Capítulo 3

— Mathew? — Grito por meu chefe de segurança.

Estou na empresa, em meu escritório. Não dormi nada, desde que me mudei para o hotel que não durmo bem, minha casa está em reforma já faz seis meses, o chefe de construção me prometeu entregar nesse final de semana, é melhor que ele cumpra a promessa. Por mais que eu ganhe a vida construindo hotéis, não gosto de ficar muito tempo neles. É solitário demais.

— Sim, senhor Castillo? — Mathew pergunta, interrompendo meus pensamentos.

— Preciso que você descubra tudo sobre essa mulher. — Escrevo no papel todo o nome de Cecile e entrego a ele.

— Para quando senhor?

— Quero para hoje, Mathew!

— Certo senhor.

— Está dispensado. — Ele balança a cabeça confirmando. — Quando sair você diz a Paulo para vir até minha sala.

— Certo senhor! — Mathew Acco é meu chefe de segurança há dez anos, confio a ele minha vida. Eu sou um homem poderoso, dono de muitas redes de hotéis, constantemente estou rodeados de seguranças, a mídia me intitula magnata, não gosto que me chamem assim, mas, é assim que sou conhecido. Mathew também é um ótimo investigador e sempre quando preciso, ele faz esse trabalho extra para mim.

— Chamou, senhor Castillo? — Paulo pergunta entrando na sala.

— Paulo, já conseguiu a secretária que eu solicitei? — Estou precisando urgentemente. Eu já estava ficando irritado com toda essa demora. Minha secretária Joana já era de idade e acabou de se aposentar, já era para ter resolvido isso, só que eu fiquei adiando e deixei para Paulo resolver.

— Não, senhor Castillo... — Quando Paulo me chama de Castillo com esse tom preocupado, é porque a coisa está feia mesmo. Paulo está comigo faz sete meses, ele trabalha na parte financeira em minha empresa Società Andrew, mas, ficar em duas funções o estar sobre carregando, por isso necessito de uma secretária.

— Como assim, não senhor Castillo? Quer dizer que ninguém se candidatou ao cargo? — Meu estado de irritação já estava quase raiva. Se controle Andrew, se controle, eu tentava dizer para mim mesmo através da minha mente. Paulo não tem nada haver com seus problemas.

— Já se candidataram várias...

— E então, por que nenhuma delas está trabalhando para mim ainda?

— Porque nenhuma tem o perfil que o senhor exigiu.

— Solteira e sem filho? — Eu pedir alguém com essas características porque viajo muito, preciso de alguém que não me dê problemas nesse quesito.

— Senhor, a maioria é casada e tem filhos... Assim dificulta.

— E a minoria, Paulo? — Pergunto frustrado. Hoje o dia está mais que péssimo.

— Os comportamentos não são profissionais. — Essa é a maneira educada de Paulo falar que elas são piranhas.

— Entendi Paulo. — Fiquei pensando por um tempo, encostei-me a cadeira, com as mãos no queixo. — Paulo, deixe que resolvo isso. Por hoje é só. — Digo, o dispensando em seguida.

Paulo sai que nem noto e me aprofundo em meus pensamentos. Lembro-me do dia que eu escolhi construir hotéis ao invés de barcos. Sempre fui apaixonado pelo mar, mas, a minha paixão real é a arquitetura. Meu pai era dono de uma construtora de barcos e queria que eu seguisse o mesmo rumo que ele. Comecei consertando canoas, era assim que eu ganhava meu dinheiro, meu pai se orgulhava, mas, eu não me sentia feliz, quando tomei coragem para contar a meu pai, de alguma forma, ele se sentiu traído. Ele me tirou de seu testamento, disse que eu não ia vencer na vida, palavras duras vindas de um pai para o seu filho. O que eu fiz? Desenhei meu primeiro projeto, era perfeito, vendi a primeira construtora que aceitou comprar. Ganhei um bom dinheiro e por aí não parei mais de fazer meus projetos, fiz minha faculdade, o dinheiro que sobrou, abri minha primeira empresa, pequena, mas, eu nunca vou esquecer dela, lá muitos projetos foram criados. No momento que o dinheiro passou a ser maior que o esperado, senti desejo em meu coração em construir algo, então escolhi construir um hotel. Foi assim que percebi que construir hotéis também se tornou a minha paixão.

Meu pai não vive mais para saber o sucesso que me tornei nessa área, mas, sei que se ele estivesse aqui, não estaria orgulhoso, ele morreu e deixou tudo o que era meu para Jonas, ele teve um caso com minha tia, a mãe de Jonas e, de alguma forma, eles convenceram meu pai a fazer de Jonas o único herdeiro. Eu já não sinto raiva de meu pai, se ele ainda estivesse vivo, faria o possível para me reconciliar com ele. Não foi fácil chegar aonde cheguei, passei muita fome, já passei maus bocados, como diz o ditado. Uma coisa meu pai me ensinou, e que eu levo em minha vida, jamais eu deveria passar por cima de alguém, que eu vencesse pelo meu esforço e competência, desistir não deveria nunca estar no vocabulário de um Castillo, somos fortes e não desistimos nunca, seja conseguindo ou não conquistar o que queremos. Segui o conselho de meu pai, ele fez quem sou hoje, por isso estou aqui, aceitando ou não.

Acordei do transe com Mattias estralando o dedo em minha frente, nem tinha notado sua presença.

— Andrew, você está bem?

— Estou bem. — Digo olhando para ele. — Não bate mais?

— Eu bati e você não escutou, achei que tinha alguma coisa errada. — Ele responde parecendo estar na defensiva.

— Levou Cecile para casa como eu te pedi? — Pergunto mudando de assunto.

— Sim. — Ele diz com um sorriso que não gostei nada. — Ela é ótima, descobri que mora na Bahia, assim como eu. Ela me deu seu w******p.

— Ela fez o quê? — Quer dizer que ela deu seu w******p a Mattias e a mim nem um beijo quis dar, tudo bem que não é a mesma coisa, mesmo assim. Preciso deixar claro a Mattias que ela já é minha. — Mattias, não se interesse por ela...

— Por quê?

— Porque ela é minha, simples assim.

— Ah... — Ele diz me encarando. — Não achei que estivesse interessado nela, tome o w******p dela então. — Ele diz me entregando o papel. — Andrew?

— Sim?

— Ela não me parece uma mulher que só fica por uma noite.

— Como sabe disso?

— Eu conversei com ela e me parece uma mulher direita, e outra, ela alega que não dormiu com Jonas, ele a sequestrou...

— Ele o quê? — Pergunto com raiva. — Aquele desgraçado.

— Ele a sequestrou. Ela tentou te dizer e você não acreditou nela.

— Achei que ela fosse uma de suas amantes e mentirosa.

— Imaginei. O que você viu nela?

— Não sei, alguma coisa me atraiu nela. Eu sei que é estranho, prometi a mim mesmo não me envolver mais com uma mulher brasileira, mas, aqui estou eu, interessado por outra.

Mattias sorrir e se levanta.

— Espero que você descubra o amor nela.

Eu fiquei calado, o encarando, não seria para tanto, tenho certeza que depois que eu conseguir o que quero, todo esse interesse vai embora.

— Agora preciso ir Andrew, tenho que resolver os assuntos de sua viagem para semana que vem.

— Certo, vai lá. — Mattias sai e eu fico pensando em suas palavras...

Espero que você descubra o amor nela.”

Já eu, espero que isso não aconteça. — Digo em voz alta.

O amor deixa as pessoas fracas, eu que o sei. Não sei por que essa mulher não sai de minha cabeça, eu preciso tê-la, nem que seja só uma noite. Tenho que pensar em uma maneira de fazer Cecile aceitar, uma coisa que sou muito bom é em convencer alguém.

— Senhor Castillo? — Paulo diz entrando em meu escritório.

— Sim, Paulo? — Pergunto levantando a cabeça, que estava abaixada, analisando uns papéis que estão sobre minha mesa.

Semana que vem irei viajar para o México. Eu preciso inspecionar o terreno que comprei, lá será a construção de meu novo hotel. É necessário deixar todos os documentos prontos antes da viagem, mas minha mente não está funcionando bem, um trabalho que eu terminaria em meia hora, já tenho quase uma hora e meia. Cecile não sai de minha cabeça, preciso vê-la e pensar nela e querer tocá-la dificulta meu trabalho, e muito.

— O senhor Acco está aguardando para falar com o senhor. — Paulo diz interrompendo meus pensamentos conturbados.

“Não entendo porque Paulo se dá a esse trabalho de vir aqui, o telefone serve para isso, mas, ele faz questão de vir a minha sala.”

— Por favor, diga a ele para entrar. — Respondo, reprimindo meu pensamento anterior.

Paulo sai e em seguida Mathew entra.

— Sente-se Mathew. Digo assim que ele se aproxima da mesa.

— Boa noite senhor? — Ele diz se acomodando na cadeira.

— Boa noite. — Digo me recostando a cadeira. — Alguma novidade sobre a investigação?

— Sim. — Ele diz me entregando um pequeno dossiê, o qual eu não havia notado. — No momento, todas as informações que encontrei sobre ela são essas.

Peguei o dossiê e coloquei em cima da mesa.

— Se desejar, posso continuar a investigação, senhor Castillo.

— Certo Mathew, você está dispensado. Daqui a pouco estarei indo embora. — Ele balança a cabeça concordando, em seguida se levanta da cadeira. Quando ele estava próximo a porta, o chamei.

— Mathew?

— Sim?

— Agradeço pela ajuda extra.

— Disponha senhor, pode contar comigo sempre que desejar.

Balanço a cabeça confirmando. Eu sempre soube que posso contar com ele, mas, escutar isso da boca dele é bem melhor. Faço uma nota em minha mente para recompensar Mathew pela ajuda. Pego o dossiê e começo a ler.

Nome: Cecile Viana Lopes

— Ela não me disse todo o seu sobrenome. — Digo em voz alta.

Não sei porque isso me chateou. Penso mais intrigado do que preocupado.

Nascimento: 04 de agosto de 1994.

Idade: 22 anos

Nacionalidade: Brasileira / Nata

Pai: Lucas Viana Santos / Falecido

Mãe: Marcela Viana Lopes

Antecedentes criminais: Sem antecedentes criminais

Preferência sexual: Homens

Não pude deixar de sorrir em saber disso.

Locais onde trabalhou: Não especificado.

Amizades: Amiga Lívia Araújo.

— Como ele sabe esse tipo de coisa? Não consigo pensar em nada, não entendo de investigação. Volto a ler o dossiê.

Temperamentos: Não especificado

Espero que ela não seja Colérico, vai dificultar e muito a minha vida. Pensei entortando os lábios. De Colérico já basta eu.

Cecile Viana Lopes, ganhou uma bolsa de intercâmbio para estudar administração na Itália por cinco anos.

— O quê? Quer dizer que ela irá embora? Pela data estipulada para o termino da bolsa, ela tem no máximo um ano e meio. — Exclamo com raiva.

— Mas o que eu tenho com isso? Ela não é nada minha.

“Mas ainda vai ser.”

Minha mente teima em me dizer. Mas, a verdade é que saber isso me deixou com receio, do quê, eu não sei.

Terminei de ler o dossiê e fiquei com a mente vagando. Pensar em Cecile, acende todo meu corpo, isso me preocupa, a conheci hoje e quero vê-la novamente. A quero perto de mim, mas, como conseguir isso?

— Claro! — Exclamei levantando-me, tirando meu terno do encosto da cadeira e minha bolsa carteira preta de cima da bancada de madeira próximo a porta e saí do escritório, dispensei Paulo e me encaminhei a garagem. Mathew já estava me esperando em frente ao meu SUV preto, pronto para sair. Entro no carro e me acomodo.

— Para casa da senhorita Viana?

Não fiquei surpreso, Mathew me conhece muito bem.

— Sim. — Respondo com um meio sorriso e ele retribui e sai com o carro.

***

Meus pensamentos são interrompidos pela voz de Mathew.

— O que disse?

— O senhor está bem? Parece preocupado.

— Estou preocupado com algumas coisas, mas estou bem, Mathew, agradeço a preocupação.

— Disponha senhor, mas, qualquer coisa pode falar. — Confirmo com a cabeça.

Minha preocupação maior é saber qual o próximo passo de Jonas. Eu tenho certeza que ele tem algo haver com o atentado em minha casa, mas, eu não posso provar, não ainda.

O que ele fez Cecile fazer, foi só uma brincadeira de mau gosto, no entanto, ele prometeu que a próxima vez não será. Eu só quero saber o porque ele tem tanto ódio por mim, o engraçado, é que eu quem deveria ficar com raiva dele, afinal ele me roubou o amor de meu pai.

— Chegamos senhor! — Mathew diz, parando o carro em frente a um prédio com a aparência deplorável.

Espero que o interior da casa de Cecile não seja assim.”

O carro estaciona e logo atrás dele saem meus outros seguranças, Mathew dá as ordens. Apenas dois seguranças sobe comigo e Mathew e dois ficaram fazendo a segurança embaixo para guardar os carros, estou ciente que minha vida está em perigo, então todo cuidado é pouco.

Próximo a porta do apartamento de Cecile, peço a Mathew para fazer guarda do lado de fora, ele protestou, mas acabou concordando. Me encaminho até a porta e toco a campainha, espero alguns segundos e toco mais uma vez, quando estou para tocar pela terceira vez, ela abre a porta. Me senti aliviado por nenhum dos seguranças está próximo de mim. A visão de Cecile de toalha me deixou com água na boca e um incômodo abaixo da cintura.

— Vo... Você? — Ela gagueja.

A surpresa dela era tanta que se a visão do corpo dela não tivesse me deixado excitado, eu riria de sua fisionomia.

— O que o senhor está fazendo aqui? — Ela pergunta recobrando a compostura.

— Você recebe todos assim? — Pergunto apontando para o seu corpo.

— Eu... — Ela faz uma pausa corando de vergonha. — Eu estou esperando a sindica, ela vem pegar o pagamento.

— Se você está dizendo, mas até que gostei da recepção.

O desejo tomou conta do meu corpo, o esforço estava muito para controlar.

— O senhor ainda não me disse o que deseja? — Ela dá um passo para trás.

Acho que não adiantou nada controlar.” Pensei com um sorriso de lado.

— Pergunta perigosa.

— Senhor Castillo, vá direto ao assunto. —Ela está ficando brava, até assim ela fica linda.

— Preciso conversar com a senhorita, aqui fora não vai ser um bom lugar.

Pude perceber pelas emoções que passavam pela sua face, que ela está avaliando se deve ou não me deixar entrar. Não gostei do medo que vi naquele lindos olhos.

— Não precisa ter medo, não vou te machucar, só quero fazer uma proposta a senhorita. — Ela fica alguns segundos me encarando.

— Tudo bem, pode entrar.

Ouvi esse pedido trouxe um alívio em meu corpo tenso e excitado. Solto a respiração que até então nem sabia que estava prendendo.

Ela fica de lado para me dar espaço para passar, sem querer, querendo, meu braço direito roça em seu seio por cima da toalha. Essa atitude só fez meu desejo aumentar e a vontade de agarrar Cecile naquele momento estava esvaindo meu autocontrole. Pela primeira vez fiquei preocupado que minhas atitudes estragassem tudo.

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