Capítulo 8

Catarina Hernandez 

Não, não, não, porque ressaca? Não podia simplesmente ser tudo de bom? Podia ser igual a água, bebeu e ficou tudo de boa, mas não, logo depois dor de cabeça e vômito, não sou a pessoa mais sexy nesse momento.

Lista de hoje: correr, trabalhar, treinar, comer, comer mais, arrumar alguém para ficar de conchinha, me preparar psicologicamente para dois meses trabalhando com o babaca do Júlio, evitar de todas as maneiras encontrar com ele e por fim matar a Vitória.

Mas aí Aurora e Oliver ficariam órfãos, eles não merecem, então talvez apenas torturar, ou eu posso bater nela, ou posso matar o marido que ela tanto ama, seria um prazer matar algum Mendonça, mas não posso contar para ninguém.

Já vomitei três vezes, sinto como se minhas barriga estivesse colada nas minhas costas, mas também sinto que vou vomitar a porra do meu fígado, ok, pense em uma solução, por agora acho que devo correr, não que essa seja a melhor escolha ou a escolha certa.

Prendi o cabelo loiro em um rabo de cavalo, coloquei um top preto que tinha umas alças quase que grossas demais, mas me deixava com um decote maravilhoso, se não fosse as olheiras, talvez estivesse me sentindo sexy.

Achei que minha genética não permitiria que as olheiras aparecessem, mas aparentemente estava errada, coloquei uma calça com um tecido de malha, mas era bem justa ao meu corpo, coloquei um tênis branco de corrida da Nike e peguei uma garrafa de água.

Abri a porta de casa e desci as escadas como alongamento, olhei para o lado direito onde ficava a casa da Vitória mas nenhum movimento aparente, comecei a corrida pelo lado esquerdo, pretendia correr o quarteirão quase todo ou quem sabe todo.

- merda - falei assim que bati em uma pessoa, mesmo sem conseguir vê-la tenho certeza que esbarrei em Júlio.

- porque está andando por aí tão cedo? Jesus! São só 6:47 da manhã - ele fala olhando para baixo, no caso com a força que nossos corpos se chocaram, acabei caindo no chão.

- porque você está aqui? - perguntei me levantando sozinha.

- eu sou o seu vizinho da esquerda, esqueceu? - ele fala colocando as mãos na cintura.

Revirei os olhos, passando por ele, comecei a correr e nem me dei ao trabalho de falar com ele novamente.

Resolvi que vou ignorá-lo, quando for necessário voltarei a falar com ele, por enquanto, não devo satisfação nenhuma, nem sequer gosto dele, parei para beber água perto de uma placa de trânsito.

Que bosta! Esqueci completamente que Megan estava na casa da Vitória já que eu não consegui chegar em casa a tempo, ela vai me matar.

Voltei para casa correndo, tomei banho e vesti minha roupa de trabalho, uma saia vermelha e uma blusa preta de seda, coloquei um salto preto e soltei o cabelo.

Corri para casa da Vitória, entrei sem bater, encontrei Megan na cozinha com a mesma roupa de ontem.

- me desculpa... Júlio precisou ir na empresa, não consegui chegar a tempo - falo com o tom embargado pela maldita culpa.

- tudo bem, a culpa foi minha, eu bebi muito, estou estressada por causa de tudo que vem acontecendo na empresa e tal - ela fala bebendo água.

- sinto muito - falo e a abraço apertado.

- ei! Está tudo bem - Megan fala alisando minhas costas.

- você viu Vitória? - pergunto.

- lá encima - ela diz e se afasta.

- obrigada, amo você - falei e ela fez um coração com a mão.

Subi as escadas sem pressa, já que ela deve estar amamentando, olhei o relógio e vi que já são 8:00 nem parece que já se passaram duas horas, o tempo voou.

- toc toc - falei enquanto batia na porta da Vitória.

- entra! - ela diz.

Assim que eu entro a vejo com Aurora no colo, confesso que só diferenciei de longe por causa da roupinha rosa, Henrique estava em pé ao seu lado segurando o Oliver, que usava um macacão azul, Vitória amamentava Aurora e Oliver mamava na mamadeira.

- por que ele... - falei e Vitória logo entendeu.

- Oliver está ferindo o meu peito, estava começando a sangrar, por isso passamos para a mamadeira, já Aurora é mais tranquila, mas ele está bebendo o meu leite.

- vou sair para vocês poderem conversar - Henrique fala dando um selinho rápido na esposa e depois me dá um aceno de cabeça, ele passa por mim e fecha a porta com o pé.

Vitória se sentou em uma poltrona e alisou a pequena cabeça da sua filha.

- já tem uma data para que o meu inferno comece? - perguntei e ela sorriu.

- na verdade não... pelo menos vocês sabem que vão trabalhar juntos, mas temos uma viagem em família, que você vai! Temos o mêsversário dos gêmeos, que particularmente você também vai! E ele também vai porque é da família, você gostando ou não.

Bufei e revirei os olhos.

- para onde será a viagem? - pergunto.

- uma casa dos pais do Henrique, a família é maior do que pensávamos, então não são mais ratos, são coelhos.

Essa referência é porque os ratos se reproduzem em grande quantidade e várias vezes, os coelhos também, mas são mais limpos que os pobres ratos.

- posso? - perguntei me referindo a pegar Aurora que já havia terminado de mamar.

Vitória entregou a minha afilhada e ela sorriu para mim, foi a primeira vez que aquele sorriso banguela apareceu para mim, ela já nasceu faz 6 meses, mas eu ainda não me acostumei em ser a madrinha dela.

- eu amo você princesa - falei e ela sorriu ainda mais.

- quando estiver perto da data de início do projeto, eu te ligo e falo como o cliente quer tudo.

- afinal porque você não pode fazer? - perguntei ninando Aurora que parecia um anjinho.

- porque o dono da empresa de pet shops, quer doar dois cachorros para que a experiência seja 100% real - ela fala me deixando aflita.

- você quer me dar um cachorro? - perguntei.

- eu sei que devia te consultar antes... - ela fala mas eu interrompo.

- eu amei, já até sei um nome, se for macho vai ser Sky - mexi os pés de maneira animada.

- louca - Vitória fala me fazendo rir.

Deitei Aurora no berço que tinha um laço rosa e ela levantou os bracinhos abrindo e fechando as mãos, como se estivesse me chamando, os olhinhos azuis se encheram de lágrimas e ela enrugou a testa.

- titia Cat já volta - falei e ela apertou meu dedão, como um ato de confirmação.

Me despedi de Vitória e sai de lá praticamente correndo, meu dia estava lotado, precisava cuidar de tudo rapidamente.

Voei para Hz e fui direto para minha sala, a recepção estava vazia quando eu cheguei, não posso negar que isso é um ótimo motivo para demitir a irmã do Jorge, falando no diabo.

- Catarina - ele fala entrando na sala sem bater.

- saia e bata - falo voltando a olhar para os contratos na minha mesa.

Ele obedece e sai da sala, poucos segundo depois Jorge bate na porta.

- entre! - falei com o meu melhor tom de deboche.

- Catarina - ele fala e eu me encosto na cadeira de couro - senhorita Hernandez.

- sente-se - falo e assim ele faz.

Me levanto andando até a porta, tranquei a porta e me virei para ele.

- olha... - ele tenta falar mas eu o interrompo andando até ele.

- cala a boca - falo e ele trava o maxilar.

Coloco as mãos nos braços da cadeira e me abaixo o suficiente para olhar nos olhos dele.

- o que você achou que estivesse fazendo? - perguntei.

- foi... - ele percebeu que era uma pergunta retórica e ficou calado.

- você tem que aprender o seu lugar, naquele dia que transamos, achei que você tivesse entendido quem foi o brinquedo de quem - ele desvia o olhar de mim.

- foi por puro impulso - ele diz. 

- controle os seus impulsos, afinal creio que você não seja o único Gonzales que eu tenho problemas - falei e ele tentou se levantar - quietinho!

Passei o dedo indicador pelo seu rosto, sua respiração estava acelerada, ele tentava acompanhar os movimentos do meu dedo e ao mesmo tempo tentava ler as minhas expressões.

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