O Sorriso de Marina
O Sorriso de Marina
Por: Autora Nalva Martins
Um

Meu nome é Marina Bellini de Alencar. Mas somente os mais chegados me chamam de "Ma". Sou a filha de Frida Bellini de Alencar,  uma  socialite fútil e vaidosa demais para o meu gosto. Uma mulher extremamente linda e poderosa, dona de uma riqueza que é capaz de comprar o mundo, se assim desejasse. O meu pai, é o do desembargador Duram Bellini.  Um homem arrogante, frio e que só pensa em ganhar mais dinheiro do que já tem.

Enfim, nasci em berço de ouro, certo? Errado.

Podemos dizer que o meu berço foi forjado, mas não exatamente no ouro e sim na grana que os meus pais tentam exibir pelo mundo a fora.                                                                                                    Como explicar isso pra vocês? Não fui planejada com amor e carinho pelos meus pais. Nasci por causa de uma exigência que acabou se tornando um acidente de percurso. Pelo menos foi o que  a minha mãe sempre jogou na minha cara durante toda a minha adolescência.

      "_ Você nem devia ter nascido!"

     É claro não. Penso. A verdade é que eu fui criada pela única pessoa que me ensinou tudo o que eu sei, incluindo o verdadeiro significado da palavra amor, a empregada e governanta da mansão Bellini, Ester Fonseca. Ela foi durante toda a minha vida, a única companhia que eu tive e também a única pessoa que me conhece de verdade por dentro e por fora e que carinhosamente a chamava de "Estrela" quando pequena e assim ficou desde então. Quando comecei a me entender por gente, comecei a ver que eu não pertencia aquele lugar e tão pouco aquela família. Provavelmente a cegonha errou de endereço e fodeu com a minha vida inteirinha, porque eu realmente tinha tudo que precisava ao meu alcance, até mesmo um carro do ano se eu quisesse o teria. Mas eles simplesmente não me viam, era como se eu não existisse ali e como um meio de sobrevivência, eu tive que arrumar uma maneira de atrair sua atenção para mim.  Ao longo da minha adolescência eu tentei de tudo, juro. Bebedeiras, sexo sem compromisso, drogas, baladas, dormir fora de casa sem avisos prévios e nada. Antes de completar os meus quinze anos, eu já nem era mais virgem e nem me perguntem quem foi o meu primeiro, porque eu não faço a menor ideia.  Entrei de penetra em uma festa, fingi ser maior de idade, tomei a minha primeira bebedeira e dormi com sabe Deus quem e se quer me lembro do que realmente aconteceu. Eu só acordei com uma única certeza, eu não era mais virgem.                Com o passar dos anos, eu desisti, sério. Nada que eu fizesse os faria olhar para mim como sua filha e nem ao menos despertaria naqueles corações frios e desalmados o amor que eu tanto queria receber. No final do ensino médio veio a pior parte da minha vida. Kelly e Cris, as minhas únicas melhores amigas iriam para fora do país, cursar suas faculdades e eu? Bom, eu desisti de buscar o amor aonde realmente não tinha e resolvi sair de casa, para construir uma vida do meu jeito. Quem sabe não daria a certo para mim? E isso aconteceu na hora mais acertada da minha vida, quando eu conheci Afonso Casteline, meu professor de direito. Foi amor a primeira vista _ Pelo menos eu achava que era.  O homem me incendiava apenas o olhar e aquela maldita boca costumava devorar o meu corpo de uma maneira sobrenatural. Fiquei totalmente viciada no homem do dia pra noite. Eu pensava nele, bebia dele, comia ele e tudo estava perfeito para mim, até eu perceber que tudo aquilo não passava de pura ilusão, pois com o passar dos dias,  eu ainda me sentia completamente vazia. Eu queria sempre mais dele e ele não podia me dar mais, pelo simples fato de não ter mais do que podia me oferecer. Confuso, eu sei. Essa sou eu... Confusa e perdida do dedo mindinho do pé, até o último fio de cabelo acobreado. O fato é que do dia para noite eu simplesmente cheguei em casa e disse... "Quero o divórcio" _ embora nem éramos casados de verdade. O homem ficou atordoado com a minha decisão inesperada e o tempo todo Afonso me perguntava se ele tinha feito algo de errado?  É claro que ele fez, ele se apaixonou por mim, a única pessoa nesse mundo que não sabe o significado real da palavra AMOR e eu simplesmente descobri que tudo dentro de mim era falso. O sentimento era falso, eu era falsa, o tesão era falso _ talvez essa parte não seja totalmente falsa, a final, eu sou completamente louca por sexo. Adoro sexo! Deus do céu, sou incapaz de amar uma pessoa! Será que isso tem a ver com o fato de nunca ter me sentido amada por meus pais? Vamos resumir os fatos. Depois de simplesmente abrir os olhos em uma manhã de primavera e pedir o "divórcio" para o meu lindo e gostoso marido, eu saí de casa com destino a França, onde participaria do casamento da minha melhor amiga e logo depois disso, partiria para Portugal sem me despedi das minhas amigas. Comprei uma passagem só de ida para um lugar que eu nunca visitei na vida, totalmente desconhecido. Assim sem mais, nem menos e agora estou bem aqui em Lisboa vivendo uma vida totalmente nada a ver comigo. Sério, joguei tudo para o alto e me alforriei. E quanto aos meus pais? Quero mais é que se danem! Eles não precisam saber aonde eu estou exatamente. Meu curso de direto foi para o espaço e o dinheiro que eu tinha no banco, se transformou na Fofuras Pet's, uma loja para animais e formei uma boa equipe com um veterinário, dois higienizadores e uma recepcionista. Eu cuido da parte burocrática e da financeira também, a final dois anos estudando direito me ensinaram algumas coisas. Como eu disse, uma vida nada a ver comigo e nas horas vagas, dou uma de vendedora de produtos que estimulam a sexualidade da mulherada. Hahaha , isso mesmo e essa é a parte da minha vida que eu adorooooo.

 _ Não é muito grande?_ A garota pergunta olhando, na verdade explorando o pênis de borracha de quase quarenta e cinco centímetros, cor de rosa, com cheirinho especial de morangos.

 _ Os maiores dão mais tesão querida.  Acredite, digo isso por experiência própria. _ Digo com entusiasmo e ela me encara espantada, voltando a analisar o brinquedo. 

 _ Não sei não, Marina. Eu nunca usei um desses antes. Não seria melhor começar com algo menos...

_ Se você diz. Na minha opinião, quanto mais preenchida, maior o orgasmo.

 _ Minha nossa! Não acredito que estou falando com a minha chefe sobre esse assunto. _ Ela resmunga me fazendo rir.

_ Bobagem Lua. E que tal essa capa peniana? Menina, isso aqui é um espetáculo!

_ Como funciona?

_Hu!  É fácil, primeiro você envolve o membro do seu marido em sua boca, chupa bem gostoso e sem pressa e quando ele estiver duro feito uma rocha, você o reveste assim... _ Começo a mostrar para Lua, quando ela faz uma cara estupidamente vermelha de vergonha, mas não é para o que eu estou falando ou fazendo. O seu olhar está fixo bem atrás de mim. _ O que foi? _ Pergunto e ela faz um gesto para que eu olhe também.

_ Acho que temos um cliente. _ A mulher parece que vai murchar a qualquer momento e entrar dentro do seu casulo.   Reviro os olhos e me viro para ver de quem se trata e...  Cacete! Arqueio as sobrancelhas para o moreno alto, usando um belo par de óculos escuros, vestindo uma camisa azul claro de botões, que tem dois botões abertos na altura do peito, mostrando alguns pelos negros lisinhos e prontos para serem acariciados. Que delicia!                                O homem está sério e parado bem na minha frente sem dizer uma só palavra e claro, que eu não me inibi com a sua presença ali, mesmo sabendo que ouviu a minha aula com riqueza de detalhes.

 _ Pois não, em que posso ajuda-lo? _ Ajo naturalmente e isso parece desconcertá-lo. O moreno alto, bonito e sensual limpa a garganta antes de soltar o vozeirão firme e grosso dentro do ambiente.

 _ Boa tarde! Eu procuro a senhorita Marina de Alencar.

 Isso mesmo, Marina de Alencar. Resolvi descartar o nome "Bellini" do meu sobrenome, porque não quero que olhem bem para a minha lata e digam... Bellini? Do desembargador Bellini? Passei a odiar essa parte da minha história.

_ E quem deseja?

 _ Ah, me desculpa! Eu sou o novo médico veterinário que veio para a entrevista. Meu nome é Heitor Cavanage.

 _ Cavanage, hein? É americano?

_ Sim. Eu nasci na Califórnia, mas fui criado no Brasil desde os meus dez anos de idade e já tem dois anos estou morando aqui em Portugal. E a senhorita Marina? _ Indaga.

_ Ah, claro.  Faça o seguinte Cavanage, dá uma voltinha pra mim. _ Peço descaradamente e ele  me lança um olhar de menino confuso que me faz rir por dentro. Atrevida, ergo o meu indicador e o giro no ar,  pedindo silenciosamente que ele faça o que lhe pedi e meio que sem jeito, Heitor começa a girar em seu próprio eixo. Meus olhos param na bunda bem redonda e apertada no jeans escuro e desce um pouco mais para as coxas musculosas que se destacam no tecido grosso.

      Ai papai, por que você faz uma coisa dessas comigo?

 _ Primeiro corredor e segunda porta a direita. _ Digo quando o homem fica de frente pra mim outra vez. Ele olha para Lua atrás de mim e depois olha para mim de novo e faz um sim todo desajeitado, me dando as costas novamente e seguindo para o caminho que eu lhe indiquei.

Escuto a risada alta da minha funcionária assim que o rapaz some dentro do pequeno corredor.

_ Você é louca Marina! _ Ela diz tentando se conter. Sorrio amplamente.

 _ E eu não sei. É isso que torna tudo mais divertido. Ele é tão bonitinho, não é? _ Pergunto com um jeito manhoso e pisco um olho para ela. _ Pode guardar as minhas coisas, por favor? Eu preciso desempenhar o papel da chefona agora. _ Peço, pegando um jaleco que está atoa em um suporte na parede, o visto e vou para o meu escritório.                                    Abro uma brecha de porta e observo o moreno alto andando pelo meu escritório e admirando a decoração que tem como destaque os tons vermelho e branco. Amo o vermelho, é a cor da paixão, do tesão, do fogo, da ardência e o branco? Esse é só um detalhe para depois que a tempestade na cama se acalmar. Ajeito o jaleco no meu corpo, balanço os fios acobreados para trás e empino o meu queixo, abrindo a porta em seguida e entro na sala atraindo a atenção do par de olhos escuros, que me encaram com confusão.                                                          _ Boa tarde senhor Cavanage! _ Digo com um tom sério e profissional. Ele ainda me olha, acompanhando os meus passos até que eu chegue do outro lado da minha mesa e me acomode em minha cadeira. _ Sente-se, por favor. _ Aponto educadamente a cadeira a frente da minha mesa.                                                                                                 _ Você está brincando comigo, não é? _ Indaga quase que com rispidez.

  "Acredite neném,  eu adoraria brincar com você."

 _ Porque acha que eu estou brincando com o senhor, senhor Cavanage?_ Inquiro fingindo inocência.  Ele abre um sorriso debochado e se senta bem na minha frente.

_ Porque você é a garota maluca que estava na recepção agora a pouco. _ Diz sério demais. Arqueio as sobrancelhas para o homem e penso...  Boquinha carnuda e atrevida, gosto disso.

_ Meu nome é Marina de Alencar. Sou a dona e administradora do pet. _ Agora ele arqueia as sobrancelhas e olha para trás, na direção da porta por onde entrou e depois para mim. É tão fofa essa confusão em seus olhos!

_ Você tem uma irmã gêmea?

_ Não, não tenho. Vamos ao que interessa senhor Cavanage. O senhor está aqui pela vaga de veterinário, não é?

_ Ah, sim. _ E mais uma vez ele olha confuso para a porta.

_ Há algum problema?

_ Ah, não.

_ Ótimo! Trouxe o  seu currículo?

_ Ah, sim. _ Sorrio.                   _ Você está bem?_ Insisto na pergunta.                            _ Ah, sim, eu estou bem.        Heitor parece finalmente deixar para trás toda a sua confusão e tira de dentro de uma pasta plástica um documento e me entrega. Eu finjo ler as letras cheias e em negrito, mas confesso que a brincadeira está tão boa, que eu mal consigo me concentrar na leitura. Vai ser maravilhoso tê-lo em meu quadro de funcionários. Heitor Cavanage,  isso promete.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo