Capítulo 2 - A decolagem rumo a Sydney

Juliana Mazato sentia como se aquele dia não fosse real. Não estava acreditando no que estava acontecendo. Ela caminhava rumo ao avião puxando sua bagagem; olhava para trás e seus pais ainda estavam a acenar. De longe, ela só conseguia retribuir com um meio sorriso. Seu coração palpitava freneticamente. Ficou olhando em volta, parecendo estar procurando alguma porta de saída escondida naquele hangar para que ela pudesse fugir. Não suportou sofrer sozinha e postou sua indignação em sua rede social. Logo iria passar pelo detector de metais e saberia que chegando ali, não haveria mais jeito. Ela teria que entrar de qualquer maneira naquele avião.

Momentos depois, Juliana foi se conformando com a situação. Pegou na bagagem de mão o seu fone de ouvido, enquanto despachava a bagagem maior. Apertou então o passo para acompanhar os outros passageiros. O clima começou a ficar frio e ela vestiu o capuz do seu casaco.

Finalmente, ela conseguia enxergar as escadas de acesso ao avião. Não era possível mais avistar os seus pais, provavelmente já tinham ido embora, devido à sua infinidade de compromissos. Juliana sentiu-se como se estivesse indo a um matadouro. A cada passo que dava, sua agonia se intensificava.

Após subir a escada de embarque, Juliana entrou apressada na aeronave. A aeromoça a saudou:

- Muito bom dia!

Juliana sequer respondeu. Passou direto pela aeromoça, fingindo não estar ouvindo nada, a não ser a música em seus fones se ouvido. A aeromoça, sem desmanchar o sorriso, continuou:

- Tenha uma boa viagem!

Ainda ignorando a aeromoça e torcendo os lábios, Juliana pensou: "Só se for uma boa viagem pra você!"

Em meio a toda aquela frustração, algo parecia estar trazendo um pingo de sorte a Juliana: a passagem estava reservada para uma poltrona dupla, mais precisamente na janela. Ela sempre desejou viajar próximo à janela, pois gostava de ver as cidades parecendo miniatura. Era uma das únicas coisas que ela guardava de sua infância. No entanto, a nostalgia durou apenas alguns instantes. Pouco depois de Juliana se sentar, ela pegou seu celular e aumentou o volume do heavy metal que estava ouvindo. Estava quase cochilando quando sentiu sua poltrona balançar: um homem, de aproximadamente quarenta anos, árabe e de expressão severa sentou-se ao lado da jovem. Ele meneou com a cabeça na intenção de cumprimenta-la, mas ela preferiu fingir que não tinha entendido e aumentou mais ainda o volume dos seus fones de ouvido.

Dez minutos depois, a ordem de afivelar os cintos é dada, o que significava que estava próximo o horário de partida. Os últimos passageiros chegavam e se acomodaram. Juliana pensou em fugir da aeronave por pelo menos três vezes. Alguns momentos depois, ela viu que já era tarde, não havia mais o que fazer a não ser se conformar e aproveitar o voo.

"Meu Deus, o que estou fazendo aqui, sozinha?", pensou enquanto o grande concorde para Sidney começava a sair do chão.

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