Capítulo 2 – Abrindo os olhos

Renato

Ando mais um pouco e entro na próxima loja, não consegui encontrar nada que se pareça com ela tenho que confessar que não sou muito bom para presentes, mas faz muito tempo que não a vejo, sinto-me na obrigação de levar algo.

Estou em uma loja onde tem produtos diversos, coisas para sala, cozinha, ursinhos, mas não quero algo assim. Preciso de uma coisa que seja apenas dela e não de utilidade de todos e vamos combinar que ursinhos de pelúcia não é algo que ela gostaria de ganhar.

Nunca foi tão difícil para mim comprar presente para uma mulher, mas admito que ninguém me confundi tanto quanto ela. Entro em uma livraria mesmo sabendo que não seria um de seus presentes preferidos, mas estou aqui por outra mulher.

Tem uma que esta perturbando tudo o que eu havia arrumado dentro de mim, sinto a confusão formando-se em meu estômago, não é o melhor momento, mas já não controlo isso faz alguns dias.

Observo os títulos e a imagino aqui consigo ver o brilho em seus olhos por poder observar e isso me faz rir. Um livro me chama atenção, é um suspense romântico pelo menos ele se descreve assim, não resisto e o compro, usarei este livro para me recordar ainda mais dela, quem sabe logo possamos fazer as passes.

Saio da livraria ainda sorrindo, mas mudo quando percebo que não comprei o presente a que vim procurar. Resolvo ver algumas roupas entro em diversas lojas e nada parece me lembrar dela, decido ir comer algo antes de voltar a caminhar.

Escolho um bom lugar para almoçar de acordo com as opções da praça de alimentação, aguardo mais de meia hora até que finalmente fica pronto quando termino de comer permito-me continuar sentado, encaro a tela do meu celular onde a foto dela parece gritar para mim.

Não sei se mando mensagem ou se apenas passo mais um dia sem saber como que esta, porém sei que as mensagens não fazem com que eu obtenha sucesso em saber se esta bem, essa situação fica cada vez mais difícil.

Volto a caminhar, passo por uma feira onde vejo diversos produtos, tem coisas para mulheres, criança, animais... Fico encantado com as pimentas e os doces compro alguns e continuo o meu percurso, ainda sem sucesso nenhum.

O shopping é muito grande e as opções diversas não permitem que eu fique completamente entediado, passo por algumas lojas onde pessoas carismáticas me convidam para entrar e conhecer seus produtos e eu com o mesmo carisma agradeço e continuo o meu trajeto.

Encontro uma loja de joias e sinto que estou finalmente no lugar certo, entro e observo cada bijuteria tentando visualizá-la aqui e sei que ela amaria qualquer coisa que eu comprasse.

Vejo um colar prata lindo, ele possui um pequeno coração e uma corrente fina, uma pulseira de corações o acompanha e quando o meu olhar o analisa eu sei que encontrei o que preciso.

A vendedora me atende com uma simpatia que me impressiona, ela esta realmente com um humor encantador. Peço que coloque tudo em caixas para presente e assim ela o faz, saio satisfeito pensando que agora posso retornar para casa, pois finalmente encontrei o que é perfeito para ela.

Sei que merece muito mais do que tudo o que já fiz, mas fico contente por poder voltar e agradá-la de alguma maneira, apesar de ficar por tanto tempo longe.

Pago o estacionamento e vou para casa, estou ansioso por um banho quero aproveitar este tempo, preciso relaxar, afinal a viagem será longa, mais do que eu realmente desejo.

Quando estou chegando próximo ao prédio em que moro avisto uma vizinha muito conhecida, ela chora desesperadamente, paro o carro de imediato.

— O que houve? – Indago preocupado.

— Ele bebeu de novo e... – Diz Liz chorando.

Liz é filha de um grande amigo meu, ela tem quinze anos e sua mãe os abandonou faz seis anos, desde então ela precisa conviver com o alcoolismo do pai, sempre a ajudo quando posso.

— Calma Liz, vai para minha casa eu irei falar com ele. – Digo e lhe entrego a chave de minha casa, ela assente e vai, sigo preocupado para encontrar o meu amigo.

Entro na casa dele sem bater já que a porta esta aberta, vejo que algumas coisas foram quebradas, para ser honesto muitas coisas estão destruídas. Lembro-me de Liz e sinto o meu coração acelerar, ela é apenas uma menina.

Passo pela sala sentindo o meu estômago se revirar, não entendo por que ele faz isso com ela, deveria pelo menos se importar com a filha e parar de beber, mas isso nunca acontece.

Vou para a cozinha e vejo que o estrago é ainda maior, mas não o encontro. Já sei onde esta e não me surpreendo quando o visualizo onde pensei, o vejo sentado no chão do banheiro chorando como uma criança.

Fico de pé olhando-o até que finalmente ele levanta a cabeça. Seus olhos vermelhos entregam que cometeu o maior erro de sua vida.

— Eu não posso ser o pai dela Renato. – Afirma olhando para mim.

— Você é o pai dela, sobre o que esta falando? – Indago confuso.

— Não sou, hoje eu quase... Eu não me perdoaria nunca, só parei porque ela me bateu. – Informa e me mostra o corte profundo no rosto, não sei como ela fez isso, mas estou orgulhoso.

— Como teve coragem, ela é a sua filha. – Grito querendo que ele entenda isso.

— Eu perdi o controle. Não posso ser o pai dela. – Exclama e volta a chorar.

Saio do banheiro, pois quero matá-lo, porém farei mais do que isso. Vou para o quarto de Liz e pego algumas coisas importantes, coloco-as em algumas mochilas e levo tudo para o quarto.

Ligo para minha irmã e explico o que houve, ela também é amiga deles há muito tempo, acredito que seja por este motivo que aceita rapidamente o que propus. Vou até a porta do banheiro, mas não entro. Não quero me aproximar, se fizer isso o matarei sem pensar.

— Ela vai para a casa da minha irmã. Já peguei suas coisas, somente as mais importantes e as coloquei no carro. – Informo sem encará-lo, quando começo a sair penso que tem algo mais importante que não disse, aproveito essa oportunidade. — Se tentar aproximação, se procurá-la eu o colocarei na cadeia. – Afirmo e saio.

Vou rapidamente para minha casa, não sei o que pensar sobre isso. Tive que ser muito forte para deixá-lo vivo, preciso cuidar disso agora. Meu coração esta disparado não sei como me controlar, mas preciso... Necessito ser forte pela Liz.

Entro no apartamento e a vejo no sofá. Ela esta sentada e abraçada aos seus joelhos seu choro é silencioso e muito triste. A observo sem dizer uma palavra, seus olhos me encaram não lhe digo que sei o que aconteceu, ela percebe isso em meus olhos e chora ainda mais.

— Por que tio? O que eu fiz? – Pergunta entre os soluços.

Eu me aproximo e sento ao seu lado, ela me abraça forte e eu acaricio os seus cabelos.

— Você não fez nada Liz, os erros são deles e não seus. A tia Lana vai cuidar de você. Nós a amamos muito. – Digo tentando acalmá-la.

— Se os meus pais não me amam porque acha que vocês podem me amar? – Indaga.

O silêncio toma conta de mim, não sei o que dizer sobre isso. Não posso negar ou confirmar o que ela disse, isso não cabe a mim. Sinto tanto medo que não controlo a emoção em minha voz.

— Não posso falar por eles Liz, mas sei o que sinto e você é a filha que nunca tive e é muito importante para Lana também. Iremos provar isso a cada dia e você não vai sofrer assim de novo. Eu prometo. – Afirmo e sinto que chora ainda mais.

Não sei como conformá-la, mas irei fazer com que ela viva como uma adolescente que pode escolher e que tenha o direito de ser feliz, ela não vai passar por tais coisas novamente.

Quando começa a anoitecer levo-a para a casa de minha irmã fica apenas à uma hora da minha, quando chegamos ela vai tomar banho e dormir, converso com Lana e me comprometo a fazer o que estiver ao meu alcance para que Liz seja feliz.

O novo surge dentro do velho, mas eu precisava desse choque para ver a realidade.

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