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Elisa narrando

    A semana passou tão rápido quanto um flash, e hoje já é sábado, o dia em que eu tiro para aproveitar com minha filha o máximo que eu posso e no amado domingo, Larissa, Jordana, Beatriz, Karine e Elly vem pra minha casa para fazermos uma rodinha onde contamos tudo que aconteceu durante a semana.

"Mãe o tio Antônio não vai ir mais até o seu trabalho?"  Pergunta enquanto íamos para o parque da cidade 

"Não vai meu amor, não para consultar com a mamãe, mas para conversar e fazer visitas ele pode ir sempre que quiser" ela sorri, o Antônio desde que conheceu Clara, se apaixonou por ela, ela realmente é encantadora, ela se parece muito comigo e eu agradeço muito a Deus por isso.

"Ele seria um bom pai pra mim" eu olho pra ela enquanto me engasgo com a minha própria saliva "você não acha mamãe?"

"Clara, ja conversamos sobre isso, você tem um pai meu amor, ele não fez o papel dele, pq a mamãe não deixou, na época ele magoou ela muito e eu acabei falando que eu não deixaria ele chegar perto de você"  apesar de ter apenas 5 aninhos, eu sempre deixei claro pra minha filha que ela tem sim um pai e sempre falo que foi eu quem não deixei ele chegar perto dela, sim foi eu, mas se ele realmente quisesse exercer essa função, ele teria vindo atrás, eu sei como Clara sente falta de ter uma figura paterna ao lado, mas eu nunca, em hipótese alguma, mentiria pra ela dizendo que uma pessoa é pai dela sendo que na verdade não é

"Tudo bem mamãe" seus olhinhos castanhos ficam cabisbaixos e aquilo me deixa de coração partido "mas ele seria um bom namoradinho" eu rio com o que ela acaba soltando, fazendo a mesma rir também e aquilo pra mim já foi maravilhoso 

"Não fale isso Clara, você sabe que tudo o que eu preciso eu já tenho, você, a sua madrinha e suas 4 tias doida, sem falar no seu "primo" ela gargalha alto e por um momento aquilo é tudo que eu preciso, ouvir a risada gostosa da minha filha, ela é tudo pra mim, tudo que eu preciso pra respirar, ela foi a minha salvação, a minha alegria, a minha calma, o meu desespero, a minha angústia e tudo misturado, eu amo ela mais que a mim mesma.

     Entramos no parque, brincamos muito, comemos, corremos, até dançamos com os palhacinhos, fomos em vários brinquedos. Quando a noite caiu, vi que a Clara ja estava bastante cansada, cansada mas muito feliz e aquilo não tem dinheiro que compre.

     Pego minha pequena no colo e vamos em direção ao nosso carro, porém há um pequeno imprevisto, o pneu do mesmo está furado, ou murcho, sei la, aqui na cidade é cheio de pessoas sem oq fazer que passam murchando os pneus ou furando os mesmos (não julgo, eu fazia o mesmo, é aquilo, o karma vem)  só sei que precisa ser trocado.

"Gosta da profissão de mecânica Clara?" Ela me olha confusa "pq agora vamos trocar o pneu do carro" ela ri alto, ela adorava quando isso acontecia, sim, ja aconteceu muitas vezes e bom, trocar um pneu não é difícil, aprendi a fazer isso com meu padrasto quando eu ainda possuía meus 14 ou 15 anos de idade 

"Mãos a obra" 

     Abro o porta-mala e tiro de lá o step, pego o macaco e a chave de roda cruz para tirar a roda.

      Depois de uns 30 minutos terminamos, eu com as mãos cheias de graxa e a Clara nem se fala, ela é branquinha como o pai, mas nesse momento eidade, pretinha" como a mãe, não me aguento e começo a rir dela

"Acho que tem uma criança precisando de banho" ela ri alto

"A senhora também está bem sujinha" entramos no carro novamente, eu a-sento no assento dela, coloco o cinto e dirijo para nossa casa

"Boa noite Pedro" passo pela entrada onde se encontra nosso amável porteiro com seus 26 anos de idade, Pedro é alto, negro, tem um sorriso lindo, seus cabelos são cacheados, seu corpo magro porém muito bem malhado deixa algumas mulheres a desejar (as vezes me encaixo em uma dessas mulheres que o-desejam) 

"Boa noite para as mulheres mais lindas de todo esse apartamento"  seu humor era sempre contagiante e eu não minto quando digo o quão sou grata por todos que Deus colocou em minha vida 

"Tchau tio Pedro" minha pequena da tchau pela janela do carro "ele também é um homem bom mamãe" olho pra ela pelo retrovisor do carro 

"Não quero ninguém dona Clara" ela se faz de inocente

"Eu só disse que ele também é um homem bom" da de ombros descendo do carro.

      Entro em casa e sinto minha barriga roncar, mas primeiro precisamos tomar um banho e assim fazemos, dou banho na Clara e logo em seguida eu tomo meu banho 

"O que quer comer minha princesa?"  Sento no braço do sofá ao lado dela que assistia Frozen

"Strogonoff de frango"  ela puxou para o pai nesse quesito, são bem pequenas as semelhanças que ela e o pai possui, como sua pele clara, seus cabelos preto e liso e seus olhos pretos como duas jabuticabas e as vezes seus gostos também se parecem com ele, mas o resto ela é muito parecida comigo e eu amo isso. Eu sorrio e vou até a cozinha começando a fazer nossa janta.

      Jantamos entre conversas e sorrisos e depois vou até o quarto da minha menina para coloca-la na cama, isso é algo que ela não gosta que ninguém faz, mas aos sábados e domingos ela sempre abre essa pequena excessão para mim ja que eu nunca tenho tanto tempo para fazer durante a semana.

      Dou um beijo em sua bochecha e desligo o abajur ao lado de sua cama

"Mamãe eu te amo muito ta bom, e foi o papai quem perdeu você, não ao contrário" ela diz assim que eu me aproximo da porta de seu quarto para sair do mesmo

"Eu também te amo Clara e tenho certeza que se algum dia seu pai te conhecer, ele também vai te amar muito" e assim eu saio de seu quarto, indo direto para o meu.

       Falar do pai dela nunca foi algo difícil pra mim, nunca falei pra ele sobre nossa filha e ele também nunca perguntou então não tem por que eu falar, ele foi uma pessoa incrível enquanto esteve ao meu lado, o que me machucou mesmo foi a forma como acabou, mas eu não guardo rancor, até pq isso não me leva pra frente.

      A Larissa vive dizendo que eu preciso sair, me divertir, curtir mais, até pq apesar de nunca ser uma CDF eu sempre me esforcei, então eu quase nunca saia para me divertir e isso não mudou, eu prefiro o aconchego da minha casa do que sair da mesma.

     Meus domingos nem sempre são com minhas amigas, até pq elas também trabalham durante a semana e aos finais de semana querem se divertir um pouco, então quando não passo com elas eu vou até a casa da minha mãe para que ela possa ver a Clara e para que possamos conversar algumas coisas.

       Eu tenho 5 irmãs e 1 sobrinha, mas nem sempre posso estar vendo elas, até pq a mais velha é casada e digamos que eu não me sinto muito bem indo até a casa dela sempre que me dar vontade, claro que as vezes vou lá rápido para ver a pequena Anny, as outras 3 moram com minha mãe e o pai delas, então as vezes trago uma delas para vir ficar aqui comigo ou só vou la para passear e vê-las mesmo, e tem a mais nova que é só por parte de meu pai, essa quase nunca eu vejo, não tenho tanta proximidade com a mesma.

       Eu não guardo rancor de ninguém, apesar da minha mãe ter me machucado muito e eu não digo fisicamente, hoje em dia eu converso com o marido dela, mas não é grande coisa, meu pai eu vejo ele raramente, eu tive que parar de procura-lo quando percebi que só eu estava fazendo esse papel, agora com minhas irmãs minha relação é maravilhosa. 

      Muitas pessoas acham que tudo o que eu tenho foi graças a minha família, ninguém imagina por tudo que eu passei para estar aqui, e apesar de ser uma grande de uma mentira, eu deixo eles falarem o que quiser, até pq não acrescentaria em nada na minha vida.

       Em uma discussão eu abaixo a cabeça, sempre foi assim, independente de eu estar certa ou errada, eu abaixo a cabeça, mas eu sei que vai chegar um momento em que eu vou erguer a mesma e muita gente vai querer me pedir perdão por tudo que falou, mas isso não é grande coisa, eu não pretendo diminuir ninguém. 

       Minhas amigas são mais que especiais para mim, cada uma teve um passado trágico mas todas nós soubemos dar a volta por cima, eu sempre me disponibilizei para ajudar elas e elas sempre fizeram o mesmo e cá entre nós, elas são fenomenais, é claro que todas são um pouco retardadas, até eu sou.

       Após muito tempo me lembrando de tudo que eu passei e o tanto que eu sou grata, eu ligo o ar no 18 e fecho meus olhos, amanhã é um novo dia.


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