Capítulo 4

O olhar de desejo que Andrew lançou sobre mim, me deixou desconfortável e excitada ao mesmo tempo.

— O que deseja, senhor Castillo? — Pergunto novamente, em frente a porta fechada, tentando conter o desejo que se apossou do meu corpo após seu braço roçar em meu seio por cima da toalha.

— Por que estar de toalha senhorita Cecile?

Ele parecia tão desconfortável quanto eu.

— Eu já disse que estou esperando a sindica, ela vem buscar o dinheiro do aluguel, eu estava no banho, como ela é mulher, não achei nada demais abrir a porta assim, não esperava o senhor.

— Acredito em você, mas, por sua causa está difícil me controlar...

— Se controlar? Como assim?

Ele se aproxima de mim, fazendo todo o meu corpo ficar em alerta máximo, agarra o meu braço e me puxa de leve em direção ao sofá.

— O que você está fazendo? Se controlar para quê, senhor Castillo?

— Eu quero te beijar senhorita Cecile, não consigo resistir.

Eu não consegui emitir nenhum som, eu quero que ele me beije, mas, e se ele não gostar? Nunca beijei de verdade, não aqueles beijos ardentes, ele não me parece alguém que se contenta com selinhos.

Andrew, com suas mãos ágeis tira minha toalha.

— O que o senhor está fazendo?

Rapidamente cubro meu corpo com minhas mãos.

— Linda, como eu imaginei.

Ele se aproxima mais, deixando os nossos corpos colados.

Eu preciso me afastar, ele pode pensar alguma coisa errada de mim, mas, porque não consigo?  Porque está difícil resistir a ele.

— Eu preciso te beijar Cecile, por favor, não me diga não.

Ele está me implorando um beijo? Isso nunca aconteceu comigo.

— Jonas te beijou?

Que pergunta foi essa? Será que eu devo responder?

— Ele te beijou? — Ele repete a pergunta. Confirmo sua pergunta balançando a cabeça. A raiva se misturou com o desejo em seus olhos. —  Você gostou?

— Por que está me perguntando essas coisas? Devolva-me minha toalha.

Tento separar nossos corpos, mas não consigo.

— Você gostou? — Ele parecia estar controlando sua raiva.

— Não... — Respondo me afastando dele, minhas lágrimas caem e eu não consigo contê-las. — Acha que vou gostar de beijar alguém que me sequestrou, me humilhou e ainda por cima brincou com minha cara? Você não me conhece. Agora, por favor, quero minha toalha.

Falei tudo em um  fôlego só. Andrew abaixa-se e pega minha toalha, achei que ele me daria,  só que ele pegou a toalha e jogou em cima do sofá e se aproximou de mim novamente.

— Quero te fazer esquecer o beijo dele.

— Para quê? Por quê se importa?

— Não sei o porque me importa, mas, eu quero fazer você esquecer.

No momento me pareceu uma promessa tão boa que me peguei aceitando.

Ele começou beijando meu pescoço, me fazendo ficar arrepiada. Ele foi tão devagar até minha boca, parecíamos estar em câmera lenta, seu beijo era carinhoso e ao mesmo tempo intenso, o toque de sua boca parecia estar eletrocutando todo meu corpo, o fazendo doer, mas, uma dor prazerosa.

Esse pensamento me assustou e todo o prazer foi embora, empurrei Andrew e corri ao meu quarto e fechei a porta, me encostando na mesma.

Olhei o meu corpo nu e um sorriso nervoso surgiu em meus lábios.

— Tudo bem, preciso pensar sobre isso, mas agora não posso,  nem tenho condições.

Pensei em desistir de voltar a sala, mas seria muita covardia.

— A casa é minha, ele que tem que sair. — Tento convencer a mim mesma.

Visto um short folgado e uma camisa larga, da série Game of Thrones, com a imagem do meu lindo rei do norte estampado na frente, saio do quarto e caminho até a sala. Encontro Andrew sentado no sofá, parecendo bem relaxado. Ele me avalia dos pés a cabeça e bem rapidamente noto uma centelha de desejo passar por seus olhos.

— Hai preso la mia bella (Você demorou minha bela). — Ele diz em italiano.

Olhei pra ele com um falso desdém por sua observação e para disfarçar o prazer pelo elogio contido nele.

— Não me chame de sua bela, porque não sou sua, agora, por favor, vá direto ao ponto. — Respondo a ele em português.

— Ok, você está certa. — Ele retruca em português, parecendo chateado. Sua voz ficou mais grossa e seu sotaque mais acentuado, deixando meu corpo todo arrepiado, me fez imaginar ele falando em meu ouvido com sua voz grossa e sedutora.

Pigarreio para limpar minha mente desses pensamentos e sento na poltrona frente a ele.

— Sei que a senhorita — ele voltou a ser formal novamente, eu e minha boca grande — Está no ultimo ano de faculdade, mas, ainda não fez nenhum estágio...

— Como sabe sobre...

— Não me interrompa, por favor.

Grosso. Penso comigo mesma, mas resolvo ficar em silêncio.

— Estou precisando de uma secretária. — Ele faz uma pausa significativa. — A senhorita aceita ser minha secretária?

Fiquei encarando-o por alguns minutos, tentando colocar minha mente em ordem.

— O que me diz senhorita...

— Por acaso o senhor é bipolar?

— O que disse?

— Perguntei se o senhor é bipolar? Ontem o senhor me odiava, hoje o senhor me beija e ainda me oferece um emprego.

— Eu nunca disse que te odeio, peço perdão se foi a impressão que causei, mas, o que eu estou oferecendo é nada mais que um negócio, eu preciso de  uma secretária e você de um estágio.

— Eu tenho que te dar uma resposta agora?

— Não precisa, mandarei para você, ainda hoje, o trabalho que eu quero que você desempenhe e o valor a ser pago, mas, você terá até às dez da noite de amanhã para me informar sua decisão.

— Entendo. — Foi a única resposta que consegui pensar.

— Fique ciente, senhorita Cecile, que não tolero atrasos, principalmente de possíveis funcionários. — Ele se levanta do sofá e abotoa o seu terno. Parece tão idiota de minha parte, mas, ele fica bonito até abotoando um terno.

Nem notei sua aproximação, ele pigarreia me fazendo voltar a mim.

— Sim?

— Acompanha-me até a saída senhorita?

— Ah, sim, acompanho sim. — Respondo tentando por meus pensamentos em ordem. Ele estende sua mão pra mim. — Eu posso me levantar sozinha...

— Tenho certeza que sim. — Ele diz, ainda com sua mão direita estendida.

Não querendo ser grosseira, decido segurar sua mão e me levanto. Com um sorriso torto, ele entrelaça os nossos braços e caminhamos até a porta, chegando lá, abro e espero ele sair. Ele sai e vira-se para mim.

— A propósito, senhorita Cecile...

— Sim?

— Sua sindica esteve aqui para receber o pagamento...

— E por que não me chamou? — Pergunto tentando me conter para não fazer grosseria, mesmo ele merecendo. — Meu pagamento já estava atrasado.

— Não achei necessário.

— Não achou necessário? Agora preciso ir até lá pagar, se não ela vai ficar com cara feia e tentará me tirar do prédio.

Quando estou para me virar, ele voltar a falar.

— Não achei necessário te chamar, por que já paguei...

— O senhor não ousou fazer isso?

— Tanto ousei que já está feito.

— Quanto o senhor deu a ela?

— Paguei o aluguel desse mês e dei mais três meses adiantado.

— Eu não tenho como pagar esse dinheiro todo ao senhor, vou lá e pedirei a ela todo o dinheiro de volta...

 —  Se você  fizer isso, comprarei esse prédio e despejarei todos.

— O senhor não ousaria? — Digo incrédula.

— Quer pagar pra ver?

— Não gosto que me ameacem, senhor Castillo.

— Isso não é uma ameaça, isso é um aviso.  Só  avisei  sobre  o  que  fiz porque  achei  o  certo  a  ser  feito,  se  não você nem saberia.

— O certo a ser feito para quem? Só se for para o senhor.

Fiquei encarando sua face séria, ele parecia estar falando sério, eu não posso deixar ele pagar as coisas para mim, ele é um estranho. fiquei pensando no que devo fazer e decidi falar com a sindica e pegar o dinheiro novamente.

— Pense como desejar. — Ele diz virando-se para ir embora.

— Idiota, arrogante. — Digo em um sussurro.

— Escutei isso senhorita Cecile.

— E eu com isso?

— Escutei isso também. — Ainda caminhando ele diz: — Passe bem, Senhorita.

 Parecia que eu estava vendo seu sorriso zombeteiro, com raiva, fecho a porta com força.

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