O que vou fazer quando completar 15 anos?

Ano de 2450

O som irritante do despertador insistia em tentar me acordar já que estava deitado – maldita seja esta função do celular. Estourava-me os tímpanos pois eu me encontrava deitado e descansando, já havia acordado há algum tempo e não estava nem um pouco afim de se levantar, contudo, o fato do celular continuar vibrando e tocando uma música qualquer (porém, suficientemente irritante) me fez aceitar que já estava na hora de se levantar.

Abri meus os olhos azuis, semelhantes às safiras bem lapidadas e polidas. Os meus cabelos negros estavam bagunçados, ainda estava no início de sua juventude, tinha apenas catorze anos nas costas.

Enfim me dirigi ao banheiro, jogando um pouco de água no rosto para logo escovar os dentes, então voltando para o quarto, em um processo monótono de vestir o uniforme – a camisa branca com um escudo azul no peito (o brasão da escola), uma calça jeans e meus tênis (de uma marca da minha preferência, Adidas, no caso).

E assim, eu estava mais do que pronto para aguentar mais um dia de minha monótona rotina.

No caminho até a cozinha pude sentir o cheiro doce do café que só Agnes, minha querida mãe, tinha o dom de preparar – um café mais que delicioso, na minha opinião.

— Jukhen, querido, bom dia! — falou Agnes, uma mulher de longos cabelos castanhos, pele clara e olhos verdes escuros.

Foi com um sorriso (doce como o café) nos lábios que ela me serviu uma xícara apenas retribui bebericando a bebida fumegante.

— Bom dia, família — disse meu pai assim que chegou ao cômodo tentando arrumar sua gravata ao se sentar para tomar o café.

Seus cabelos eram negros, iguais aos meus, os olhos cor de ônix e tinha um porte alto e forte. Jin Silverheart era seu nome, um empresário bem sucedido, um homem preocupado com o bem de sua família.

— Bom dia querido! — saudou-o Agnes, ainda sorrindo, enquanto terminava de aprontar o desjejum.

— E então, Jukhen, como anda a escola?

— Pai, continua a mesma coisa de sempre — disse rapidamente, enquanto esvaziava a xícara, para logo me levantar, dando um beijo rápido na mãe e se despedindo. — Estou indo, até mais tarde!

Peguei a mochila, que minha mãe sempre deixava no sofá, jogando-a por sobre o ombro, a ajeitando nas costas ao sair apressado, em disparada, rumo ao colégio.

Depois de muito correr, atravessando algumas ruas, improvisando atalhos, avistei, mais a frente, um garoto com o cabelo preso em um rabo de cavalo e apressei o passo, alcançando-o a tempo de desferir um belo e certeiro tapa em sua nuca, vendo-o soltar um grito e se queixar pela dor.

— Maldito! — resmungou irritado, me encarando.

— Relaxa, Kazuya. Hoje é quarta, cara, deveria estar mais calmo — respondi me divertindo ao ver a expressão de meu melhor amigo se fechar ainda mais.

Kazuya Kazami. Ele tinha olhos exóticos, vermelhos como o sangue, muitos tinham medo por causa disso, diziam que ele lembrava um demônio, por isso eram poucos os que se aproximavam dele

Eu era um desses poucos, podíamos sempre discutir por algum assunto completamente trivial mas éramos amigos de verdade, sempre nos ajudando quando um precisa.

— Mas então, e a baixinha? — perguntei lançando um sorriso malicioso para Kazuya, satisfeito ao ver, de imediato, suas bochechas se avermelharem.

— Entre a Alice e eu não há nada, seu insistente — retrucou revirando os olhos.

— Okay, não está mais aqui quem falou.

Conversando e rindo, chegamos ao colégio, e assim que entramos no prédio subimos tediosamente as escadas, até chegarmos na sala de aula e nos acomodamos em nossos respectivos lugares um do lado do outro.

Após algum tempo, duas garotas chegam à sala, uma era Alice Irecaelum e a outra sua irmã mais velha, Íris Irecaelum, sendo esta a mais alta.

Íris tinha os cabelos longos e ruivos, os olhos cor de mel, sardas charmosas nas bochechas, possuía em torno de um 1,70 de altura e usava roupas chamativas. Já Alice se diferenciava por prender os cabelos longos em tranças, a estatura era outra distinção, ao contrário da mais velha, ela sua altura era de 1,65 a mais baixinha da turma e seus olhos possuíam um tom de verde claro.

— Olha aí, cara, você fala de mim, mas ainda é loucamente apaixonado por ela, não é? — Kazuya retrucou me acertando uma cotovelada

Desta vez eu não tinha o que dizer, era a mais pura verdade.

Quanto tempo fazia mesmo que era apaixonado por Íris? Desde criança, acreditava, contudo, não passava de um amor platônico, tendo em conta que a garota sabia de meus sentimentos e, mesmo assim, desprezava-os. Afinal, ela já tinha Drake Scorpion, jogador titular do time de futebol do colégio.

Saindo de meus devaneios – optei por cumprimentá-las como costumeiramente, sorrindo.

 — Bom dia meninas! — disse acenando para elas, que prontamente retribuem, sentando perto de nós.

— Essa quarta promete, hein! — Íris diz, me intrigando, o que tinha de tão especial nesse dia?

— Por qual motivo? — questionei curioso, olhando fixamente para aqueles olhos cor de mel que tanto me atraíam.

Era impressão minha ou havia um brilho estranho naquele olhar?

— Não sabem? Drake irá me pedir em namoro! — Ela disse com um sorriso.

— Já era hora, hein? — Alice se pronuncia, logo recebendo um olhar enraivecido da irmã mais velha.

— Você deveria parar de me encher, maninha, e parar de fingir o que sente pelo rockeiro ali do lado — disse apontando para Kazuya, este, alheio as indiretas, prestava atenção em outra coisa no caso um passarinho pendurado em um galho do lado de fora.

— Falando nisso Jukhen, seu aniversário é na sexta, correto? — Alice lembrou, com um sorriso brincalhão nos lábios ao saber que teria uma festa vindo por perto.

Ela realmente, amava festas, já suspeitava que se imaginava desfrutando de todas as delícias oferecidas naquele evento (mesmo que ainda não houvesse nada confirmado).

— É, finalmente, 15 anos. — respondi dando de ombros.

— Aí, galera, o Jukhen faz aniversário nesta sexta! Tragam os ovos!. — Minha “paixão platônica” berrou fazendo os outros alunos gritarem em provação, me deixando irritado e arrancando risadas de Alice e Kazuya, devido à situação.

— Íris... você me paga! — ralhei, fitando minha amiga de infância me enviar uma piscadela, tendo como resposta imediata o corar das bochechas acompanhado de um desvio rápido de olhar, ela ainda lhe despertava tantos efeitos e não era para menos, foi a primeira garota que eu amei, era difícil disfarçar o que sentia, ainda mais nessa idade em que os sentimentos, as sensações, pareciam explosões (sem qualquer controle).

           

Já havia passado um tempo desde que as aulas haviam começado suspirei entediado, seria melhor que as aulas acabassem logo, pois não importava quantos anos se passassem, nunca iria entender porquê matemática era tão chata.

Ô matéria irritante!

Sem contar a História; tá certo que existem Troublemakers no caso era o nome dado para pessoas que conseguiam liberar a energia espiritual de seus corpos mas eles viviam tão distantes da capital – apenas alguns mestiços viviam ali – então por que exatamente eu era obrigado a estudar o passado deles?

Não ligava nem um pouco para os Troublemakers, era legal ter poderes? Sim, admitia que me parecia BEM maneiro, entretanto, as leis da capital, em hipótese alguma, permitiam o uso de poderes, logo, não adiantaria nada tê-los.

Ainda sim, era obrigatório que cada indivíduo soubesse "tim-tim por tim-tim" da história deles, talvez fosse uma tentativa de combater um mal muito comum, o preconceito. Tá aí, outra coisa completamente sem sentido, afinal, todos são feitos de carne, possuem pés, narizes, bocas, pernas, braços, respiram e pensam... sentem, portanto, todos são seres humanos também. Mas esse é um assunto complexo demais, a raiz desse preconceito é mais velha do que a própria discussão, ainda mais por se tratar de Diamond Town – a única cidade do país onde existiam apenas humanos, já que era uma cidade selada por anciões, poucos conseguiram a proeza de liberar seus poderes estando ali. Já em outras cidades, não era raro, a quantidade expressiva de habitantes (na maioria das cidades, cerca de 95% da população) era constituída por "heróis'', agentes do governo ou cavaleiros. E mesmo assim, era vergonhosa a forma como eles se tratavam, era como se fossem totalmente estranhos, a indiferença como cumprimento, a arrogância em cada fala, o nojo por cada esbarrar de ombros... a cidadania se confundia com o nazismo.

Com o fim do primeiro período das aulas, os alunos saíram para o intervalo.

Eu comia um salgado frito (recheado de presunto e queijo) enquanto observava Kazuya e Alice discutirem sobre algo que eu não fazia muita questão em entender mesmo que nós três fossemos ótimos amigos, que sempre me acompanhassem, conversando sobre assuntos diversos, às vezes me se sentia meio deslocado.

Kazuya e Alice realmente se davam bem, sempre me surpreendiam com os assuntos debatidos entre aqueles dois, tanto que até não conseguia acompanhar o papo e sem muitas opções, me contentava em ficar quieto, apenas interagindo quando ouvia meu nome em meio a conversa. Assim, não era incomum me flagrar divagando sobre assuntos não tão comentados com os colegas. Um desses assuntos que ultimamente rondava a minha mente se inferia à um futuro próximo, "o que farei após completar meus quinze anos?".

Quando ouvi o sinal bater, andei calmamente junto de meus amigos até a sala.

Íris, já estava ali presente, sentada na última mesa da fileira da porta, aparentava estar chateada.

— Aconteceu alguma coisa? — questionei enquanto fitava-a, Íris apenas riu baixo, limpando as lágrimas com as costas da mão.

— As vezes eu me decepciono com o Drake, sabe? — Uma pausa. — Esse tipo de coisa acontece — disse me fazendo dar de ombros; se era normal aquilo entre eles, apenas deveria ser ignorado afinal não era a primeira vez que isso acontecia e com toda a certeza não seria a última vez e não adiantava opinar, pois ela não aceitava.

Depois de mais algumas aulas, finalmente era a hora de ir embora nós três seguimos para casa pelo mesmo caminho que sempre fazíamos.

— Finalmente a aula acabou! — Kazuya exclamou espreguiçando-se.

— Exagerado — riu a mais baixa. — Mas, e aí, o que vocês dois pretendem fazer agora? — perguntei.

— Biblioteca. — Alice se pronunciou direcionando o olhar para Kazuya, fazendo-o bufar irritado.

— Ali... — Ele suplicou, apelando para o apelido carinhoso para ver se ela dava alguma folga para o mesmo.

Alice sorriu ao ouvir o apelido; arrumando os cabelos, ela disse com humor nítido, arrancando uma risada de meus lábios:

— Você me prometeu, Kazu.

— Seja homem e cumpra sua promessa! — acrescentei enquanto apontava para a ruiva.

— Jukhen, seu traidor, você deveria agir como meu melhor amigo e não apoiar ela. — Kazuya disse irritado revirei os olhos com a acusação dando de ombros.

— Eu não mandei você prometer algo para depois não cumprir — disse pegando meu celular do bolso e respondendo as mensagens de alguns colegas de sala que se perguntavam sobre o assunto da matéria de português.

— A propósito... o que aconteceu com a Íris? — Kazuya questionou , parando de andar, esperando Alice dizer algo, a garota apenas suspirou.

— Ah, esqueçam minha irmã. Ela sempre escolhe o cara errado pra se relacionar, não é a toa que vivem brigando. — Alice disse dando de ombros como se não se importasse nem um pouco.

— Tudo bem você ir embora sozinho? — Os olhos verdes me encararam com preocupação e eu apenas sorri dando alguns passos e seguindo em frente apenas dando um simples tchau com a mão esquerda.

Aqueles dois achavam que me enganavam, eles sentiam algo um pelo outro, só para aqueles lerdos a ficha ainda não havia caído, mas sem dúvidas nenhuma logo estariam namorando e era nessas horas que eu me perguntava quando iria chegar a minha vez, claro já estava apaixonado por alguém mas já havia sido rejeitado por essa garota, e eu não era uma pessoa de insistir, ela havia deixado bem claro que éramos apenas amigos

Nunca fui bom com garotas, essa era a verdade, nunca tinha assunto e não era fisicamente atrativo, mas eu bem que queria me apaixonar por alguém e que esse alguém sentisse o mesmo, pena que isso nunca iria acontecer, talvez em meus sonhos quem sabe?

Dei uma leve risada com esse pensamento neegtivo empurrando a porta de casa ao chegar. Estava sozinho em casa como sempre, já que meu pai era empresário e minha mãe veterinária. 

Subi as escadas adentrando meu quarto acendendo a luz, caminhei em direção a cama me deitando e em seguida pegando um gibi, comecei a ler prestando atenção na história, era um gibi aleatório nem sabia quem era o tal "segurança do destino" mas não ligava, enquanto olhava para o nada, percebi que a lâmpada havia começado a piscar várias vezes até que simplesmente se apagou. 

Me levantei suspirando, ou ela havia queimado ou algum idiota devia ter batido o carro em um poste. Andei em passos lentos em direção a porta da casa, olhando para os lados, para conferir se de fato tinham acertado o poste que estaria perto de casa, do lado esquerdo apenas carros passavam, no lado direito só conseguia enxergar uma adorável velhinha cuidando de seu jardim.

Voltei para dentro de casa andando em direção a cozinha, para verificar se havia energia, ao chegar lá percebi que não era apenas em meu quarto mas a cozinha também estava sem energia, logo a casa toda.

Olhei a caixa de energia e para a minha surpresa estava ligada, o que me intrigou.

— Hein? Como é que está ligada, sendo que nada está funcionando? — murmurei andando até o interruptor de luz e o apertando enquanto olhava a lâmpada que continuava apagada, soltei um suspiro desanimado e sai da cozinha, ao sair a lâmpada piscou iluminando o cômodo, estava acesa. 

Segui meu caminho em direção ao quarto e para a minha surpresa a luz da sala agora estava ligada, soltei um resmungo irritado e subi as escadas chegando a entrada do quarto e percebi que a luz dali também estava acesa.

— Ah... mano estão de zueira com a minha cara — bufei a apagando e me deitando na cama, peguei o celular e os fones de ouvido os colocando na orelha, abrindo minha playlist e as deixando tocar, só para me distrair.

Relaxei o corpo e deixando as músicas o levarem para o mundo do sono, depois de certo tempo acabei acordando, percebendo que já eram oito horas da noite, me espreguicei e logo me levantei, saí do quarto e fui em direção as escadas, podia ouvir a voz adorável de minha mãe cantarolando enquanto cozinhava, um sorriso nasceu em meus lábios ao escutar a música que ela adorava cantar, sonhava desde jovem em ser cantora o que acabou sendo frustrada por causa de não ser uma carreira que dava muito dinheiro se não fosse famosa, e por isso optou por algo mais pé no chão como cursar medicina veterinária.

 Assim que pisei o pé na cozinha, a luz se apagou de repente, assustando ambos. 

— O que aconteceu? — questionou a mulher assustada.

— Droga, de novo? — resmunguei olhando irritado para a lâmpada que logo acendeu, minha mãe sorriu calma e voltou a mexer em sua comida.

— Deve ter sido apenas um probleminha nela querido. Poderia me fazer um favorzinho? — pediu-me olhando atentamente.

— Sim?

— Poderia ir buscar um pouco de açúcar mascavo na casa de Emilly? — diz ela, me fazendo  confirmar.

Emilly Irecaelum era a mãe de Íris e Alice, elas moravam três casas a partir da próxima rua, suspirei pegando o pote das mãos dela e andei calmamente para fora da cozinha abrindo a porta da sala, saí de casa e tracei rumo pela calçada até chegar na casa da família Irecaelum

Apertei a campainha algumas vezes e logo a porta foi aberta, a visão que tive a partir daqueles segundos quase parou meu coração.

Íris estava vestindo uma camisa larga com estampa de uma estrela, seus ombros estavam desnudos mostrando a pele alva e usava um short jeans que realçava suas pernas nos pés e calçava chinelos coloridos.

— Ah... — Íris disse surpresa ao me ver, mas logo depois sorriu. — Boa noite Ju, precisa de algo? — indagou sorrindo maliciosamente me fazendo corar.

— N-n-não... só vim pegar o açúcar mascavo que minha mãe pediu — disse em meio a gagueira, me frustrando, já devia superar como falar com ela mas não era nem um pouco fácil.

Ela sorriu roubando o pote de minhas mãos entrando em sua casa, depois de alguns minutos ela voltou com o pote cheio de açúcar e me entregou.

 — Aqui está.

— Valeu — respondi em meio a um sorriso, ela retribuiu o que novamente me constrangeu imediatamente, me virei para ir embora quando a própria me puxou pela manga da camisa me fazendo virar quase derrubando o pote a olhando confuso.

— Você ainda não trocou a camisa da escola ? — questionou com um sorriso divertido nos lábios.

 — Pois é... — confirmei sentindo seu rosto esquentar ao olhá-la da cabeça aos pés, era mais forte do que eu, não conseguia não secá-la.

— O que me lembra... vai querer o que de aniversário? — indagou sorrindo sensualmente nessa hora eu provavelmente poderia ser confundido com um pimentão de tão vermelho antes que eu pudesse responder ela soltou uma risada voltando a sua posição atual me soltando. — Ai Ju só você para me animar quando eu estou pra baixo. Até amanhã, fofo! — disse ela acenando e retornando para dentro de sua casa me deixando completamente confuso.

Fiquei ali parado olhando para a porta por alguns instantes até me tocar e voltar a realidade, voltei para casa pensando no que havia acontecido. Assim que cheguei, ao empurrar a porta já esperava que a luz voltasse a piscar ou alguma coisa estranha do tipo acontecesse, suspirei aliviado ao perceber que nada havia ocorrido, deixei o pote com açúcar na cozinha, subindo as escadas e retornando ao meu quarto, em seguida peguei uma toalha e fui ao banheiro, após trancar a porta me despi abrindo o box e ligando o chuveiro, deixando a água cair sobre meu corpo enquanto meus pensamentos me prendiam em Íris.

Não conseguia entender o que ela queria dizer com aquilo, será que eu era apenas um brinquedinho nas mãos dela? Era tão divertido assim brincar com os meus sentimentos? Quantas vezes eu teria que alertá-la sobre seu péssimo gosto para escolher homens? Provavelmente a vida inteira.

Depois de certo tempo, termino meu banho, mas ainda com aqueles pensamentos martelando em minha mente. Assim que voltei para o quarto escolhi um conjunto de roupas e desci sendo seguido com uma camisa azul e uma calça de moletom cinza, sai do quarto e desci as escadas indo até a cozinha onde a mesa já estava arrumada para o jantar que já estava servido.

Meu pai já estava em casa, ao se sentar na mesa percebeu que eles não estavam tão sorridentes como normalmente estariam conversando a respeito de assuntos bobos, alguma história engraçada, qualquer outra coisa que levantasse o bom humor para um jantar tranquilo, mas ao contrário disso, se mantinham sérios e trocavam olhares enigmáticos que eu não conseguia entender. E depois de saborear um pouco da comida deixei de lado a refeição os encarando,  alguma coisa estava errada essa ideia martelava em minha cabeça repetidas vezes, porém assim que seus olhos se cruzaram com os meus, eles sorriram despreocupadamente como se isso não fosse levantar suspeitas.

— Então campeão, o que gostaria de aniversário? — Meu pai perguntou-me olhando sobre os óculos, esperando alguma resposta.

O que me levou a parar para pensar em alguma coisa que eu quisesse, mas acabei não encontrando uma resposta então rapidamente respondi a pergunta.

— Nada esse ano, não quero nada — disse voltando a dar atenção ao meu jantar preferido: frango a molho pardo, os olhos verdes da minha belíssima progenitora continuava a me fitar, o que estava começando a me preocupar.

— Então querido, está bom? — perguntou sorrindo, retribui acenando a cabeça.

— Está ótimo mãe, como sempre. — Ela continuava sorrindo. Acabando de comer, se levantou indo até a geladeira pegando uma enorme torta de maçã, deixando-a sobre a mesa.

— Temos torta! — exclamei junto a meu pai, o que me fez olhá-lo com uma careta mas logo cair na risada me esquecendo da preocupação que invadia meu peito, minha mãe riu da cena balançando a cabeça como se não acreditasse na cena que assistiu.

— Sim, eu sabia que os dois formigões iriam querer!

— Opa! Vou comer como se fosse a última vez que irei provar a sua sobremesa, querida. — Jin disse de forma empolgada me fazendo revirar os olhos.

— Pai, não seja exagerado — retruquei arrancando uma risada dos dois que assim que cortaram a torta pararam para me encarar, ficamos em silêncio fitando uns aos outros voltando ao sentimento de que algo estava errado.

— Você foi a melhor coisa que aconteceu em nossas vidas filho, nós te amamos muito então aconteça o que acontecer saiba que nós apenas estamos pensando no melhor pra você. Não sei se irá nos perdoar, mas saiba que tudo que fizemos foi pelo seu bem. — Minha mãe disse antes de se levantar junto a meu pai e me abraçar me espremendo no meio deles aquecendo meu coração, eu não podia querer pais melhores que esses apesar de tá desconfiado, podia ser apenas uma surpresa estranha deles.

— Você será um bom homem quando crescer filho, nós temos certeza disso! — Meu pai disse levando as mãos aos meus cabelos os bagunçando.

Ainda estava assustado, mas como eles pareciam calmos, dei de ombros e devorei a torta, depois do jantar fui para meu quarto após escovar os dentes e voltei para a cama, já com a intenção de fechar os olhos e dormir, mas logo escutei baterem na porta.

— Campeão? Estou entrando. — A voz veio do lado de fora, a abrindo revelando meu pai que sorria o mesmo segurava uma pequena caixa embrulhada de forma espalhafatosa.

Me sentei na cama olhando como se não acreditasse naquilo.

— Eu sei que você disse que não queria presente mas é seu aniversário de 15 anos, é um grande passo para a adolescência — disse e indo até a cômoda ao lado da cama abrindo a gaveta e colocando algo ali.

— Enfim, seu presente está aqui, porém eu quero que você o abra apenas quando chegar a hora! — Se aproximou do garoto e depositou um beijo em sua testa.

— Pai, como eu vou saber quando é a hora? — O olhei curioso e poderia jurar que tinha visto lágrimas sobre os olhos dele quando se virou lançou mais um de seus famosos sorrisos.

— Você é esperto, vai saber a hora certa, eu te amo filho! — Após ele sair suspirei confuso aquele dia havia sido muito confuso na parte da tarde as luzes se comportando de forma estranha, Íris e principalmente meus pais habitualmente pensaria nisso a noite inteira mas a comida havia sido pesada e o sono chegava aos poucos então logo me entreguei a sensação de cansaço e adormeci.

No dia seguinte, acordei em um sobressalto, tinha dormido demais, eu poderia simplesmente ficar em casa? Poderia, mas eu precisava ir, era questão de honra me resolver com Íris de uma vez por todas.

Após me arrumar, peguei minha mochila e saí do quarto e desci as escadas como um foguete quando ia sair de casa escutei alguém a voz de minha mãe me chamar>

— Jukhen, querido! — Ela se aproximou saindo da cozinha usando um avental, sorri indo até ela arqueando a sobrancelha confuso, ela sorriu passando as mãos no meu rosto, as mesmas estavam úmidas e geladas. 

— Ei mãe! — protestei ao sentir a sensação friorenta por minha pele me acordando.

— Tenha uma boa aula! — Agnes disse beijando a minha testa e eu sorri.

— Obrigado! Até mais tarde. — Jukhen se virou acenando.

— Espera! Seu pai pediu pra lhe entregar isso — diz tirando uma nota de 50 diamantes do bolso de seu avental e me entregando.

— Obrigado mãe, agora preciso ir — sorri beijando sua bochecha.

— Eu te amo, querido! Até mais — respondeu com um sorriso doce, que foi retribuído rapidamente, acenei e corri em direção à escola.

Após ver o garoto se afastar, o sorriso de Agnes sumiu, sentiu um sentimento ruim a possuir se descontrolando e deixando as lágrimas escorrerem por seu rosto.

— Deus me dê forças… — suplicou, levando as mão ao rosto tentando se controlar sabendo do destino que lhe aguardava.

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