Capítulo 2. Dia sombrio

Depois de tomar café com o meu pai, seguimos para a escola o que foi um evento silencioso. Assim que chegamos na frente ele me desejou boa sorte e eu agradeci, mesmo sabendo que a sorte e eu não nos dávamos bem.

Pelo o que pude perceber, a escola era enorme, com certeza eu me perderia facilmente — O local era bem iluminado, e logo no começo, existia uma recepção, o que me lembrou um hospital, um carpete acabado estava bem à frente das cadeiras, por mais que fosse grande, o prédio escolar se encontrava todo acabado. Atrás do balcão se encontrava uma mulher alta e um pouco forte, ruiva e diria que no auge dos 46 anos, ela vestia uma blusa cor de zebra, o que me fez achar tosco, as pessoas dessa cidade não sabiam mesmo se vestir.

A ruiva olhou para mim e disse

— Posso ajudá-la?

— Meu nome é Ester Benjamin — Informei, até onde eu sabia eu era a única aluna nova, seus olhos brilharam no mesmo instante, então ela sabia de mim, ela esperava por mim. Então a filha pródiga, finalmente retornou a sua casa.

— É claro que é você, você finalmente voltou, está uma moça — Disse ela sorrindo e me surpreendendo, até onde eu sabia, eu não a conhecia — Aqui está o seu horário das aulas e o mapa da escola — Entregou-me e eu agradeci passando pela porta logo após a recepção.

Várias pessoas estavam no corredor entrando mas suas devidas salas, a minha era a 3B, não era nesse corredor, ficava virando a esquerda, mas no mapa não indicava qual, já que havia três corredores depois das salas. Eu já estava pensando em desistir e pedir ajuda a recepcionista quando uma mão me tocou causando um enorme susto.

— Está perdida? — Perguntou-me um menino de olhos azuis e cabelo tingido de loiro, em um tom amigável.

— Sim, eu não sei qual o corredor do 3B — Admito frustrada, parecia tão fácil na teoria, que na prática me atrapalhei toda.

— Vamos, sou dessa sala também. A propósito, meu nome é Natan — Apresentou-se estendendo a mão.

— Meu nome é Ester — Respondi apertando.

— Eu sei, todos da cidade sabemos. Bem vinda de volta a sua casa.

Eu não tive uma resposta, mas não me surpreendia já que a cidade era bastante pequena e provavelmente todos cresceram juntos, o que não me deixava nem um pouco confortável.

Assim que entrei na sala, os alunos que estavam presentes me encararam, o que me deixou vermelha como um pimentão, ou igual a minha sobrancelha. Me apresentei apenas para o professor que se chamava Billy e segui para uma mesa vazia que se encontrava no fundo da sala, algumas pessoas me olhavam e não faziam questão de disfarçar, joguei minha bolsa um pouco desajeitada na mesa e me sentei em seguida. 

Eu não tinha visto o menino Williams desde o nosso encontro na floresta, mas pelo o que meu pai havia dito ele também estava na mesma turma que eu.

Quando o sinal tocou, a buzina tinha um som horrível, tipo o de uma ambulância sendo que um pouco aguda, me fez tapar o ouvido instantaneamente, eu odiava tudo o que fosse barulhento.

— Onde você estava morando? — Perguntou uma voz feminina que surgiu do meu lado, e assim que virei, me deparei com uma menina de olhos castanhos estilo japonês me olhando.

— Hum, eu estava morando em Lisboa.

— Que incrível, a cidade inteira sabe da sua volta e o quanto seu pai sofreu quando sua mãe foi embora com as duas filhas.

Era algo que normalmente eu costumava evitar de lembrar, mas as pessoas sempre insistiram nisso, a mesma coisa acontecia em Lisboa, a ruivinha dos pais separados.

Dei de ombros com o seu comentário.

— O que te trouxe de volta para esse fim de mundo? — Indagou enquanto olhava as suas unhas.

— Razões pessoais — Engoli seco.

— Interessante, meu nome é Kalina — Ela sorriu.

— Meu nome é Ester.

O restante das aulas foram do mesmo jeito, dizendo para algumas pessoas que vieram perguntar o motivo pelo qual eu voltei depois de anos para a cidade, dizendo o meu nome e ouvindo de outros sobre o sofrimento do meu pai. Eu gaguejei, corei, tropecei pelas cadeiras ao passar para ir ao sanitário.

No final das aulas, eu comecei a reconhecer alguns rostos dos meus colegas da turma, mas nenhum que despertasse a minha curiosidade como a dele. Davy Williams.

E finalmente o sinal havia tocado, indicando o fim das aulas, eu não via a hora de chegar na minha casa para ter o meu descanso. Sai disparada pela porta dando de cara com o Natan que prometeu me acompanhar de volta até a minha casa, mesmo eu negando, ele insistiu.

— Não foi tão ruim, né? — Perguntou ele assim que me viu

— Foi péssimo, é nessas horas que sinto saudades de Lisboa — Disse olhando o corredor — De onde saiu tantos jovens, meu Deus — Ele riu. 

— Algumas pessoas da escola moram nas cidades vizinhas, quando não tem vaga nas escolas próximas, eles vêm para cá. — Explicou e eu entendi o motivo de uma cidade pequena ter tantos jovens.

— Compreendo, vamos logo. — Chamei o mesmo para me acompanhar.

Assim que chegamos na recepção, a mulher de mais cedo me olhou com um olhar maternal, o que me fez sentir um pouco de conforto e me surpreender de quem ela era.

— Até mais tarde, mãe. Cuidado — Natan foi em direção da mulher depositando um breve beijo em sua testa, o que me fez ficar em choque.

— Não se preocupe, eu terei — Disse — E como foi o seu primeiro dia de aula, querida? — Tirou a sua atenção do filho me perguntando.

— Bom na medida do possível — Falei amigavelmente.

— Você vai se acostumar uma hora, é só questão de tempo. Agora vão que em breve choverá.

Nos despedimos e seguimos o nosso caminho, a cada passo, o vento gelado soprava, me causando calafrios e o Natan percebeu, e no mesmo instante ele me deu o seu moletom, um ato de cavalheirismo eu admito. 

— Você não vai ficar com frio?

— Não se preocupe comigo, eu aguento o frio. 

Eu não estava me sentindo à vontade com o seu moletom, talvez ele estivesse com frio, mesmo negando para mim. Era impossível não sentir frio com a temperatura estando em 20° graus. Para minha felicidade e alívio, em cinco minutos chegamos na minha casa. Tudo era perto, tanto as casas, como as mercearias e até mesmo a escola.

— Minha casa fica na rua de cima — Apontou Natan.

— Obrigada por me acompanhar, toma o seu moletom — Tirei e o entreguei.

— Bom, então é isso, até amanhã novamente — Falou voltando para a rua em que tínhamos acabado de passar.

Depois que tomei banho, fui cozinhar um macarrão instantâneo e galinha para o meu almoço e talvez o do meu pai. Estava tudo pronto quando subi para o meu quarto e fiquei olhando pela a janela, aquela cidade era caótica. E novamente eu vejo alguém entrando na maldita floresta, e não parecia nada com o menino Davy, se a floresta era proibida, porque alguém insistia em ir lá?

O celular toca fazendo um alto som e me causando um belo susto, mas porque eu não tinha deixado isso no silencioso?  A mensagem que eu havia acabado de receber foi do meu pai, que me avisou que chegaria em breve para almoçar comigo, eu apenas visualizei e voltei para o andar de baixo para aguardar a sua chegada.

Estava passando um filme de terror aleatório na televisão quando eu jurei que alguém me observava, talvez fosse por causa do filme, eu tinha medo e insistia em assistir, meu coração já estava acelerado, a presença não saia e eu sentia como se ela se aproximasse cada vez mais, quando escuto a porta sendo aberta, não pude me conter e soltei um grito me virando para trás, revelando um pai confuso e assustado.

— Eu sei que sou feio, mas não precisa disso tudo Ester — Indagou fazendo uma cara de irritado. 

— Você não é feio, é que eu senti alguém me observando, talvez seja o filme. — Relaxei assim que percebi que não tinha ninguém na casa além de mim e do meu pai.

— Não assista mais isso, não faz bem para ninguém — Alertou-me

— Seu pedido é uma ordem chefe. 

— Vamos almoçar que à noite teremos um jantar com um casal de amigos meu e o seu filho. — Me disse tirando o seu colete.

— Jantaremos aqui? — Eu não estava preparada para fazer um jantar para cinco pessoas, preguiça, na verdade.

— Não, iremos ao restaurante que tem próximo daqui. — Avisou.

— Me surpreende esse fim de mundo ter um restaurante.

— Aqui não é só assassinato, também tem coisas interessantes. Como foi a aula hoje? — indagou ele.

— Bom, na medida do possível, parece que todo mundo me conhece.

— E realmente lhe conhecem, assim como a sua irmã e a sua mãe. A maioria das pessoas te viram nascer e crescer até um certo ponto. — Comentou e eu me surpreendi, pensei que minha mãe era uma mulher que ninguém via a face, mas pelo visto eu estava enganada.

— Agora tá explicado. 

— Bem, vamos comer.

Comemos no sofá assistindo o filme de terror, em vários momentos eu acabei engasgando o que fez meu pai bater nas minhas costas, com mais força do que ele queria o que o fez pedir desculpas diversas vezes, mas eu sabia que não foram por maldade, ele estava apenas tentando me ajudar. 

Subi para o meu quarto depois do almoço e do final do filme, a sensação de que alguém me observava ainda estava impregnada em mim, e algo me ligava à floresta, eu precisava ir lá, mesmo sabendo que era arriscado. Vesti uma roupa para o frio que fazia e calcei as minhas botas quentes e rapidamente desci para o andar de baixo encontrando o meu pai me olhando dos pés à cabeça.

— Posso saber aonde você vai? — Olhou-me confuso.

— Irei na casa de uma colega que conheci hoje, fica na rua de trás.

— Tudo bem, mas antes você pode ir ao mercado? — Perguntou olhando uma lista.

— Claro, mas eu não sei bem onde fica. 

— A duas ruas daqui, querida. Está faltando alguns produtos de higiene e carne, não tive tempo para comprar. — Falou matando a minha curiosidade.

— Tudo bem, é essa a lista? 

— Sim, aqui está o cartão, a senha é 1315

— Okay.

Peguei a lista de sua mão e o cartão e segui para onde era o mercado, direção contrária da floresta que era para onde eu ia. Ao andar pude ver algumas senhoras na varanda de suas casas, era tudo tão calmo que me causava calafrios, ao dobrar a esquina, pude conhecer um rosto familiar, Natan também estava naquela rua deserta.

— Vai onde? — Perguntou assim que percebeu minha presença na rua vazia.

— Ao mercado, mesmo não sabendo bem onde fica.

— Vamos, também estou indo lá.

Andamos cerca de 500 metros até finalmente chegar ao nosso destino, eu tinha uma mania de contar os passos e calcular quantos metros ou quilômetros eu já tinha andado.  E assim que entramos, pude ver que o lugar era pequeno mas tinha tudo o que você precisava para sobreviver, e assim como nas ruas da cidade, o lugar também se encontrava vazio.

Olhei a lista e sai procurando pelos corredores com um carrinho, enquanto Natan tinha pegado a cesta azul e tinha ido direto para a área do açougue. Era surpreendente como um supermercado aparentemente pequeno tinha de tudo, inclusive ferramentas, também pude ver alicates, e alguns materiais de construção, bolsas e algumas maquiagens.

Achei o corredor da área de higiene, peguei um pacote de papel higiênico que continha oito rolos, acho que seria o suficiente para pelo menos dois meses, também lixívia, ou água sanitária como já ouvi outras pessoas chamarem, alguns sabonetes e por fim, sabão em pó e desinfetante, com isso, terminei a área de higiene.

Depois fui para as carnes, comprei bife, frango, ovos e as últimas coisas que estavam na lista ficava na área que estavam as massas e biscoitos. Avistei uma marca de cereal que estava na lista, bem no alto da prateleira e pegar foi totalmente em vão, mesmo ficando na ponta do pé. Continuei me esforçando, eu não era de desistir facilmente, quando uma mão me atrapalhou pegando o cereal que eu queria a colocando na sua cesta, talvez a minha raiva na hora fosse pura implicância, já que havia várias outras da mesma marca na prateleira, mas eu tinha pego aquela caixa primeiro e eu não deixaria barato.

Assim que olhei para o lado me deparei novamente com aqueles olhos castanhos, no qual tinha um sorriso ousado no rosto. 

— Davy, você não viu que eu estava tentando pegar essa caixa? — Exclamei um pouco alto e o mesmo me olhou surpreso ainda sorrindo.

— Boa tarde Ester, essa caixa de cereal é sua? — Pegou a caixa balançando enquanto me mostrava.

— Não, mas seria se você não tivesse pego, mas tudo bem, tem várias outras e eu posso pegar — Disse cruzando os braços e ele riu.

— Acho que minha visão anda ruim, por um momento jurei que você estava tentando pegar essa. Primeira vez que me engano sobre algo — Se fez inocente, e quando olhei para a sua cesta, continha correntes grossas de ferro e bastante querosene.

— É, você precisa usar um óculos para não se enganar mais — Disse indo para outra prateleira enquanto ele colocava a caixa na minha cesta.

— Eu pego outra pra mim — ele riu.

— Muito obrigada pela sua generosidade, senhor Williams! — Rebati irônica.

A lista continha biscoitos, o que não tinha marca e nem sabor, mas tinha a quantidade de pacotes que eu deveria comprar, cinco pacote de biscoito diferente, entre eles eu comprei rosquinha de chocolate e leite, sequilhos, biscoito de polvilho, e por último wefer. Eu estava ajeitando a cesta quando de repente o Natan chega me causando um pequeno susto, o que fez Davy franzir o cenho e não foi diferente com o Natan

— Você já acabou? Podemos ir? — Perguntou enquanto encarava Davy. 

— Claro, vamos sim — Falei caminhando — Tchau Davy, até na escola — Sorri para ele que apenas retribuiu balançando a cabeça e seguiu direção contrária da minha. Ele era estranho, bipolar eu diria. 

Senti o incômodo vindo do Natan, ele estava calado querendo falar alguma coisa mas pelo visto não sabia como.

— Aconteceu alguma coisa? Você está bem? — Perguntei preocupada.

— Você brincou comigo quando falou com aquele cara, fala sério Ester — Franziu o cenho chacoalhando.

— E qual o problema? — perguntei confusa enquanto caminhávamos para o único caixa que tinha no lugar. 

— Ele é louco, matou a própria família e ocultou todas as provas, eu não suporto esse cara, fique longe dele. Você já ouviu a história? — Perguntou.

— Ouvi e até onde eu sei são apenas suposições, não tem nenhuma prova concreta de que tenha sido ele. — Rebati.

— E quem seria Ester? Desde que a família dele morreu, mortes acontecem na floresta, e adivinha qual casa fica mais perto? Isso, a dele — Falou como  se tivesse ganhado na loteria ou descoberto algo histórico.

— Não me importo, ele não parece ser uma pessoa ruim, mas apenas uma pessoa que está pagando por algo que não cometeu, até porque se ele realmente fosse ruim, e realmente fosse ele que mata as pessoas, ele teria me matado no dia em que me encontrou perdida na floresta. — Comentei e dei de ombros.

— De todo jeito, tudo o que acontece de ruim na cidade é culpa dele.

Assim que olhei para trás, percebi que o Davy estava bem atrás de nós, escutando toda a nossa conversa, olhando para baixo com o maxilar travado. Me senti mal na mesma hora, ele escutava calado enquanto não fazia nem questão de se defender. Natan também percebeu sua presença, tanto é que gaguejou algo inaudível para mim. Davy finalmente levantou a cabeça, e os seus olhos encontraram os meus me causando arrepios.

— É a vez de vocês — Suas palavras saíram brutas, me causando uma pequena tristeza e desconforto, passei as minhas compras e em seguida o cartão de crédito, e segui para casa sem ao menos esperar pelo Natan.

Eu não sabia o que pensar, eu estava me sentindo mal por algo que eu não havia dito, eu tinha o defendido certo? Eu sabia qual era a sensação de ter alguém falando mal de você por tudo que é canto de onde você passa, principalmente quando era da sua própria família. Meus passos eram apressados, eu só queria ir para a minha casa e esquecer tudo que aconteceu agora pouco. 

Assim que cheguei em casa tive uma visão engraçada do meu pai, ele estava jogado no sofá, numa posição totalmente desconfortável para quem tinha problemas de coluna.

— Eu estava tão bem aqui que não percebi a sua presença. — Informou ele.

— Hum, tudo bem. Pode voltar então.

— Aconteceu alguma coisa com você? — Perguntou-me enquanto tirava as coisas da sacola plástica. 

— Não, pai. Vou para o meu quarto, lembrei que tenho uma atividade para fazer — Eu menti, mas de certa forma era verdade, já que faltava apenas uma questão do exercício de matemática.

— E a casa da sua colega? Desistiu de ir? 

— Encontrei ela no meio do caminho de volta para casa e decidimos que amanhã nos veremos na escola.

— Então tudo bem, descanse que quando estiver perto do jantar chamarei você, essa roupa já está boa para ir.

— Okay, vou subir para o meu quarto.

Eu conseguia ver a neblina pela janela do meu quarto, era possível que caísse uma chuva nesta noite, por hora eu só me perguntava o que o menino Davy fazia com correntes em sua cesta, será que ele tinha um cachorro? 

Peguei um dos livros que estava na minha prateleira logo acima da minha cama para me distrair e passar o tempo, eu achava uma perda de tempo sair para um jantar, mas também via como um lado positivo, eu não iria precisar cozinhar, todo mundo sabia da minha volta a cidade, eu me perguntava se o meu pai realmente só queria me apresentar aos seus amigos e filho. 

O horário passou depressa e quando percebi o meu pai já estava batendo em minha porta me chamando para ir, eu estava limpa e achei melhor tomar um banho quando voltasse do nosso pequeno jantar. Meu pai vestia uma camisa pólo preta e uma calça da mesma cor, enquanto eu, um suéter folgado na cor bege e uma calça preta, eu me sentia confortável com roupas maiores que eu.

O restaurante era pequeno e ao lado tinha também um bar, que não estava muito movimentado, mas o restaurante era um lugar agradável para ficar. Quando estávamos perto da mesa dei de caras com um rapaz que estava na mesma turma que eu estava, e eu não tinha ido muito bem com a cara dele, talvez seja porque eu não o conheço.

— Pessoal, essa é a minha garotinha — Anunciou o meu pai assim que sentamos na mesa.

— É um prazer te conhecer, querida! — Disse a mulher com cabelos castanhos médios, e os olhos castanhos claros.

— O prazer é meu, senhora.

— Catarina querida, esse é meu marido, Carlos, e esse é o meu filho Pietro — Disse enquanto mostrava com as mãos e eu os cumprimentei.

 — Somos da mesma turma mãe — O garoto sardento e com óculos de garrafa se pronunciou. Ele tinha um porte atlético, alto, e pelo o que percebi, ele era popular entre as meninas da escola. Dele eu queria distância.

— Que bom, espero que possam ser amigos — sugeriu o meu pai.

— É, espero que sim — eu disse fazendo pouco caso.

O jantar se resumiu no menino me encarando e eu ficando bastante desconfortável, e aparentemente ele havia percebido mas fazia questão de me olhar e puxar assunto, até que um assunto me interessou, era sobre um assassinato que aconteecu hoje. 

— Apareceu uma garota morta na floresta hoje depois que você saiu — O homem de quase meia idade falou para o meu pai.  

— E porque não me chamaram? — Perguntou meu pai chateado.

— Você está trabalhando demais nesses assassinatos, descanse um pouco. — sugeriu o senhor Carlos.

— Algo que ligue ao menino?

— Não, mas encontramos pegadas na floresta. Estamos nos dando com um serial killer. — Falou relaxando.

— O menino sempre aparece nesses locais, que milagre ele não estava dessa vez? — Meu pai perguntou.

— Ele estava no mercado hoje a tarde, talvez por isso. — Comentei enquanto comia a sopa fria que estava bem na minha frente.

— Isso não é lugar para esse tipo de conversa, fica para outra hora! — Disse a dona Catarina, e eu agradeci aos céus, pois meu estômago já embrulhava.

O restante do jantar foi tranquilo, ninguém comentou sobre mortes ou desaparecimentos, parecia que a cidade só se resumia a isso, e talvez fosse verdade, já que esse era o assunto que mais se espalhava pela cidade. Eu tinha certeza de que não conseguiria dormir bem nessa noite, e que teria pequenos pesadelos, eu já estava cogitando a ideia de voltar para casa, mas eu não iria fazer isso novamente com o meu pai, eu iria encarar tudo o que viesse pela frente.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo