Capítulo 3 - 2

E-Espere, ele está morto? Merda, essa não era minha intenção. Devo ter exagerado um pouco na potência do feitiço. Argh!

Sou expulso dos meus próprios pensamentos quando de repente, sinto um forte golpe no meu estômago! Sendo forte o suficiente para me fazer cambalear e cair sentado no chão. Além disso, logo sinto um forte soco em meu rosto, fazendo-me cuspir um pouco de sangue. Além de sentir a ponta de uma lâmina encostado em meu pescoço, e diversos gritos no dialeto de Shiymorán que certamente devem ser ameaças.

— Puff! — o ahito resmunga. — Garotos, apenas acabem logo com isso — O escuto dizer.

E antes mesmo que aqueles homens me matassem, os quatro animais obedeceram a ordem e atacaram os dois rapazes ferozmente, rasgando suas carnes e os devorando ainda vivos! Deixando-os da mesma maneira que sua vítima anterior. Por alguns segundos, fico com receio que eu também fosse um alvo, mas eles parecem só me ignorar, o que me deixa mais aliviado.

 — Bom... — me levanto. — Acho que eu deveria agradecer?

 — Por que? Irá morrer de qualquer forma.

 — Como? — Isso é uma ameaça?

 — Você furtou esses instrumentos valiosos do templo de kesshō, e certamente os monges já perceberam o desaparecimento deles. E para a sua informação, as pessoas da capital não são muito fãs de estrangeiros, então certamente você será a primeira suspeita, isso se eles não viram seu rosto. — Ele explica com uma voz séria: — E como você não terá nada para provar inocência, e nem um lugar seguro onde possa esconder seu furto para disfarçar, a monarca do país provavelmente irá condena-lo, e a primeira no comado do exército shiymoriano certamente vai querer executa-lo. AH! — Ele parece se lembrar de algo a mais: — E não posso esquecer que esses homens serão dados como desaparecidos, e é capaz de você ser acusado por fazer isso também. O que de certa forma, é verdade já que matou um deles.

 — Então, o que eu vou fazer?! — coloco as duas mãos na cabeça tentando pensar em algo.

 — O mais sensato a fazer, além de devolver tudo; seria evitar as aldeias ou sair de Shiymorán — O yarén fala aquilo com um conselho.

Sair de Shiymorán? Mas eu acabei de chegar. E não tem como eu evitar as aldeias, afinal, iria dormir aonde?

 — Você não pode me ajudar? — Peço.

Eu realmente estou pedindo ajuda para um garoto que acaba de matar dois caras na minha frente? Bom, apesar que ele não me considerar inimigo. Além de que, situações desesperadas pedem medidas pensadas.

 — Por que eu faria isso?

 — Por que ajudei você com esses caras, mesmo que tenha me dedurado! — argumento.

   — E tenho quase certeza que evitei que eles te matassem, não é? Contudo, acho que estamos quites — O garoto refuta.

  — Por favor — suspiro. — Ah, estou tão lascado.

  — Afe — o menino bufou. — Vou ser bondoso com você, estrangeiro. Acredito que não vai ter problema você pousar em minha casa por enquanto — ele sugere. — E acredito que consigo limpar a sua barra com a monarca, contanto que você devolva os itens.

 Ter que devolver os itens? Bom... Acho que é justo. Irei procurar um templo vazio na próxima vez.

  — Tudo bem, eu acho. — Acabo concordando. — No entanto, deixa eu perguntar; você acabou de me convidar pra ficar na sua casa?! Um estranho que você conheceu ontem?!

  — Não me preocupo — o garoto dá de ombros. — Aliás, depois do que você viu hoje e ontem, não vai ser idiota de fazer qualquer bobagem — ele sorri.

 — Você sabia que eu estava lá?

 — Como eu havia dito, seu cheiro te entrega, então sim. Eu sabia que você estava vendo tudo e, se você estiver se perguntando por que não te matei... Só senti que não deveria, nem teria motivo pra isso — ele dá de ombros. — Não precisa se preocupar.

 — Então você teve um motivo para matar aquele homem?

 — Sim. — Ele balança a cabeça positivamente. — Mas você certamente não entenderia e não importa agora.

 — Okay? ... Só tenho uma última pergunta, na verdade duas — comento. — Primeiro, qual seu nome? E segundo, você pode não se preocupar, mas sua tribo iria aceitar um estranho como eu lá?

Quando fiz essas perguntas, o jovem não respondeu, o que fez um silêncio um pouco constrangedor surgir entre nós. Ele apenas abaixa a cabeça e as orelhas, ficando assim por alguns segundos. Foi… algo que falei?

 — Quem disse que eu tenho uma tribo? — seu tom de voz é sério, e ele ainda está de cabeça baixa.

 — Ah… ninguém! Eu só deduzi, já que nos livros que tem na minha cidade falavam que os yarén viviam em tribos, aldeias próprias etc… — explico.

  — Bom, acho que não sou como os outros — ele levanta seu olhar. — Eu não tenho uma tribo.

 — Mas lobos naturalmente não vivem em… — Ele me interrompe:

 — Isso não é um assunto da sua conta. — Ele fala de forma séria, em seguida respira fundo, voltando a falar de uma forma calma. — E quanto ao meu nome, me chamo Jack.

  — Caleb Ducan — me apresento. — Prazer em te conhecer, eu acho.

Jack apenas dá um sorriso sem graça antes de dar as costas, começando a ir embora. Eu volto a segui-lo. Quando percebo, vejo que ele me levou novamente ao templo no qual roubei, dizendo que eu deveria devolver os itens naquele exato momento, caso contrário não me ajudaria.

Acabo fazendo o que o híbrido disse, afinal, tínhamos feito um acordo, de certa forma. E no final, consigo devolver tudo com sucesso, sem que ninguém visse nada. Portanto, me reencontro com o yarén, voltando a segui-lo, fazendo mais alguns minutos de caminhada onde chegamos a uma grande casa no meio da floresta. Talvez pudesse ser até comparada a uma mansão! Ele mora sozinho numa casa grande assim? Não deve ser solitário demais?

A casa, assim como os demais locais deste país, é fundida com as árvores em sua volta, e seu interior é decorado com objetos rústicos e que parecem ser chiques. Seja como for, este ahito deve ter bastante dinheiro.

Confesso que estou muito curioso, e com muitas dúvidas, mas um lado meu prefere guardar essas questões pra mim mesmo para evitar um atrito com a única pessoa que, por algum motivo, está me ajudando! E para evitar ser morto, principalmente. No entanto, outro lado meu quer resolver essas dúvidas e curiosidades; por mais que não seja da minha conta, eu gostaria de respostas. Mas acho que ainda irei buscar respostas sobre sua tribo, e não posso esquecer de procurar mais sobre essa tal valquíria.

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