Capítulo1

Eu te amo

Como se não houvesse amanhã

Tempo sempre emprestado

Não é nosso dever manter

Eu vou te abraçar

Como eu vou te perder

I Used To Be Alone – Imaginary Future

Sarah

Provavelmente podemos começar essa história de uma forma clichê, com aquela apresentação banal que a maioria das pessoas costumam fazer.

Bom... Sou uma mulher comum, sonhadora e com desejos a realizar na vida. Já realizei o meu maior sonho, que era ter a minha família. Hoje posso dizer que meu marido, Carlos, é o meu refúgio e meu filho, Gabriel, é o fruto mais lindo do nosso amor.

Sou publicitária, tenho um ótimo emprego, mas em breve pretendo montar minha agência de comunicação, afinal devemos traçar o nosso próprio caminho e batalhar atrás de termos mais conquistas sempre.

Ops! Que falta de educação a minha! Eu me chamo Sarah, tenho vinte e sete anos e vivo em uma linda história de conto de fadas, aquelas histórias bem rosinhas e apaixonantes, que talvez tenha até alguns unicórnios imaginários sobrevoando as nossas cabeças.

Sim, bem clichê: como eu disse.

Só que tudo na vida pode ser destruído com um estalar de dedos e é exatamente por isso, que eu até vivi em um conto de fadas, mas tudo desmoronou e aquele final feliz não chegou.

***

Com dezenove anos, estava cursando o segundo ano do curso de Publicidade e Propaganda quando consegui um emprego em uma grande agência em Brasília, a Promove - Agência de Comunicação. E foi graças a essa contratação que, em uma linda quarta-feira, conheci a pessoa que iria me fazer a mulher mais feliz do mundo. Eu teria que atender a um cliente de uma das maiores construtoras civis do Brasil, a AC – Por Construtora. Fui toda empolgada ao encontro do meu cliente. Cheguei ao local marcado pelo o senhor Carlos Andrade Couto, filho do dono da construtora, na hora exata.

Eu não o conhecia, só o vi por fotos. Diga-se de passagem, ele é muito lindo e, o mais engraçado, é que ele e meu irmão são grandes amigos. Agora é a hora que você se perguntar, como nunca o vi pessoalmente se ele é amigo do meu irmão? Simples, eu te respondo: ele acabou de voltar ao Brasil depois de passar três anos em Londres, onde fez uma especialização, e foi lá que meu querido irmão, Diego, o conheceu, pois os dois são engenheiros e estavam cursando o mesmo curso. Muita coincidência, eu sei.

Nossa reunião foi marcada em um restaurante aconchegante, nada muito sofisticado, e eu estranhei quando, por telefone, ele me disse o nome do restaurante, pois eu o imaginava de um jeito que ele não iria querer saber. Pensei que seria um cara arrogante, que não se mistura com pessoas simples, como a maioria dos empresários é, mas pelo visto me enganei.

Chego à recepção do restaurante perguntando pelo senhor Andrade e logo sou direcionada à mesa na qual ele me aguardava. Quando me aproximo, perco a fala; ver uma pessoa por fotos é uma coisa, vê-la pessoalmente é outra totalmente diferente. Ele era simplesmente perfeito: loiro, musculoso, alto, com um sorriso encantador e, para completar, olhos azuis. É para acabar com o meu simples mundinho. Ele se levanta para me cumprimentar e, quando pega em minha mão, é como se fosse amor à primeira vista.

Sabe aquela corrente elétrica que acontece só em livros? Acabou de acontecer comigo!

— Olá, senhorita Medeiros! — Carlos cumprimenta-me, encarando meus olhos, e um sorriso de canto se abre naquela boca maravilhosa.

— Olá, senhor Andrade — murmuro meio boba.

Ele me olha e posso ver pelo seu olhar que ele percebeu que mexeu comigo. Eu sei, parece que sou atirada e que vou me jogar em cima dele no modo como estou falando, mas, não, eu estou bem-comportada no meu canto, só minha mente que está gritando com alguns pensamentos pecaminosos, só isso.

— Ah! Vamos parar com essa de senhorita de senhor, somos jovens para nos tratar assim. E, além do mais, você é irmã do meu melhor amigo, eu já me sinto íntimo de você, não é mesmo, Sarah? — Ele brinca com meu nome em seus lábios, fazendo-me ficar tímida. Como assim, tímida? Eu não sou tímida!

E olha que eu critico bastante aquelas garotas que ficam parecendo retardadas quando estão na frente de um homem encantador, entretanto, aquele sorriso faz qualquer mulher enlouquecer e corar. Sério, acabou a dignidade. Sempre pagamos a língua, isso que dá sempre tentar ser a maioral: um dia acaba sendo pega pelo que mais abomina.

— Concordo plenamente com você, Carlos. Somos muito jovens e, quanto a intimidade, podemos resolver se faltar algum patamar — falo, descarada, e deixo a timidez para lá. Eu quero repetir que não sou tão atirada, no entanto, ele mexeu comigo e eu sinto que não posso perder a oportunidade com esse homem, pois parece que o meu destino era para cruzar com o dele...

E foi assim que consegui fechar um grande contrato, alavancando minha carreira profissional, mas o mais importante foi o que veio depois de um tempo, o meu “felizes para sempre”.

Você deve estar se perguntando o porquê do “felizes para sempre”, não é mesmo? Eu explico. Depois dessa reunião, eu e Carlos começamos a nos encontrar com mais frequência e logo não eram mais reuniões de negócios... Alguns meses depois, começamos a namorar. Quando eu estava com vinte anos, nós noivamos. Aos vinte e um, casei-me com o amor da minha vida, o homem que me tornou a mulher mais feliz do mundo e que faz tudo por mim. Aos vinte e dois anos, engravidei. Foi uma gravidez complicada, sofri bastante, pois corri sérios riscos de perder meu bebê, mas consegui trazer ao mundo o meu pequeno pedaço do paraíso, meu Gabriel. No entanto, devido a essas complicações na gravidez, não posso ter mais filhos. Mesmo não podendo mais engravidar, sinto-me a mulher mais completa do mundo, pois Carlos e Gabriel são tudo o que eu preciso para ser feliz.

***

Quatro anos depois

— Eu sei que é de última hora, mas eu preciso remarcar pelo menos uma viagem para a parte da tarde! — digo, ou melhor, grito com a atendente da aviação.

— Mas, senhora, todos os voos estão esgotados.

— Por favor, me abra uma exceção, só uma, por favor, verifica novamente se não tem como mudar para uma vaga na parte da tarde, eu sei que tem poltronas disponíveis.

— Vou verificar novamente, senhora. — Algum tempo depois, a atendente volta a falar. — Estou verificando e posso ver que tem uma vaga para o voo das dezoito horas.

— É nesse mesmo que eu vou, quero mudar minha passagem para esse voo e pago todos os valores adicionais.

Depois de resolver todos os problemas com a mudança da minha passagem, arrumo minhas coisas em minha pasta e saio da agência pisando duro. Amanhã será a viagem com a minha família, depois de tempos sem tirar férias e tudo que combinei com meu patrão foi pelo ralo. Eu sabia que devia não ter ido à sala dele me despedir...

— Olá, Arthur, estou passando para avisar que está tudo organizado e que estou indo embora, então eu te vejo daqui quinze dias. — Sorrio, feliz por estar tirando férias. Mas ao ver a expressão de Arthur, meu sorriso some.

— Sarah, eu estava pegando o telefone para te ligar.

— Por favor, não me dê notícias ruins.

— Aconteceu um imprevisto e eu precisarei de você aqui amanhã no primeiro horário.

— Mas, Arthur, nós combinamos! Você não entendeu que eu tenho uma viagem marcada para amanhã?

— Eu sinto muito, mas é o nosso cliente mais importante, Sarah. Por favor, me dê essa pequena ajuda, é tudo que eu lhe peço e você pode tirar o mês de férias. Você é a melhor na área de atendimento, eu preciso de você aqui para conseguirmos conquistar mais uma campanha desse cliente.

E foi por isso que tive que desmarcar minha viagem que estava marcada para a parte da manhã. Carlos e Biel terão que ir amanhã sozinhos, porque infelizmente só consegui mudar o horário da minha passagem; sinto que meu marido irá odiar essa notícia.

***

No caminho para casa, passo na creche para pegar meu bebê. Ele está na fase de falar tudo enroladinho e andar todo atrapalhado, mas fica tão lindo que cada vez me apaixono mais. Estaciono o carro na vaga do nosso prédio tentando manter o sorriso no rosto. Tiro Gabriel da cadeirinha no banco de trás e quando estou caminhando para o elevador, vejo Carlos chegando. Ele estaciona o carro ao lado do meu e sai com aquela pose de galã que ele sempre teve.

— Oi, meu amor. — Ele caminha ao nosso encontro e a primeira coisa que faz é me dar um beijo calmo. Pega Gabriel dos meus braços, dizendo: — E você, príncipe do papai, como que está? Está preparado para conhecer a Disney? — Ele diz, jogando-o para cima, com aquela brincadeira que sempre dá um aperto no meu coração, mas hoje sinto algo totalmente diferente, não sei explicar, mas dói.

Pala — Gabriel fala, trocando as letras e gargalhando com a brincadeira.

Entramos no elevador e vamos para a cobertura. Quando resolvemos nos casar, eu queria morar em um lugar mais simples e menos caro, nunca fui de esbanjar dinheiro por onde passo, mas os pais de Carlos não admitiram que morássemos em um apartamento inferior, palavras deles, não minhas. Então eles compraram a cobertura e nos deram como presente de casamento, até hoje acho tudo muito exagerado. Quando entramos, Gabriel pede para descer dos braços do pai e sai correndo para o quarto de brinquedos. Sento-me no sofá e sei que é agora que tenho de soltar a bomba sobre a viagem para o Carlos.

— Amor, preciso falar com você. — Ele me olhando desconfiado e responde.

— Pode falar, sou todo ouvidos. — Tirando o paletó do terno, ele me encara enquanto espera eu falar.

— Bom, a nossa viagem está marcada para amanhã às oito da manhã, certo? — Tento fazer uma cara de inocente.

— Sim, e tem algum problema com isso? — Ele senta ao meu lado, aguardando a minha resposta.

— Bom, é que aconteceu um imprevisto e tive de remarcar a minha passagem para a parte da tarde, mas não consegui mudar o horário das passagens de vocês. Você e o Gabriel terão que ir sem mim. — Só por ver a expressão em seu rosto vejo que não vem coisa boa para o meu lado.

— Você está me dizendo que não vai viajar com a gente, Sarah? — Tento falar, mas ele me interrompe. — Que merda é essa? Você está pegando quinze dias de férias atrasadas, essa viagem já está marcada há algum tempo, e você me diz isso?! — Carlos grita.

Ele está muito bravo e com razão, mas o que eu posso fazer? Já desmarquei a passagem então não tem mais o que fazer.

— Carlos, eu sei que é uma merda, mas vou viajar com vocês, só não vou no mesmo horário. Eu juro que não foi por querer, mas é uma reunião muito importante que não posso perder, por favor, me entenda — tento falar com calma para não gerar uma briga pior.

— Não, Sarah, não tem como entender, ok?! Entenda o meu lado! Quero cinco minutos com a minha família e você sempre está colocando o trabalho em primeiro lugar!

— Não fala assim, Carlos, você sabe que não é assim, vocês são tudo para mim, como você pode dizer que eu coloco o trabalho em primeiro lugar? — As lágrimas começam a descer por meu rosto. Sim, eu choro por tudo e mais um pouco. Carlos e eu não costumamos brigar, mas toda vez que acontece uma briga, sempre acabo chorando; pode ser por um motivo bobo, mas sempre me derreto.

— Hoje não vai adiantar o seu choro, estou com muita raiva de você, não vou te dar razão dessa vez, Sarah, você está virando uma workaholic. Eu posso até estar sendo exagerado, mas você me prometeu e agora chega com essa desculpa. Aí quando eu estiver em Orlando com o Gabriel, você me liga dizendo que vai deixar para ir no outro dia e depois continuará só dando desculpas para não viajar. — Ele respira fundo quando indaga. — Você está me traindo? — Ofego, surpresa, e não consigo dizer nada. Ele solta um longo suspiro e muda de assunto rapidamente. — Se arruma e arruma o Gabriel, temos um jantar na casa dos meus pais. Lógico, se a madame quiser ir, pois ela odeia fazer passeios com a família.

Carlos caminha em direção ao nosso quarto todo nervoso. Sei que até certo ponto ele tem razão, mas duvidar do meu amor por ele já é demais. No entanto, vou deixar para tocar no assunto quando ele estiver mais calmo. Fui me arrumar junto com o Gabriel; amo os meus sogros e sei que eles me amam, então não vou perder o jantar na casa deles por uma simples briga.

***

Fomos para casa de dona Márcia e do senhor Roberto. Eles adoram o Biel e o mimam demais, mas não adianta tentar repreendê-los, pois aí que eles o mimam mais. Jantamos e conversamos um pouco, mas nada do Carlos dirigir a palavra a mim. A dona Márcia percebeu, no entanto, não se intrometeu; ela nunca se intromete em nossa vida e eu agradeço plenamente por isso, odeio pessoas que tentam se intrometer na vida alheia.

Por volta de nove e meia resolvemos ir embora. O Biel já está dormindo quando chegamos ao apartamento. Coloco-o na cama em seu quarto e fico observando o seu sono. Meu filho é lindo demais, dorme como um anjinho. Eu não sei o que seria da minha vida sem ele, pois ele é o meu maior tesouro. Saio do quarto tentando pensar em uma maneira de fazer Carlos voltar a conversar comigo, mas não consigo imaginar nada que me ajudará.

Entro em nosso quarto e ele está assistindo TV só de boxer branca, mostrando aqueles músculos grandes e perfeitos. Uma coisa eu posso confessar, o meu marido é grande em todos os sentidos, se é que vocês me entendem. Esse homem ainda me mata. Tiro minha roupa e coloco a camisola que sei que ele ama, uma preta de renda transparente. Deito ao seu lado, mas ele nem me dá atenção e isso já está me irritando. Ele não pode me odiar para sempre. Passo a mão por seu corpo, como quem não quer nada, mas ele continua com a expressão fechada. Quando começo a descer minha mão por seus gominhos, ele me repreende.

— Eu não estou com cabeça para isso, Sarah! — Ele está todo bravo. Adoro quando ele fica assim, porque eu sei que vai descontar tudo na cama. Chego bem perto da orelha dele, dando leves mordiscadas e digo:

— Amor, me perdoa, você sabe que quando brigamos me sinto péssima, por favor? — choramingo, passando a mão pelo seu corpo, fazendo-o ofegar. Quando chego ao seu membro, percebo que ele está do jeitinho que eu imaginei. Eu sento em seu colo e começo a beijar sua boca, ele não demora muito a corresponder. Gruda suas mãos em meus cabelos, puxando-os, fazendo-me ficar excitada de um jeito que só ele consegue. Não, pessoas, eu não sou uma daquelas mocinhas das histórias que ficam excitadas só com o olhar dos caras. Bom, pelo menos eu não era até conhecer meu marido, que me fez reconhecer que tem, sim, como se excitar por muito pouco quando se encontra a pessoa certa.

— Você não presta. Estou aqui, tentando ficar com raiva de você, e você fica aí, se esfregando em mim, sua safada — ele diz logo depois do beijo. Com um movimento brusco, Carlos me deita na cama e arranca a camisola do meu corpo.

Suas mãos acariciam meus seios e quando ele começa a chupar meus mamilos, que estão rígidos, solto um gemido pedindo mais. Carlos me olha sério e retira sua cueca rapidamente, penetrando-me em seguida sem ao menos me deixar pensar.

— Eu te amo, sua sacana.

Quando ele termina de falar, sei que meu coração se apaixonou ainda mais um pouco por ele. Depois de ficarmos exaustos, dormimos abraçados, do jeito que eu gosto, sentindo sua pele na minha e sua mão em meu cabelo.

***

Acordo sentindo falta de Carlos na cama. Quando me levanto, percebo que ele está no closet, vestindo uma camisa.

— Bom dia, amor! — falo toda romântica, abraçando-o por trás.

Ele se vira já me beijando e encostando-me à parede; esse meu marido é insaciável. Depois de muitos amassos dentro do closet, Carlos entrelaça minhas pernas em sua cintura e tira seu membro para fora das calças, penetrando-me em seguida.

— Como eu amo fazer amor com você de manhã. — Só consigo gemer. — Você sabe que eu te amo, me perdoa por ontem ter brigado com você? — Ele diz, penetrando-me com mais força.

— Esse não é o momento para pedir perdão, amor, esse é o momento de você me foder com mais força, mas eu também te amo e te perdoo, agora continua.

Carlos sempre me deixa louca nessas horas. Ele está chupando os meus mamilos e me penetrando sem dó nem piedade, como eu pedi. Mas eu me esqueço completamente de que temos uma criança no quarto ao lado; grito, xingo — pois sou uma boca suja — e peço mais forte. Depois de gozarmos feito loucos, gemendo, vejo a porta do quarto se abrir e dou um grito.

— Meu Deus do céu! — Saio correndo para o banheiro, antes que o Biel veja coisas que não deveria.

Quando saio do banho, meu filho está na cama com Carlos sentado ao seu lado, brincando com alguns legos e meu marido fica sorrindo do meu pequeno momento de desespero.

***

Depois de tomarmos o café da manhã, vamos para o estacionamento. Estou colocando o Biel na cadeirinha do carro do Carlos e inesperadamente tenho uma vontade tão forte de abraçar meu filho, que não resisto e quase o esmago com meu abraço.

— O que aconteceu, querida? — Carlos pergunta assim que consigo soltar Gabriel.

— Carlos, eu estou me sentindo tão mal por deixar vocês irem nessa viajem sem a minha companhia e já estou com saudades.

Ele enxuga as lágrimas que escorreram pelo meu rosto e eu nem percebi e diz:

— Para com isso, você daqui a pouco vai estar com a gente lá na Disney, vestida de Minnie. — Ele sorri e me faz sorrir.

— Amor, obrigada por você existir na minha vida, eu te amo demais — digo com a voz embargada, sou tão clichê.

— Eu te amo mais, Sarah, vocês dois são tudo para mim, meus dois tesouros.

— Se você continuar falando assim, eu não vou parar de chorar nunca e eu não vou deixar vocês viajarem sem mim.

Começamos a rir. Viro-me para Biel rindo e digo.

— Filho, daqui a pouco nos encontramos, tudo bem? A mamãe te ama demais!

— Tudo bem, mamãe. — Sorrio para ele e ele me abre um lindo sorriso. Dou um beijo naquela bochecha fofa e fecho a porta do carro. Viro-me para o meu lindo, que já me enlaça pela cintura todo safado, e diz.

— Acaba essa reunião logo e vai para Orlando para mostrarmos a Minnie e o Mickey como fazem os ratinhos, gostosa — dizendo isso, ele me dá um beijo digno de Oscar. Separamo-nos, ele entra no seu carro, saindo em seguida. Entro no meu e vou para a reunião da agência.

***

Chego à agência e logo começamos a reunião que se prolonga até às onze da manhã, mas fechamos um grande negócio. Despeço-me de todos e saio em seguida. Quando chego à recepção, vou me despedir de Carla, a recepcionista, e vejo que ela está concentrada em um noticiário da televisão.

— Carla, o que aconteceu que você está grudada na TV? — digo, rindo da sua cara de espanto.

— Nossa, Sarah, uma tragédia! Um avião caiu, você acredita? Estava indo para Orlando, não sobreviveu nenhum dos passageiros. Fico com tanta pena dos familiares.

Quando ela diz isso, meu sorriso some e é como se eu tivesse levado um tiro no coração. Não, eu acho que um tiro no coração doeria menos. Eu não consigo acreditar nela. Olho para a tela da TV e vejo o número do avião, o horário que ele saiu do aeroporto e escuto os jornalistas dizerem o horário provável da queda. É aí que constato que eu morri junto com a queda daquele avião. Os meus dois amores, meu filho e meu marido, as minhas duas vidas estavam dentro daquele avião. As duas pessoas que me faziam a mulher mais completa do mundo. Eu não posso acreditar que isso está acontecendo.

— Não! — Eu grito, desesperada, com as lágrimas caindo por meu rosto.

— Sarah, o que foi? — Carla pergunta, em choque.

Eu não preciso dizer nada, pois o repórter do noticiário responde por mim.

“Acabamos de receber uma informação confirmando que dois dos passageiros que embarcaram no avião eram o engenheiro Carlos Andrade Couto e seu filho, Gabriel. O informante disse que a esposa do engenheiro não se encontrava na hora da queda, meus sentimentos aos familiares.”

Sento-me no chão, encostando-me na parede e choro, pois é só isso que me resta; a minha vida acabou. Carla me traz um copo de água com os olhos cheios de lágrimas.

— Eu sinto muito, Sarah! — diz, abraçando-me.

— Minha vida acabou, acabou — digo não querendo acreditar nesse pesadelo, pois só pode ser um pesadelo. Minha vida é um conto de fadas, nunca iria acontecer uma tragédia dessas. Eu sei que irei acordar e vou ver que tudo está normal, mas conforme as horas vão passando, vejo que não é um pesadelo e se eu dormir pensando que vai passar, não irá adiantar, pois quando eu acordar, irei estar no meio do caos novamente. A única coisa que me resta são minhas lágrimas.

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