Capítulo 7

Catarina Hernandez 

Megan estava jogada no chão do estacionamento, bom, ela deitou tecnicamente por que quis, não a joguei ali, mas neste momento só pensava em como sairíamos dali, Megan desmaiada, bêbada demais, e eu também bêbada, mas muito mais controlada do que ela.

- o que aconteceu? - Gabriel Mendonça pergunta.

- bebemos demais - Megan fala com a voz embargada pelo álcool.

Me sento no chão ao lado dela, olho para o céu das três da manhã.

- porque se sentou? - Gabriel pergunta e Júlio chega com duas chaves.

- porque vocês estão no chão? - Júlio pergunta confuso.

Continuei sentada de uma forma que não mostrasse demais, enquanto tentava fazer com que Megan não mostrasse demais.

- vamos - Júlio fala colocando o meu braço ao redor do próprio pescoço - não vou deixar você sozinha para qualquer um se aproveitar.

- mas quando as mulheres se aproveitam de você, vira uma festa - falo com desdém.

- como qualquer homem, eu gosto de ter sempre alguém na manga - em um movimento rápido ele me colocou no colo.

Tentei segurar o meu vestido, que mesmo justo ao corpo, poderia subir e mostrar demais, Gabriel abriu a porta do Audi do irmão, Júlio me colocou lá dentro e ainda colocou o cinto de segurança.

Gabriel voltou para buscar Megan, ele a pegou no colo, ela não esboçou nenhuma reação, parecia estar desmaiada, Júlio andou até o lado do motorista e abriu a porta, Gabriel o chamou e ele olhou para trás.

- levo ela para onde? - Gabriel pergunta.

Júlio se abaixa para me olhar.

- pode ser para sua casa? - ele pergunta com a voz firme.

Fiz que sim com a cabeça, ele virou de volta para o irmão, andou até o carro do Gabriel e abriu a porta do passageiro, Gabriel colocou Megan lá e fechou a porta.

- casa da Catarina, se quiser me siga - ele fala e entra no carro, assumindo o banco do motorista.

- sonha! - Gabriel fala e entra no carro.

Júlio ri de canto, nesse momento minha vista dobrou, comecei a ver tudo em dobro, inclusive Júlio.

- você tem um sósia - falo.

- quantos dedos tem aqui? - ele pergunta e me mostra 5 dedos.

- 5 dedos.

- 3 dedos na verdade - ele me corrige e eu bufo.

Dessa vez ele não se preocupou com a velocidade, peguei no sono por algum tempo, percebi que não estávamos no caminho da minha casa.

- para onde vamos? - pergunto puxando o vestido mais para baixo.

- preciso assinar um contrato, será rápido, nem precisa descer - ele fala.

- se eu ficar aqui, vou roubar seu carro - falo.

- e provavelmente o bateria graças ao seu estado - ele fala.

Gabriel ligou e eu falei para deixá-la com Vitória, já que eu estou com a chave da minha casa.

Megan ficaria com Vitória até que eu retornasse para casa e pudesse abrir a porta ou então ela já estaria desmaiada na cama quando eu chegasse.

Chegamos na empresa do Júlio, quer dizer, uma das do seu enorme império, ele sim construiu do zero, e hoje é um dos bilionários de Londres.

- eu sei andar - falo quando ele fica atrás de mim.

- se você cair, farei piada disso até o seu último dia de vida - ele diz sério.

Ele coloca a mão no meu cotovelo, me segurando firme, mas ao mesmo tempo de força é delicada, se não o conhecesse diria até que senti carinho.

Entramos no elevador, ele parou no meio, colocando as mãos no bolso da calça, parei na frente dele, olhei as portas fecharem lentamente, joguei a cabeça para trás, sem querer bati em Júlio.

Não me mexi, esperei que ele reclamasse, mas isso não aconteceu, pousei minha cabeça em seu ombro, mantive os olhos fechados até ouvir o bipe do elevador indicando que havíamos chegado.

A recepção estava vazia, o que eu estranhei, mas pela hora, deveria ser normal. Minha empresa funciona 24hrs por dia, mas não são todas as empresas que fazem isso.

- vou ficar aqui - falo.

Me viro para ele, obrigando-o a soltar o meu braço.

- não vou deixar você sozinha e bêbada.

Ele me ignora completamente, volta a colocar a mão no meu braço e praticamente me arrastou até sua sala.

Assim que entramos, estava tudo escuro, a não ser pela luz da lua que entrava da janela, que na verdade a sala era quase toda aberta, contei umas 9 janelas que iam do chão ao teto, talvez, só talvez, a bebida tenha aumentado as janelas.

- senhor - uma voz feminina fala vindo do escuro.

Júlio coloca um braço na porta impedindo a minha passagem, ele me olha e eu levanto uma sobrancelha, passo por debaixo do seu braço e caminho para trás da mesa de vidro, puxo a cadeira de couro, mantendo os olhos fixos em Júlio.

Me sento com calma, ele apertou a mandíbula, não me importei em olhar para a mulher, apenas tentava me manter sóbria.

- senhorita Pérez - ele fala com a mulher que se levanta do sofá e sai do escuro.

- quem é essa? - a mulher pergunta colocando as mãos na cintura.

- o que você faz aqui? - ele pergunta.

- sua secretária me ligou, eu pedi para que ela fizesse isso quando você estivesse sozinho na empresa - ela diz dando de ombros.

Júlio acende a luz, assim que a sala ficou clara, percebi que a mulher vestia uma blusa de couro e uma calcinha apenas, cabelo preto meio cacheado e um gloss.

- então o contrato que eu tinha para assinar era mentira? - Júlio pergunta observando a mulher a sua frente, me levanto deixando a bolsa encima da mesa, ando até o bar que tinha em sua sala e pego uma garrafa.

- ei! - reclamo quando Júlio puxa a garrafa da minha mão.

- vai beber porra nenhuma - ele diz e tira a garrafa do meu alcance.

- então se resolva logo com a sua vadia para que eu possa ir para casa e beber lá mesmo - falo andando até a cadeira de CEO fodão.

- vadia é a sua mãe - a mulher fala e ele a repreendeu com o olhar.

- não duvido disso, não cheguei a conhecer - falo com desdém.

A mulher bufa e recolhe suas coisas, Júlio fecha a porta da sala sem demonstrar nenhum sentimento pela mulher que acabou de sair dali praticamente correndo.

- sabe… - ele fala colocando as mãos nos braços da cadeira que eu estava sentada - nunca deixei ninguém sentar aí.

cruzo as pernas e ele se aproxima para olhar em meus olhos, a boa iluminação me fez ver os pontinhos pretos que existem em sua íris esverdeada.

- mas lembre-se que eu não preciso da sua permissão para nada - falo vendo seus olhos olhando para a minha boca.

- vamos - ele diz, mas não se mexe.

- na sua casa ou na minha? - perguntei em tom de brincadeira.

Júlio sorriu sem mostrar os dentes, voltando para a posição ereta, girei algumas vezes na cadeira, estava pensando em ficar por ali, até que Júlio me puxou, fazendo com que eu ficasse em pé e depois me jogou no ombro.

- eu tenho cara de saco de batata? - pergunto com tédio.

- tem - ele fala e eu o imito com uma voz fininha.

- dois meses, dois meses de puro inferno - falei.

Trabalhar com ele não seria fácil, mas o fato de irritá-lo me consolava.

Júlio conseguia dirigir com uma só mão, algo que me deixou surpresa já que ele era apaixonado por aquele carro, pelo menos era o que Vitória disse várias vezes, caso ele errasse a marcha, não sei se ele conseguiria controlar o carro com apenas uma mão.

- quer entrar? - perguntei quando ele parou o carro em frente a minha casa.

Não sei porque diabos eu perguntei isso, minha boca me traiu, nunca mais eu vou beber, talvez só um shot.

- ora ora, está me chamando para entrar? - ele pergunta apertando o volante.

- chamando para tratar do seu problema mental - falei e desci do carro batendo a porta, ele só pode estar louco.

Entrei o mais rápido que pude em casa, minha casa estava escura e perfeita, cai no sofá mesmo, acho que dormi antes mesmo de encostar a cabeça na almofada preta.

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