CAPÍTULO 02

Lucian...

Ser o supremo Alfa nunca foi uma tarefa fácil, principalmente tendo que lidar com um bando de lobos rebeldes. Desde que meus pais morreram, a mais ou menos dois séculos, eu herdei o lugar de supremo do meu pai, passei todo esse tempo na mais profunda solidão e na esperança de encontrar minha companheira de alma, achei que com ela ao meu lado, tudo fosse diferente.

Mas me decepcionei muito quando encontrei Isabel, não consigo ama-la como deveria e muito menos suporto a presença dela, como se já não me bastasse tudo, ela organizou uma cerimônia na alcatéia do Alfa Eric Styles, sem minha autorização, para se apresentar como suprema luna, isso jamais iria acontecer se dependesse de mim, mas como já foi anunciado para todo meu povo, eu devo cumprir com a infeliz obrigação de apresenta- la.

__Ei cara, que caranca é essa? - Perguntou Romeu, um dos meus betas.

__Essa é a cara de quem não está afim de festa. - Respondi de cara fechada, o que é meu estado normal.

Convivo com meus dois betas, Romeu e Felipe, Lídia, a bruxa de minha confiança, Alma uma senhora que estar com minha família a muito tempo e agora minha companheira que não sai do meu pé um segundo do dia.

__É isso, ou você não queria que as alcatéias soubesse que Isabel é a sua companheira? - Ele sorrir.

__As duas coisas. - Falo ríspido.

__Na boa irmão, é melhor, pelo menos, fingir que está contente com sua companheira.

__Por que?

Perguntei prevendo o que ele ia responder.

__Você sabe! Todos ficam felizes com suas companheira e se você rejeitar a sua, alguém pode querer fazer um duelo com você por achar que você está fraco e ficar com seu lugar de supremo, caso ganhe.

Sorrio sem humor.

__Eu lamentaria muito pelo o corajoso que ousasse me desafiar.

__ Eu também! - ele diz - se prepare, vamos aterrissar em poucos minutos.

__Mas já? - Olhei rápido pra ele.

__Sim! Dormimos a viagem quase toda, por isso passou rápido.

Fiquei em silêncio.

Me ajeitei na poltrona do jatinho que estávamos e rezei para que Isabel continuasse a dormir, assim ela me incomoda bem menos.

Poucos minutos depois aterrissamos na pista de pouso, onde já havia um carro nos esperando para nos levar até minha outra casa que fica a poucos metros dá alcatéia lua de sangue. Alma e Lídia vieram antes para organizar tudo para nossa chegada. Alma é como uma segunda mãe pra mim e também para os meus betas, por coincidência, ela não simpatiza muito com Isabel.

__Diversão rapaziada. - Disse Felipe assim que percebeu que já estávamos no chão.

__Só se for pra você. - Digo me levantando de onde estava.

__Lobo razinza.

Ouço ele sorrir junto a Romeu.

Desço as escadas do jatinho e logo ouço os dois idiotas descendo rindo feito duas hienas, logo atrás deles, Isabel vinha com sua cara de poucos amigos, provavelmente incomodada com os dois.

__Dá pra pararem?  - Ela falava irritada, como sempre.

__ Não madame. - Felipe, como sempre, usa seu deboche.

__Acho melhor começar a me obedecer beta.

__ Por que eu faria isso? - Ele para o riso.

__Porque eu sou a luna. - Ela o olha com desdém.

__ Já chega! - digo - Vocês não acham que...

__ Com licença, senhores.

Sou interrompido por o motorista do carro que se aproxima fazendo uma reverência.

__Olá. - Romeu o comprimenta quebrando o clima tenso que estava entre nós, Felipe e Isabel se olhavam com ira.

__O que quer? - Isabel pergunta sem olha-lo.

__Desculpe senhora, mas sou o encarregado de leva-los até sua casa antes que os portões se fechem. - Disse o homem.

__Em primeiro lugar me chame de luna e em segundo...

__E em segundo você cala a boca.- a corto e vejo Romeu e Felipe segurar o riso - Por que a pressa? - Volto a encarar o homem que nos olhava com confusão.

__Por conta dos assassinatos o Alfa Eric redobrou a segurança e os portões são fechados quando o crepúsculo surge e só é aberto pela manhã, depois, de uma ronda ao redor. - Ele respondeu sem me encarar, o que não era surpresa pra mim.

Mais um ótimo motivo para sentir vontade de arrancar a cabeça de Isabel, como se não fosse nada, ela faz uma cerimônia em meio ao caos que estamos vivendo. Meu povo deve pensar que estou ficando velho e caduco por aceitar algo assim, mas a linhagem dá minha família, nunca,  quebrou sua palavra e mesmo que eu só tenha ficado ciente dessa reunião depois de feita, eu tenho que seguir com essa infeliz idéia, pois o comunicado foi passado com o meu nome.

__Hum, vamos. - Passei por eles indo em direção ao carro, mas senti quando todos passaram a me acompanhar.

Depois que já estávamos todos dentro  do carro, o motorista deu a partida.

Suspirei olhando a larga estrada de asfalto e floresta ao redor. Para chegar até a minha casa, precisávamos passar por dentro dá alcatéia lua de sangue e isso levaria um tempo.

...

A viagem acontecia em silêncio, Isabel estava furiosa, Felipe e Romeu estavam atentos em seus celulares e eu observava a bela paisagem através dá janela, mas meus pensamentos estavam perdidos em lembranças do passado, como a do início dos assassinatos. Lembro que o primeiro aconteceu em uma reunião em uma das alcatéias, o alvo foi um alfa, logo depois sua esposa e filhos foram sequestrados e até os dias de hoje ninguém conseguiu descobrir o que aconteceu com eles.

Pensávamos que o assunto era com aquela família, talvez algum inimigo, mas para nossa surpresa, não foi, pois desde de então somos perseguidos por esse misterioso assassino que some por um tempo e depois volta para fazer um novo estrago e sumir com os corpos das vítimas. Durante muito tempo planos são elaborados para pegar esse infeliz, mas o curioso é que ele sempre escapa.

Dessa vez a vítima foi uma bruxa decendente do reino dos Havelle, essa família é uma das mais poderosa que existe, Cristal Havelle, morreu brutalmente assassinada, seu corpo foi desmembrado, a morte dela causou grande alvoroço em todas as alcatéias, pois ela foi o aviso de que o assassino está de volta, depois de muito tempo em silêncio.

Espero que ele tenha aproveitado muito bem as férias, pois moverei céus e terra até encontra-lo e quando isso acontecer, o miserável vai preferir nunca ter cruzado meu caminho, ou eu não me chamo, Lucian Campell, o supremo Alfa.

☆☆☆

Depois de um bom tempo na estrada, chegamos em frente aos portões dá alcatéia, meu lobo estava agitado e meu coração estava acelerado como nunca antes, talvez seja pela fúria que percorre minhas veias. Demorou um pouco para que os portões fossem abertos, mas por um motivo desconhecido eu estava a ponto de descer e adentrar a alcatéia sem esperar por ninguém.

Quando estava perto de fazer isso, ouvir as travas dos portões serem destravadas e logo tive a visão do belo lugar coberto por uma estrada alinhada e um gramado impecável, ao redor vários chalés de vários tons de cores diferentes. As pessoas assim que percebem minha presença se aproximam do carro fazendo reverência, faço apenas um sinal com a mão, os cumprimentando.

Passávamos por todos acenando, minha vontade era apenas passar, mas como supremo eu devo fazer isso, algumas fêmeas se insunuavam quando viam a mim e os meus betas, não dei a mínima, diferente dos dois lá atrás.

Mais a frente avisto uma bela mansão, bem moderna, com um imenso jardim de rosas azuis, na frente.

Em sua frente, o alfa Eric e sua companheira também nos esperava para nos cumprimentar, mas como dita a nossa lei, não podemos conversar até que a reunião importante, que no caso é a cerimônia, aconteça, isso acontece pois só me encontro com os alfas quando o assunto é muito importante, ao contrário esse encontro poderia nunca acontecer, o que é impossível, se tratando do caos que é nossas vidas.

__Vá um pouco mais depressa.- Ordeno depois de acenar para a família Styles.

__ Sim senhor.

O carro começou a andar um pouco mais rápido, no caminho havia lobos transformados, outros mantinha suas formas humana, as bruxas e as panteras estavam em grupos separados dos lobos, alguns foram aceitos em nosso meio a pouco tempo e estão em fase de adaptação, pois a inclusão deles no meio dos lobos é um assunto que vem sendo discutido pelo o conselho a muito tempo e para alguns, isso é uma afronta. Mas, nesse momento, quanto mais espécies unidas, mais chances de derrotar o assassino, teremos.

Passamos por eles e quando fiz menção de cumprimenta-los um  relinchar roubou minha atenção, olhei para a estrada de terra que ficava entre as árvores e me afastei rápido do banco do carro quando a mulher mais linda que já vi em toda minha vida vem se aproximando de onde estou.

__Pare o carro. -  Ordenei.

__Sim senhor. - Disse o motorista.

A mulher se aproxima e faz um movimento com a cabeça me cumprimentando, ela abre um sorriso fazendo meu coração palpitar. Ela é tão linda! Seus cabelos são brancos e vai até a altura de sua cintura, seus olhos são azuis bem claros e sua pele é alva como a neve, ela tem cheiro de rosas e morangos, eu sinto vontade de uivar, e uma palavra que não sei qual é, se prende em minha garganta.

Fico paralisado encarando seus olhos hipnotizantes, seus belíssimos cabelos se movimentam em perfeita sintonia com a brisa que batia neles, sua pele delicada brilha e uma necessidade de toca-la me atormenta. Sorrio feito um idiota pra ela, mas meu sorriso se desfaz quando ela dá meia volta montada em seu cavalo negro. Cada vez que ela vai se afastando meu coração leva um golpe, tenho vontade de ir atrás dela e coloca-la no ombro para ser só minha.

" O que é isso, Lucian?"

" Enlouqueceu  por acaso, lobo?"

__Falta muito para chegarmos? - Saio dos meus pensamentos com a voz irritante, dá minha companheira.

__Não senhora.

__Ótimo, então prossiga.

__Posso continuar supremo?

__Pode. - Respondo.

Ouço Isabel bufar, mas não dou atenção pois a bela dama de cabelos brancos, roubou toda minha concentração.

" Preciso saber quem ela é"

Depois de mais um tempo na estrada,  vejo quando o motorista para em frente ao lago em volta dá minha casa.

Olho um pouco mais adiante e vejo Alma e alguns empregados nos esperando, percebo que Lídia não está junto a ela, provavelmente porque sabe que Isabel infelizmente está junto, e ela não a suporta, assim como todos.

Alma sorrir assim que nos ver,  mas ao ver Isabel, seu sorriso some.

Romeu e Felipe corre para abraça-la, feito duas crianças mimadas, faço menção de ir até eles, mas sou puxado por Isabel.

__Qual seu problema? - Pergunto irritado.

__Você acha que eu não percebi sua fascinação por aquela mulher? - Ela rosna e coloca as presas para fora,tentando transparecer que não tem medo de mim, mas eu sinto seu nervosismo.

__Não volte a falar assim comigo. - Me abaixo ficando centímetros próximo ao seu rosto.

Ela recua sem fala nada.

__Não deveria ter medo de mim. - Digo percebendo seu olhar desviar do meu.

__Eu não tenho. -  Ela até tenta parecer firme, porém falha miseravelmente.

Sorrio com sarcasmo e me viro para sair de sua presença.

(...)

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