado me trocou assim tão fácil, não mediu minha dedicação a ele, nosso tempo de casamento, nem nosso amor. Simplesmente se foi, e eu ali angustiada por notícias, sentada, olhando o celular, procurando se havia uma mensagem perdida, ficava de novo paralisada nos pensamentos, tentando imaginar o que ele estava fazendo naquela hora.

Olhar

Isso me atrapalha

Não faço nem um serviço direito

Eu erro tudo

O mínimo trabalho sai torto

Refletindo no meu amor platônico

Sabendo que não posso tê-lo

Eu choro dia e noite

Ele nem imagina meu desespero

Ele é de sangue nobre

Tem uma namorada jovem

Não quer saber de pobre

E ainda por cima

Não quer compromisso serio

Nem para o trabalho vem

E estudar só por pressão

Tudo para ele ainda é curtição

O que deu na minha cabeça

De querer alguém assim

Não posso nem olhar para ele

Sem ruboriza meu rosto

Mas ele não liga

Nem olha para mim

Quando torço o pescoço

E olho fixamente extasiada

Só para ouvi sua piada

Ou quando passar de lado

Bem na minha frente

Logo vem a batalha

Na minha mente

'Sim', ele me quer

 Ou 'não', ele não quer

Quanto sofrimento

Muito desejo no meu pensamento

Tenho vergonha de olhar

Diretamente nos seus olhos dele

Pois já sei a resposta

Mas quero me enganar

Sinto raiva de mim

Por ser tão tímida assim

Tenho que me libertar

Desse desejo ardente

Meu amor carente

Sem retorno

Sem amizade

Vivo num transtorno

Sem nada para compartilhar

Eu não tenho chance

De um dia poder namorar

Tudo não passa de uma miragem

Que crie quando um dia o vi

Olhando pra mim diferente

Mas era apenas olhar de indiferença

Quando ver algo que não gosta

E eu entendi tudo errado

E passei a ter ideia da bosta

Dele ser meu namorado

E de até casamento

Ops!

Tento me concentrar no serviço

Vou chupar um drops

Mas vem sempre o ditado

Que nunca me deixa relaxar

Peço a Deus que ajude meu cérebro ficar calado

E concluir meu trabalho

Seguindo em frente e avançar

Até quando estarei presa

Nesta tentação interior

Que apenas sinto e penso

Ele sendo ser superior

De um simples olhar

Criar um elo

Nomeie um mundo de sonhos

Onde como somente o farelo

Que nunca poderei realizar

Mas agora tudo acabou

Nunca mais o verei novamente

O véu de nevoas derrubou

Finalmente eu sai de lá

Que alivio ocorreu

Parei de pensar

E choro raramente no fim

De não ter lembranças de paixão

Apenas imaginação ruim

Que tanto me causava flagelação.

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