Capítulo 4

Realmente não tenho para onde correr. Tenho que conversar com a Senhora Alcântara. Não sou obrigada a falar sobre a minha vida pessoal com ninguém, mas com ela... Ela me deu apoio, me deu um emprego, me ajudou e sempre, sempre me respeitou. Nunca exigiu conversar comigo, pois sabe que não sou de conversar. Ela só insiste em algo ou alguma coisa, quando senti que algo esta cheirando mal. E além do mais, essa conversa ja esta sendo mais que adiada. 

Fiquei em pé, enfrente a porta do quarto, pensando nisso tudo. Acabei de sair da reunião com os sócios da empresa e meu chefe ficou com eles comemorando mais um negócio bem sucedido e um acordo fechado. 

Eu preferiria mais uma reunião do que uma conversa pessoal. Pensei. Respirei fundo e bate na porta.

-  Entre Rebecca!  Ouvi a voz da Senhora Alcantara. Assim fiz, girei a maçaneta da porta e entrei. Ela estava sentada numa cadeira ao lado da mesa de chá. Ela ama beber chá enquanto conversa. 

- Sente-se querida. E me conte o que está acontecendo? Sei que tem algo de errado com você querida. Seu olhar está tão frio.  Sabe que pode contar comigo para o que for. Disse me servindo chá e me sorrindo com ternura. Ela sempre foi muito gentil.

- Senhora...

- Nada de senhora. Rebecca meu anjo, por favor é Helena.  Me cortou. 

- Desculpe... Helena a situação é bem complicada... Mas consigo tirar isso de letra... Disse tentando me mostrar forte, quando na verdade, eu estava devastada por dentro.

- Querida daqui não saí nada. Esqueceu que sou psicóloga? Posso não exercer a função mas ainda sou.  Disse me olhando.

- Esta bem... Vou ser sincera. Por favor,deixe eu falar tudo de uma vez,depois que eu terminar a senhora- Você... Pode me perguntar ou dizer alguma coisa. 

- Pode começar. Disse cruzando as pernas uma sobre a outra. Sua atenção estava 100% em mim. 

Contei tudo para ela. A senhora Alcântara conhecia meu ex marido. Quando ele me buscava na casa dos Alcântara e me levava para casa. Quando começei a trabalhar na empresa... Eles conheciam minha vida por fora. 

Quando terminei olhei para ela. Seus olhos estavam tristes e seu rosto molhado de lágrimas. Ela realmente sentia muito por mim.

-  Oh minha querida... Eu sinto muito.  Ela se levantou e me abraçou. Só agora eu percebi que tinha me levantado da cadeira. Senti uma onda quente sobre mim e comecei a chorar. Era um choro de soluçar,de fazer aquela careta horrorosa, da meleca escorrer e o gosto amargo da dor vir na boca. E ela continuou a me abraçar forte até que o choro foi diminuindo, aí sim ela me soltou. 

- Rebecca querida, eu realmente sinto muito por você e seu filho e sei também que é forte e essa dor vai passar. Você é jovem, inteligente e linda. Minha filha diria um mulherão da zorra se estivesse aqui. Levante a cabeça meu anjo. Enxugue as lágrimas, você pode o que quiser. E se prexisar de ajuda , não hesite em me chamar. Disse segurando minhas mãos. 

- Sim Senhora... Mas só vou pedir sua ajuda como último recurso.

Disse limpando as lágrimas do rosto.

- Esta bem querida. MINHA NOSSA... VAMOS NOS ATRASAR PARA A DESPEDIDA DE SOLTEIRA DA MINHA FILHA. vamos... Vai se arrumar te encontro daqui a ... 45 minutos.  

Disse olhando no relógio e indo em direção ao armário e pegando seu vestido. 

- Nem lembrei disso. Vou indo ah... E ... Obrigado por me ouvir e oferecer sua ajuda. 

- Querida você é como uma filha para mim e família é para o que der e vier. Disse sorrindo e com a mão em meu ombro. 

- Obrigado senhora... Quer dizer Helena. Até mais. Abri a porta e sai. 

Peguei o elevador e segui para meu quarto. 

Saio do banho e vou em direção ao armário pegar alguma roupa que me sirva. 

Olhei tudo... Tinha calça social, blusa de manga, camisa, camiseta, um short, uma saia social preta, uma blusa de renda, um vestido de alça vermelho bordo, um vestido de renda, um vestido básico preto e vestido formal também preto. 

Legal... Eu não escolhi nenhuma roupa adequada para ir a uma despedida. Quer saber... Dane- se. Vou de básico e compenso com acessórios. Arrumei meus cachos e deixei secar naturalmente enquanto eu me hidratava. Peguei um par de salto alto Preto e os coloquei em cima da cama. Dei aquele up nos olhos e deixei uma corzinha meio avermelhado na boca. Eu amo meus olhos verdes. Agora era a hora de vestir o vestido. 

- Não sei você mas eu fui com sua cara, vamos só melhorar um pouquinho isso ok vestido? Disse encarando o vestido e na minha imaginação ele me encarava devolta. 

-  Ok sou maluca... Agora falo sozinha. 

Me vesti e me olhei no espelho. 

Uau... Estava uma gata. Só faltava o rabo. Kkkk 

Desabafar com quem confio me fez bem. Estou mais leve. 

Olhei mais um pouco e olhei para o meu dedo anelar... Lembrei do anel e de Pedro... Foi golpe baixo. Cretino. Acho que até o verdadeiro cretino ficaria insultado ao ouvir chamar ele disso. Afinal um cretino deve ter mais carater que Pedro... Queria casamento e fez uma pachorra dessas? Não... Não vou chorar denovo. Afinal quem perdeu foi ele. Não pedi nada na minha vida, o que foi embora é porque nunca foi meu. Não era pra ser. 

Coloquei meus brincos, colar e pulseira. Arrumei minha bolsinha com o celular e saí. Faltava 10 minutos então fui para o bar a espera da Senhora Alcântara. 

Ela ja estava pronta com sua filha ao lado. 

- Beccaaaaa! Menina que isso! Um mulherão da poha! Disse animada e com um sorriso enorme no rosto. 

- Obrigado Lizzy! Você esta linda! Senhora Al... Quer dizer Helena você também está linda! Disse sorrindo para ambas.

- Obrigado querida! Agora vamos que o carro chegou. Disse indo em direção ao carro.

- Hoje a noite promete.... Pra você Becca! Disse piscando pra mim. 

Mal sabia ela que eu ia encher o coquinho e voltar feliz pra casa. Afinal de contas não teria ninguém que me chamaria a atenção. 

Inocente era eu! Eu imaginava uma boate que deixa a gente cego ,surdo e suado por causa da musoca contagiante, mas isso... Puta merda.... Estou surpresa! Realmente surpresa. 

É um Club de striptise. Tinha homens por toda parte. E não homens vestidos normalmente... Estavam de cueca e gravata! Barriga tanquinho e todos brilhavam. Com certeza passaram óleo de bebê.  Pensei e ri. A música estava alta e uma apresentação de strip no palco acontecendo. Quando um striper viu Lizzy apontou pra ela e a chamou.

- agora é sua vez de comemorar noivinha... Vem com sua amiguinha curti uma musiquinha. Disse todo sexy.

- Lizzy filha... Não acha que estou velha pra isso? Disse agarrada ao braço da filha.

- Ah mãe... Sei que você ama o papai e sei também que não é traição achar o outro bonito. Agora vamos. Se divirta. E você Becca... Vem comigo.

Disse pegando minha mão e me arrastando com ela em direção ao palco. 

- Canta comigo comigo Becca! Disse Lizzy subindo no palco com a ajuda de um loiro sarado sorridente. 

A senhora Alcântara ficou sentada na mesa rindo de mim que iria pagar o maior mico. 

Faz anos e muitos anos que não canto. Nem debaixo do chuveiro.

- Senhoras e senhores... Vou me casar amanhã com o amor da minha vida... Mas antes disso... Vamos mostrar o que é sensualizar...  Ela olhou pra mim e me chamou. Um moreno alto e forte, lindo de morrer me pegou pela cintura e me colocou no palco. 

- Arrase gata... Me deu uma piscadela safada.

Fudeu. Eu estava vermelha de vergonha. Odeio multidões e odeio mais ainda quando eu sou o centro das atenções. Olhei para o lado e vi um rapaz servindo uma dose de vodka. 

- Ei... Psiu! Gatinho me dê uma dose de coragem. Ele sorriu e me deu uma dose. Não contente, peguei a garrafa. 

- Valeu gatinho! Joguei um beijo pra ele e ele piscou de volta. 

Dei uma golada grande e respirei fundo.

- Vambora Lizzy. Disse sorrindo e olhando pra ela.

Soltei a voz com Lizzy cantando Uptown funk. Os dançarinos dançando sem camisa enlouquecendo a mulherada ( os homens também) e nós duas seguindo o bonde. Todos dançando e bebendo. Quando a musica acaba, as luzes se apagam. 

- Que poha é essa? Disse baixinho.

- É hora do show. Ouvi uma voz grossa no meu ouvido e um par de mãos segurando minha cintura. 

Meu coração errou uma batida. Senti um perfume inebriante vindo desse homem que segurava minha cintura. Suas mãos eram quentes e fortes. Coloquei minha mão sobre a dele tentando sair. Mas ele segura minhas mãos. 

- Não adianta querer sair minha linda... Você não vai escapar de mim. Disse bem pertinho do meu ouvido. Senti seu hálito no meu ouvido e sua respiração pesada. 

Fiquei muda. Não consegui dizer uma só palavra. Meu coração estava acelerado e um frio no estômago. 

- Fique aqui. Disse e seu toque e perfume sumiram.

As luzes se acenderam. Fechei os olhos imediantamente devido a claridade. Mas logo fui abrindo devagar. A visão ia se adaptando quando vi um ruivo alto olhando pra mim. Nossa... Era de molhar a calcinha. Ele estava de terno todo formal. Ele estava sentado numa poltrona de couro preto, com pernas cruzadas olhando pra mim. Não era pra ninguém mais. Seu olhar não desviava a nenhum momento. 

Eu ainda estava com a garrafa na mão, levei a garrafa a boca e bebi. Nossos olhares ainda conectados. Vi o umidecer os lábios e sua pupila dilatar. Ainda bebendo da garrafa um pouco escorre pelo conto da minha boca e limpo. Eu não sentia mais o gosto da bebida.  Mas não queria ficar sobre o poder dele. Então falar e sair daqui era uma otima ideia. 

- Comece o show ruivo. Disse descendo do palco. 

Ele se levantou e estalou os dedos. Ainda olhando pra mim uma música começou. Uma musica sensual bem conhecida só não me lembrava o nome. Ele estalou duas vezes e apareceu um parrudo loiro me pagando no coloco e me colocando em cima do palco. O ruivo ainda me olhando tirou a gravata e colocou em mim. 

- Você é linda... Disse umidecendo os labios denovo.

Morri meus lábios de nervoso e excitação. Ele me pegou no colo e entrelaçei minhas pernas na sua cintura. Ele caminhou comigo ate a poltrona. Me sentou nela e se afastou. 

- Aprecie o que é seu minha linda. Disse pra mim e mordeu o lábio inferior. 

A música ficou mais alta e ele começou a dançar. Sério... Ele estava fazendo um strip pra mim.  Fiquei hipnotizada seguindo seus movimentos lentos e rápidos. Observando cada peça de roupa que tirava e jogava pra mim. O show era pra mim. Mas... Eu não sou a noiva. Será que ele se confundiu? 

A música foi acabando e ele foi dançando mais para perto de mim ate parar sentado no meu colo. Seu corpo brilhava a suor,seu perfume era viciante e amadeirado. Observei todo seu abdômen e senti vontade de beijar, mordiscar e lamber da gominho. Ele segurou meu queixo com delicadeza e ergueu meu rosto. Me perdi naquele azul profundo. Ele tinha um rosto perfeito e sem barba. Agora eu percebi seu cabelo estava amarrado. 

- Como eu queria ser o seu futuro marido minha linda... Com certeza eu sou melhor que ele. Me dê uma chance, somente essa noite minha linda? Disse me encarando e falando baixo, o suficiente para eu ouvir.

- Eu na.... 

- Vai Becca! Beija ele logo! Lizzy gritou da mesa. 

- Becca? Então... Você não é a noiva? Disse surpreso.

- Não. A noiva está ali se divertindo com minha cara. Apontei e dei uma risadinha nervosa. 

Ele olhou e sorriu. 

- Melhor ainda... Disse segurando meu rosto e me dando um beijo. Uau! Que beijo! Senti tudo que um livro de romance descreve. Era choque, borboletas no estômago e um calor tão grande que eu achei que fosse queimar. 

Interrompi o beijo devagar.  

- Melhor ainda... Por que? Disse curtindo o momento.

- porquê serei eu seu futuro marido. Disse sorrindo safado.

Me levantei e ele saiu do meu colo. 

- Não será não. Nunca vou me casar. Vida de solteira é mil vezes melhor. Se quiser algo casual me encontrei aqui... Peguei um cartão no meu bolso e dei a ele. 

- Mas é só uma noite. Frizei e sai do palco. 

Oa dançarinos ainda estavam dançando quando desci do palco. 

Nada garantido mas preciso beber um cerveja pra apagar esse fogo. 

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