Capítulo 1

   Olhando a mulher assustada a minha frente, não é difícil imaginar o que Jonas viu nela. Por mais que o seu corpo seja lindo, maravilhoso e suas curvas tentadoras, são seus olhos que mais me chamaram a atenção, o medo contido neles é disfarçado pela raiva e algo mais. Ela me avaliou dos pés a cabeça e suas pupilas dilataram-se involuntariamente, esse algo mais que eu notei em seus olhos, me remeteu a palavra desejo, porque é isso que eu sinto olhando esse seu corpo delicioso...

“Pare de pensar dessa forma seu idiota. Eu instruía a minha mente.”

— Aproxime-se! — Ordeno, mas, ela nem se digna a sair do lugar. — Eu disse para você se aproximar. — Aumento minha voz e ela se encolhe toda, antes de se aproximar de mim. Não sou de tratar mulher nenhuma mal, mas, não tolero quem brinca com minha vida e se ela veio a mando de Jonas, não é coisa boa. Nunca imaginei que poderia odiar tanto uma pessoa, ainda mais essa pessoa sendo da minha família. — Quem é você?

­­— Ce... Cecile. — Ela diz gaguejando. Belíssimo nome combina com a dona. Como é que eu sei isso? Nem conheço essa mulher. Ela não é italiana, seu sotaque a denuncia.

— Cecile de quê? Não irei perguntar novamente minha cara. — Pergunto me levantando da cadeira que está no canto da sala. Ela ainda continua agarrada a pasta, como se isso pudesse protegê-la de mim. Eu nunca fui adapto da vaidade, mas nesse momento, eu senti uma pitada dela. Se ela me deseja e sente medo de mim, para começar está de bom tamanho, para o que estou pensando fazer com ela.

— Cecile Viana! — Ela diz, evidenciando mais sua raiva. Guardo esse nome em minha mente, pois, pretendo saber tudo sobre essa mulher.

— Sente-se Cecile... — Ela nem sai do lugar. Ou ela está realmente com medo ou simplesmente é surda. Não gosto de dar medo em mulher nenhuma, sempre preferi dar prazer, mas, essa mulher terá o que merece.

Chamo dois seguranças e peço para colocá-la sentada em uma cadeira em frente a minha mesa. Não quero tocá-la, não ainda, saber que Jonas a tocou me deixa com muita raiva, não entendo o porquê.

— Senhor, é um engano terrível, só vim aqui entregar a pasta. — Ela está realmente assustada. — Se não tiver a chave, não precisa cortar meu braço, podemos pensar em outra coisa, outra forma de o senhor ter a sua pasta. — O que ela pensa que sou? Um assassino? Um esquartejador de pessoas? Eu poderia estar rindo da situação se não estivesse com tanta raiva agora. — Por favor, senhor, eu imploro. — Ela voltou a chorar. Mas, imaginar que ela estava a pouco com Jonas, sabe-se fazendo o quê, isso me incomoda. Puxo uma cadeira e sento em frente a ela. — Senhor eu não fiz nada, foi um grande engano. — Ela continua insistindo em dizer isso, mas, eu não quero acreditar nisso.

— O que tem na pasta? — Questiono-a, encostando-me à cadeira.

— Não sei! — Ela diz exasperada, denunciando o seu cansaço. Ela pronunciou essas palavras em português, mas, acredito que não percebeu. Maravilha, mais uma brasileira em minha vida, Jonas sabe que não suporto mulheres brasileiras. — Não sei o que há na pasta, Jonas me entregou e disse que eu tinha que te entregar. Acha que eu quero estar aqui? Eu fui forçada.

— Isso não importa mais. — Acho que ela não percebia que ela falava a língua portuguesa e nem que eu a entendia e conversava de igual. Aprendi português com minha ex-esposa, para alguma coisa aquela mulher maldita serviu. Levantei-me da cadeira, peguei um papel e uma caneta em cima da mesa e escrevi três números e entreguei a ela.

— O que é isso?

— O código para abrir a pasta. — Jonas havia me enviado o código há dez minutos. — Abra a pasta. — Ordeno saindo da sala. Meus seguranças entram com escudos antibomba e se posicionam em frente a porta do escritório, eu saio do escritório e fico atrás da parede, a parede é reforçada com aço, que pode aguentar uma pequena explosão.

— O que há dentro da pasta? — Ela diz interrompendo meus pensamentos.

— Nada perigoso. — Minto, mas, a verdade é que eu não faço ideia do que tenha lá dentro e não confio em Jonas.

— Então porque o senhor mesmo não abre? — Garota esperta.

— Não confio em Jonas. — Digo expondo meu pensamento de agora a pouco.

— Eu também não confio nele. — Ela diz preocupada. — Só o conheci hoje na boate. — Saber isso não mudou meu temperamento. Como uma mulher conhece alguém e no mesmo dia já esta fazendo o que ele quer? Jonas deve ser muito bom no sexo. Por que eu tinha que pensar nisso?

— Abre logo essa pasta! — Grito em italiano. Posso senti-la se encolher.

— Tudo bem! — Foi tudo o que ela disse antes de abrir a pasta. Os segundos se passaram e todo meu corpo ficou apreensivo. E se ela abrir e acontecer algo com ela? Vou me sentir mal por isso? Pergunto-me.

— Não irei! — Digo em voz alta. Mas a minha mente teme em me dizer que sim, teme em dizer que vou me culpar.

— Por favor, Deus, me ajude. — Ela diz, em seguida ouço um estalar de algo sendo aberto. Tarde demais para impedi-la de abrir. Idiota, você demorou para impedi-la. Fico me censurando.

— Descreva o conteúdo da pasta para mim Cecile. — Peço a ela ainda do lado de fora da sala.

— Não tem muita coisa, há somente uma caixa de tamanho mediano, escrito em sua tampa "te peguei" e um papel dobrado escrito o seu nome nele, acho que é uma carta. — Eu não sentia mais o medo em sua voz, mas sim uma raiva contida.

 Entrando na sala, noto que seu rosto não transparece nada, nenhuma emoção. Aproximo-me da pasta e realmente só consta isso e uma chave, acredito que das algemas, acho que ela não viu. A raiva que sinto de Jonas só faz aumentar. Pego a chave dentro da pasta e jogo para ela.

— O que é isso? — Ela pergunta voltando a falar em italiano, deve ter recobrado a calma.

— A chave das algemas. — Respondo tirando a carta de dentro da pasta.

— Mentiroso...

— O que disse? — Questiono olhando para ela.

— Esse Jonas, maldito e mentiroso, filho de uma cadela.

Ela diz gritando e com raiva, voltando a falar português. Não é que ela está certa, a mãe de Jonas é uma cachorra usurpadora. Pensei gargalhando por dentro, esse pensamento me fez sentir-me bem, em saber que a sua raiva está direcionada para Jonas, não para mim. Enquanto ela tira as algemas, começo a ler a carta.

“Então primo, gostou da "surpresa"? Espero, para o meu prazer que a resposta seja NÃO. Tome cuidado, da próxima vez pode não ser uma brincadeira. Ah, gostou da brasileira? Se quiser pode ficar, não me serve mais.”

 Fico agradecido a meu primo pelo presente, em uma coisa esse traste acertou.

— Parece que você me pertence la mia piccola

(Minha Pequena). — Digo a ela não disfarçando a malícia em minha voz.

— O que disse? — Ela indaga de repente parecendo assustada.

— Eu disse que você é minha! — Respondo virando para encará-la. Não percebo que ela já tinha se aproximado de mim. Foi tudo muito rápido, senti um ardor em minha face no lado esquerdo, automaticamente minha mão esquerda descansou no lugar que ardia. Sua mão vai para bater do outro lado de minha face, mas, dessa vez, eu sou mais rápido e agarro seu braço esquerdo e o mantenho suspenso no ar, não sei, passaram-se segundos, minutos, ficamos na mesma posição, travando uma batalha com nossos olhares, mas, eu não sou um homem de perder o que quero e nesse momento eu decidi que a quero, além de esfregar na cara de Jonas que gostei do presente, ainda vou ter esse corpinho todo para mim.

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