Usque In Finem
Usque In Finem
Por: Diana Mendonça
PRÓLOGO

Grécia antiga, milhares de anos antes de Cristo

O corpo dela se arrastava pela beirada do penhasco. 

Por um minuto ela não teve forças para continuar, não queria. Na verdade, ela apenas queria morrer ali. 

Reviveu as últimas horas e lágrimas escorriam por seu rosto. Seu corpo doía de tantas maneiras, que ela não conseguia sequer pensar. As violações cometidas contra ela, eram tão grotescas que não conseguia contabilizar em seus pensamentos, ainda mais por quem haviam sido feitas. Por algum tempo ela se permitiu chorar.

Atrás dela, a ilha mítica pegava fogo em caos e destruição. Como ela havia sido destruída. De tantas formas, que agonizava em pequenos soluços de desespero.

Mas, poderia suportar, alguns metros. Só mais um pouquinho, repetia em sua mente. Ela então tocou a beira do precipício que se abria para o mar Egeu. O corpo deixava uma trilha de sangue para trás, porém pouco se importava. Ela queria somente acabar com aquilo de uma vez. Nada na vida valia a pena agora. Tudo fora tirado dela de um jeito que era inominável. 

Em um último impulso de força, com o pouco poder sobrenatural que lhe restava, jogou-se para o mar. Fechou os olhos e esperou a morte vir buscá-la. Só que diferente do que ela pensava, quando as ondas furiosas a abraçaram, um tipo de ser diferente apareceu e ela sabia quem era, antes mesmo que conseguisse abrir os olhos em meio a escuridão daquela água.

Por que você fez isso? a voz sombriamente calma, sussurrou através dos redemoinhos de água que tocavam seu rosto. 

Sua mente ainda estava completamente clara, lúcida e sem precisar abrir os lábios, ele absorveu seus pensamentos mais rápido do que se tivesse dito. E ela sentiu a fúria devastadora que tomava conta dele. 

Eu vou tomar cada alma que te tocou, vou matar um por um daqueles que um dia amei, para vingá-la, meu amor. Como minha consorte, lhe tornarei minha igual, com um pedaço de minha alma e você viverá para sempre, como a minha deusa do mar. 

Ela abriu os olhos e o que viu, mudaria completamente a existência dela pelos próximos milênios. O feixe de luz incandescente se tornava cada vez maior e mais denso naquela escuridão do mar. As chamas bruxuleantes de um fogo dourado a tocou, fazendo com que gritasse.   

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