Capítulo 2

Catarina Hernandez

Pode me chamar de mania de brasileira, mas se tem uma coisa que eu amo, é com certeza poder usar shorts curtos, além de ficar lindo em mim - modesta parte - ainda é confortável.

Cheguei de Amsterdam já faz um dia, vim direto para casa, penso em falar com Vitória, já que ela é minha vizinha, depois que ela se casou com Henrique, resolveram morar na casa dela, por sorte, antes que a mãe do Henrique comprasse todo o condomínio.

Eu consegui comprar a casa ao lado da casa branca, que no caso era a de Vitória, a minha é cinza, com prata e uma porta preta.

Depois de muita briga, decidimos que o quintal seria como o estacionamento, se juntar os dois, essa decisão foi mais por conta da Vitória, já que o marido dela tem uma família enorme, parecendo ratos.

A ideia é boa, o espaço da minha piscina ficou intacto, e o dela também, por isso que foi bom, só teve que derrubar o muro que tinha dividindo a casa.

Como sei que eu e Vitória, temos muitas coisas iguais, fui para casa dela, sem ligar para a roupa, já que Henrique estava na empresa por causa da hora e Vitória deve estar acordada, já que não pode dormir até tão tarde por causa das crianças que choram a madrugada toda.

Estava com o cabelo solto, porque acabei de pentear, uma camisa branca de alça recortada, um short preto curto cintura alta e uma pantufa preta.

Fechei a porta da minha casa e desci as escadas da entrada, caminhei até a casa da Vitória e não bati na porta, já que não preciso fazer isso.

- Cheguei Vivis - falo fechando a porta atrás de mim.

- Vem cá Catcat - ela fala da sala.

Ela estava deitada no sofá, assistindo enrolados da Disney, ela vestia um vestido preto soltinho, ela só usa essas roupas depois que deu à luz, nunca vi Vitória tão radiante, achei que ela fosse ficar abatida, mas isso não aconteceu, Oliver e Aurora estão fazendo bem a ela - mesmo com todo o choro de madrugada.

- Estava com saudades da mamãe mais linda - digo me jogando ao seu lado.

- Não enrola, fala como foi em Amsterdam - Vitória fala pausando o filme e olhando para mim.

- Minha tia morreu - falo.

- Eu sinto muito - ela fala, sei que ela realmente sentia, ficamos muito próxima depois da nossa última briga, que foi no ateliê que Megan havia comprado. Brigamos só porque eu não queria sair com os Mendonça.

- Eu sei - falo e ela me abraça como se eu fosse fugir ou até mesmo escapar pelos seus dedos.

Passamos um tempo assim até que ouvimos um barulho.

- Tem mais alguém em casa? - pergunto e Vitória diz que sim, na mesma hora afundo no sofá, não sou a maior fã dos Mendonça.

Continuamos o filme, Vitória voltou a se deitar e eu deitei minha cabeça em seu ombro, assistimos o filme todo e ainda começamos Cinderela, não sei porque permaneço assistindo filmes de princesa.

- Cadê os bebês? - pergunto achando a casa muito calma.

- Estão na casa dos avós - Vitória fala, os bebês são dois anjinhos, eles mal choram, sem ser de madrugada.

- Vou beber água, quer alguma coisa? - pergunto para Vitória.

- Quero Nutella - ela fala.

- Tu não tem jeito mulher - falo brincando e ambas sorrimos.

Me levanto tirando o edredom e jogando-o na perna de Vitória, vou até a dispensa, pego a Nutella e entrego para ela com uma colher, volto para a cozinha procurando um copo.

- Vitória, aonde eu encontro um copo? - mesmo que eu passe muito mais tempo aqui do que na minha casa, nunca sei onde ficam os copos, só encontro xícaras e taças.

- Aqui - uma voz masculina fala atrás de mim, quase que instantaneamente minhas mãos abaixam o short.

Me viro, dando de cara com Júlio Mendonça ou como o mesmo gosta de ser chamado Júlio Márquez, nunca entendi, já que o Mendonça é o nome mais forte.

Ele usa um terno cinza de três peças, relógio preto, cabelo bagunçado.

Olho para ele, vejo que ele está apropriado para um lugar que eu não alcanço, malditos 1,64 de altura.

- Pega um aí - falo ríspida.

- Nem um por favor? - ele pergunta.

- Como se você merecesse ... vai pegar ou não? - esse cara me estressa.

- Só pego se falar "por favor senhor" - só pode ser uma brincadeira.

- Por favor senhor, me dê paciência - falo olhando para o teto e depois reviro os olhos.

- Para de revirar os olhos - ele fala e eu levanto uma sobrancelha.

- VITÓRIA ... VOU BEBER ÁGUA NA CANECA - grito para ela ouvir da sala, ainda olhando nos olhos do Júlio.

- VOCÊ PODE BEBER ÁGUA ATÉ NO PRATO - ela grita de volta.

Não pude evitar o sorrisinho de satisfação para Júlio.

- Babaca - sussurro me virando para o armário cheio de canecas.

Não virei para ver Júlio mas tinha certeza dos seus olhos cerrados, peguei uma caneca mesmo e bebi minha tão sonhada água.

Voltei para sala, me deitando no colo de Vitória, terminamos Cinderela até que a sala foi invadida por três homens, quero dizer... três postes.

- Vai começar o jogo - Gabriel fala tentando pegar o controle que estava na mão da Vitória.

- Vai pra lá doido - Vitória fala e olha para o marido, que dá de ombros.

- Ai meu Deus - eu falo e todos me olham - estão faltando dois cretinos para completar o grupo.

- Vai se foder - fala Gabriel.

- Só se você for primeiro e depois me contar como é lá - Gabriel rosna e se levanta do sofá.

- Ou ela ou nós - Gabriel diz cruzando os braços.

- Ela - Vitória fala.

- Chupaaaaa - falo comemorando.

- Henrique? - Gabriel fala tentando sair por cima.

- Eu prefiro ela, qual é Gabriel, minha mulher que falou prefere a amiga... então eu também, preciso mostrar apoio porra!

- Eu preciso de um celular - falo fingindo procurar o meu.

- Pra que? - Júlio pergunta.

- Para m****r soltar os fogos de artifício - falo e Henrique revira os olhos.

Gabriel se joga no sofá, Henrique faz o mesmo, mas Júlio continua em pé.

- Bom ... já deu minha hora - falo.

- Não deu não - Vitória fala segurando minha mão.

- Já deu sim - Gabriel fala.

- Acho que vou ficar - falo debochada.

- Eu vou embora, preciso cuidar de uma brincadeira - Júlio fala e Henrique gargalha.

- Deixe ela viva - Henrique fala e Júlio mostra o dedo do meio.

- Acho que vou por trás, tudo bem? - falo para Vitória, me referindo a sair pelo quintal.

- Pode, Lucky está solto, veja se ele não está do seu lado, senão ele vai entrar na sua casa - ela fala e eu aceno.

- Tchau linda, para vocês meus belos odiados, desejo uma falta de sorte imensa, beijinhos - falo, Vitória sorri, Gabriel faz uma careta e Júlio me segue.

Pego a chave da minha casa na mesa de jantar, passo pela porta lateral e Júlio ainda está atrás de mim.

- O que foi meu filho? - falo ainda andando.

- Estou indo para o meu carro - ele fala enfatizando para um Audi r8.

Paro de andar bruscamente e ele também para.

- Qual foi? Vai me sequestrar? - pergunto olhando para ele.

- Você é muito malcriada, até para um sequestro - ele fala cruzando os braços.

- Babaca - falo e continuo andando.

Ele destrava o carro e entra no mesmo, não parei para olhar ele sair, entre na minha casa, eu definitivamente não é o porto, nenhum dos Mendonça.

Mesmo passiva "sozinha" no mundo, minha mãe deve estar morta, ela nunca foi boa para mim, meu pai... morto, minha tia... morta, a minha família se resume a Vitória, Ana, Megan e Morgan.

Ana está abrindo uma espécie de empresa, mas por enquanto ninguém sabe exatamente sobre o que vai ser, com que vai trabalhar, só sabemos que ela proibiu a ajuda da irmã.

Megan abriu uma padaria, lá no Brasil, aqui ela quer abrir algumas filiais e ela tem alguns ateliês, Meg quando era pequena, tinha um caderno cheio de desenhos de vestidos e também tinha outro caderno pequeno, com uma capa vermelha.

Era onde ela colava os vestidos que mais gostava das revistas, ela escrevia embaixo "modelo 1" ou "modelo 2" por aí vai, lembro que ela chorou igual um bebê quando perdeu os dois cadernos, quer dizer, um ela perdeu e depois descobrir que a mãe dela tinha jogado os dois no lixo.

Acho que o que mais une todos nós, são os nossos vastos problemas familiares, Megan tem toda a família em Londres.

Morgan tem tido algumas reuniões com a Vitória, o que me faz pensar que elas estão aprontando alguma coisa.

Vitória está expandindo a nossa família, agora com os gêmeos, Oliver e Aurora, já imagino, ela me pedindo ajuda para cuidar deles, afinal acho que não foi uma boa ideia me mudar para casa ao lado.

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