Capítulo IV

SCOTT

            Chego em casa com um sorriso ainda estampado nos lábios, após deixar Amber em casa.

            ─ Que figura! ─ Balanço a cabeça ainda sorrindo e vou largando as roupas pela casa até chegar ao meu banheiro.

            Nu, coloco o corpo sob o jato de água quente, ainda pensando na ruiva. Quando resolvi ir até o bar da boate para pegar uma cerveja, ao passar, vi uma cascata ruiva brilhando entre a massa de corpos balançando bem no meio da pista de dança.Confesso que despertou meu interesse imediatamente, mas só tomei uma atitude e fui ao seu encontro quando tive um vislumbre do corpo curvilíneo sob o vestido preto. No entanto, qual não foi a minha surpresa ao levar um esbarrão do meu objeto de desejo e, ainda por cima, tomar um banho de sexy on the beach?Porém, espanto maior ainda foi constatar que a ruiva que me atraiu em meio a tantas mulheres era, na verdade, a Amber, namorada do Troy.

            Lembro que na hora o sangue gelou e eu travei por me imaginar passar pela mesma situação novamente, onde eu estou apaixonado pela mulher de um amigo meu. Já passei por isso uma vez e já foi de bom tamanho para o meu coração. Recuei um pouco, mas consegui relaxar à medida em que conversava mais com a maluquinha da Amber. Saber que ela e Troy não estavam mais juntos não foi incentivo para que eu investisse nela, ao contrário, quis a todo instante que nossa conversa figurasse no campo da amizade, pois, pelo que entendi, o rompimento dos dois ainda era recente, apesar de ela não transparecer estar sofrendo.Mesmo assim, ainda lembro muito bem o quanto os dois eram apaixonados e, como diz o ditado: “gato escaldado tem medo de água fria”,  preferi ficar na minha curtindo sua companhia.

            Saio do box, puxo uma toalha para me secar e caminho ainda pelado, secando o cabelo com a toalha, me jogando sobre a cama. Largo a toalha em uma poltrona ao lado da cama e com ambas as mãos sob a cabeça, miro o teto do quarto recordando o momento em que pus meus olhos pela primeira vez sobre Alycia Hernández, naquele restaurante em Boston.Lembro que quando a vi, meu coração deu um solavanco no peito e bateu freneticamente. Durante o almoço não consegui desgrudar meus olhos de cima dela, era como seu eu fosse a mariposa, fascinado pelo brilho incandescente da lâmpada, e não conseguia segurar a atração que ela me despertava, mas quando percebi o modo territorialista com que Josh pousou sobre ela, recuei e sondei para saber o que estava acontecendo entre eles.

            Josh e eu sempre fomos amigos e nunca discutimos ou brigamos por mulher nenhuma.Quando um percebia que o outro estava interessado realmente em alguma mulher, o outro recuava e dava espaço, como fiz com Alycia.Mas quando o interesse passava, nós, geralmente, a compartilhávamos e seguíamos em frente.

            É, eu sei que é bem canalha, mas foi assim que sempre agimos desde que começamos a nos interessar pelo sexo oposto. Então surgiu Alycia e nossa amizade não era mais a mesma, pois ambos estávamos apaixonados pela mesma mulher, só que eu percebi logo cedo que os dois estavam envolvidos e que ela estava completamente caidinha por ele.

            Foi aí que decidi sair de cena e deixar que se entendessem, mas o Josh não soube controlar a situação e fez merda.Como consequência, acabou perdendo a mulher que amava por um capricho da sua mãe maluca e da noiva mais maluca ainda.

            Agora estou aqui, em Washington, tentado ajudá-lo a recuperar o amor da sua vida e o escritório, já que este, por ideia dele, foi transferido para cá.

            ─ Deus, aonde fui me meter! ─ Passo umas das mãos pelo rosto tentando extravasar a frustração.

            Viro para o lado e caio no sono rapidamente.

***

            A claridade entra pela janela fazendo com que eu desperte imediatamente.Na verdade, sempre deixo a janela aberta para que, assim que o sol nasça, eu desperte para o dia, pois detesto desperdiçar meu tempo enrolando na cama. Sou um cara das manhãs, adoro praticar atividade física esta hora do dia, porque, para mim, a conexão com a natureza e comigo mesmo é feito de forma completa.

            Levanto-me, alongo o corpo indo em direção ao banheiro para começar meu dia. Pronto para treinar, termino de tomar minha vitamina com Whey Protein, pego minha mochila com a roupa da academia, chaves e saio pronto para expelir do corpo todo álcool consumido ontem com um treino pesado de musculação.

            Ao chegar na academia, cumprimento as moças da recepção ao passar por elas e sigo até o vestiário para trocar de roupas e dar início ao meu treino, mas antes tomo meu pré-treino, e só assim migro para a área dos aparelhos de musculação. No entanto, antes de começar a puxar ferro, prefiro dar uma aquecida com vinte minutos de esteira só para acordar o corpo definitivamente.

            Após concluir o aquecimento, é hora de começar o treino.

            ─ E aí, Scott! ─ Devolvo o cumprimento do meu amigo tocando seu punho fechado com meu, da maneira que sempre fazemos ao nos encontrarmos. Brian é um amigo que fiz na academia assim que me mudei para Washington, não só ele, mas como todos que estavam comigo ontem na boate.

            ─ E aí, Brian, como vai?

            ─ Estou bem, cara. Vai começar o treino?

            ─Vou. Tenho que tirar todo o álcool que consumi ontem do corpo. ─ Sorrio já sentado no supino para começar a treinar o peitoral.

            Brian espera que eu termine minha série para emendar uma pergunta.

            ─ E por falar em ontem... quem era aquela deusa ruiva que estava conversando com você ontem na boate?

            ─ A Amber? Bom, ela é uma conhecida, na verdade ela é a ex-namorada de um amigo meu de Boston. ─ Mato sua curiosidade e levanto do aparelho para que ele possa fazer sua série também.

            ─ Hum... e então, tá pegando, pegou ou é só amizade mesmo? ─ Percebo um “que” de expectativa em sua pergunta e já fico com a pulga atrás da orelha, principalmente, por conhecer a fama de pegador do Brian.

            Espero que ele termine o exercício para responder seu questionamento.

            ─ Nós somos só amigos, cara. Além do mais, ela terminou recentemente o namoro com esse meu amigo, então, não estou a fim de chupar dedo depois que os dois reatarem e ela dê um pé na minha bunda.

            ─ Se vocês são só amigos, então o caminho está livre para mim. ─ Sorrio da cara de pau do Brian e sento para fazer mais uma série. No entanto, algo não me agradou no seu comentário, mas não paro para analisar e dou continuidade ao exercício.

            E assim, entre brincadeiras e conversas com Brian, Benjamin e Robert, mais dois amigos que fiz na academia, termino meu treino com a camisa pingando de suor e alto- astral lá em cima, pois me divirto horrores com os caras.

            ─ Hei, meninos! Que tal se fôssemos a um pub que abriu aqui perto? O pessoal está falando maravilhas desse lugar, então, pensei que a gente poderia dar uma volta por lá hoje para conhecer. E aí, topam? ─ Kate, namorada de Ben, nos intercepta a caminho do vestiário e se pendura no namorado após o convite.

            ─ Vamos, Scott. ─ Lane vem toda dengosa se pendurar em meu pescoço tentando me convencer a ir ao bendito bar.

            ─Vamos, cara, vai ser legal. ─ Bob endossa o pedido e eu não me vejo fazendo outra coisa a não ser aceitar o convite.

            Depois de conversar mais um pouco com a galera, despeço-me de todos prometendo encontrá-los às 21 horas em ponto no bendito pub.

            Chego em casa meia hora depois, vou até à geladeira e tomo uma quantidade generosa de água, depois deito-me um pouco no sofá para relaxar e zapear os canais da TV.

            Ao encontrar um filme de ação legal, acomodo-me melhor para acompanhar, porém, meia hora depois, meu celular começa a tocar, então levanto e vou até a minha mochila jogada sobre a mesa para ver quem é que está ligando.

            ─ Oi, minha rainha. ─ Saúdo minha mãe assim que atendo sua chamada.

            ─ Scott, filho, pare de ser ingrato e ligue mais vezes para essa sua pobre mãe desamparada. ─ Dona Helen Ryan, funga do outro lado da linha para dar mais veracidade ao seu drama. Sorrio.

            ─ Mãe,ligo para a senhora todos os dias desde que vim para Washington, então,com toda certeza, a senhora não está desamparada, pelo menos por mim não.─ Sento no sofá novamente ainda com um sorriso nos lábios.

            ─ Você sabe, filho, que mamãe é muito protetora com seu único filho, portanto, não recrimine sua pobre mãe, seu filho ingrato. ─ Ela ralha comigo ofendida.

            ─ Está bem, está bem, dona Helen Ryan. Prometo ligar mais vezes para a senhora durante o dia.

            ─ Jura, filho?

            ─ Palavra de escoteiro!

            Conversamos por mais alguns minutos e desligamos, pois papai estava a chamando para saírem para almoçar, senão se atrasariam para a reserva no restaurante.Sinto muito a falta dos dois, porque eu os amo demais e, apesar de já morar sozinho em Boston, nunca passei tanto tempo sem vê-los.

            Preparo algo para comer e passo a tarde esticado no sofá vendo TV ou jogando videogame na televisão até perceber que já estava ficando na hora de ir encontrar o pessoal no bar. Desligo tudo, tomo um banho, me arrumo e saio até o pub para encontrar meus amigos para uma típica noite de sábado.Pensei em convidar a maluquinha da Amber para ir comigo, mas desisti na hora, pois lembrei que não tenho o número dela, então saio de casa com o intuito de me divertir.

***

            O pub é bem aconchegante, com uma decoração que lembra um típico pub inglês, com mesinhas pequenas, estofados de canto para quem vem com uma turma maior, cerveja e gente super animada.

            ─ Quero dormir com você hoje, Scott. ─ Lane sussurra sensualmente em meu ouvido seu pedido. Na verdade, ela está praticamente sentada em meu colo, já que estou sentado no canto do estofado, com ela ao me lado.

            Lane e eu já ficamos várias outras vezes, sem compromissos, mas ultimamente percebi que ela está cada dia mais exigente e tentando forçar um relacionamento.Por isso, sempre me esquivo das suas investidas, no entanto,hoje está praticamente impossível resistir ao seu charme, pois já faz muito tempo que não transo e, além do mais, ela é muito gostosa para que eu seja imune completamente aos seus encantos. Pensando bem... ela é solteira, eu também, então não há mal nenhum em curtirmos uma noite de sexo. Dou de ombros e puxo sua nuca para um beijo, enquanto todos tiram sarro de nós na mesa.

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