Capítulo 5

Por Lilian Alcântara.

Malas prontas, passagens compradas, agora é só aguardar o serviço de quarto, avisar a chegada do meu táxi. Então eles pegam as minhas malas, que não são poucas, devido à quantidade de presentes que comprei e as roupas, e acessórios que eu posso precisar no Brasil. Pego meu celular e aviso o número do meu voo e a hora de chegada para minha mãe. A campainha toca e imediatamente eu sinto um frenesi dentro de mim. Caminho até ela e a abro para um jovem uniformizado, que tem um sorriso. Ele avisa que veio pegar minhas malas e eu concordo, e enquanto as põe em um carrinho, pego a minha bolsa, com os meus documentos e celular, e o acompanho para fora do apartamento, até o saguão luxuoso do hotel.

_ Olá, Mike, tudo bem? _ Cumprimento o gerente atrás do balcão.

_ Sim, senhorita Alcântara, em que posso ajudá-la?

_ Estou indo para o Brasil, vou passar alguns dias por lá. Por gentileza peça ao serviço de quarto que mantenha minhas correspondências em meu apartamento, quando eu voltar as coloco em dia _ peço e ele me sorrir.

_ Claro, senhorita, pode deixar que eu cuido de tudo, não se preocupe!

_ Obrigada, Mike! _ sibilo, acenando para o homem, com as pontas dos dedos.

_ Não há de que, senhorita! Tenha uma boa viagem! _ diz. Sigo pelo elegante hall  e entro no táxi que já me aguarde na frente. O motorista liga o carro, enquanto me acomodo no banco de trás com minha malinha de mão e ponho o cinto de segurança. O carro segue direto para o aeroporto e o meu coração dispara de nervosismo e de ansiedade.

Dentro do avião, ponho os fones no ouvido, para ouvir minha playlist relaxante durante o voo, pois a decolagem sempre me deixa nervosa, nessas horas procuro me desligar de tudo e nada melhor do que uma boa música! Serão horas confinada neste avião e para passar o tempo escuto minha playlist favorita, enquanto folheio algumas revistas, comendo uma maçã.

Quando chego ao Brasil, encontro minha família quase que inteira me esperando no grande salão do aeroporto, que está lotado, porém, essa grande família é o destaque do lugar. Minha mãe, dona Joana, meu pai, senhor Alberto, meu irmão, Luís e minha cunhada, Ana Júlia. Só as crianças não vieram. Sorrio amplamente, quando os vejo e corro para eles, largando o carrinho com as malas para trás, e sou recebida com beijos e abraços sufocantes de todos eles. Minutos depois, entramos no carro do meu irmão e vamos para mansão dos Alcântara; o lugar onde passei minha toda a minha  infância e parte da minha adolescência. Tive muitos momentos de muita felicidade naquele lugar. Luís dirige, enquanto sou abraçada o tempo todo por minha mãe e meu pai no banco traseiro e segundos depois, começam os interrogatórios.

_ Então Lilian, como é a sua vida em NY? E me fala sobre o seu trabalho. _ Luís pede, sem tirar sua atenção do trânsito.

_ Ah! Minha vida lá, é como a sua aqui, normal. Uma vida social totalmente tranquila. Eu me dedico ao meu trabalho, que, aliás respondendo a sua outra pergunta é maravilhosa! Amo o que faço meu irmão, você sabe.

_ E não pode fazer o que ama aqui no Brasil, filha, pertinho da gente?_ Papai pergunta.

_Sim, papai eu posso, mas também amo o hospital onde trabalho e tenho um círculo de amigos maravilhosos lá. Eu os amo de paixão, sem falar nos meus pacientes. Não posso simplesmente largar o tratamento deles e não estou pensando em voltar a morar aqui no Brasil nem tão cedo!

_ Que pena, maninha! Eu estava disposto a montar uma clínica aqui para você, mas não quero pressiona-la. Faça como quiser, o que te deixar feliz.

_ Obrigada, mano! Eu amo você, sabia? Prometo que quando eu estiver pronta para voltar a morar aqui no Brasil,  aviso pra vocês. _ Sorrio.

_ Como assim  quando estiver pronta para voltar ao Brasil, Lilian? Você nasceu e foi criada aqui, filha! Por que não estaria pronta? _ Minha mãe pergunta, quase que indignada. Eu penso na melhor resposta para lhe dá.

_ Porque não estou preparada para deixar meu emprego em NY, só por isso mamãe. _ Se ela soubesse os meus verdadeiros motivos. Beijo minha mãe no rosto e ela volta a me abraçar.

🖤🖤🖤🖤

Enfim chegamos a casa! E quando meus sobrinhos me veem,  é um Deus me acuda! Tem crianças para tudo que é lado da casa  e pulando em cima de mim, fazendo a maior festa!  Os filhos de Luís e os filhos de Marcos, gritam e falam em simultâneo. É um tal de tia para lá e para cá, que não sei quem eu atendo primeiro. Após estar bem instalada em meu antigo quarto, distribuo os presentes para todos, brinquedos e jogos para as crianças, perfume para a cunhada, gravata para o meu irmão e um cruzeiro marítimo para meus pais, meu presente de aniversário de casamento. Eles ficaram radiantes com seus presentes. No fim de tarde, mãe traz um lanche para sala; bolo de cenoura que eu amo, suco de laranja e café. As crianças brincam animadas no jardim, enquanto os adultos conversam amenidades na sala.

Passo o resto do dia dormindo, arrasada de cansaço, por conta do fuso horário. Apesar de toda essa agitação, tive um sono tranquilo e sem sonhos. Acordo encontrando o quarto completamente escuro. Acendo a luz do abajur, ao lado da cama e observo o cômodo em silêncio por alguns instantes. Olho para sua decoração, as cores claras nas paredes, para a penteadeira com sua base de ferro, retorcido e para alguns  pôsteres das minhas bandas favoritas expostos em um mural.  Meus olhos param no criado mudo, onde tem uma foto nossa, abraçados e sorrindo para a câmera. Era um dia especial e estávamos comemorando em um barzinho. Estávamos felizes, porque íamos juntos para a faculdade. Sento-me na cama, seguro o porta-retratos, o olho por mais alguns segundos e com um suspiro, ponho na gaveta do móvel. Saio da cama e sigo para uma janela, abrindo a cortina e olho admirada para o jardim, logo sou tomada por mais lembranças. É como se cada cantinho dessa casa passasse como um filme em minha cabeça. Luís, eu, e nossos amigos nos divertindo no lago em frente a mansão. Rio quando lembro das nossas brincadeiras na grama, correndo por todo lugar e imediatamente me sinto melancólica e um nó na garganta começa a  me sufocar.

_ É como diz a canção, um joelho ralado dói menos,  do que um coração partido _ sussurro, olhando para um pequeno pedaço de lua no céu. _ Por que nós temos que crescer e passar por essas coisas? _ pergunto me afastando da janela e vou tomar um banho frio, porque o contrário de NY,  aqui no Brasil faz um calor infernal. Quando termino, ponho um vestido leve e apenas uma rasteirinha, amarro meus cabelos em um rabo de cavalo e me reúno com a família na sala de jantar, onde há uma imensa mesa posta, e toda a família feliz reunida. Sorrio olhando para todos animados na mesa e me sinto em casa de novo!

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