Lua Nova: Vamos para o Brasil

          Eu sempre quis viver uma vida, mas sempre acabamos vivendo uma rotina, onde os dias parecem todos iguais, eu não  gostava daquilo, eu queria viver uma aventura, queria achar um lugar no mundo onde eu não me sentisse deslocada, e sonhava muito com isto.

          Levantei cedo como de costume era o primeiro dia das minhas férias, mas quando sua rotina e acorda cedo, você sempre acorda cedo. Minha mãe estava na cozinha preparando o clássico café da manhã baseado em torradas, ela sempre mudava o acompanhamento, mas a torrada era a base.

- Bom dia, mãe!

- Bom dia filha, quer torradas?

- Sim, por gentileza - eu gostava de ser gentil com a minha mãe, apesar de que as torradas enjoava-me .

- Como queira, senhorita. - ela disse sorrindo.

- Cadê o pai? Ele sempre acorda antes de mim.

- Tá resolvendo algumas coisas e acho que é melhor te contar o que são.

- O que aconteceu?

- Sua vó Marcela tá muito doente e seu pai quer ir vê-la.

- E nós vamos?

- Sim, mas não vai atrapalhar sei lá seus planos para as férias? - ela disse chateada.

- Não, mas poderíamos negociar uma viajem pra umas cidades históricas que eu queria conhecer lá - insinuo.

-  Espertinha, devia estar preocupa com a sua vó! - ela me olha de canto de olho enquanto termina o café.

- E eu estou, só que o pai já tá muito mais que nós, então é melhor ficarmos relaxadas em consideração a ele.

- Cecília! Você é essa sua mania de tirar proveito de tudo! - ela diz irritada.

- Mãe como o pai mesmo diz, se a vida te der um limão por mais amargo que seja faça uma limonada.

- Ok, você venceu. - ela ergue uma mão em forma de rendição.

- E quando iremos para o Brasil?

- Hoje a noite, temos que ir o mais rápido possível. - ela parecia preocupada.

- Mãe, você esqueceu de falar algo?

- É que... Sua vó... Ela tá... Segundo os médicos... Quase... Morrendo. Pronto falei.  - ela suspira.

- Nossa, isso é muito ruim. - fico triste.

 - Toma seu café. - ela diz entregando um prato com torradas e uma xícara com café.

- Só isso?

 - Pegue algo na geladeira, fiz pouca coisa, o dia vai ser corrido hoje.

 - Obrigada, mãe. - disse enquanto via ela subindo as escadas.

  

          Eu tinha a melhor vó do mundo, meu pai disse que eu puxei a ela, devido o fato de sermos ruivas, e também a personalidade inquieta, sonhadora e aventureira, meu pai uma vez me contou que ela se meteu em um amor louco, sua alma aventureira era disposta a passar pelo o que fosse preciso por alguém, seja lá quem fosse, mas se ela amasse a pessoa ela era determinada a tudo, ela e bem altruísta, e eu fico fascinada com a sua história, mas saber que ela tá morrendo, isso partia meu coração, contudo eu fiz o que ela faria, levaria tudo numa boa, porque ela mesmo diz que a vida é uma mistura de sonhos e pesadelos.

          Não demorei muito pra arrumar minhas coisas, tentei levar roupas que mais se adaptasse ao Brasil, exclui roupas quentes e levei um moletom de precaução, mas acho que não precisaria, meu pai dizia que onde minha vó morava não sabia o que era frio, acabei levando o básico mesmo e torcendo pra não chegar lá e lembrar de algo que eu tenha esquecido, não sabia como ia ser, antes íamos uma vez por ano, mas a rotina dos meus pais ficou corrida, e não tínhamos tempo para ir, eu estava com muita saudades da minha vó.

          Será que a minha vó nessa altura ainda está bem? Nosso voo saia só no fim da tarde e eu estava angustiada com o que aconteceria, resolvi ler meu livro que estava no final, só que o final é aquele clássico clichê onde o cara é carinhoso e a menina toda sentimental, e o fim  acaba com um beijo, e eu me pergunto se essas sensações retratadas na história são realmente reias, eu nunca fiquei com alguém pra saber, minha vida era puro estudo, pois minha mãe dizia que eu "tinha que ser alguém", ou ela repetia o clássico "temos uma empresa você tem que estar preparada para assumir" eu não nasci pra nada daquilo, eu nasci pra aventuras, sem problemas, sem preocupação, somente viver, mas eu sabia que isso não seria pra mim eu tinha certeza, que eu estava me ludibriando e que eu teria que aceitar as coisas como são, mas eu mantinha o desejo como se fosse um sonho impossível.

          As horas passaram rápido e quando percebi eu estava no céu em direção ao Brasil, em direção da minha avó e em direção de várias coisas que eu sabia que estavam lá, eu sentia, porém eu achava que estava ficando maluca.

          Na minha percepção a viagem tinha durado uma eternidade e felizmente havia chegado ao fim, então fomos correndo para a casa da minha vó, durante o trajeto inteiro desde New York meu pai estava com o semblante preocupado, ansioso, eu sabia que no fundo ele estava pensando o mesmo que o meu, que poderia não está tudo bem, e no meio de nossa aflição minha mãe estava lá tentando minimizar o clima que estava tenso.

          Chegamos na casa da minha vó, meu tio Victor estava lá nos esperando, quando chegamos ele disse:

- Que bom que vocês chegaram a tempo.

- Oi, irmão. - meu pai disse abraçando meu tio.

- Oi. - ele diz retribuindo o abraço.

- Oi, cunhada. - ele diz abraçando minha mãe

- Oi, Victor.

- E como você está, pequena Cí?

- Não estou mais tão pequena. - digo revirando os olhos.

- É bom te ver também. - ele diz me abraçando.

- Como minha vó está?

- Ela tá repousando, mas parece que não vai aguenta muito tempo.

- Isso é horrível. - meu pai disse

- Pois é! Cí? - ele diz pousando seu olhar azul em mim.

- Sim, o que foi? - respondo apreensiva.

- Sua vó diz que quer ver você primeiro e conversar a sós, ela está no quarto, você pode ir lá.

- Então eu já estou indo. - digo indo para o quarto.

          Minha vó era ruiva parecida comigo, mas seus filhos eram diferentes, meu pai tinha o cabelo castanho escuro, era alto e possuía olhos verdes, já meu tio Victor era loiro com os olhos azuis, mais baixo que meu pai, a genética da nossa família era um pouco estranha.

           Eu me aproximo da porta do quarto é meu coração dispara, ergo a mão, tomo coragem, respiro fundo e dou três toques.

- Pode entrar. - minha vó avisa com a voz rouca.

- Oi, vó. - digo entrando.

- Cecília, você finalmente chegou. - ela diz abrindo um sorriso deitada na cama.

- Sim, viemos o mais rápido possível. - digo me aproximando.

- Como você cresceu! - ela diz me abraçando.

- Estava com saudades!

- Eu também, quero te dar uma coisa, e quero que antes de te dar você me prometa que cuidará bem dela. - ela diz pegando uma caixinha na mesinha que ficava no centro do seu quarto.

- Cuidarei com todo o carinho!

- Esse é um objeto muito importante pra mim... - ela diz chegando perto de mim em passos falsos.

- Então qual o motivo de estar me dando ele?

- Você é que nem eu Cecília, você logo vai se entediar de toda essa rotina e vai querer fugir disso.

- Do que você está falando?

- Quem me deu esse colar foi alguém muito especial. - ela diz tirado um colar prateado com um pingente de lua minguante.

- E quem é esse alguém?

- Não posso falar, do mesmo jeito que se alguém perguntar quem te deu você não poderá falar que fui eu. - ela diz pondo o colar no meu pescoço.

- E o que esse colar tem a ver com o tédio?

- Logo você descobre. - Ela diz acariciando o pingente que se encontrava pendurado no meu pescoço como uma forma de despedida.

- Obrigada, vou cuidar muito bem dele. - digo sorrindo.

- E não tire ele do pescoço, ok?

- Como quiser, quer ajuda para deitar?

- Cecília, estou doente, mas não estou inválida. - ela diz revirando os olhos.

- Você nunca muda. - rio.

- Eu te lembra alguém, não estou certa? - ela abre um sorriso sarcástico.

- Sim. - fico corada.

- Agora, por favor, fale para os seus pais que eles já podem vim. - ela diz se deitando.

- Ok. - digo me retirando.

          Quando meus pais vão falar com ela, eu vou para o quarto que seria meu durante a estadia naquela. Olho para o colar e fico pensando no que havia de tão misterioso nele e quem o deu. 

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