Capítulo 4

Você não vai me segurar, enquanto as ondas nos balançar delicadamente

Sentir o balanço debaixo dos nossos pés, você não vai segurar, apenas me abraçar

Hold Me - The Sweeplings

Sarah

O caminho para meu prédio só não é totalmente silencioso, porque vou falando o trajeto para Douglas. Quando ele estaciona em frente ao edifício, meu celular sinaliza uma mensagem.

Diego: Mana, cadê você?

Sarah: Depois te explico, estou em casa, não se preocupe.

Percebo que Douglas está me observando mexer no celular. Levanto meu olhar para ele e não sei o que falar, então ele toma a iniciativa.

— Chegamos — ele diz, sorrindo.

— Pois é. — Não sei o que dizer.

— Então eu acho que já vou, você está entregue.

Sei que não deveria dizer o que vou dizer, mas combinamos que iríamos nos aturar pelo menos.

— Quer subir para beber alguma coisa?

— Quero, sim — ele responde imediatamente.

Saímos do carro e caminhamos para dentro do prédio, subimos até meu andar e, quando entramos, arrependo-me plenamente de tê-lo convidado. O homem me chama de vadia e eu o convido para entrar em meu apartamento? Devo ser uma sonsa mesmo.

— Bom, tenho água, suco, café e vinho. O que vai querer? — pergunto assim que fecho a porta.

— Vinho está bom — ele diz, encarando-me.

— Olha, Douglas, eu ter te chamado para entrar não significa que quero algo com você — digo para evitar qualquer mal-entendido.

— Eu sei. — Ele sorri e senta no sofá.

— Vou pegar o vinho.

Saio rapidamente rumo à cozinha. Tiro minhas sandálias, pois elas estão me matando e as coloco em um canto. Pego o vinho e duas taças, voltando para a sala em seguida. Douglas sorri ao me ver.

— Bom, como eu disse, temos que começar a nos conhecer, certo? — Assinto e ele continua. — Sou Douglas Maciel, oncologista, fiz trinta e quatro anos hoje e eu não sei mais o que dizer. — Ele sorri para mim.

— Acho que agora é minha vez. Sou Sarah Caroline Medeiros, publicitária, tenho trinta e dois anos e... só isso. — Evito falar de problemas antigos, ele não tem que saber de tragédias familiares.

As horas passam e nós esvaziamos duas garrafas de vinho enquanto batemos papo. O vinho misturado com a caipirinha me deixa em um nível mais do que alterado.

Não sei como aconteceu, mas quando percebo já estou bem perto de Douglas, o que faz nossas pernas se encostarem. Ele me olha por um momento e segura meu rosto. Aproxima-se de mim e me beija. Eu resisto até quando posso, mas logo retribuo o beijo. Ele me puxa para sentar em suas pernas e eu rebolo em cima do seu colo. Gemo quando ele desce seus beijos pelo meu pescoço, fazendo meu corpo todo se arrepiar.

— Vamos para meu quarto? — pergunto. Ele me olha e concorda.

Caímos na cama nos beijando. Ele passa a mão por meu corpo, mas quando tenta tirar meu vestido, sinto que estou cometendo um erro, então o paro. Douglas me olha com o olhar questionador.

— Eu não posso, Douglas, sinto muito. — Levanto-me e caminho para a janela do quarto. Olho o movimento dos carros pela rua, tentando entender o que eu acabei de fazer.

— Por quê? — Ele se aproxima e tenta me beijar, mas eu o empurro.

— Eu não posso. Eu... — Fico sem palavras para explicar que ainda não estou pronta para fazer isso.

— Tudo bem, Sarah, não vou te forçar a nada, pode ficar tranquila. — Ele passa a mão em minha bochecha e sorri. — Agora vou embora, até mais. — Ele beija minha bochecha no cantinho da minha boca e começa a sair do quarto.

Em questão de segundos, sinto meu coração disparar. Olho para ele e sinto uma vontade louca de mudar essa minha vida solitária, sinto um desejo incontrolável de sentir um corpo junto ao meu. Faz tanto tempo que não faço nada que a vontade bate forte e é por sentir tanta falta de carinho que seguro seu braço. Pode ser a bebida gritando por seu toque, mas eu queria só uma vez me sentir viva novamente.

Douglas me olha com o olhar questionador e eu só consigo sussurrar.

— Eu quero.

Ele abraça minha cintura e beija meus lábios. Empurra-me carinhosamente até a cama e me deita, beijando-me desesperado, arrancando minha roupa imediatamente. Logo estamos nus, beijando-nos e passando as mãos pelo corpo um do outro.

Faz tanto tempo que não me sinto tão mulher. Solto gemidos incontroláveis, sentindo a língua de Douglas em partes do meu corpo há muito esquecidas. Alguns minutos depois, vou à loucura, liberando todo o meu prazer em sua boca, gritando palavras incoerentes.

Douglas pega a camisinha que eu nem sei onde estava, rasga o pacotinho e começa a desenrolar em seu membro rígido. Isso está acabando comigo, ele demora demais para desenrolar esse preservativo. Será que ele faz isso exatamente para eu ficar assim, louca como estou? Ou será que é eu que estou ansiosa demais?

Ele termina de desenrolar sorrindo lindamente com aquela boca perfeita. Abaixa-se, beijando-me levemente e sinto seu membro começar a me penetrar. Ele mal se coloca dentro de mim e eu sinto uma dor como se estivesse perdendo minha virgindade outra vez, só que essa dor é um pouco mais tolerável. Ele para, olhando-me com uma expressão apreensiva.

— Está tudo bem? — Assinto e solto um gemido.

Depois de me penetrar totalmente, ele começa a estocar lentamente até eu me acostumar com seu tamanho. Enfim passa para agressivamente e aquela dor que estava sentindo, não sinto mais. Douglas chupa meus seios sucessivamente, depois me beija e eu não sei se respiro, se o beijo, ou se grito em êxtase. Eu nunca fiz um sexo tão alucinante como esse. Ele se retira de dentro de mim, coloca-me de quatro na cama, voltando a estocar forte e rápido. Não satisfeito com as estocadas fortes que ele está me dando, puxa-me pelos cabelos com uma mão e com a outra começa a acariciar meu clitóris, fazendo-me gozar em questão de segundos.

Ele solta o meu cabelo, mas me segura pelo pescoço e estoca mais forte dentro de mim, até soltar um urro quando chega ao seu limite. Caímos na cama, exaustos. Ele retira seu membro de dentro de mim, retira a camisinha, amarrando-a e a jogando no lixinho que fica ao lado da cama. Olha-me deitada na cama e sorri para mim.

— Espero que você tenha gostado — ele fala, esperando uma resposta minha.

— Com você me fazendo gozar tantas vezes, eu posso te dar certeza de que amei cada minuto.

Douglas gargalha, deitando-se ao meu lado e me olhando. Depois de longos minutos me observando, ele me abraça e me dá um longo beijo. Estou exausta, nem me lembro de como o beijo terminou, porque eu já estava dormindo antes mesmo de separar minha boca da dele.

***

Acordo sentindo braços ao meu redor e um calor insuportável, devo ter me esquecido de ligar o ar-condicionado ontem à noite. Por incrível que pareça, não tive pesadelos essa noite. O que é muito estranho. Mas até que gostei de dormir a noite toda.

Espera aí, tem braços ao meu redor?

Olho para o lado e tomo um susto com o que vejo. Douglas, dormindo nu na minha cama. Eu não estou com nada me cobrindo também. Antes que eu solte um grito querendo saber o que aconteceu, as lembranças da noite passada voltam com força total em minha cabeça. Eu transei com o Douglas. Estou estática olhando para ele, que é ainda mais lindo sem roupa. Mas isso não muda o fato de ele ter que ir embora e agora.

— Douglas, acorda. — Começo a sacudir o seu braço para ver se consigo acordá-lo. Ele se remexe na cama, mas não acorda. Então parto para a ignorância e grito. — Douglas, acorda agora! — Ele dá um pulo em minha cama e se senta meio desnorteado.

— O que foi, aconteceu alguma coisa? — Ele está todo preocupado e se não sair daqui logo, vai ficar preocupado e com o olho roxo do murro que irá ganhar.

— Aconteceu tudo, tudo o que não poderia ter acontecido. Você é um canalha, se aproveitou que eu estava bêbada e abusou de mim! — Estou indignada com tudo isso. Como ele pôde?

— Espera aí... O que você está falando, acha que sou maluco? Assim como eu, você quis tudo o que aconteceu na noite passada. — Seu olhar está incrédulo.

— Se você não sair da minha casa agora, eu vou chamar a polícia e falar que você me violentou. — Sei que estou sendo uma imbecil, mas estou muito magoada comigo mesma e a melhor forma é descontar nas pessoas.

— Eu não posso acreditar nisso, eu sabia, sabia que não deveria ser tão idiota, mas mesmo assim eu quis me aproximar de você, mesmo eu sabendo que você é uma sem noção. Olha, Sarah, eu fiz tudo com seu consentimento. Eu vou embora e espero nunca mais ver você na minha frente. Você é muito... Acha que eu preciso me aproveitar de uma mulher bêbada? — Tento falar, mas ele me interrompe. — Eu não preciso violentar ninguém. Como você pode pensar que eu... Quer saber, não vou perder mais tempo aqui. — Ele sai com suas roupas nas mãos.

Fico parada pensando na noite passada. As lembranças vêm com força total. Ele teria ido embora, eu que pedi para ele ficar e amei ser tocada novamente. Como Douglas foi maravilhoso em tudo que fez. Ele foi o único que, depois de tudo, conseguiu me atrair e essa atração foi mútua. Eu não posso ser tão ridícula a ponto de deixá-lo ir embora sem me desculpar. Saio correndo do quarto sem ao menos preocupar-me com a roupa para vestir. Chego à sala e vejo a porta se fechando. Se eu voltar para o quarto para colocar uma roupa, ele vai embora antes de eu me desculpar. Então vou como estou mesmo. Abro a porta e o vejo chamando o elevador. Então grito:

— Douglas! — Ele se vira para meu lado e me olha com raiva. — Desculpa, por favor, não vai embora sem eu conversar com você. — Ele olha para os lados no corredor e, quando volta a me olhar, posso ver que está mais calmo.

Começa a caminhar em minha direção e, quando está próximo a mim, ele solta um suspiro e diz:

— Então entra para o apartamento, porque seus vizinhos vão achar que você é louca andando deste jeito pelo corredor. É melhor deixar só eu pensar isso — ele murmura.

Caminhamos para dentro do apartamento. Douglas senta no sofá da sala, enquanto eu vou pôr um robe, porque não me sinto à vontade em falar com as pessoas estando nua. Volto para a sala e me sento o mais distante possível de Douglas. Olho para ele e começo:

— Me desculpe por ser tão idiota a ponto de falar tantas bobagens, eu sei que você não é um aproveitador, eu só fique com raiva de mim mesma e descontei em você. Por favor, me desculpa? — peço, arrependida por ser uma tola.

— Olha, Sarah, você é uma mulher linda, me senti atraído por você desde o acidente, mas tivemos um desentendimento no hospital e resolvi esquecer a mulher linda dona do carro em que bati, pois te achei mesquinha. — Ele suspira novamente e volta a falar com ódio. — Não era minha intenção abusar de você, como você disse. Eu respeito as mulheres, só não entendo essa cena depois de eu ver que você amou a noite passada. Desculpa por não perceber que você estava sendo levada pelo álcool.

— Douglas, não se desculpe! A única culpada nisso tudo sou eu, só não quero que você pense que vamos ter alguma coisa. Isso foi um erro que não poderá mais acontecer. — Dou-lhe um sorriso fraco, que é retribuído da mesma forma. Douglas se levanta, estende-me a mão e diz:

— Até algum dia.

— Se você esperar, eu posso preparar o café da manhã e tomamos juntos — tento me redimir.

— Não, eu não quero, acho que é melhor eu ir embora. — Pego em sua mão, não sei por qual motivo, mas eu não estou pronta para deixá-lo ir embora, no entanto, é preciso.

— Então até mais e me desculpe novamente. — Ele beija meu rosto e vai embora.

Vou para meu quarto, deito em minha cama e choro como eu não chorava há tempos. Choro porque eu não deveria ter feito o que fiz na noite passada. Choro porque não deveria ter tratado Douglas como o tratei. Choro porque eu gostei muito da noite passada, foi uma transa maravilhosa. E choro para lavar minha alma. Pego meu celular em cima da mesinha de cabeceira e mando uma mensagem para o único que pode vir me amparar.

Sarah: Mano, preciso de você, vem aqui em casa, por favor?

Diego: Já estou indo.

***

Acho que acabei dormindo, porque sinto alguém me chamando com carinho, deitado ao meu lado e me abraçando.

— Ei, o que aconteceu? Percebi quando cheguei que você esteve chorando, você estava dormindo e soluçando, pois chorou demais — Diego diz e eu me desabo novamente em lágrimas. Depois de um tempo, consigo começar a falar.

— Fiz uma bobagem, sabe, bebi demais ontem e o Douglas me deu uma carona, chamei-o para subir e... Fizemos um sexo maravilhoso e eu gostei muito. — Sempre me abri com meu irmão, por isso não sinto nenhuma vergonha de contar o que aconteceu aqui. — Só que acordei e estraguei tudo, fui rude com ele. Mesmo ele me perdoando, sei que nunca mais irá olhar na minha cara. Mas o pior é que sinto que estou fazendo uma coisa errada por ter gostado do sexo, por ter sentido atração pelo Douglas... Eu sinto que estou traindo a memória do Carlos e do Gabriel — falo tudo, desabafando com meu irmão, nunca tive amigas, ele sempre foi meu confidente.

— Sarah, eu sabia que alguma hora iria ter de te falar isso. Eu sei que é uma barra grande carregar o fardo que você tem nas costas, foi uma tragédia horrenda, meu sobrinho e o meu melhor amigo também morreram naquele acidente. Só que nós estamos vivos, temos uma vida para viver, mana. Depois do acidente você se fechou para o mundo, mas tenho certeza que o Carlos e o Gabriel não iriam querer isso. Acorda para realidade e vai viver. Adorei saber que você fez um sexo louco a noite passada e pelo pouco que a Sabrina fala do irmão, sei que ele é gente boa. Vai atrás dele, o que custa pelo menos vocês serem amigos? — Diego fala, fazendo parecer que as coisas são tão simples, mas não são e eu não posso fazer isso.

— Diego, eu não vou fazer isso, vamos mudar de assunto. Ou melhor, vamos ao shopping comer um sanduíche? — Olho para ele, que está me encarando com sua cara de zangado, mas ele assente, concordando com a saída para o shopping.

Chegamos ao shopping, entramos em algumas lojas nas quais acho umas roupas interessantes. Sabrina está com a gente e eu já estou adorando-a. Pois ela adora fazer compras, mas Diego, como todo homem, fica reclamando, porque somos enroladas para escolher algo para comprar. No entanto, sei que ele gosta dessa minha distração. Estamos na praça de alimentação, almoçando, e o melhor é descobrir que Sabrina é das minhas, ou seja, não é chata em questão de comida, às vezes come coisas gostosas sem reclamar, pois comida gostosa são as que contêm gordura.

Percebo que Diego e Sabrina ficam sem graça e pálidos ao mesmo tempo. Tenho certeza de que se eu os cortar, não sairá uma gota de sangue. Eles estão encarando um ponto fixo às minhas costas. Viro-me e tomo um soco no estômago; Douglas está aos beijos com a mulher escultural grudada em seu pescoço. Agora entendo o que ele quis dizer a respeito de não precisar se aproveitar de ninguém.

Sinto-me um lixo. Como ele é um canalha! Ficou comigo a noite passada e em poucas horas já está com outra? Eu ainda estava arrependida das coisas que disse a ele, sou uma idiota mesmo. O pior será se ela for namorada dele; ele não pode ser tão baixo. Olho para meu irmão, e Sabrina já vem logo dizendo.

— Ela não é namorada dele, Sarah, é só um rolo. — Ela percebe que a encaro sem entender o porquê de ela estar dizendo isso e logo se explica. — O Diego me contou o que aconteceu a noite passada.

Volto-me para meu irmão para questioná-lo, mas ele encara Sabrina com um olhar revoltado e diz:

— Como você pôde falar que o seu irmão é um cara legal, se em uma noite ele está com minha irmã e no dia seguinte ele está com essa daí? — Diego está todo irritado.

— Meu irmão é legal, sim, Diego, eu não admito que você fale dele — Sabrina responde no mesmo tom irritado e eu acho melhor intervir.

— Parem de brigar por pouca coisa, ele e eu não temos nada. Vamos logo porque quero ver um filme antes de irmos embora.

Eles concordam e vamos assistir a uma comédia romântica e lógico que Diego está todo revoltado por Sabrina e eu obrigá-lo a ver essa “merda” — palavras dele, não minhas.

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