Capítulo III

AMBER

            Bato a porta do táxi, ao descer em frente à boate mais badalada de Washington, segundo os sites de turismo, e caminho em direção à entrada. Mas, antes que consiga alcançar a fila enorme que se formou em frente à porta de entrada, meu celular começa a tocar insistentemente, puxo-o de dentro da minha bolsinha a tiracolo para verificar quem está me ligando, no entanto, o nome que vejo piscar na tela não me surpreende nada. Troy tem sido o pé no saco. Ele me liga insistentemente várias vezes ao dia fazendo com que eu tenha mais ódio dele, porque sua insistência só me faz perceber ainda mais o quanto fui idiota em achar que estava apaixonada por alguém tão sem caráter dessa forma, que sequer tem hombridade de reconhecer que errou e se recolher a sua insignificância.

            ─ Idiota. ─ Bufo desligando completamente o celular.─ Hoje eu quero me esbaldar na pista de dança e esquecer toda merda que tenha acontecido em minha vida nos últimos dias.

            Vou rebolando até a entrada e, depois de molhar a mão do brutamontes que fica na portaria, entro sob os protestos das demais pessoas que estão na fila, ignoro rebolando o bumbum ao som da música enquanto caminho.

            Ao entrar no ambiente, sigo direto para o bar a fim de pedir um drinque para começar a curtir a noite.Ao passar, vejo alguns gatinhos me olhando com cobiça, no entanto, faço à egípcia e passo reto.

            ─ Um sex on the beach, por favor. ─ Faço meu pedido ao barman e me viro para olhar o ambiente.

            ─ Obrigada. ─ Agradeço ao barman gatinho assim que ele deposita a bebida ao meu lado, recebendo uma piscadinha sexy em troca, sorrio e me viro novamente começando a mexer o corpo ao ritmo da batida da música tocada pelo DJ.

            Com o terceiro drinque em mãos, decido ir para a pista de dança para curtir melhor a batida da música e me misturar à massa de corpos embalada pela mesma energia que me contagia.

            Essa energia que sinto toda vez que piso meus pés em uma pista de dança é indescritível.Para mim, quando a música entra pelos ouvidos e se instala em cada poro do meu corpo que vibra imediatamente formando ondas de puro êxtase, faz com que meu corpo entre em combustão, e não há nada que eu possa fazer a não ser me deixar levar pela música e dançar como se não houvesse amanhã, que é exatamente o que eu faço ao chegar ao centro da pista de dança.

            Fechos os olhos e remexo os quadris ao som do balanço que me envolve e contagia. Sinto vários corpos encostando no meu, algumas mãos bobas rodeando minha cintura, ou quadris encaixando-se aos meus, mas desvencilho-me de todos e continuo a mover meu corpo com desenvoltura e prazer.

            Ainda de olhos fechados continuo a mexer quadris, mãos e cabeça ao ritmo alucinante da música mas, em certo momento, só dançar não basta, então, começo a pular freneticamente para cima e para baixo o que me faz esbarrar em um corpo forte, fazendo com que derrame a bebida sobre a pessoa que trombou comigo.

            ─ Você de novo, não. ─ O homem loiro sorri incrédulo ao constatar que sou eu.

            ─ Você?! ─ Grito um pouco eufórica, tanto pelo fato de já estar um pouco alta por causa dos drinques, mas pelo fato de ver um rosto amigo dentre tantos outros desconhecidos.

            Pulo em seu pescoço e sorrio animada por vê-lo.

            ─ Eu quelo te pidir,desc... Opa! ─ Tapo a boca e começo a sorrir feito uma retardada pelo fato de um soluço escapar. ─ Ei! Sabia que bocê é a cal do Thor? ─ Questiono segurando seu queixo para virar seu rosto de um lado para o outro só para confirmar o que acabo de perceber.

            Ele gargalha das minhas maluquices e me arrasta para fora da pista de dança, indo em direção a uma mesa com várias outras pessoas sentadas e bebendo.

            ─ Pessoal, esta aqui é a Amber, uma amiga minha. ─ Scott me apresenta assim que chegamos à mesa.

            ─ Oi, bessoal! ─ Grito ainda com um sorriso besta na cara. Todos gritam de volta um “Oi, Amber” em uníssono.

            Após me acomodar em um banquinho e de secar com um guardanapo o braço que sujei todo com a bebida que derramei sobre ele, Scott senta-se ao meu lado e me encara ainda com um sorriso de lado nos lábios.

─ Você está sozinha ou com Troy?  ─ Questiona com aquele timbre grave que arrepia todos os pelinhos do meu corpo.

            ─ Dão be fale daquele tlaidor disglaçado! ─ Seus lábios se erguem com humor ao perceber a maneira que estou falando.

            Outra coisa sobre mim: quando estou bêbada fico toda congestionada e, consequentemente, minha voz sai igual a do pato Donald, sem contar o fato de que troco todas letras.

            Após se recompor, Scott volta a me perguntar sobre o traidor maldito, então não vejo outra alternativa a não ser falar tudo de uma vez, até porque mais cedo ou mais tarde ele irá saber, pois são amigos, distantes, mas mesmo assim amigos.

            ─ Eu beguei seu lindo abiguinho cobendo a vizinha em ciba da nossa cama. ─ Vejo o sorriso morrer em seus lábios à medida em que ele assimila o que acabo de dizer.

            ─ Sinto muito. O Troy sempre foi um cara legal e vocês pareciam tão apaixonados.

            ─Abarentemente, só eu estava abaixonada. Acredita que eu beguei o biserável traidor cobendo a vadia em bia cama? ─ Bufo com ódio de mim mesma por ser tão burra e ter caído na conversa fiada daquele galã de meia tigela, metido a Don Juan.

            ─ Caramba, Amber! Deve ter sido um baque muito forte para você. ─ Abano uma mão em sua frente, enquanto sugo, através do canudinho, o resto do drinque em meu copo.

            ─ Já bassou e eu dão quero bais falar nesse assunto. Endão... bor que bocê beio barar aqui em Washington? ─ Mudo de assunto para não mais falar sobre o traidor e acabar estragando minha noite.

            ─ Você fica muito engraçada, mais do que o normal, quando está altinha, sabia disso?

            ─ Só borque eu falo feito Pato Donald glipado, dão é?  ─ Ergo as sobrancelhas só para fazer graça, o que dá certo, já que Scott cai na gargalhada.

            ─ Sabe qual é seu único defeito, Amber, Pato Donald Gripado? ─ Ele pergunta, fazendo trocadilhos com meu nome, após cessar a crise de risada.

            ─ Dão. Qual é beu único defeito, senhor Thor deus do tlovão? ─ Um arremedo de sorriso surge em seu rosto quando digo o apelido que arrumei para ele.

            ─ Seu único defeito é querer me assassinar a cada vez que nos encontramos. Sério! Nunca levei tanta pancada em toda minha vida, nem quando estava no ginásio e os fortões da sétima série roubavam o dinheiro do meu lanche todo dia.

            ─ É totalbente sem querer. Juro! ─ Ergo a mão direita como forma de dar mais veracidade ao meu juramento.

            ─ Ok, senhorita Tyson. O que você estava bebendo?

            ─ Sex on the beach. ─ Respondo sorrindo por causa do nome do drinque.

            ─ Vou pegar outro para você e uma cerveja para mim. Ou você prefere voltar para perto dos seus amigos?

            ─ Eu bim sozinha. Na berdade, dão conheço dinguém aqui, a dão ser a Aly e você.

            ─ Então você ficará conosco. ─ Dizendo isso, Scott levanta-se e vai até o bar pegar nossas bebidas.

            Fico observando-o enquanto ele faz o trajeto até o bar.Pelo caminho, várias mulheres o olham com cobiça, mas ou ele não nota ou prefere não notar, pois sequer desvia sua atenção do seu destino. Homens como ele são fáceis demais de arrebatar o coração de uma mulher, até porque ele é lindo, educadíssimo, confiante, super cheiroso e gostoso, porém, prefiro ficar com o Scott amigo e leal, que ele me aparentou ser desde o momento do elevador, do que cair de amores por ele e garantir mais um chifre para minha linda cabecinha ruiva.

            ─ Dão besbo, pois chifres já tenho de sobra e cair do besbo conto do vigário duas vezes seguidas é burrice debais até para mim. ─ Penso alto enquanto certas ideias idiotas povoam minha mente alcoolizada, até porque todas elas envolvem a mim e o grandão loiro, nus e suados.

            Balanço a cabeça de um lado para o outro, transformando meu cabelo em uma juba de leão, para tirar esses pensamentos pecaminosos da minha cabeça.

            ─ Isso dão é de Deus. Dão besbo.

            ─ O que não é de Deus? ─ Ele pergunta ao se sentar novamente ao meu lado com nossas bebidas nas mãos.

            Ele me entrega o drinque e dá uma golada generosa em sua cerveja. E só falta a baba escorrer dá minha boca ao fitar seu pomo de Adão movimentar-se ao engolir o líquido gelado. Fecho a boca.

            ─ Esse drinque que dão é de Deus, porque é buito gostoso. ─ Desconverso, enfiando o canudo na boca para sugar o líquido gostoso.

            Nós dois conversamos por muito tempo, às vezes seus amigos participavam da conversa também mas, geralmente, a conversa ficando principalmente entre nós. Certa hora, Scott me chamou para dançar e foi bastante divertido, mesmo eu tendo pisado em seu pé duas vezes, me diverti horrores e, no final da noite, Scott veio me deixar em casa. Ele foi um gentleman o tempo todo, o que me deixou bem à vontade para já considerá-lo um amigo.

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