Herança
Herança
Por: Angel de Oliveira
PRÓLOGO

“Como nunca tive filhos, nem marido, já não tenho pais e, por isso, posso deixar todos os meus bens a quem bem quiser, deixo tudo o que possuo para minha sobrinha, Viviam Lavigne. Porém, os bens somente deverão ser transferidos para o seu nome quando esta se casar, ficando sob a tutela de meu irmão enquanto esta condição não se cumprir.”

Viviam não acreditava no que tinha acabado de ouvir, durante a leitura do testamento de sua tia Rachel. Como a tia pode fazer isso com ela? Colocar este tipo de condição? A tia sabia muito bem que ela sequer tinha um namorado! Que aos 25 anos de idade havia namorado apenas duas vezes, tendo saído ferida nas duas ocasiões. Que sequer tinha se relacionado sexualmente com mais ninguém além desses dois homens em sua vida. E um deles tinha saído do armário, ainda, depois que eles terminaram!

É claro que, no fim do dia, a revelação de Leandro tinha sido até uma coisa boa, porque ele agora era seu melhor amigo. Mas não dá pra deixar de ter isso como um tipo de trauma na nossa história, não é mesmo? Ter feito sexo apenas com dois homens e um deles sequer ter apreciado!

O senhor que lera o testamento se aproximou de Viviam e entregou a ela um envelope, que ela agradeceu e abriu imediatamente. Tratava-se de carta da falecida senhora, explicando suas razões para colocar aquela condição no testamento.

O fato é que Rachel passara toda a sua vida solteira. Não se abrira para o amor e, como os tempos eram outros, nem para o sexo. Com isso, sua única família tinha sido formada pelo irmão Jensen, o cunhado Paul e Viviam, e talvez ela tivesse disfarçado muito bem, mas não era feliz. Nos últimos tempos, sentia falta de ter alguém com quem se deitar à noite, com quem fazer suas refeições, filhos a quem ensinar. Arrependia-se muito das escolhas que havia feito.

“Minha pequena estrela, quero que saiba que houve alguém em minha vida. Um homem a quem amei muito! Mas eu era teimosa, orgulhosa, e me achava superior aos outros. Preferi minha fortuna, meu sucesso, minha fama, ao seu amor. Arranquei-o de minha vida e não há nada de que me arrependa mais.” Dizia a tia, em um trecho da carta.

Viviam sentia um pouco de pena da tia. Devia ser difícil mesmo ser tão solitária! Porém, continuava não achando justo depender de encontrar alguém que ela amasse e a amasse de volta para poder receber a herança e, finalmente, largar o emprego de garçonete em uma lanchonete de NY e se dedicar completamente às suas paixões, que eram a música, a dança e o teatro. A tia tinha sido uma grande estrela do cinema. Ela deveria entender que a sobrinha precisava se dedicar, estudar, trabalhar arduamente.

Esperar o príncipe encantado poderia levar tempo demais! Ela já tinha 25 anos, e quem começa na Broadway tão tarde? Se a tia era orgulhosa e teimosa, ela era dez vezes mais e ia colocar a mão naquela fortuna. Ela ia dar um jeito.

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