CAPÍTULO 1 - JEREMY RUTHERFORD

NOVA DELI – ÍNDIA – 30 DE JANEIRO DE 1948

— JEREMY!!! ROCHELLE está entrando em trabalho de parto, precisa vir comigo o mais rápido possível – disse Charles, seu melhor amigo.

Jeremy Rutherford era um minerador inglês que estava tentando a sorte grande na Índia, ele estava correndo pelas ruas de Nova Deli, onde tinha uma loja em que negociava bauxita para a confecção de alumínio, material que estava em alto pela descoberta a pouco tempo.

LONDRES

JEREMY NASCEU EM LONDRES no ano de 1928 em uma família pobre e cresceu tendo que cuidar dos seus pais que estavam doentes, foi auxiliar de diversos empregos, até que com a morte de seus pais, quando tinha quinze anos de idade, pegou suas poucas coisas e aproveitou a oportunidade que lhe deram, no ramo da mineração na Índia.

— Christie teve uma ideia sensacional, Jeremy.

— Qual foi a ideia genial que ela teve desta vez, na última quase fomos presos.

Os dois riram por causa daquele mal-entendido que causou o maior reboliço.

— Aquilo é passado, desta vez é um passo rumo ao futuro.

— É passado, mas quase destruiu o nosso futuro.

— Não exagera também, foi apenas um erro de cálculo.

— E qual a ideia brilhante que ela teve desta vez.

— Iremos ganhar muito dinheiro.

— Só falta você me dizer que iremos para a Índia igual a esse monte de iludido.

— É exatamente para lá que vamos.

OS TRÊS SUBIRAM A RAMPA de embarque e viram a pequena multidão se despedindo.

— Finge que conhece alguém e acene, Jeremy – disse Charles sorridente.

A ideia parecia estúpida, mas para quem queria uma vida nova, precisava se despedir de algo, então se despediu da sua Terra Natal da qual jamais voltariam a ver, menos Charles.

Eles não tinham absolutamente nada e nem ninguém para se despedirem, seus pais estavam mortos, seus amigos estavam construindo suas próprias fortunas e eles a caminho de suas mortes e glórias.

     

OS PRIMEIROS CINCO DIAS, Jeremy vomitou até a alma e a cada vez que saía todo o seu almoço, ou janta, amaldiçoava Christie por ter tido àquela ideia estapafúrdia...

Aquela vaca me paga...

Em uma dessas vezes, encontrou alguém a quem poderia compartilhar de seu desespero em passar aquele desgraçado mal-estar.

— E eu que achava que estava mal – disse ele sorrindo pela primeira vez desde que entrou naquele maldito navio, após uma das ânsias passar.

— Se você se olhar no espelho, dificilmente encontrará alguém pior que você no momento.

— É melhor esconder todos os espelhos do navio então...

Assim que ela terminou, ao tentar rir, voltou a vomitar boa parte de sua janta.

— Rochelle? – perguntou a sua mãe – melhorou?

Ela assentiu e voltou a vomitar.

— Acho que não... – disse a mãe olhando para o céu como se ela ainda fosse uma criança que fez alguma malcriação.

— Se eu não tenho mais o que vomitar, então vou melhorar, porque só falta sair a alma agora.

Os três riram.

— E quem é você, mocinho?

Jeremy respirou fundo para não vomitar naquela bela senhora.

— Jeremy Clinton Rutherford, é uma honra poder conhecê-la.

Ele estendeu a mão, mas seu olhar de repulsa já que tinha um pouco de baba em sua mão, ele a recolheu imediatamente e seguiu uma risada singela da mulher.

— Um nome forte, garoto.

— Um dia ainda serei um homem muito rico.

— Quando for rico, me procura, tudo bem?

Mãe! – repreendeu a garota.

— Ah!! Relaxa mocinha... seu pai não liga para essas coisas, sabe muito bem que não estamos mais casados de verdade.

Ela fez um aceno de despedida e saiu com toda a elegância.

— Sua mãe é uma figura.

— Minha mãe é uma puta, isso sim.

Jeremy riu, nunca na vida tinha visto uma garota daquela ele sentia que poderia falar com ela sobre qualquer coisa, mas no momento só tinha uma coisa em mente...

Se livrar daquele maldito vômito...

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