Capitulo 7 - Livros e Sangue

Com Vince tirando o cochilo de tarde eu acabei sem ter muito o que fazer já que na última semana eu conseguir organizar todos os remédios e gerenciar cada um deles, etiquetando e separando por horários.

Desço as escadas silenciosamente e ando pelo corredor somente parando para conversar com Sarah – aquela mulher que me atendeu pela primeira vez – ela acabou sendo minha acompanhante aqui na mansão, a não ser quando precisavam da ajuda dela na cozinha.

- Passou mais a dor de cabeça? – eu pergunto caminhando com ela ao lado

- Sim, aquele chá de camomila e gengibre foi perfeito

- Viu? Eu disse que não era ruim

- Não, o gosto era ruim mesmo – ela diz e eu sorrio passando por uma faxineira - Mas melhorou, então obrigada

- Não há de que – olho ao redor da sala e pisco pensando no que eu posso fazer – Quer ajuda em algo?

Sarah me olha arqueando uma sobrancelha e eu dou de ombros

- Você não para quieta não?

- Não exatamente – eu falo me esticando na ponta dos pés para frente e para trás – Não gosto de não ser útil.

- Você pode ir até a biblioteca

Palavras mágicas

Já ouviram falar sobre isso?

É quando a tinker bell passa glitter amarelo nas palavras e elas ganham um tom brilhante e mágico.

Eu estou vibrando agora.

- Como assim? Tem uma biblioteca aqui?

- Claro que sim, fica do lado do escritório do sr. Vince

- Ai meu deus – mordo o lábio animada e falo em tom conspiratório – Mas é restrito? Tipo, precisa de passe livre ou algo assim? 

Sarah rir e me empurra em direção ao corredor

- Não, pode ir

Ela não precisa falar duas vezes

Eu praticamente flutuo até lá e com delicadeza abro a porta pesada inspirando logo em seguida o cheiro das páginas.

Puta merda

Cheguei ao paraíso.

A biblioteca tem escadas levando a lugares mais altos, uma lareira está centrada em uma das paredes e um sofá aconchegante junto com uma mesinha de centro está disposta no meio.

Estantes e mais estantes estão localizadas de forma organizada e quando me aproximo o suficiente para ler, percebo que os livros também estão organizados por alfabeto.

Genial

Passo o dedo levemente pelas lombadas e tento não pular de alegria quando vejo a parte dos livros de história e romance.

Ai meu deus

Aquilo era Jane Austen?

Tipo, com o sr. Darcy e tudo mais?

Arregalo os olhos e vou direto para o livro, mas aí paro e olho para a parte de cima da biblioteca. Acho que vou espionar mais um pouquinho.

Subo em uma das escadas de rodinhas e passo os olhos pelos livros de cima, títulos e mais títulos, alguns antigos e outros tão novos. Pego um livro e sorrio quando vejo o título.

“O Senhor dos Anéis”

Capa dura e é enorme, caramba, eu passaria dias lendo esse livro.

- O que você está fazendo aqui?

Me assusto com o tom de voz irritado e bambeio na escada derrubando o livro em seguida. Escuto um “tump” alto e logo em seguida um palavrão, faço uma careta e me seguro na escada antes de olhar para baixo.

Um homem está embaixo da escada segurando a ponte do nariz de cabeça baixa e eu escuto os seus resmungos cada vez mais altos. Olho para o livro e arregalo os olhos quando o vejo com as páginas abertas.

- Ai meu deus, machucou? – desço as escadas tomando o cuidado de não cair em cima dele e escuto o cara irritado falar.

- Acho que você quebrou o meu nariz

- Não estou perguntando de você, estou perguntando do livro – pulo o último degrau e corro pegando o livro na mão e averiguando as páginas.

Ok, nada rasgado.

- Você está preocupada com a porcaria do livro? – ele rosna tirando por um segundo a mão do nariz, vejo uma pontinha de sangue e olho de novo para o livro.

- Nada sujo de sangue aparentemente – eu falo suspirando aliviada e olhando para o moço com o nariz quebrado – A culpa é sua, sabe?

- Minha?

Ele tira de vez a mão do rosto e a minha expressão cai.

Puta que pariu

O cara da lanchonete

- O que você está fazendo aqui? – eu pergunto assustada olhando para a porta. Será que ele era louco? Ai meu deus, será que ele pulou os muros da mansão?

Espera, não tem muro.

- Eu que pergunto, o que diabos você está fazendo aqui?

- Nada que lhe interesse, obviamente

- Me interessa sim – ele dá um passo a frente e posso não ser muito boa em analise facial, mas podia jurar que ele estava a um passo para voar em cima de mim.... E não no sentido bom – O que....

- Sr. Vince? – Agatha entra dentro da biblioteca e olha confusa nos dois – Algum problema?

- Não – eu digo

- Sim – ele fala ao mesmo tempo. Reviro os olhos e me afasto um centímetro – O que ela está fazendo aqui?

- Ela é a nova enfermeira do Vince – Agatha diz parecendo dizer o obvio, eu sorrio para o intruso e ele franze a testa com raiva

- Enfermeira? Tem certeza Agatha? – tento não parecer insultada com essa pergunta

- Sim, eu tenho – Agatha caminha até a gente e eu me aproximo dela.

Só para o caso do pequeno rei Arthur pular em cima de mim com seus olhos assassinos.

Deus, que situação bizarra

- Não estava sabendo sobre outra enfermeira – ele diz e Agatha responde sorrindo

- Seu avô não gostou nem um pouco do último

- Mas é claro – o estranho passa a mão no cabelo bagunçando-os um pouco e eu pigarreio olhando para o outro lado – Porque isso não me surpreende?

- Ele está se dando muitíssimo bem com a srta. Fontaine – Agatha continua e eu a agradeço mentalmente – Deveria ver como o seu avô esta melhor nessas últimas semanas

Sim, ele estava bem melhor e..... Espera.

O que?

- Avô? – eu pergunto e tento não falar muito alto

- Ah desculpe, srta. Fontaine, esse é Sky Vince, o neto mais novo de Pietro Vince – ela diz com a voz suave e eu engulo em seco.

Vejo quando ele olha para mim e sorri. Mas não é um sorriso muito acolhedor e nem muito amigável. Parece mais que ele quer me matar ou algo assim.

Puta que pariu

Porque isso só acontecia comigo?

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