Capítulo 4 - A Greve

Misericórdia, meu Deus, onde vamos parar desse jeito? Todos os caminhoneiros do país entraram em greve por tempo indeterminado, eles reivindicam a retirada dos pesados impostos colocados pelo governo sobre a categoria ou contrário permanecerão de braços cruzados.

 Como dificilmente assisto televisão estava completamente alheio ao que está acontecendo fora desse maldito bairro. Já está no segundo dia de greve e a nação inteira já começa a sentir os reflexos negativos da ausência da atuação destes profissionais.

As vezes menosprezamos essa classe de trabalhadores, mas é nessa hora que vemos a grande importância que eles têm para o perfeito funcionamento comercial do país inteiro. Os noticiários não falam de outra coisa. Começou a faltar de tudo nas feiras, centro de distribuições e também nos supermercados. Os postos de combustíveis estão zerando seus estoques e em poucas horas os veículos deixarão de circular.

As filas já são imensas a procura de gasolina e diesel que pela escassez resta ao usuário pagar mais caro pelos produtos. Enquanto isso os representantes da categoria grevista e o governo não conseguem se entender nem entrar num acordo que coloque um fim definitivo a esse caos.

É sempre a mesma coisa, cada um puxando a corda a seu favor e o povo se danando. O governo, como solução egoísta, aumenta os impostos sobre o trabalhador para cobrir o rombo nos cofres públicos. Desfalques esses feitos pelos políticos corruptos. Em contrapartida, essa classe trabalhadora se revoltou após várias tentativas em vão de negociações.

Agora que os caminhoneiros decidiram paralisar suas atividades para forçar os governantes a olhar com mais respeito para a categoria é que a cúpula governista de reúne para discutir uma saída para o gravíssimo problema. Enquanto isso nós, que pagamos nossos impostos, somos os mais prejudicados com a escassez de alimentos e aumento no preço de combustíveis. Agora não passa mais nada que preste para ver na televisão, só se fala sobre essa greve maldita.

O pior é que a imundície da tv é daquelas bem antigas, pois a grana está curta e ainda não foi possível comprar uma mais moderna. Bem, melhor deixar pra lá essa confusão dos diabos e voltar a minha velha rotina. Afinal, de que me adiantará queimar a lente de meus olhos acompanhando notícias ruins? De nada me servirá ver a greve de um povo revoltado contra governantes corruptos e ambiciosos. Quando eles estão preocupados apenas com seus próprios interesses.

O dia hoje começou animado, é a droga de mais um feriado onde o pessoal por aqui enche a cara direto. E a galera lá fora, composta na maioria por desocupados ou mulas do tráfico, já iniciaram a costumeira baderna. Eu, como sempre, permaneço entocado aqui no meu barraco apenas ouvindo as muitas canções para dor de cotovelo que eles costumam colocar enquanto se embriagam. O país está um verdadeiro caos e eles aqui virando cavalos do cão.

 Pobres diabos que vivem saboreando em cada gole de cerveja o amargo de suas decepções. Uns na vida profissional, outros na família e ainda tem o grupo no qual me identifico, que é composto por aqueles que como eu levaram chifres da pessoa amada e descarregam suas frustrações no álcool. Bem, mas quem sou eu para fazer tal comentário ou crítica, afinal sou parte da mesma situação.

Posso dizer que somos seres desmerecidos da sorte de amar ou ser amados e que nascemos para sofrer de paixão. Este ano o verão chegou com tudo, a temperatura de quase quarenta graus está deixando esse barraco uma fornalha e o uso de ventiladores não resolve, já que o vento está quentíssimo.

Como nem todos nós que moramos na baixada temos condições de comprar e usar um ar condicionado ou uma central de ar, a solução é construir casas de madeira e deixar umas brechas. Daquelas bem enormes entre as tábuas para ajudar na ventilação. Dessa maneira o ar, mesmo aquecido, passa pelo ambiente e ajuda de alguma forma a aliviar o calor. Vida de pobre é assim, uma verdadeira calamidade.

 Enquanto pessoas como nós sobrevivem a duras penas nesse inferno os malditos marajás da política estão lá no Congresso Nacional. Criando leis absurdas para defraudar os menos favorecidos e desviando o dinheiro público para suas contas nos paraísos fiscais. Deveriam ser eleitos pelo povo para manter a ordem e progresso da nação, entretanto, só pensam em se dar bem. Permitindo a eles mesmos e aos seus familiares uma vida de regalia.

 E tranquilidade às custas do suor de um povo que se mata dia e noite para pagar em dia seus impostos. Ser brasileiro nunca foi uma tremenda vergonha como tem sido nestas últimas décadas. Uma epidemia de políticos corruptos se espalhou e parece não existir um só governante em quem possamos confiar.  As eleições presidenciais se aproximam e, olhando as opções de escolha que temos, não encontramos nenhum candidato que valha a pena apostar.

Não temos nada que se aproveite, encontramos dos antigos políticos que por décadas tentam assumir a liderança do país até os novatos que chegam usando às mesmas estratégias de campanha. Os que iniciam a vida política já chegam tentando convencer o povo de que são a única solução, que vale apena apostar em suas propostas.

É a mesma lábia de sempre — Bando de safados! — A melhor saída para reerguer a economia é inverter os planos de governo que os da esquerda criaram. Mudar tudo o que se colocou em prática até agora. Mas eles sempre chegam com as velhas promessas de campanha que, na prática, depois de eleitos nunca se cumpre.

Nós, brasileiros, parecemos estar condenados a conviver meio a esse descaramento político. Situação que tem nos colocado entre as nações mais corruptas do mundo. Olhando o panorama que nos cerca é enorme o desespero que toma conta de cada brasileiro. De um lado, a vergonhosa realidade da situação caótica deste país consumido pelas traças políticas que levam nossa economia quase a zero.

 Condenando nossa gente a uma vida miserável. Do outro, o alto índice de desemprego, a ausência de uma boa educação para nossos jovens e a falta de investimentos na área da saúde e uma segurança pública que permita à população o direito de ir e vir. Sem correr o risco de ser vítima de assaltos, sequestros ou de perder a própria vida. Sabemos que a corrupção e a violência não è uma situação apenas brasileira, mas a injustiça e a impunidade, sim.

No mundo inteiro se comete todo tipo de maldades, porém, os culpados são presos, julgados e pagam por seus erros.  Já aqui, existem até leis defendendo quem mata, rouba e corrompe. Quantos bilhões não foram desviados dos cofres públicos pelos governos passados e pela corja que os auxiliaram no poder? Quantos não foram lesados e como se encontra a atual situação econômica da nação jogada ao fundo do poço?

 E o que foi feito pelo governo atual a não ser levar o país ainda mais para o precipício? Cada vez mais piorando nossa já tão difícil sobrevivência. A coisa está tão complicada que eu prefiro ficar aqui, como estou agora, trancado dentro desse barraco.  Sentado nesse piso de madeira bruta, bebendo wodka barata.

 Divagando entre esse ou aquele pensamento para deixar o tempo passar mais depressa. Vou levantar e dar uma olhadela pela estreita janela e vê como vão as coisas lá na rua, pela barulheira parece que a coisa está bem animada. Olhem só com quem deparei de primeira, aquela gostosa da filha da vizinha que teve a ousadia de me dispensar.

Me deu um fora mesmo antes que eu declarasse a ela qualquer interesse. Mal começamos o papo e a figura foi logo dizendo que eu não fazia seu tipo, como se ela fosse a mulher mais interessante do bairro. Bom, é bem verdade que ela é mesmo um tesão, mas nem por isso precisava humilhar um pobre cão faminto de prazer como eu, que me encontro na pedra.

 Não sou chegado ao envolvimento íntimo com prostitutas. Esse negócio de fazer sexo com mulheres que vão para a cama com qualquer um e toda hora não me agrada. Costumo dizer que um homem deve ser solidário e dividir tudo o que tem com seu semelhante, menos sua mulher. Prefiro ficar na pedra pelo tempo que for, mas quero um relacionamento monogâmico. Apenas entre minha parceira e eu.

 Como imaginei a rua está tomada de pessoas, ocupando dezenas de mesas e cadeiras numa festança que teve hora para iniciar, mas não terá horário para terminar. Melhor fechar essa janela e me aquietar aqui no meu cantinho solitário, todos nós que moramos na baixada sabemos como terminam essas festas bancadas pelo tráfico, no final alguém sempre morre. Começou pela tarde e vai até o amanhecer de amanhã — Praga de gente para beber! Daqui a pouco começa a confusão.

Geralmente com muita pancadaria e um quebra-quebra dos infernos, quem estiver por perto corre o risco de apanhar de graça. Sem contar que é bastante comum o tal carro-prata da milícia anda matando quem encontra pela frente durante as madrugadas. E agora que os traficantes e a polícia decidiram travar uma guerra de poder na cidade, aí foi que a coisa piorou mesmo.

A todo momento assistimos nos noticiários que mais uma pessoa foi assassinada, na maioria policiais militares. Eles se tornaram os principais alvos dos assassinos depois que o secretário de segurança do Estado fez ameaças de combater com afinco a criminalidade. De exterminar de vez o tráfico de entorpecentes.

 Agora, basta eles saberem que um determinado individuo faz parte da corporação e pronto, mandam bala. E não tem dessa de ser homem ou mulher, eles matam do mesmo jeito. Vários oficiais já foram executados nestes seis primeiros meses do ano, a maioria nem estavam na ativa.  Os tais executam os militares nas suas casas, num barzinho com os amigos, na praia ou no campo de futebol. Não importa onde estejam, a ordem é executar qualquer um que use farda.

Até os jovens que estão servindo as Forças Armadas estão na lista dos criminosos. Semana passada um rapaz de apenas dezenove anos que passou no concurso da marinha foi assassinado tão logo os meliantes ficaram sabendo de sua aprovação. O coitado que sonhava desde criança se tornar um oficial sequer teve o prazer de usar por um dia a farda.

 Não viveu aquilo que tanto lhe dava orgulho.  Isso nos causou revolta, ficamos indignados, deu vontade de fazer justiça com as próprias mãos. Mas, fazer o quê, é a lei do tráfico que impera e nossas autoridades só ameaçam reagir, porém nada conseguem fazer para evitar fatos como esse porque estão despreparados e em menor número.

Se fosse um jovem da alta sociedade ou, quem sabe, filho de um desses políticos corruptos tudo bem. Mas, era filho de uma moradora da periferia, gente que não tem outra opção para sobreviver a não ser permanecer meio a esse covil de ratos de esgotos. Nessas invasões espalhadas pela cidade, como a escória da humanidade — Malditos!  Dizem que a vingança só pertence a Deus e que se praticada pelo homem é pecado.

 Mas, sinceramente, se eu pudesse saía por aí, metendo chumbo grosso nesses desgraçados. Cobrando por todas as vidas inocentes que eles já ceifaram nessa guerra imunda. Onde pessoas que nada tem a ver com a confusão acabam sendo penalizadas, perdendo seus familiares numa violência sem fim. Dona Márcia é gente boa, batalhadora, mora ali na esquina a muitos anos.

 Ninguém nunca teve nada a reclamar de sua conduta. Sempre foi um grande exemplo como mulher, mãe e vizinha. Pelo contrário, só temos a elogiar. E o Adalberto, a pobre vítima desses meliantes desgraçados, o que podemos dizer sobre ele? Aquele mesmo que nenhum dos moradores da baixada tinha nada contra. Bom menino, gostava de bater uma bola com a rapaziada aqui do beco, era esperto.

O jovem era batalhador igual sua mãe e sonhava um dia melhorar de vida para poder ajudar a família. E, quando finalmente as coisas começam a dar certo vem um desgraçado e estraga tudo. É de cortar o coração a tristeza daquela mãe que rolava em prantos ao ver o corpo do filho jogado na poça de lama lá na rua. Isso causou dor no seu peito e revolta na população que clama até agora por justiça.

Mas, que justiça? Que autoridade nesse país se importa com pobres miseráveis como nós? Não passamos de um punhado de amaldiçoados que só servimos mesmo para sofrer. Sabe quando os governantes lembram de nós?  Quando chegam o período de eleições, como acontecerá este ano. Ah, aí eles aparecem de todos os lados com suas promessas de campanha e engando os incautos.

 Prometendo o céu e a terra para os pobres diabos que vivem na esperança de dias melhores e acabam vendendo seus votos por um prato de sopa. Costumo pensar que no paraíso deve haver dois tipos de terreno de onde Deus retira o barro para criar vidas — Barro? Sim, a bíblia não diz que fomos feitos do pó da terra?  Bem, eu acredito na teoria da Criação.

 E ao meu ver o material usado para dar vida aos ricos deve ser de primeira qualidade. Pois já nascem poderosos com uma pele igual a ceda, a saúde inabalável, olhos coloridos, crescem e ficam altos, saudáveis como uma arvore. Em contrapartida, o pobre já nasce cego, aleijado, perturbado mental, a pele manchada e a barriga cheia de vermes. Até parece que Deus nos odeia.

E querem saber minha opinião? Aposto tudo como somos os excrementos lá de cima, as fezes dos anjos.  Não é à toa que os mais privilegiados nos tratam com desdém e somos colocados como estrado de seus pés. Volto a pensar no título do livro daquele pastorzinho desgraçado — É uma benção ser pobre? Mas que desgraçado, filho de uma puta! — Que grande ironia com a miséria alheia.

É muito fácil escrever um livro afirmando que Deus valoriza quem vive nas favelas, passando fome e todo tipo de necessidades. Só queria ver se o autor de tal obra largaria mão de toda a riqueza que possui para vir morar nesse chiqueiro onde eu e muitas outras pessoas vivemos.  Tem gente que adora zombar dos menos favorecidos. Onde estão as bênçãos pela pobreza na qual nos encontramos? Pelo que sei o que chove na vida dos favelados é dor e sofrimento diante de tantas necessidades.

 Homens e mulheres indo e voltando do trabalho todos os dias com o suor descendo do rosto para sustentar suas famílias. Pagar suas contas com um salário miserável que mal dá para manter as despesas do mês. Pais perdendo seus filhos para as drogas e para o tráfico, numa sociedade onde as oportunidades para nossos jovens quase não existem. 

E, diante dessa triste realidade, eles acabam se envolvendo com a violência e o tráfico. Então, sim, os caminhoneiros e qualquer outra classe trabalhadora que aderirem a uma greve tem meu total apoio. Nós precisamos demonstrar nossa insatisfação contra essa forma injusta de governo.

Que só beneficia aqueles que se reúnem num único propósito: O de unir forças para o aumento da corrupção neste país, roubando nossas riquezas. E com isso, nos levando cada vez mais a miséria. E ainda surgem aqui e ali os que defendem essa forma vergonhosa de gestão pública. Os tais afirmam de cara limpa que naquele antro de políticos mafiosos ainda se pode encontrar pessoas de bem. 

Muitos surgem nas redes sociais apelando para que a população vá as urnas prontos para fazer uma escolha consciente, dando seu voto apenas aos candidatos ficha limpa. Como se houvesse algum político nesse lamaçal de ambição que não tenha seu nome impregnado por atos corruptos. Tanto aqueles que já governaram essa nação antes, como os aspiram governar agora, todos são farinha do mesmo saco.

Os objetivos são os mesmos. Aqui no bairro tem uma tal de Dona Jô, pessoa bastante influente entre os moradores. Ela está se candidatando a deputada.  É muito querida pela grande maioria da comunidade. Isso, porque é dona de vários supermercados. Ela vende tudo baratinho, além do que costuma ajudar muita gente que pede auxílio.

Mas, será que tanta bondade já não seria uma estratégia para iniciar futuramente uma carreira política? — Claro que sim! — Ninguém investe na população carente nesse país sem algum interesse ambicioso. Pobres diabos, devido viverem na miséria são obrigados a trocar ou vender seus votos por uma bagatela. Sinceramente isso tudo é de dá nojo.  Bem disse aquele cantor baiano, quando ainda era ministro da cultura.

 Ao afirmar que a maioria dos brasileiros trocam seus votos por um prato de sopa. Pura verdade. A grande parte dos eleitores vendem seus votos ou trocam por quase nada. Mas, como poderia ser diferente diante da calamidade econômica na qual nos encontramos?

Este é o resultado dessa roubalheira que se espalhou por todos os setores da classe governamental dessa nação. Afinal, as pessoas precisam sobreviver e cada um irá usar a seu favor as armas que puder. Hoje à noite ocorrerá o primeiro comício de candidatura da tal defensora dos mais pobres. Um carro som passou agora a pouco anunciando o evento e convidando todos a se fazerem presentes. Mais uma com falsas promessas para uma gente sedenta por melhorias. Este país não tem jeito mesmo, mais uma esperança perdida nessa Copa do mundo.

 Outra vez estes perna de paus nos decepcionam e mal conseguem chegar às quartas de finais do campeonato. Perderam mais uma vez de forma vergonhosa e agora voltam para casa com cara de derrotados. Bem, pelo menos não levaram de sete a um como a quatro anos atrás. Nós, brasileiros, parecemos já estarmos acostumados viver assim de mal a pior.

Uma decepção atrás da outra, parece uma persistente maldição que sem dá trégua alguma. Daqui a alguns meses é chegada as eleições para escolhermos novos representantes em Brasília. Mas a pergunta que não se cala, é sobre quem devemos escolher se todos são igualmente corruptos?  Até dá vontade de rir, quando ouço alguém dizer que precisamos saber escolher a quem dar nosso voto, para elegermos candidatos ficha limpa.

Aqueles que não estejam entre os manchados pela lama da corrupção. E qual político nesse país infeliz não está envolvido até o pescoço em alguma falcatrua? Imaginem só se naquele antro de corrupção há alguém digno de confiança?  Todos ali só buscam uma coisa, que é se dá bem na vida.

Para aquelas traças da sociedade só o bem deles interessa, o resto que se dane! Saibam escolher seus candidatos na hora de votar! É o que geralmente dizem os que acabam por culpar os eleitores, quando tudo dá errado, como se tivéssemos muitas escolhas. A verdade é que a política brasileira virou uma porta aberta para os piores tipos de seres humanos entrar.

 E dessa maneira facilmente saquear nossos impostos, os mesmos que deveriam servir para melhorar a condição de vida desta nação.  Estamos sendo dominados pela ganância insaciável de uma minoria que, por possuírem o poder nas mãos, obrigam a maioria a viver sob rédeas curtas, bancando suas luxuosas vidas de marajás — Minha nossa, fiquei aqui a tanto tempo remoendo minhas revoltas diante do caos que se estampa a minha frente que esqueci das horas! — O dia acabou, já é noite.

 Viver em completa solidão tem suas vantagens, nem percebemos o tempo passar. Não acompanhamos o nascer nem o pôr do sol, se o céu está estrelado, se a lua é crescente, cheia ou minguante...Não nos apercebemos de nada, só deixamos a vida nos levar e pronto.

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