Capítulo 3

Não estava tudo totalmente escuro enquanto eu caminhava pelo corredor; no final dele havia uma porta entreaberta. Flashes de luzes azuis e avermelhadas saíam pela abertura, e tudo que eu sentia era um arrepio de medo. Por algum motivo eu não conseguia me distanciar dali e ir embora. Pude ouvir gritos, mas estavam distantes de mim. Assim que abri a porta, vi o que realmente eram as luzes. De repente eu estava do lado de fora de uma casa que nunca tinha visto na vida, e precisei proteger meus olhos contra o ardor que as luzes lhes causavam. Com muita determinação olhei para o céu e vi bolas de fogo se chocarem. O que saíam delas não era apenas luzes, mas sim fogo. Labaredas azuladas, tomando conta de uma bola de fogo avermelhada. Em segundos, após tomar conta, algo foi lançado do céu. O fogo azul foi ficando mais brando e começou a descer rapidamente, enquanto eu corria na direção do objeto que havia caído. O impacto no chão fez com que se abrisse um enorme e profundo buraco, e mesmo com a pouca luminosidade do local, dava para perceber que era uma pessoa.

Minha preocupação era ajudar a pessoa que estava machucada naquele buraco. Assim que consegui chegar até ela, eu não sabia o que fazer. Não poderia ser verdade... Blaine estava lá, estirado no chão, com o corpo todo ensanguentado. Eu tentava pedir ajuda, porém o som da minha voz não saía. As lágrimas começaram a escorrer pelas minhas bochechas à medida que a impotência tomava conta de mim, pois eu não tinha forças para tirá-lo de lá. Foi aí que senti uma mão sobre o meu ombro, e me virei para ver quem era. Gabriel tinha uma espada em sua mão, e no momento em que olhei para ele, fui jogada para fora do buraco. A dor era insuportável, e eu sabia que tinha quebrado alguma costela. Respirar era muito difícil, mas, mesmo assim, me arrastei até a borda na tentativa vã de salvar Blaine.

O homem, por quem eu nutria um sentimento inexplicável, estava desacordado e o outro, pelo qual eu sentia apenas desprezo, tinha se ajoelhado ao seu lado e erguido a espada com a lança apontada para o coração de Blaine. Eu juro que tentei gritar para ele não fazer o que pretendia, e mesmo assim ele enterrou a espada no coração de Blaine.

Sua expressão era de puro prazer quando olhou na minha direção.

Eu não tinha como fugir, e nem como pedir socorro... Quando dei por mim, ele já estava segurando o meu pescoço com uma das mãos e me suspendendo no ar. Com a outra, ele ainda empunhava a espada que há poucos segundos tinha terminado de tirar a vida de Blaine. Pude ver o brilho de pura satisfação nos olhos de Gabriel. Ele estava gostando do que estava fazendo, e eu nada poderia fazer para me salvar. No momento em que ele ergueu a espada na minha direção, eu soube que não teria mais tempo.

— Não haverá misericórdia — rugiu antes de enfiar a espada no meio do meu coração.

Acordei com o susto, me sentindo dolorida. O suor tinha deixado encharcado o tecido fino da minha camisola. Meu cabelo estava, assim como a minha roupa, molhado de suor e umas mechas grudaram no meu rosto, me deixando agoniada. Afastei o cabelo do rosto e respirei fundo. Tudo não havia passado de um pesadelo e eu não conseguia compreender o que acabara de acontecer. Eu precisava beber um pouco de água e tentar esquecer aquele pesadelo terrível. Não consegui achar os meus chinelos e segui andando descalça até a cozinha.

Já com o copo com água na mão, fechei os olhos e repassei na mente o pesadelo que acabara de ter. Era como se a lâmina da espada tivesse mesmo atravessado o meu corpo. Tentei expulsar as imagens de Gabriel matando Blaine, e quando dei por mim, já estava chorando. Eu não conseguia parar. Uma dor no peito, uma angústia e um sentimento de medo tomou conta do meu corpo, e me fez deixar o copo cair no chão. Quando me abaixei para apanhar os cacos acabei me cortando, e o sangue se espalhou. O corte não tinha sido tão profundo, e mesmo assim o sangue não parava de sair.

Eu teria ligado para Gregg, mas a noite já tinha sido muito pesada para nós dois. E eu sei que ele sofreu por mim, e também sei o que passamos juntos depois que tudo aconteceu; não foi fácil para ele. Fui até o banheiro pegar a caixinha de primeiros socorros, deixando os cacos de lado e me xinguei mentalmente por não ter usado uma pá.

— Droga, já são duas horas da manhã... — gemi, quando terminei o curativo e olhei para o relógio que ficava no meu quarto. Voltei até a cozinha, pegando a pá e a vassoura com raiva e apanhando os cacos, jogando no lixo. Fui até a sala e fiquei lá, sentada no sofá olhando através da janela a casa dele. E se eu fosse até lá, só para ver como ele estava? Mesmo sendo madrugada, não haveria problema, não é? Estava decidido, eu iria até a casa dele. Não pensei duas vezes e saí de casa no meio da noite, com o silêncio e o frio tomando conta de mim.

— Bosta... — resmunguei, sentindo o asfalto um pouco úmido sob os pés. Apertei a campainha quatro vezes seguidas, até que a luz da casa fosse acesa.

— Já vai! Inferno! — bodejou Blaine, antes de abrir aporta.  — Quem é o caralho que me acordou a essa hora... — ele parou de falar assim que conseguiu focar o olhar em mim. — O que você está fazendo aqui? — ele me olhou de cima a baixo, até que viu o corte na minha mão — Se machucou?

— Tive um pesadelo e não consegui dormir depois... — eu ainda estava do lado de fora, quando comecei a falar, tentando não congelar. — Fui beber água e deixei o copo cair...

— Venha, entre — me segurou pelo braço, me fazendo entrar na sua casa e fechando a porta atrás de nós. — Você está conge... — não o deixei terminar de falar e o abracei forte. Inspirei o cheiro dele, e aproveitei para me esquentar em seus braços.

— Só me abraça.

— Tudo o que você quiser, Lili.

Depois de um longo tempo sendo aquecida por ele, tive que reconhecer que estava na hora de me recompor e explicar tudo. Sem jeito, fui me afastando dele, sentindo seus olhos me sondarem. Meu estado não era dos melhores: descabelada, com uma camisola fina ainda úmida do suor do pesadelo e com um corte na mão.

— Desculpa... — comecei a falar, cruzando os braços na defensiva.

Na verdade, eu não sabia o porquê de estar tão sem jeito. Talvez fosse pelo fato de ter dado um quase fora nele horas atrás, e agora ter acabado de bater na porta dele como uma doida.

— O que houve realmente? — perguntou se aproximando de mim novamente, me segurando pelos ombros. Apenas o toque dele já estava me acalmando. A respiração havia se normalizado, me dando mais clareza para continuar.

— Sonhei que matavam você... fiquei desesperada. Foi tudo tão real, que eu tinha que vir até aqui. Acho que nunca senti uma agonia dessas passar pelo meu corpo...

— Então você veio ver se tudo não tinha passado de um sonho? — ele parecia confuso.

— Eu tinha que ver para crer, entende? No final do sonho, a mesma pessoa que o matava, me matava também. E era tão... — se eu falasse mais um pouco, começaria a chorar.

— Real. — suspirou, me puxando para mais um abraço — Venha, vou proteger você. Mas não vá se acostumando com isso... — seu comentário desnecessário me fez sorrir. — Você precisa dormir...

— Ah, certo... — falei sem graça. Era óbvio que ele queria dormir e eu tinha acabado de perturbar sua noite de sono.

Quando achei que ele ia me soltar, me guiou até um corredor e logo vi a sua cama no quarto. Era bem organizado, assim como boa parte das coisas daquela casa. O quarto não tinha porta e a cama ficava no centro. Um criado-mudo de cada lado dela, com pilhas de livros. Meus Deus, ele não bastava ser lindo, tinha que gostar de literatura? Janelas grandes com persianas cinzas se destacando no mar de tanto branco.

— Não trago qualquer uma aqui. E para ser mais honesto, você é a primeira — confessou, me deixando na beira da cama, seguindo até o closet que ficava na lateral do quarto. — Aqui... — esticou a mão me entregando uma de suas camisas — vai se sentir melhor vestindo uma coisa minha.

— Mas...Eu achei que você ia me levar para casa... — certo, eu não queria ir para casa. Queria mesmo era deitar na cama dele e usar aquele braço como travesseiro. — Espera, eu sou a primeira a pisar no seu quarto?

— Por que a surpresa? — esboçou um sorriso debochado, com um olhar desafiador.

— Não sei... — eu parecia estar com diarreia quando tentei me explicar. Ou eu falava, ou falava. Não tinha para onde correr. — Certo. É que eu imaginei que você era do tipo que trazia sua caça para comer em casa — fechei os olhos, fazendo uma careta que certamente não era a mais linda do mundo, esperando ele começar a rir da minha cara. No entanto, não foi isso que aconteceu. Primeiro, eu abri apenas um dos olhos, só para me certificar que ele estava mesmo sério, ou só queria que eu o olhasse antes de começar a gargalhar. Depois que vi sua expressão séria, abri o outro e aguardei.

— Posso até ter uma lista telefônica extensa, mas jamais traria alguém na minha casa se não fosse especial.

Eu era especial? Deus!! Eu era especial para ele! Mas porquê?

— Vou deixar você sozinha — Blaine parecia perdido. Cansado até.

— Onde vai dormir?

— No sofá... — quando ele disse isso, comecei a tremer. Não queria que ele fosse dormir no sofá, queria que ele dormisse comigo. Se ele fizesse isso, eu pegaria no sono mais rápido e saberia que ele estaria seguro.

— Deita comigo? — pedi torcendo a camisa dele com as mãos, de nervosismo.

— Vou ficar bem. Prometo.

— Mas eu não. Fica aqui comigo. Não quero ficar sozinha... — parecia que ele, além de cansado e perdido, estava lutando sua própria guerra interna.

— Tudo bem. — respirou fundo e andou até a cama, sentando. — O banheiro é do lado do closet... — assenti e corri para o banheiro trocar a minha camisola pela camisa dele. Ficou parecendo um vestido de tão grande que era. Quando voltei, ele ainda estava sentado na cama, mas com o maxilar tensionado e uma postura mais ereta. Tudo bem, aquilo era demais.

— O que foi?

— Não é nada. — respondeu puxando a coberta e se deitando.

— Espera, você nunca dormiu de conchinha? — ri da situação.

— Claro que sim. Só que não dormi, propriamente. — eu não tinha escutado aquilo. Não mesmo.

— Relaxe. Vamos apenas dormir juntos... — a forma como saiu da minha boca pareceu realmente distorcida e com outro significado, no entanto consegui arrancar um sorriso dele. Andei até o meu lado da cama, e me deitei, puxando o outro pedaço da coberta.

— Boa noite, Lili... — disse ele.

— Boa noite, Blaine — eu desejei, me virando para ficar de costas para ele.

Dormir na mesma cama com ele para ter mais segurança era uma coisa. Ficar encarando-o enquanto o via pegar no sono, era outra.

O cheiro de bacon havia me despertado. Eu estava faminta! Os raios de sol que atravessavam a janela já tinham tomado conta do quarto. Já eram sete horas da manhã, mas me dei ao luxo de me espreguiçar na cama enorme, ciente que tinha de trabalhar e encarar Kate e Joe. Reunindo toda a coragem do mundo, me levantei e agradeci pelo fato do meu cabelo não ter me matado de vergonha. Quando entrei no banheiro, tomei consciência que aquele não era o da minha casa. Não tinha escova de dentes, ou seja, não havia possibilidade de tomar café sem escovar os dentes. É nojento. Argh! Desanimada, segui até a cozinha, onde ele estava terminando de colocar café para nós dois. O ronco da minha barriga foi a última gota d’água.

— Venha, sente. Vamos tomar café...

— Não escovei os dentes — falei sem jeito.

— Use a minha — disse ele simplesmente.

— Escova de dente é algo muito pessoal... — comecei, mas logo fui cortada.

— Não me venha com essa... — riu — você pegou no meu pau de madrugada, e vem me falar que escova de dentes é pessoal? — eu o quê? Meus olhos estavam quase saltando para fora da cara.

— Mentira! — rebati indignada, me encolhendo de vergonha.

— Bom, eu tive que sair da cama e dormir no sofá — apontou na direção do mesmo, que tinha o lençol e o travesseiro como provas.

— Que merda... — resmunguei, batendo a mão na testa.

— Vá logo escovar os dentes — Blaine falou carinhosamente. — Eu deixo você pegar no mimoso depois...

— Meu Deus! Mimoso? — gargalhei — Blaine, você tem uma mente suja. Muito suja — saí da cozinha, voltando para o banheiro que ficava no quarto dele. Fiz o que tinha que ser feito e voltei. Tinha sido ótimo dormir sentindo seu cheiro na camisa e sonhei com ele. O sonho foi quente demais, talvez, por isso, tivesse acontecido o incidente.

— Desculpa por... você sabe... — falei me sentando ao seu lado, para tomar café — segurar no seu mimoso. — me segurei para não rir.

— Você sabe como segurar gostoso — eu já tinha levado a caneca de café até a boca, e o estrago foi grande. Cuspi todo o café, me sujando toda.

— Poxa, Blaine...

— Foi mal — disse alisando minhas costas. Na minha mente, logo imaginei ele jogando tudo que estava na mesa no chão e me pegando em cima dela. Ele me beijando, puxando o meu cabelo... — Não sabia que você era tão sensível.

— Vá à merda... — resmunguei, mas querendo rir. Mesmo com o incidente, terminei de tomar meu café.

Depois ele foi comigo até a minha casa. Não vi o tempo passar e acabei tendo que pedir carona a ele. Ser garupa na moto dele e ainda me aproveitar, não tinha preço. Pena que o trajeto entre a minha casa e o café era curto. Por alguns minutos eu havia me esquecido que tinha de encarar a vida real. Eu sabia que sentia algo por Blaine, só que precisava de tempo. Na verdade, tempo era a chave para tudo. Se eu não tivesse tido o tempo necessário para pensar no que aconteceu entre mim e Gabriel, não teria chegado à conclusão de que ele foi tempo perdido. Mas sabe como é paixão adolescente... Uma hora o príncipe vira sapo. No meu caso, foi antes do tempo.

— Obrigada, por mesmo depois de tudo, ainda cuidar de mim... — agradeci assim que desci da moto, arrumando o meu vestido e entregando a ele o capacete.

— É o que um cara como eu tem de fazer — deu de ombros, todo convencido.

— Me lembre de nunca mais agradecer nada do que você fizer por mim... — revirei os olhos para ele.

— Lili, você sabe que pode me ligar se precisar, não é? — tinha um tom muito preocupado em sua voz.

— Para o cara que quase me engoliu no primeiro dia que falou comigo, você está se saindo muito bem... — brinquei.

— Se arrependimento matasse, eu estaria morto — fui pega de surpresa por ele.  — Não sei o que me deu naquele dia...

— Agora não importa mais, não é mesmo? — dei de ombros.

— Para mim, importa muito. O dia não tinha sido dos melhores, porém, não era desculpa para ter descontado em você...

— Agora que já sei que é esquentado, vou tratar de te irritar ainda mais — fiz ele rir com o que eu havia acabado de falar.

— Lili! — Kate me chamou, quando saiu na porta do café. Droga, eu estava muito atrasada. Mas eu não teria mudado nada daquela manhã.

— Gravei meu número no seu celular enquanto trocava de roupa... — merda... e se ele tivesse lido as mensagens que eu enviei para Gregg sobre ele? Ele não faria isso, ou faria? — é só digitar MIMOSO — não me segurei e comecei a rir alto, ciente que Kate ainda estava me esperando. Antes de ele dar partida na moto, abracei Blaine com força e deixei um beijo demorado em seu rosto.

— Até mais tarde, vizinho — ele assentiu e partiu. Me peguei mordendo o lábio de leve e sorrindo. Há quanto tempo não sentia algo assim? Voltei ao mundo logo em seguida, me virei e andei até a cafeteria. Olhar para Kate depois do que ela acabara de presenciar não seria um problema para nós duas. Afinal, mesmo não tendo me avisado da volta do seu filho, ela ainda acreditava que eu poderia ser feliz.

— Lili, precisamos conversar... — disse ela aflita, no momento em que coloquei os pés dentro do estabelecimento.

— Sobre seu filho estar de volta à cidade?

— Eu... — ela começou a tentar se explicar, quando Gabriel saiu da cozinha. Só poderia ser brincadeira dela. — Tive que chamar o Gabby, Lili. Joe está doente... — aquilo me pegou totalmente de surpresa. Precisei buscar a primeira cadeira que tinha na minha frente para não cair com a notícia.

— Tudo bem, Lili? — perguntou ele, parecendo estar preocupado.

— Como? Mas porquê? — minha mente estava dando voltas.

— Meu pai tem câncer nos rins — Gabriel me deu a triste notícia, e sua mãe já estava chorando ao seu lado. Foi aí que percebi que o café não tinha movimento.

— Ele vai ficar bem, não é? — eu também já havia começado a chorar. Nunca tinha visto Joe reclamar de nada, pelo contrário, ele estava sempre sorrindo e brincando.

— Os médicos falaram que está avançando muito rápido... — respondeu Kate com a voz embargada, sendo amparada pelo seu filho.

— Estou aqui, Kate... — me levantei e fui até ela, a puxando para um abraço. — O que você precisar, pode contar comigo.

Então tinha sido por isso que ele havia voltado... Não podia acreditar que o casal mais lindo do mundo passaria por algo tão grave. Apesar disso, resolvi que era mais seguro manter distância dele. Não era por que o seu pai, que eu tanto amava, estava passando por um momento difícil que eu me aproximaria dele. Uma hora depois abrimos o café, e os clientes habituais começaram a chegar. Dei o melhor de mim, assim como Kate e Gabriel. Joe não pode ir, já que não tinha acordado muito bem.

Eu acabara de receber o queijo quando senti que ele chegara na cozinha. Não era uma boa ideia ter uma conversa com Gabby naquele momento, só que nem tudo sai da maneira como a gente espera. Suspirei e me virei para olhar para ele, que estava escorado na parede ao lado da porta.

— Então? — arqueou uma das sobrancelhas, cruzando os braços. É... pelo jeito, não seria nada fácil tê-lo por perto.

— Então o quê? — falei irritada, colocando o queijo em cima da bancada para guardá-lo depois da nossa conversa estranha. Kate estava na frente do café, conversando com alguns conhecidos, e não percebeu que o seu filho havia me encurralado na cozinha.

— Está mais linda do que nunca... — sorriu para mim. Se fosse em outra época, eu teria me derretido por completo.

— Vamos logo ao que interessa. O que você quer saber? — rebati de modo atrevido, colocando a mão na cintura.

— Só queria que entendesse que não tive opção... — era claro que ele teve opções. 

— Quando você me disse, horas antes de ir embora e eu naquela cama de hospital, a seguinte frase “não posso ficar preso nessa cidade, e nem a você”, foi por não ter opção ou por que você é um filho da puta egoísta? — falei indignada — Acha mesmo que eu me esqueceria daquele dia? Acha que eu sou tão imbecil a ponto de confiar em você novamente?

— Eu mudei, Lili — respirou fundo, descruzando os braços e colocando as mãos nos bolsos da calça, abaixando a cabeça.

— Adivinha? Eu também! — sibilei, saindo de perto dele. Graças a Deus já estava na hora de eu ir embora, ou aquela conversa se tornaria uma briga feia.

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