Capítulo 6

Imediatamente, Michael apelou. Ele puxou uma cadeira, sentou e apoiando os dois cotovelos na mesa, levou as mãos ao rosto.

- Eu estou cego.

Bela mordeu o lábio inferior. Será que tinha exagerado? Agiu por reflexo e indignação. Com cuidado, ela se aproximou, pegou Michael pelos pulsos e abaixou as mãos dele. Apenas uma leve vermelhidão abaixo do olho esquerdo e um pequeno inchaço. 

Ela olhou para ele brava.

- O senhor vai sobreviver.

- Tem certeza? - Michael gemeu. - Está doendo muito. Não é melhor colocar uma compressa de gelo?

Por alguns segundos, Bela se perdeu na imensidão dos olhos verdes e nos lábios rosados e carnudos. Ela abriu a geladeira duplex de inox e pegou um saco de ervilha congelada. 

Michael não perdeu tempo. Ele abriu as pernas para que Bela pudesse chegar bem perto. Porém, alertou:

- Devagar com isso.

Bela colocou o saco congelado sobre o machucado. Entre as pernas de Michael e inclinada sobre ele, Bela foi assolada por ondas de calor. Um lugar em especial parece ter ganho vida própria. Sem querer, seus dedos encostaram na barba escura. Bela sufocou um gemido de prazer.

Michael não sentia mais dor. Fascinado, ele olhava para o rosto perfeito de Bela e a forma delicada e preocupada como ela cuidava dele. 

Michael encostou a coxa na perna dela e ganhou um olhar de reprovação. A compressa gelada foi pressionada com um pouco mais de força. Michael entendeu o recado e afastou a perna. 

Ele repousou as mãos nos joelhos, antes que fossem parar na bunda ou nos seios de Bela. Ela fez menção de se afastar. Michael choramingou.

- Pressiona mais um pouco.

Bela atendeu o pedido e disse séria:

- É melhor eu ir embora.

O coração de Michael falhou uma batida. Ele estava prestes a fazer uma coisa que nunca tinha feito na vida e isso o deixou bastante preocupado.

- Desculpa. Eu quero que você saiba que eu não tenho o hábito de agarrar as minhas funcionárias. - Porque de repente era tão importante que Bela não pensasse mal dele? - Você me perdoa?

Bela deu um passo para trás e olhando para o saco de ervilha, disse:

- Eu posso ser só uma garota boba e ingênua, mas eu sei me defender.

Michael sorriu. O rosto doeu.

- Eu percebi.

Bela levantou a cabeça e encarou Michael.

- Por que tem tantos homens armados pela casa?

- Porque eu sou ... - A vergonha impediu Michael de dizer a verdade. Ele mudou de assunto. - Quanto tempo até o almoço ficar pronto?

Bela viu a tristeza no semblante de Michael. Ela não deveria ter feito uma pergunta tão pessoal. Guardando o saco de ervilha na geladeira, Bela respondeu:

- Trinta minutos. E eu aceito o seu pedido de desculpa.

Michael deu um sorriso torto e levantou.

- Obrigado, Bela.

No caminho para o escritório, Michael sentiu que a cueca estava melada e o pau duro latejava.

- Porra!

A comida estava divina. Simples, mas bem feita e saborosa. Arroz, feijão, bife, batata frita e salada. Tudo em grandes quantidades. É o que Michael e os seguranças gostam. 

Bela foi convidada a se sentar a mesa com aqueles homens enormes, armados e mal encarados. Porém, eles foram gentis com ela e elogiaram a sua comida. Bela se concentrou no seu prato para fugir dos olhares lascivos de Michael.

Após o almoço, Michael e Dominic foram para o escritório acertar os últimos detalhes de um carregamento de cocaína para o Novo México.

- O narcotraficante na fronteira disse que a passagem ... - Dominic parou ao perceber que estava falando sozinho. 

Michael olhava a chuva pela janela com uma expressão distante. Dominic limpou a garganta. - Michael?

Michael encarou Dominic.

- O que foi?

O segurança suspirou.

- O carregamento.

- Resolva isso, Dominic. Eu não estou com cabeça para nomes e números.

- Isso tem a ver com a nova empregada?

Michael inclinou sobre a mesa e olhou para Dominic sentado a sua frente.

- Não.

Dominic sorriu.

- Você pode contar mentiras deslavadas para o delegado. Para mim não. Você está caidinho por ela.

- Não seja ridículo.

- Quando foi que deixou alguém te machucar sem consequências?

Michael recostou na cadeira de couro preto e bufou.

- Tem o quê? Umas seis horas que ela chegou?

- Por ai. - Dominic ficou sério. - Olha o tamanho dela e olha o seu. Bela ainda tem traços quase infantis. E você sabe como são os orfanatos. Eles alteram a idade das crianças. Ela pode não ter dezoito anos ainda.

Michael alisou o braço da cadeira.

- Ela é tão pequena.

- E com certeza já passou por muita coisa. A última coisa que Bela precisa é de um desviado como você a atacando.

Michael riu.

- Isso não me impede de fantasiar.

- Cuidado com os seus pensamentos. Eles se tornam ações.

Michael revirou os olhos. Ao que parece, Bela caiu nas graças da sua equipe de segurança. E como não cairia? Ela parece uma boneca. Uma boneca que deve ser protegida de homens como ele.


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