Perigosa Atração - Cattleya
Perigosa Atração - Cattleya
Por: Nay Lisboa
Prólogo

Ela estava lá; contra sua vontade, na verdade contra tudo que mais acreditava. Mas fazer o quê? Não poderia dizer não; não poderia negar como sempre fazia quando não queria algo porque naquele momento ela precisava, aquele emprego seria bom para a sua carteira, para a sua publicidade e quando uma das maiores empresas do país lhe contrata como assessora você não pode dizer não, na verdade ela até tinha dito, tinha esperneado, gritado e praguejado para todos os lados que nunca na sua vida trabalharia para um egoísta, esnobe, infantil e convencido como Pietro Fischer. Mas e agora? 

Ela estava ali como a última de uma fila de novos funcionários que serviriam apenas para correrem de um lado para o outro sob as ordens dela, todos imposturados como se fossem máquinas estúpidas paradas no corredor. Até que o ambiente era favorável; nem parecia ser de um bilionário. A sala era composta por uma poltrona residencial com uma mesa e uma cadeira giratória para clientes; todos os móveis eram de cor preta, um quadro tomava um lugar enorme na parede com o desenho de Pietro de terno segurando o prêmio de mais novo empresário bem-sucedido do estado.

Estavam todos; menos ela, parados ali olhando para o elevador, esperando ansiosamente pela chegada do chefe. Todos com o coração na mão esperando por um lapso de aceitação do Deus do poder, mas ela não! Ela não precisava se preocupar em agradá-lo porque não podia ser demitida, haviam implorado pelos seus serviços porque ela era a melhor no que fazia. Ela sabia gerenciar uma empresa mais do que qualquer outra pessoa; ela tinha potencial, era visionária, e sim; era tudo que eles precisavam, então não! Definitivamente, ela não queria aceitação, só queria que o dia passasse rápido e ela fosse para seu grande apartamento se jogar no sofá confortável que ficava em sua varanda e sentir a brisa noturna enquanto bebia seu vinho; admirava o oceano e escrevia em seu notebook. 

Ela estava perdida em pensamentos quando o sinal do elevador tocou indicando que ele abriria; todos os funcionários ali parados em fileiras estufaram seu peito e colocaram uma máscara intensa de seriedade, menos uma… A porta do elevador se abriu e de dentro saiu um homem de blazer preto com uma camisa rosa aberta até o peito, ele media uns um metro e setenta de altura, era moreno de um tom claro, seus olhos castanhos e seu cabelo mais pareciam com o do Justin Bieber depois da fase inicial só que mais desgrenhado e charmoso!

Ele seguiu em direção aos funcionários com uma expressão despreocupada e descontraída sendo seguido por um de seus executivos que havia feito à contratação dos novos funcionários. Era Drake; seu amigo e homem de confiança, branco, baixo e de cabelos tão alinhados que o fazia parecer certinho demais. 

— Bom dia a todos. — Falou Drake se referindo aos novos funcionários. 

— Bom dia. — Todos responderam em tom uníssono.

— Esse aqui... — Ele apontou para o cara ao seu lado. — como vocês já conhecem. Quem não, não é mesmo? — Drake falou arrancando risinhos que mais pareciam de puxa sacos, e como sempre, ansiosos por aceitação. Menos uma. — Esse é Pietro Fischer! 

— Vamos parar com esse puxa saquismo exagerado, meu caro Drake! — Pietro abriu um sorriso que pareceu parar o coração de todas as novas funcionárias ali contratadas, e o revirar de olhos de outra. — Me apresente logo um por um, para que assim possamos iniciar o nosso trabalho e fazer com que os coitadinhos sentem pelo menos um pouco. — Ele falou se referindo a postura que os novos contratados estavam e já fazia um tempo. 

— Ok, Ok. Esse é o John; ele será secretário auxiliar de finanças. — Ele apontou para o primeiro funcionário, logo passando para o segundo. — Essa é a Débora e ela será secretária executiva. — E assim foi falando o nome dos sete até chegar à última e mais importante de todos que estavam ali apenas enfeitando o ambiente. — Essa é a Andy Miller; ela será a sua… — Ele parou de falar ao ser interrompido por um toque de celular que vinha do bolso de alguém. 

—  Caramba… — Pietro falou tirando o celular do bolso do Blazer e desligando. — Continue. Essa é a? … — Ele suspirou olhando a charmosa e intrigante mulher que estava a sua frente, bronzeada; deveria ter uns um metro e cinquenta e oito de altura; cabelos vermelhos presos num rabo de cavalo não tão penteado, com um vestido tubinho preto que ia até suas coxas e contrastava com o Escarpem preto que ela calçava. Ele parou em seus olhos, olhos de um tom roxo misterioso. — Olhos lilás? — Ele sorriu encarando-a. 

— Roxos, na verdade. Eu serei a sua assessora como o rapaz aí estava tentando falar. — Ela o encarou ironicamente; nem um sorriso, apenas uma troca de olhares. Ela não precisava sorrir; pois não se sentia agradecida, era ele quem deveria agradecer por ela estar ali! 

— São seus? — Ele continuou encarando-a de forma descontraída e provocativa que a deixou mais impaciente do que já estava. 

— O que? — Ela arqueou as sobrancelhas. 

— Os olhos. Só vi isso até agora! — Ele desviou o olhar por um instante com um sorriso desafiador e voltou a encará-la. — Nunca vi uma mulher de olhos roxos; e nem um homem! 

— Sim; são meus. E eu poderia ficar aqui lhe explicando sobre um erro genético, mas como você mesmo disse seria melhor nos adiantarmos porque os coitadinhos que estão aqui por 40 minutos nesta postura robótica, precisam sentar! — Ela falou cruzando os braços e relaxando a postura logo depois de terminar. 

— Ah, claro! — Pietro falou como se tivesse esquecido que estavam todos ali. — Vocês todos irão com o Drake para que ele explique os setores, normas e blá. 

— Ok. — Andy falou fazendo menção de se retirar e agradecendo aos céus por sair da vista daqueles olhos penetrantes, quando Pietro se colocou um pouco diante dela. 

 — Você, não. Você irá me acompanhar. — Ele falou num tom sério; apontando para o escritório dele na direção contrária a que os novos funcionários estavam indo. 

— Tudo bem; só achei que conheceria meu escritório primeiro. — Ela deu de ombros e o seguiu. 

— Bom. É para lá mesmo que estou te levando, Senhorita Miller. — Ele sorriu ironicamente ao dizer a última palavra como se tivesse saboreado um gostinho bom naquelas letrinhas. 

— Tudo bem... —Ela falou; olhando-o de soslaio enquanto ele consertava a camisa por dentro de seu blazer. E por um momento teve que apagar a imagem inebriante daquele homem sem blazer e só com a camisa rosa aberta sorrindo para ela. “Cruzes” pensou, não era nada demais. Homens egocêntricos exalam masculinidade e isso poderia até atrair mulheres, mas não ela; porque ela já havia se preparado para homens como ele. Homens que acreditam que dinheiro e poder são tudo e por isso acha que podem usar mulheres como ela, ela não era uma escrava sexual de homens poderosos, porque os conhecia muito bem. 

Eles entraram em seu escritório, ele se sentou na poltrona presidencial e fez menção para que ela se sentasse logo a sua frente. 

— Então, esse é o seu escritório. — Ele falou quando ela se sentou na cadeira giratória.

— Não entendi. — Ela o encarou confusa. 

— Bom... É simples! — Ele apoiou os cotovelos na mesa e abriu um largo sorriso. — Você é minha assessora; então ficará aqui comigo, estaremos sempre juntos; por todos os lugares. — Ele parecia estar saboreando aquelas palavras e soltando-as com um toque de malícia considerável, em determinado momento, ela se questionou se aquilo era proposital ou a essência dele. — Não achei que precisaria explicar a sua função. — Ele se recostou na cadeira. 

— E não precisa, estou aqui porque sou a melhor no que faço, e obviamente eu sabia que nós ficaríamos juntos. Só achei que teria meu cantinho da paz como exigi quando fui contratada, é um dos meus termos para aceitar um trabalho, um escritório apenas meu. — Ela consertou a postura e sua expressão se tornou séria. 

— Cantinho da paz? — Ele se apoiou novamente na mesa para que ficasse mais próximo dela e abriu um sorriso.

— Sim. Algum problema? É porque fico pelo menos por um minuto longe de toda a patifaria que costumam serem as máquinas de uma empresa correndo de um lado ao outro, ansiosos, com o coração na mão, para agradar ao Senhorzinho. Por isso, eu exijo em todos os meus acordos um cantinho da paz! — Ela o encarou sem ao menos se importar se aquelas palavras o machucariam ou se deixaria feia a sua reputação, ela de fato não ligava porque sua sinceridade era a marca que a tinha feito crescer profissionalmente. 

— Caramba! — Ele estreitou os olhos. — Senhorzinho? 

— Palavrão também é uma das coisas que eu não aceito em meus termos, mas pelo visto esqueceram de falar sobre minhas regrinhas para o Senhor porque não é importante, não é mesmo? — Ela sorriu ironicamente voltando a ficar séria depois de segundos...

— Olha. Ok. Vamos lá! Até leram o contrato para mim, sério mesmo! Mas eu tenho três manias infalíveis. — Ele falou isso num tom irônico. — Primeira. — Ele falou gesticulando com o dedo. — Eu esqueço para caramba! Segundo. — Ele sorriu a encarando. — Eu sou completo; e não seria sem os xingamentos. A terceira; última e, mais importante! — Ele chegou sua cadeira mais próxima à mesa. Estreitou os olhos e arqueou uma sobrancelha com um sorriso desafiador tomando conta de seus lábios. — Eu não recebo ordens de ninguém, nós negociamos e eu vejo se posso resolver. Então, regras não são aceitas nessa empresa, há não ser que saia da minha boca, porque sou eu quem manda aqui! 

— Bom… — Ela sorriu e aproximou seu rosto do dele, o encarando. — Então temos um impasse aqui! — Ela estreitou os olhos. —Acho que vamos precisar negociar; ou ver quem vai ganhar esse jogo, porque eu não sou mandada por ninguém! Você pode me demitir agora mesmo ou aceitar os fatos! — Ela abriu um sorriso desafiador! “Que comecem os jogos” Pensou.

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